História A Psicopata - Boa noite cinderela

Coloquei o meu CD no rádio do meu carro e selecionei minha música favorita, seguindo o trajeto até a minha casa. O céu estava nublado e quase não se via nada, liguei os faróis para que não pudesse causar nenhum acidente e mudei de música, até porque, ouvir 10 vezes a mesma música não dá, né?

Há alguns quilômetros dali, vi algo que me chamou atenção, um lugar bem iluminado e de lá vinha um som que contagiava qualquer um que passasse por perto, estacionei o carro na frente e logo manobrista veio buscar a chaves.

- Senhor, é alguma festa particular?

- Não, se quiser entrar para dar uma olhada sinta-se a vontade.

- Muito obrigada.

- De nada.

Assim que entrei no lugar, me encantei com o ambiente, era pequeno, mas aconchegante, havia uma pista de dança bem no centro onde já haviam bastante pessoas dançando e se divertindo, também tinham várias mesinhas ao redor. O lugar me agradou e logo escolhi um canto para sentar-me, avistei um garçom e fiz sinal para que ele viesse me atender.

- O que deseja?

- Que tipos de vinho vocês servem aqui?

- Muitos, a senhora não quer o ver a cartela de bebidas?

- Ah sim, por favor.

- Aqui está. - Demorei um pouco pra escolher, até porque eu não gosto muito de vinho, fico bêbada rapidamente e perco a noção do faço, mas só uma taça não vai me fazer mal algum. O problema é que eu não sei o que pedir. - O senhor pode indicar-me algum? É que não sou fanática em vinhos.

- Temos a escolha da casa, lhe garanto que é muito bom.

- Okay, então pedirei esse mesmo. - Espero que não seja tão caro, meu salário não é lá essas coisas.

- Só um momento.

Alguns minutos depois, o garçom voltou com o vinho, serviu-me uma taça e voltou aos seus afazeres, realmente o vinho era bom, eu bebia e nem sentia o álcool, logo começou a tocar uma música que eu amava na minha adolescência, me levantei e fui para pista. Eu preciso me divertir também às vezes.

A música era contagiante, coloquei os braços pro ar e comecei a me balançar conforme a batida, eu já estava suada e na 14° bebida. Tá, eu sei bem que não devo beber tanto, pois tenho que ir embora dirigindo, mas isso aqui tá bom de mais!

Voltei para a mesa depois de dançar quatro músicas seguidas, sentei-me e pedi mais uma taça de vinho, que bebi de uma vez só. Foda-se! Hoje eu estou afogando minhas mágoas, minhas raivas, estava tudo tão confuso! Queria tirar aquela vagabunda da cabeça, mas eu não consigo... Olhei para o lado e avistei um casal sentado na direção oposta, parecia que a garota estava a cochichar algo no ouvido dele e o assunto parecia bom, continuei a olhar e por algum motivo ele se virou para trás e olhou em minha direção. Eu não o conhecia, mas ele não tirava os olhos de cima de mim, segundos depois, não mais que três ou quatro, sorriu e desviou o olhar.

Como minha visão estava turva não deu pra saber se o homem era bonito ou não, claro que não sou qualquer uma, mas há quanto tempo eu estou sem sexo? Três meses pelas minhas contas... É, foi isso mesmo. Minha última vez foi com a Lillian. Ah Lillian... Ela sabia como me deixar louca, sabia exatamente onde tocar, sabia como me deixar excitada. Mas acabou e eu tenho que viver minha vida; além de que, até que não seria uma má ideia transar com alguém sem ao menos saber o nome. Depois a gente põe a culpa na bebida e fica tudo bem.

Levantei da mesa com o pensamento de ir embora para minha casa, mas logo fui parada por um alguém que pousou a mão em meu ombro, virei-me e dei de cara com o homem que estava sentado com a outra garota do lado da minha mesa.

- Olá, posso te pagar um bebida? - Ele é lindo! Que boca é essa? E esse cabelo? - Hey? Posso?

- Ahn? Eu... Eu acho melhor não, preciso ir para casa. - Eu precisava mesmo ir para casa, mas o infeliz do meu corpo pedia, suplicava por ele.

-Por favor, só uma, assim nós aproveitamos para nos conhecer melhor.

- Olha... Eu não tinha a intenção de aceitar, mas você me pedindo desse jeito eu não resisto. - Falei quase me jogando em cima dele. - Chama o garçom, quero um drink bem forte. - Minha embriaguez se notava na minha voz, eu praticamente vomitava as palavras.

- Então, linda, qual é o seu nome?

- Natasha, e o seu, hum?

- O meu não importa. - Sorriu-me galanteador - Você me parece bem alterada.

- Eu! Nãooo, ‘tô ótima! ‘Tô feliz. - Eu queria rir, mas isso só provaria o contrário. - Cadê o garçom com meu drink?

- Calma, ele já está vindo.

- A propósito, cadê a garota que estava com você?

- Ela resolveu ir embora, estava cansada e precisava trabalhar amanhã cedo.

- Hum, sua namorada?

- Não, não. Minha parceira apenas.

- Parceira? - Ri - Até parece Batman e Robin.

- Quase isso. - Disse rindo e nesse momento uma garçonete trouxe minha bebida, o engraçado é que ela fora a única garçonete que vi por aqui, e ela não me é estranha... Deve ser a bebida, agradeci e olhei pro homem lindo que estava parado olhando a garçonete se virar e ir embora.

- Bonita não?

- Sim, bastante... Opa! Você acha mulheres atraentes?

- Claro. Você viu a bunda dela?... Quase que fui atrás dela. - Disse gargalhando.

- Você é bissexual?

- Sim, mulheres são um paraíso.

- Nossa! Você tem cara de safada mesmo. - Sorri e tomei mais um gole do drink, olhei novamente para ele, mas minha visão ficou ainda mais borrada, senti uma moleza como se eu não  tivesse mais controle do meu corpo. Meus olhos começaram a fechar e a música começou a ficar abafada e distante, senti meu corpo formigar e me preparei para o tombo, mas o homem que estava comigo me segurou e as ultimas coisas que eu vi, foram ele me pegando nos braços e seus lábios se mexendo num "boa noite, cinderela".