História A Procura de Alguém - Te vejo por aí

Após mentir para os meus pais que iria dormir na casa de Zoe depois do jogo, peguei meu carro e segui até sua casa. Ela me esperava na escadaria da frente com a camiseta da escola e ao ver o carro, saltou de lado e veio correndo na direção. E durante todo o caminho até a escola, não trocamos muitas palavras, pois todas às vezes que ela abria a boca era para comentar como estava animada para o jogo e para a festa.

E chegou um ponto que foi preciso a mandar calar a boca... Tenho certeza que ela ficou chateada.

Quando achei uma vaga entre muitos carros no estacionamento, já eram oito horas e o jogo começaria em alguns minutos. Ao colocar uma das pernas para fora do carro, Zoe já estava totalmente de fora e me olhava sorrindo, enquanto eu retribuía o sorriso mais forçado de toda minha vida.

Enquanto andávamos entre algumas pessoas animadas, pensei em como poderia ficar tão animados com algo assim. – Sim, eu não gosto de futebol americano. E também não deveria julgar quem gosta, mas às vezes eles parecem uns loucos. – Ao darmos a volta pelo lado da escola, ao invés de irmos por dentro, avistamos as arquibancadas lotadas e as vozes altas percorrendo por todo o lugar.

As lideres de torcidas faziam uma dança estranha com a música que tocava para animar todos ali, mas ninguém realmente prestava atenção ao no ser os professores tarados que estavam sentados na primeira fileira da arquibancada.

Assim como mais cedo, eu e Zoe sumimos até o topo da arquibancada e se sentamos entre as pessoas que gritavam ao invés de falar civilizadamente.

- Só você mesmo para fazer eu vim nisso. – disse alto no ouvido de Zoe para que ela pudesse me escutar.

- Eu sei que sou uma ótima amiga. – ela sorriu. – Apenas pense na cerveja de graça que haverá depois daqui.

- Se eles ganharem! – pensei ter sussurrado, mas ela escutou.

- Eles irão ganhar! – disse alto, logo soltando um grito ao meu lado que me fez a olhar feio.

Inclinei-me apoiando o cotovelo no joelho e em seguida apoiei meu rosto na mão, senti-me entediada. Mas isso não durou muito, pois logo a música foi cessada e no lugar foi dominada pela a voz do diretor.

- Senhoras e senhores, familiares e alunos... – ele deu uma pausa enquanto as pessoas gritavam. – Recebam o Green Hope High School... – e então a mistura de vaia e gritaria se misturaram quando o time com seus uniformes verde adentravam no local.

As lideres de torcidas deles começaram a dançar, chamando atenção de arquibancada, deixando assim as da nossa escola esquecidas e com raivas. Fiquei então as observando assim como todos até que a voz do diretor soou novamente no microfone.

- Recebem agora o nosso colégio... – ele gritou, mas afastou o microfone para que não fizesse muito barulho. A arquibancada agora ia a loucura, todos haviam levantaram e impediam minha visão, ou seja, precisei levantar também. – Apexa High School! – disse e o time adentrou pulando e balançando os braços para que as pessoas fizessem mais barulho. E logo podia escutar o grito de guerra da escola por todo o campo.

Todos estavam fazendo algum gesto e eu não podia ficar apenas olhando, podiam pensar que estava torcendo para a escola adversaria mesmo que eu nem se quer estivesse interessada nisso tudo. Então comecei a bater palmas e recebi um olhar de surpresa de Zoe que riu logo em seguida.

- Essa foi a melhor que coisa que vi essa noite. – ela disse no meio dos risos.

- Cale a boca! – segurei o riso.

O treinador da escola havia reunido o time para conversar antes, acho que para repassar o dever de cada um, porém, me chamou atenção o fato de Benjamin está olhando para a arquibancada. Ele estava com o capacete descansando em seu braço em vez de prestar atenção no que o treinador dizia.

- Veja só quem está olhando para você. – franzi a testa quando virei-me para Zoe e vi ela concentrada no campo então pensei que ela estava falando sozinha. – Benjamin está olhando-a!

Virei novamente à cabeça, mas agora rápido demais para realmente vê-lo me olhando. O mesmo soltou um sorriso sem mostrar os dentes e acenou em seguida. Pressionei os lábios em incerteza se deveria realmente acenar de volta, então eu o fiz, acenei mas não retribui o sorriso.

- Que doideira. – Zoe sentou-se do meu lado. – Um dia ele nem sabe quem você é e no outro já está acenando e sorrindo.

- É realmente estranho. – respondi sem jeito.

Eu havia visto Benjamin poucas vezes, algumas nos corredores da escola ou outras durante festas, pois não era acostumada a ir a jogos colegiais. Ele era bonito, confesso, mas não era isso tudo que as pessoas descreviam por aí. Tinha uma beleza natural, daquela que a gente olha e diz “Bonitinho”, mas o que irritada é que as pessoas o veneram como se fosse Deus.

Desde o inicio do ensino médio, ele nunca trocou qualquer tipo de palavra comigo até hoje. E é um choque saber que fui notada por alguém assim, tipo ele, que são pessoas que costumo permanecer longe por conta de suas atitudes burras e idiotas.

Durante todo o jogo, eu passei pensando sobre o debate que tivemos mais cedo. Mas fui atrapalhada no intervalo que me fez sentir fome de imediato. Ofereci-me para trazer algo para Zoe e ela aceitou, então desci as escadas junto com outras pessoas e ao final dela, acabei dando de cara com Benjamin que ofegava e praticamente o suor caia por todo seu rosto.

- Oi. – disse surpresa e ele sorriu. Sem espera que falasse algo, comecei a andar até uma das barraquinhas que haviam montado ali para comprar alguma coisa, mas senti sua presença do meu lado.

- O que está achando do jogo? – perguntou enquanto tentava acompanhar meus passos.

Levantei meu olhar, mas não para o seu rosto e sim para o painel do placar que nem se quer havia visto. – O nosso colégio estava ganhando. – O olhei e sorri de lado.

- Não gosto e nem se quer sabia a pontuação até alguns segundos atrás. – ele achou engraçado, pois soltou uma risadinha.

- É bem provável que aconteça a festa, realmente pretende ir? – perguntou quando paramos ao final de uma fila para comprar cachorro-quente.

- Sim. – respondi sem animação. – Minha amiga quer ir e não tem como, então vou leva-la.

- Então a vejo por lá. – ele sorriu antes de se afastar correndo novamente para o campo.

Eu comprei os cachorros-quentes e retornei para o meu lugar no instante que o jogo voltava. Zoe o comeu sem tirar os olhos do campo e ainda tentou comer o resto do meu, mas é claro, não deixei.

Quando me acostumei com a correria de um lado para o outro dos jogares, o relógio de contagem regressiva chegou ao final. Pelo que vi no placar, Alex High School havia ganhado. Todos da arquibancada começaram a gritar e alguns se juntaram com os jogares no campo para comemorar. Ao olhar para o lado, Zoe já não estava lá e provavelmente havia pulado pelos bancos para se juntar com as pessoas.

Revirei os olhos e segui com as pessoas pelas escadarias enquanto elas comentavam do jogo incrível que eu não havia entendido. Como havia perdido Zoe de vista, resolvi ir para o estacionamento espera-la.

Ao alcançar o carro, adentrei e fiquei esperando lá, assistindo as pessoas entrarem nos seus carros e colocando as cabeças para fora só para gritar alguma coisa inútil enquanto saiam em direção do lago onde aconteceria a festa. E quando ia resmungar que Zoe estava demorando, ela me assustou ao adentrar no carro com um grande sorriso.

- Podemos ir? – perguntei e ela concordou.

Liguei o carro e do canto do olho observei ela abrir a janela. Eu poderia evitar dela passar vergonha ao colocar a cabeça para o lado de fora, mas eu queria ver e lembra-la disso para o resto de sua vida.

- Benjamin deu mole para você. – ela disse depois de um tempo em silêncio. – Será que ele gostou de você?

- Não sei, mas isso não faz diferença em nada. – respondi séria.

- Não seja assim, amiga. – sorri pela forma que pronunciou amiga. – Ele pode ser um babaca, mas continua sendo lindo.

- Ele é lindo, isso é obvio, mas não estou me importando se ele está na minha ou não. – tirei atenção da estrada e a olhei rápido. – Você conhece muito bem esse tipo de cara.

Ela gargalhou. – Eu não conheço ninguém assim, mas posso dizer que você já conheceu. – bati em seu ombro e ela resmungou mas continuou rindo. – Eu sempre achei que você ficaria com o Matthew para sempre.

- Agora uma noite de sexo é história com final feliz da Disney? – ri. – Ele só me achava bonita e nada mais.

- Todos te acham bonita. – ela disse e eu sorri, logo sussurrando um “obrigada”. – E não será novidade que Benjamin não esteja achando também.

- Ele só quer se aproveitar. – disse. – Lembra-se daquela garota do primeiro ano? Ela espalhou pela escola toda que havia ficado com Benjamin e ele nem ser ligou mais para ela. – ri com a idiotice. – É exatamente o tipo de cara que ele é!

- Matthew te ligou depois? – perguntou desafiadora.

- Não só ligou como também me chamou para sair, porém, eu fiquei gripada e não pude. – respondi.

- E depois ele ligou novamente?

- Sim, mas eu estava ocupada demais com a organização do debate da escola. – respondi com um sorriso. – Ou seja, ele correu atrás de mim. Diferente de certas pessoas...

- O.k. – respondeu e senti-a revirando os olhos. – Benjamin é um escroto, confesso. Porém, o que irá fazer se ele for falar com você na festa?

- O que eu sempre faço com garotos como ele, irei dar um fora e ele nunca mais irá falar comigo. – sorri e ela apenas me olhou.

- Você é má. – ela soltou uma gargalhada. 

Continua...