Yami caminhava calmamente pelas ruas de Domino, pensando nos assuntos que deveria resolver. O primeiro deles seria falar com Ishizu, necessitava saber mais desses pesadelos que estava tendo ultimamente, e com o colar do Milênio ela poderia lhe dizer se era algum aviso de algo maligno. O segundo, seria pedir desculpas aos amigos e seu Aibou e claro... Kaiba. Detestava esconder as coisas de seu hikari, mas neste momento era necessário. Não queria assustar seu aibou por enquanto... Se caso seus sonhos significarem alguma coisa, então contaria a Yugi.
Soltou o ar de seus pulmões. Realmente estava irritado. Uma exasperante dor de cabeça estava se formando e sua pouca paciência estava se esgotando rapidamente... Olhou para frente, já estava perto do Museu e sendo assim se pôs a andar mais depressa.
Estava na porta do Museu quando Ishizu veio ao seu encontro com um dos seus sorrisos encantadores.
- Meu Faraó, o Colar me mostrou que viria aqui. Venha comigo por favor! – pediu a egípcia já andando na frente.
Seguiram para uma sala onde estava escrito “Somente Pessoas Autorizadas”.
- Então meu Faraó, há algo que lhe incomoda? – perguntou olhando fixamente o tricolor.
- Sim... Algumas semanas atrás tenho tidos vários sonhos ruins e sempre que acordo, sinto uma opressão no coração e uma risada venenosa em minha mente... – relatou com o olhar perdido.
Ishizu ficou apreensiva.
- Como são esses sonhos? – perguntou preocupada.
- Não consigo ver o bem o cenário, mas consigo olhar corpos caídos, sangue por todos os lados, sinto uma energia maligna ao redor... Algo dentro de mim se remove, como se quisesse me dominar e quando acordo, ouço o eco de uma voz demoníaca... As vezes prefiro não dormir... – falou cansado.
- E o que posso fazer para ajudá-lo? – seu Faraó não merecia passar por isso e estava disposta a ajudar.
- Ishizu... você poderia descobrir se isso é algum aviso com seu Colar do Milênio? – perguntou.
- É claro meu Faraó!
Dito isso, a egípcia começou a invocar os poderes milenares do Colar... Alguns instantes se passaram, até que Yami começou a perceber que o rosto de Ishizu havia ficado tenso e algumas gotas de suor tinha se formado no rosto dela. Ficou imaginando o que ela estaria vendo, até que um pequeno grito por parte da mulher o tirou dos seus pensamentos.
- Por Rá Ishizu! Você está bem? O que você viu? – perguntou Yami preocupado ajudando a egípcia se sentar.
- E-Eu não sei exatamente... Ouvi gritos, lamentos... depois vi sangue, pessoas mortas... o ar cheirava a morte. Depois lhe vi... estava preso na escuridão, seus braços atados a correntes e tinha alguém atrás de você dizendo que o pertencia... Meu Faraó, algo maligno está atrás de você – Ishizu realmente estava assustada com a visão que teve.
Yami ficou tenso. Suas suspeitas eram certas, só não esperava que lhe envolvesse diretamente... Teria que descobrir o quê ou quem está o perseguindo, não deixaria ninguém perturbar a paz que haviam conseguido.
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Santuário de Atena – Grécia.
A reunião ainda não havia acabado, pois precisavam saber mais sobre o rapaz que portava uma Relíquia Milenar e onde morava.
- Yami Atemu Mutou, tem 17 anos de idade, nasceu no Egito, mora na cidade de Dominó que fica perto de Tóquio, é o atual campeão mundial em um jogo chamado Monstros de Duelo. – informou Atena.
- Monstros de Duelo? – Milo perguntou curioso.
- Sim, é jogo de cartas com imagens de vários monstros, magos... Essas criaturas aparecem em hologramas e o vencedor é aquele que consegue acabar com a vida do oponentes primeiro. A “vida” é marcada por numeração. – disse a deusa.
- Voltando ao assunto principal, como conseguiremos trazer esse objeto que está com o rapaz? – perguntou Mu.
- Bom, tentem convencê-lo de que precisam fazer uma pesquisa sobre o Enigma do Milênio e que muito importante a cooperação dele para a cultura egípcia, se caso ele recusar, já sabem o que fazer. – disse a menina relembrando a conversa anterior.
- Mas Atena, não seria injusto envolvê-lo em nossa futura batalha? – falou Aioria se pronunciando pela primeira vez.
- Talvez, mas não há outro jeito Aioria, em alguns casos como esse, pessoas inocentes são envolvidas. – Atena falou com pesar.
- A guerra é assim cavaleiro de Leão, pessoas inocentes sempre morrem, observe olhos desses menino, o brilho da felicidade está presente, mas a Morte está rondando-o e provavelmente sua vida será ceifada. – falou Hades para a surpresa de todos.
- Infelizmente Hades está certo. – concordou a deusa.
- Hm... Que desperdício, não é mais lindo do que eu, mas não posso negar que uma beleza como essa não deveria desaparecer. – disse Afrodite olhando fixamente para a foto do rapaz.
Alguns soltaram risadas quebrando a tensão do momento.
- Hm... Atena, quando devemos partir para o Japão? – perguntou Camus sério como sempre.
- Arrumem suas coisas agora, partirão as três da tarde. Essa reunião está encerrada por hoje. – falou Atena dispensando seus cavaleiros.
Todos os cavaleiros estavam se dirigindo a porta do Santuário, quando ouviram um som de uma explosão e um Kiki assustado apontando em direção aos Templos, quando outra explosão se ouviu.
- Kiki, o que aconteceu? Alguém está atacando o Santuário? – perguntou Mu preocupado com seu discípulo.
- Eu estava treinando, quando alguma coisa grande voou em cima do Templo de Áries e do nada começou a soltar bolas de fogo e depois outros monstros apareceram e começaram a atacar. – disse o pequeno ariando em fôlego só.
Mal havia acabado de falar quando uma voz varonil e debochada se ouviu no local.
- Hm... Então pequeno, já veio avisar seus inúteis amigos? – perguntou olhando para cada um presente ali.
- Quem é você e como ousa invadir meu Santuário? – perguntou Atena enfurecida.
- Ora! Quem diria que eu encontraria uma... ou melhor dizendo, dois deuses olimpianos aqui na Terra. – disse avaliando os poderes de todos ali. A menina e os outros não era páreo para ele, mais havia um que se igualava ao seu.
- Perguntei quem é você? E o que quer aqui? – perguntou novamente a menina entre surpreendida e impaciente.
!Como ele sabia que havia dois deuses? Somente um deus pode reconhecer o outro! Será que ele...
- Como é impaciente! Mas como está muito curiosa vou lhe dizer... meu nome é Seth, deus das Areias, Caos e da Destruição! Eu estou procurando aquele que carrega a escuridão na alma e de passagem destruir os humanos. Mas vejo que o escolhido não está aqui – disse com um sorriso.
Todos puderam perceber que por trás daquele sorriso encantador se escondia uma terrível crueldade e frieza da alma.
- O escolhido? Como sabe sobre isso? – perguntou Hades encarando os raros olhos lilases do homem.
- Eu que deveria perguntar. Como sabem sobre a profecia egípcia? – perguntou ainda com um sorriso no rosto moreno e perfeito.
- Você disse que o escolhido não está aqui, por acaso você pode senti-lo? – perguntou Atena se deixando levar pela curiosidade.
- Ah! Vocês também ainda não o acharam, mas posso sentir ele, e a sua poderosa força me atraindo, mas a minha vantagem é que eu sem quem ele é. Mas não se preocupem, já estarão mortos antes de conseguirem me impedir de possuir o poder dele. – deu uma risada fria e cruel, depois sumiu no ar.
Ficaram para alguns segundos em silencio até ser quebrado por Seiya.
- O que faremos Atena? – perguntou preocupado.
- Shaka, Camus, devem ir imediatamente para o Japão. Não podemos esperar mais. – disse a menina de maneira firme.
- Não iremos atrás desse sujeito? – perguntou Ikki extremamente irritado.
- Não! Vocês não são rivais para ele. Seu poder é muito grande, nem mesmo Atena com a sua armadura divina junto com a de vocês poderiam derrota-lo. – disse Hades analisando a situação em que se encontravam.
- Tão poderoso ele é? – perguntou Shun olhando para o senhor dos Mortos.
- Sim, mas não é um deus olimpiano, é egípcio. – respondeu calmamente.
- Egípcio... Então ele sabe dos poderes dos Itens do Milênio. – disse Shaka também pensativo.
- Possivelmente. – finalizou.
Depois da conversa tensa na Sala do Patriarca, Shaka e Camus foram para seus templos para arrumarem suas coisas para viajarem. Enquanto os outros mediam as consequências desse inesperado ataque.
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Domino City – Japão
Depois de ter acalmado Ishizu, saiu do museu direto para casa. Estava cansado e atordoado de tanta informação que recebeu da egípcia. Não gostou de saber que havia alguém ameaçando a paz que tanto ele e seus amigos demoraram para conseguir e faria até o impossível para que essa estabilidade não se quebrasse.
Quando chegou em casa era tarde, já que Salomon tinha fechado a loja. Estranhou o fato de Yugi não aparecer por nenhum lado. “Deve estar no quarto” pensou.
Soltou um sonoro suspiro, deveria ir se desculpar com seu aibou o quanto antes e lhe contar sobre a visão que Ishizu teve. Subiu as escadas com calma até chegar na porta do quarto em que dividia com o tricolor menor, parou alguns segundos antes de entrar se preparando para o pequeno sermão que seu pequeno “otouto” iria dar. Soltou um pequeno riso, Yugi sabia dar medo quando queria.
Entrou no quarto e encontrou Yugi escrevendo alguma coisa no caderno, parecia bastante concentrado até que percebeu sua presença.
- Mou hitori no boku! Onde estava? – perguntou surpreso, já que o Faraó não era de chegar tarde em casa.
- Estava com Ishizu aibou, precisava de algumas respostas. – falou simplesmente.
- Resposta...? E encontrou? – perguntou curioso o pequeno duelista.
Yami estranhou o fato de Yugi de não estar chateado com ele por chegar tarde e nem pelo ocorrido durante a saída da aula.
- Hai! Algumas apenas... não está chateado comigo aibou? – perguntou.
- É claro que não Yami! Por que deveria estar? – sorriu de jeito inocente como sempre fazia quando estava falando a verdade.
- Pelo fato de esconder algo de você e os outros e falar de maneira rude hoje de manhã. – responde dando de ombros.
- Nah! Deixe isso pra lá! Me conte, quais respostas conseguiu com a Ishizu? – perguntou com a curiosidade transbordando pelos belos olhinhos.
Um sorriso de lado apareceu no elegante rosto do tricolor maior, seu hikari ainda possuía aquela ingenuidade adorável. Pena que o assunto que iria falar apagaria aquela expressão.
- Quer mesmo saber? – perguntou inseguro.
- É claro que eu quero! – exclamou.
- Pra começo de conversa, tudo começou umas três semanas atrás. Quando comecei a ter pesadelos, eu via pessoas mortas, ouvia gritos, gemidos cheios de dor, lamentos terríveis, sussurros frios, depois vinha uma escuridão ao meu redor... me sentia preso, enfermo e quando eu conseguia acordar, ouvia o eco de uma risada cruel retumbando em minha mente. – soltou a bomba de uma vez só.
Não havia se enganado, a expressão de seu hikari não era nada boa. Podia-se ver o medo, angústia, surpresa... talvez era melhor ter sido mais delicado ao contar.
- O-o quê? E porque não me contou antes? Sabe que não gosto que sofra sozinho! – o medo transformou-se em irritação.
- Hm... Não podia aibou. Não enquanto eu não confirmasse as minhas suspeitas. – falou se sentando em sua cama, estava cansado, mas iria contar tudo para Yugi.
- Suspeitas...? – perguntou confuso.
- Hai! Ishizu disse que é um aviso que algo extremamente ruim irá acontecer e que minha vida corre perigo... Desculpe aibou... só trago problemas para você e os nossos amigos... – a face do faraó demonstrava tristeza.
- Não diga isso Mou Hitori no boku! Você foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida! Você é meu aniki¹, e se tivermos que que lutar novamente, lutaremos. Não vou deixar nada de ruim lhe acontecer e saiba que nossos amigos concordariam comigo. – falou com determinação surpreendendo Yami.
Algo parecido a orgulho se instalou no coração do belo egípcio que se levantou da cama para dar um abraço no seu aibou.
- Obrigado Yugi... por me querer tanto... – falou emocionado.
- Não há porque agradecer, mas quero te pedir algo. – disse se soltando do abraço.
- E o que é? – perguntou.
- Quero que seja sincero com os outros, eles estão um pouco chateados com sua atitude, mas sei que entenderão se explicar pra eles a situação. – pediu dando um sorriso infantil.
- Hai! Contarei tudo amanhã! – disse retribuindo o sorriso.
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Tóquio – Japão
Um homem de aparência elegante, alto, de belas expressões que encantava qualquer mulher – e alguns homens - olhos de um fascinante lilás, mas que observados com atenção poderia ser ver uma maldade de natureza, a tez morena...
Era Seth... Olhava com atenção as luzes da cidade através da grande janela que havia em seu apartamento luxuoso, ouvia a discussão que ali se apresentava entre um homem e uma mulher, mas não deu a mínima, aquilo era típico já que os dois eram deuses assim como ele e logo se resolveriam.
Seus pensamentos estavam em outro lugar, em um certo jovem de preciosos olhos rubis. Desde que o viu pela primeira vez a cinco mil anos atrás, ficou hipnotizado pela beleza exótica, e o força e imponência que ele mostrava e ficou triste ao descobrir que havia morrido, mas para sua grande surpresa, soube que ele havia revivido novamente e estava em alguma parte daquele estranho país e faria de tudo para encontrá-lo.
- Te encontrarei Faraó Atemu... E te transformarei em meu consorte... – prometeu com um brilho malicioso nos olhos.
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