Sinto o chão frio e tento a todo custo aguçar meus sentidos, não sei aonde estou, como estou ou com quem estou apenas sei que não estou sozinha. Abro lentamente os olhos, primeiramente a procura de inimigos. Leva alguns segundos até que meus olhos se ajustem a escuridão da sala, meu vestido prateado está imundo e meu corpo está dolorido o que é algo impossível, Deuses não podem ser feridos! Jamais, Deuses são onipotentes...
Olho para cima tentando lembrar de tudo o que aconteceu, lembro apenas de fragmentos... Algo relacionado ao baile do rei dos céus, Zeus.
Levanto com grande dificuldade verificando as ruínas a minha volta, toda a glória do grande Olimpo estava destruída e em escombros. Caminho lentamente até a entrada do palácio real, as paredes já não existiam mais, o chão estava coberto de poeira e pedras.
- Zeus não vai gostar nem um pouco da nova decoração - resmungo para a estátua de Hera que antes era o resplendor do salão principal e agora estava parecendo sucata.
Caminho até o portal de entrada me deparando com mais destruição ao meu redor
- Pela escuridão de Nix! - A cidade estava reduzida a nada, palácios destruídos, estátuas que antes eram adoradas estava totalmente maculadas, e longe no horizonte tudo o que podia se ver era escuridão.
Fecho meus olhos e invoco minhas tochas, sou conhecida como Deusa da feitiçaria e das encruzilhadas não posso me dar o luxo de ficar perdida, Mas algo está errado... Meu poder parece fugir de mim e até mesmo se extinguir.
Afasto esses pensamentos e caminho segurando as tochas iluminando todo o espaço ao meu redor, as chamas douradas adquirem um tom vermelho, o que chama minha atenção mas logo voltam ao velho dourado.
- Hécate... - Sussurra uma voz distante, trazida pela escuridão.
Contínuo andando apressadamente pela cidade dos deuses procurando a voz que esteve a me clamar.
- Siga em frente - Instrui a voz um pouco mais alto, pelo tom noto a urgência e o medo.
Correndo, busco ao meu redor tudo o que posso me ajudar a achar a pessoa que me pede ajuda, Diante de mim está o jardim real, presente de Zeus para a olimpiana mais velha, e mais bela, Afrodite. ao adentrar o jardim real vejo um corpo caído próximo as roseiras de Afrodite.
- Você veio... Minha querida -
Hermes o mensageiro dos Deuses estava deitado no chão, seu corpo estava coberto por marcas negras, suas sandálias aladas estava jogas próximas a um banco e seu cetro fora do meu alcance de visão.
- O que aconteceu Hermes? O Olimpo estava destruído, Aonde está os Deuses? - Digo me aproximando do Deus dos ladrões.
A luz lançada pelas tochas revela um estado que me assusta, Hermes está desaparecendo, literalmente virando trevas.
- Não sei Hécate, todos estavam no palácio real, e depois não me lembro de nada, apenas da escuridão. -
Olho para o corpo de meu amigo olimpiano, o olhar comunicativo que era sua marca registrada havia desaparecido e seu rosto exalava medo. Sussurrando ele continua
- Algo está errado... A magia dos Deuses está sumindo. Hécate você corre perigo, como guardiã da magia deve encontrar Zeus e os outros Deuses. -
Com um olhar de cumplicidade Hermes toma fôlego e afirma com convicção.
- Estamos morrendo, Envenenados pelo nosso próprio egoísmo acabamos nos destruindo. Encontre Zeus, ele é o rei do Olimpo encontrará uma saída para tudo isso. - Hermes mal terminou de ditar as palavras para mim e começou a dissipar sua essência, desaparecendo por completo.
Incrédula observei o chão, a pouco ali estava um Deus e agora só havia trevas, aproximando minhas tochas da roseira deixei que as chamas queimassem toda a área e me afastei o mais rápido possível. A essência de um imortal é poderosa demais para ficar em solo, tem propriedades mágicas. Continuo caminhando me afastando cada vez mais do palácio real e de toda aquela destruição, vejo ao longe a sala do trono, sinto um frio indescritível me tocar, me corpo treme e de alga forma sei que algo me espera lá dentro. Particularmente eu amo a escuridão, sou a senhora da noite porém algo estava errado meus sentidos estava sumindo e a escuridão ao meu redor se tornando cada vez mais densa, como se tomasse forma. Paro repentinamente e desejo não poder sentir nada, olho a minha volta e chego a conclusão de que minhas tochas não valem de nada, não consigo ver nada a minha volta. Estou perdida e como uma humana tola sufocando em meu medo.
- O que está ocorrendo? - Sibila uma voz feminina em algum ponto a minha frente
- Olimpianos, Intocáveis, cadê seu poder? - Continua a mulher.
- Vocês perderam, não podem governar o universo. Todos caídos pelas mãos do novo rei.
Sinto meus olhos queimarem, meus músculos estão doloridos, queria gritar e desafiar essa maldita insignificante que ousou me insultar mas não consigo, meus pensamentos estão em confusão.
- Como é ter seu poder roubado Hécate? Me diga a causa de seus medos? Irei destruir você lentamente e saborear sua essência. -
A escuridão a minha volta me toca de forma evasiva e me preenche aos poucos. Fecho os olhos e rezo a minha mãe Nix e em meu último fôlego desejo fogo... Fogo ao meu redor, fogo dentro de mim, abro os olhos e tenho a sensação de estar de volta no mundo inferior, na era dourada, desejo que tudo ao meu redor queime e até minha ultima gota de magia, peço a meu ancestral Caos uma saída para aquele problema.
Meu último vislumbre de realidade são as nuvens, estou caindo na escuridão.
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