A tensão era evidente quando Lucy entrou no gabinete do ministro e um silêncio mortal perdurou por um longo tempo. Ela e Sofia se encaravam, parecendo que estavam prestes a se atacar a qualquer momento.
- Quer dizer que temos visita? - Lucy perguntou com desdém. - E qual é o motivo da reunião?
Sofia abriu a boca para provoca-la, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Miguel respondeu:
- Não era nada que você ache importante. A garota já está de saída, não é?
- Sim, estou - Sofia respondeu lentamente, sem tirar os olhos de Lucy. - Adeus, Miguel.
- Mas já vai? Ainda está cedo! - Lucy exclamou, com as mãos para trás, segurando a varinha. - Você devia ficar mais tempo e tomar um chá ou um café com biscoitos conosco...
- Não tem chá, nem café, nem biscoito, nem nada! - interrompeu Miguel. - Sofia, faça o favor de voltar para o lugar de onde veio!
Sofia voltou para a passagem que levava de volta à escola, os olhos ainda em Lucy.
- Mande lembranças à sua mãezinha, querida! - Sofia ouviu Lucy dizer, antes que a passagem se fechasse.
Depois de certo tempo, ela se achou novamente na pequena sala convocatória, no quinto andar. A passagem para o ministério havia se fechado completamente e a sala retomara a aparência inicial. Ela saiu de lá e caminhou em direção ao escritório da diretora, cabisbaixa. Tivera a esperança de convencer Miguel de que estava errado e fazê-lo parar, mas ele a ignorou e agora só restava continuar o treinamento e se preparar para a batalha. Quando chegou ao escritório, bateu na porta e ouviu sua mãe responder: - Entre!
Sofia entrou e encontrou sua mãe olhando os jardins pela janela. A professora Malfoy usava um longo vestido lilás, muito elegante, e seus cabelos platinados formavam uma longa trança. Ela se virou e encarou Sofia por um tempo, antes de se pronunciar:
- Você está viva. Isso é bom! - seu tom era descontraído e leve, algo que se via raramente. Em geral, a professora Malfoy era séria e formal. Sofia gostava muito quando sua mãe mostrava esse lado mais simpático.
- É, estou sim. - Sofia esboçou um sorriso.
- Então, como foi? - a diretora perguntou.
- Nada bem - Sofia respondeu. - Nós conversamos. Tentei convencê-lo a desistir, voltar atrás. Discutimos - falou tristemente. - E para completar, quando eu estava voltando, aquela ridícula que vive colada nele chegou e ficou me encarando de um jeito muito esquisito!
- Ridícula? - a diretora semicerrou os olhos.
- É, aquela piranha da Lucy McCarthy, a que gosta de torturar trouxas, sabe? - Sofia percebeu que a mãe olhava fixamente para o horizonte através da janela, como se estivesse lembrando algo. - Aconteceu alguma coisa, mãe?
- Nada. - a diretora respondeu, voltando do transe. - E ela falou alguma coisa?
- Me ofereceu chá e biscoitos, aquela falsa! - Sofia olhou desconfiada para a mãe - "Mande lembranças à sua mãezinha!", foi o que ela me disse. Vocês se conhecem?
- Já nos vimos uma vez...- a diretora falou e Sofia notou que ela estava mesmo se lembrando de alguma coisa. - Mas é uma longa história. Ficarei feliz em conta-la em outro momento. Você não devia ficar com essa cara triste, você tentou e isso é o que importa. Acho que logo logo, Miguel vai se arrepender de não ter seguido seu conselho. Bom, é melhor você ir andando. Coma alguma coisa e descanse um pouco. Até mais tarde.
Sofia assentiu, saiu da sala e seguiu rumo ao Salão Principal, desejando encontrar Melanie, para contar sobre o que acontecera no ministério.
O dia pareceu passar rápido e já era noite quando Melanie e Sorcha chegaram ao Salão Principal, para a última refeição do dia. A primeira parecia muito animada, como há tempos não se via, enquanto a segunda parecia chateada. Mas em vez de se reunirem aos colegas de sua Casa, na mesa da Perséverer, elas seguiram na direção oposta, para a mesa da Noble.
- Boa noite, gente! - Melanie cumprimentou os colegas da outra Casa - Posso falar com vocês em particular? - ela perguntou para Tiago, Liliana e Elizabeth. Eles assentiram. Tiago olhou sorridente para Sorcha que, por alguma razão que a própria desconhecia, não conseguia sustentar o olhar do garoto e virou-se para olhar na direção da mesa da Perséverer.
- Melanie, a Bella está ali! Vou chamar ela, ok? - Sorcha falou e saiu rapidamente para chamar a colega. Eles a viram cruzar o Salão e logo acompanharam Melanie até o Saguão de entrada.
- Bom, eu preciso da ajuda de vocês, pessoal. - ela informou - Mas vamos esperar a Sorcha voltar, certo?
Não demorou muito para que Sorcha e Bella se juntassem ao pequeno grupo.
- É o seguinte, - Melanie começou, baixinho - eu chamei vocês porque queria que vocês me ajudassem com um plano que eu tenho. Mas antes, eu tenho que perguntar... Vocês prometem que vão guardar segredo?
Todos acenaram positivamente e então ela continuou, sussurrando:
- Minha tia tem um vira-tempo e...
- Ela tem um vira-tempo?! - Elizabeth falou alto, espantada.
- Fala baixo! - os outros a repreenderam. Liliana deu um tapa na cabeça da amiga.
- Desculpa! - Elizabeth disse, massageando a cabeça, seus cabelos se tornando vermelhos.
- É, ela tem um vira-tempo e meu plano é voltar no tempo para fazer umas coisinhas, mas eu não posso fazer sozinha. Vocês são os melhores da turma do Rick e é por isso que eu peço a ajuda de vocês. Vocês topam?
Nesse instante, todos ouviram um ruído e se viraram depressa. A porta do Salão se abrira, mas ninguém entrou ou saiu. Eles observaram por um tempo antes de continuar:
- E que coisinhas são essas? - perguntou Liliana.
- Bem, eu estou indo agora para a sala da diretora. - Respondeu Melanie, baixinho. - Vou contar o plano para ela e pedir para usar o vira-tempo. Se vocês quiserem, venham comigo e lá eu contarei tudo, ok?
Todos concordaram e seguiram para o escritório da professora Malfoy. No caminho, Liliana parou e puxou Tiago, deixando que os outros seguissem adiante. Entretidos em uma conversa interessante sobre viagens no tempo, eles nem perceberam que os irmãos ficaram para trás.
- O que tá rolando entre você e a raposinha, hein? - Liliana perguntou.
- Não tem nada rolando! - Tiago falou depressa. - Ainda... - acrescentou em tom de brincadeira.
Liliana deu um soco no braço do irmão.
- Tô vendo que vocês estão se comportando de um jeito estranho desde que você descobriu o segredinho dela... Cuidado aí, seu cabeça oca!
- Pode deixar, maninha! - Ele respondeu, bagunçando os cabelos dela. - Agora é melhor a gente se apressar ou não alcançaremos o pessoal!
Eles alcançaram os outros mais adiante e depois de passarem por alguns corredores, finalmente chegaram ao escritório da professora Malfoy. Melanie bateu na porta.
- Entre! - disse a diretora.
Eles entraram. A diretora estava sentada atrás de sua escrivaninha, lendo com interesse um exemplar do Transfiguração hoje. Ela levantou os olhos e perguntou:
- Boa noite. A quê se deve a honra da visita de vocês?
- Tia, eu tive uma ideia. - Melanie começou a falar. - Mas precisamos da sua ajuda.
- E que ideia seria essa? - a diretora indagou, expressando interesse.
- Meu pai te presenteou com um vira-tempo. A senhora ainda o tem?
- Tenho... - a diretora respondeu lentamente.
- Preciso que a senhora me empreste ele. Quero voltar no tempo e salvar os meus pais. Eu chamei uns amigos para me ajudar, se eles aceitarem. Ela olhou para trás e eles assentiram. - Eles são os melhores que eu conheço.
A diretora ficou em silêncio, como se estivesse analisando as palavras da sobrinha. Depois de alguns segundos, ela se manifestou:
- Então, você quer evitar a morte de seus pais...
- Exatamente. - Melanie confirmou.
- E para isso você quer usar o meu vira-tempo. E vocês, concordam com essa ideia? - a diretora perguntou para os outros alunos.
- Sim! - eles responderam.
- Sinto muito, mas não posso deixar que vocês façam isso. - A diretora respondeu calmamente. Todos ficaram aturdidos e lágrimas rolaram pelo rosto de Melanie.
- Mas... Eu pensei que... Que a senhora quisesse ter eles de volta... - Melanie disse, os olhos encharcados.
- E quero! - a diretora falou novamente - Mas não posso deixar você se arriscar e nem quero ME arriscar a perder outra pessoa de minha família!
"Mexer com o tempo não é tão simples quanto você pensa. É complicado e perigoso, se não for feito de forma correta pode resultar em grandes catástrofes. Sei que vocês são talentosos, porém não acredito que estejam capacitados para tal missão."
- No entanto... - eles olharam esperançosos para a diretora - Sei quem pode realizar essa tarefa!
A diretora levantou a varinha e falou energicamente:
- EXPECTO PATRONUM! - dois alces prateados irromperam da ponta de sua varinha e pousaram suavemente sobre o carpete do escritório, antes de saírem desembalados pela porta, deixando um rastro brilhante à sua passagem.
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