Aquilo não podia ser possível. Miguel na escola? Os alunos de Beauxbatons encaravam os recém-chegados com enorme desagrado e nojo. Os alunos de Hogwarts não sabiam o que estava acontecendo ali, mas perceberam que o clima descontraído que havia antes tinha desaparecido e dado lugar ao nervosismo.
– Quem são esses? – Lilian Potter perguntou, baixinho.
– Miguel e sua corja – Lian respondeu calmamente, com os olhos fixos nos visitantes indesejáveis, que estavam parados no meio do Saguão de Entrada.
De repente, Sofia avançou com uma rapidez surpreendente, porém não fora a única; Liliana e Elizabeth também fizeram o mesmo. As três sacaram agilmente as varinhas e as apontaram em direção a Miguel e ao grupo que o acompanhava. Lucy e os outros também empunharam suas varinhas; Miguel, no entanto, permaneceu imóvel, com um leve sorriso. A cena pareceu congelar naquele instante. Então Miguel falou com um tom de sarcasmo em sua voz:
– Vamos, Sofia! Vamos ver o que vai fazer agora!
– Vou te fazer pagar pelo o que está fazendo! – Sofia respondeu, furiosa – AVADA...
– Não! – Melanie exclamou, segurando o braço levantado da prima.
Todos olharam para a garota, sem entender nada.
– Eu preciso conversar com você, Miguel – ela falou, alto. – Em particular.
Ele encarou a garota que também o encarava sem piscar por alguns segundos, pensando em, talvez, recusar; afinal, não havia nada para conversar com ela. Porém, achou que não perderia nada, se ouvisse o que ela tinha a dizer.
– Abaixem as varinhas! – ordenou ele – Isso não será necessário!
O grupo obedeceu. Melanie olhou para as garotas e pediu também:
– Por favor, meninas, guardem as varinhas!
Liliana e Elizabeth assim fizeram, visivelmente contrariadas, mas Sofia se manteve parada. Ela olhou para a prima e em seguida, lançando um olhar de ódio a Miguel, abaixou a varinha.
– Me acompanhe – Melanie fez sinal para Miguel a seguisse.
Eles entraram na primeira sala desocupada que encontraram. Ela fechou a porta ao passar e se virou para ele. Ele, pelo contrário, olhava para as carteiras enfileiradas, com tédio.
– E então, o que você quer me dizer? – Ele perguntou, sem se virar para ela.
Ela parecia apreensiva agora; aparentemente, estava se decidindo se falaria ou não. Mas já era tarde, tinha que falar.
– Quero pedir que pare o que está fazendo, por favor... – ela pediu, em tom de súplica, se aproximando muito lentamente dele.
Ele apenas sorriu, apoiado em uma das carteiras, ainda sem olhar para a garota.
– Sua prima já tentou isso e não funcionou – ele disse, incisivo.
– Ela não te ama. Mas eu sim – as palavras escaparam de seus lábios sem que se desse conta de que acabara de dizê-las.
Ele se virou bruscamente, arqueando as sobrancelhas, confuso.
– Como assim, me ama? – indagou, perplexo.
– Eu sempre gostei de você, mas nunca tive coragem de contar. Além disso, você só tinha olhos para a Sofia, nem me notava...
– Mas como ainda pode gostar de mim? – ele retrucou – Eu roubei o lugar do seu pai, deixei que torturassem e matassem pessoas. Fiz muitas coisas ruins.
– Isso não importa – ela disse, cada vez mais perto. – Você fez coisas ruins e já me fez chorar muito, mas se você realmente se arrepender, eu tô aqui para te apoiar. Eu te perdoo. – seus olhos azuis cintilavam.
– Eu... Te fiz chorar? – Miguel agora parecia perdido.
Melanie lembrou-se de que, se Dean e Katherine não tivessem salvado seus pais, eles estariam mortos. Lembrou-se de quando passava os dias nos jardins, chorando, ou no quarto do dormitório, sem ânimo para nada. Entretanto, o sentimento que tinha por Miguel era forte o bastante para superar essas coisas. Seus pais estavam vivos; tinham que ficar escondidos, mas vivos. Dentro de si havia uma certeza de que poderia consertar o garoto a sua frente. Os dois estavam frente a frente agora, os rostos muito próximos.
– Não importa – ela sussurrou. – Eu te amo e quero ficar junto com você.
O beijo aconteceu naturalmente. Miguel sentiu que aquele beijo trouxe a paz e a tranquilidade que não existiam em sua vida. Percebeu que o sentimento da garota era verdadeiro e que suas palavras eram sinceras. Depois de um tempo, eles se separaram, pela falta de ar. Não disseram nada um para o outro; apenas ficaram abraçados.
Então ouviram uma batida na porta e a voz de Sofia, do outro lado:
– Mel, tá tudo bem aí?
– Sim – Melanie respondeu.
Miguel sussurrou para a garota:
– Vamos voltar para o Saguão e esperar sua tia chegar. Aí eu conversarei com ela e pedirei perdão pelo que eu fiz. Vamos ficar juntos.
Melanie assentiu e os dois saíram da sala, sob o olhar desconfiado de Sofia. No Saguão, Miguel ficou com o grupo que viera com ele e Melanie voltou para junto dos amigos, que a bombardearam com perguntas. Ela apenas respondeu que logo eles ficariam sabendo.
Não demorou muito tempo até que Lana Malfoy aparecesse, passando pelas grandes portas do Saguão, imponente.
– Qual é o motivo da visita, Boneventura? – a diretora perguntou, olhando para Miguel com notável indiferença.
– Tenho um assunto a tratar com você, sua filha e sua sobrinha – ele anunciou.
– Pois muito bem. Acompanhe-me até meu escritório – ela disse, indicando o caminho. Lucy deu a entender que iria acompanhá-los, porém Miguel falou:
– Me espere aqui.
– Mas eu devo ir também! – ela replicou, surpresa.
– Não. Deve ser paciente e me esperar aqui. Não vou demorar. – o tom dele foi firme.
Ele se virou, deixando uma Lucy irritada, e seguiu a diretora, por um corredor à direita, acompanhado por Sofia e Melanie.
Quando chegaram ao escritório da diretora, Lana entrou e manteve a porta aberta, para que Miguel e as duas garotas também entrassem. A diretora contornou a escrivaninha, se sentou em sua cadeira, encarou o rapaz e perguntou:
– E então, Boneventura, o que tem de tão importante para dizer? Mas peço que seja breve, por favor, pois hoje foi um dia longo e cansativo.
– Tudo bem, serei breve – ele começou. – Quero pedir perdão por todo mal que eu causei e dizer que estou profundamente arrependido dos meus atos. Devolverei o cargo ao legítimo ministro.
A professora Malfoy encarou o rapaz com seriedade, em silêncio.
– Qual é o motivo dessa mudança repentina? – ela inquiriu, olhando nos olhos dele.
– Sua sobrinha, Melanie, me convenceu e me mostrou que eu estava errado.
Sofia olhou para a prima, incrédula. Melanie tinha um grande sorriso no rosto. Após um longo contato visual, a diretora se pronunciou:
– Hum... Entendo... Posso ver que está sendo sincero... Você voltará para Beauxbatons?
– Se a senhora me aceitar de volta, sim – ele respondeu.
– Mas sabe que os alunos não vão te receber tão bem, não sabe?
– Eu não ligo – ele disse com firmeza. – Se Melanie estiver comigo, tudo ficará bem.
– Muito bem – a diretora falou, sorridente. – Seja bem vindo novamente!
– Mas e os seus amiguinhos Comensais? – Sofia perguntou, ríspida – Eles vão querer tua cabeça...
– Eu o defendo! – exclamou Melanie.
– Seus antigos amigos não vão ficar nada felizes quando souberem... – a diretora comentou.
Quando eles retornaram ao Saguão de Entrada, Lana anunciou em voz alta:
– Miguel se arrependeu de seus atos e nos pediu perdão. Ele voltará a esta escola e ficará sob minha proteção!
– Eu juro que você vai pagar caro por isso! – Lucy bradou, furiosa.
Ela agitou a varinha e lançou um jorro de luz verde em direção a Miguel. Melanie ia avançar com a varinha na mão, mas Lana foi mais rápida: um enorme escudo de prata surgiu diante de Miguel, do nada. Vendo que sua tentativa não surtira efeito, gritou enraivecida:
– Você se curvará perante mim, Malfoy! Todos vocês! – e, girando nos calcanhares, saiu, com o grupo de homens em seu encalço.
– Mas e agora, o que vai acontecer? – Alvo perguntou, olhando para os amigos.
– Comam e descansem – falou a professora Malfoy. – Amanhã teremos outro dia daqueles...
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