– É isso, deu certo! – Sofia guardou o vira-tempo no bolso – Agora temos que chegar a Londres. O Beco Diagonal nos espera!
– Teremos que ir voando até Canterbury, não dá para aparatar – Rick falou, apanhando a vassoura do chão. – É muito longe e o risco de estrunchar é grande.
– Quando a gente chegar lá, vamos poder aparatar – a garota concordou, também pegando a vassoura.
– Talvez a gente deva subir mais que o normal – ele comentou, olhando para o céu. – Não podemos correr o risco de sermos vistos por algum trouxa...
– E se a gente usasse um feitiço da Desilusão? – ela sugeriu.
Rick ficou em silêncio, por alguns segundos, analisando a sugestão da garota.
– Tudo bem – falou por fim.
Ele sacou a varinha e deu uma pancada forte na cabeça da namorada. Ela soltou um sonoro palavrão, enquanto ele se acabava de rir.
– Nossa, uma menina tão educada, se expressando dessa forma... – o garoto falou, rindo.
– Hum, ficou bom – Sofia disse olhando para o próprio corpo, agora transparente. – Agora é minha vez!
– Não precisa, eu posso fazer sozinho... Argh!
Tarde demais. Sofia já tinha pegado a varinha e acertou a cabeça de Rick com força.
– Sua doida! – ele resmungou, massageando a cabeça no lugar onde fora atingido.
Ela ria, enquanto observava o garoto também ficar transparente.
– Bom, agora só faltam as vassouras – ele começou. – Aí podemos seguir em frente.
Depois de se certificarem de que nenhum trouxa pudesse vê-los, montaram nas vassouras e novamente alçaram voo. Voando disparados em suas velozes vassouras, mal tiveram tempo de apreciar qualquer paisagem. Em menos de meia hora já estavam em Canterbury. Escolheram um local deserto e seguro para descer, desfazer o feitiço Desilusório e esconderem as vassouras.
– Tem certeza de que vai se lembrar onde as colocou? – ela perguntou, depois que o garoto retornou.
Rick confirmou com a cabeça.
– E ninguém vai pegar, né? – ela perguntou, de novo, olhando para o local onde Rick escondera as vassouras.
– Fica calma, So – um sorriso apareceu nos lábios dele. Ele se virou de frente para a garota e a encarou – Tá tudo sob controle. Agora sim, daqui já dá para aparatar.
Ele ergueu o braço direito e a moça segurou firme, fechando os olhos. Por alguns instantes, pareceu que iria morrer, asfixiada. Mas, no momento seguinte, o ar preencheu seus pulmões e ela pôde respirar novamente. Abriu os olhos. Não estavam mais em Canterbury, estavam em...
– Tottenham Court Road! – Sofia exclamou, surpresa, olhando em volta.
– Potter mencionou que quando Harry fugiu dos Comensais, no casamento dos pais da Victoire, ele e os amigos vieram para cá – Rick explicou. – Achei que esse seria um bom lugar...
– É um ótimo lugar – Sofia concordou, sorridente.
– Vamos lá, So. Vamos para o Caldeirão Furado!
Eles caminharam por algum tempo, até que avistaram a velha placa do barzinho sujo na Charing Cross.
– Chegamos! – Rick apontou para a entrada do bar.
Ao ver o lugar, Sofia fez uma careta.
– Talvez a gente precise ficar alguns dias – o garoto começou. – O que eu tenho aqui é suficiente – ele remexeu os bolsos.
– Vamos ficar aqui? – a loira falou, incrédula.
– Infelizmente, sim – ele respondeu, sem jeito ao ver a expressão de indignação no rosto dela. – Como não sabemos em qual dia ele virá comprar os materiais, vamos ter que ficar de olho. Pode ser hoje, pode ser amanhã... Final do mês... E este vai ser o melhor lugar para isso.
– Tudo bem – ela assentiu, decepcionada.
Eles entraram no bar; o lugar era mal iluminado e bem desorganizado, mas estava muito movimentado: além dos clientes, havia um fluxo intenso de pais com seus filhos, cumprimentando o dono do bar e se dirigindo para uma saída nos fundos.
– Espera um pouquinho aqui, eu vou falar com o dono e alugar um quarto, ok? – Rick falou.
– Certo, eu espero... – Sofia confirmou, sem emoção.
Talvez fosse o dia de sorte deles, embora muitos considerassem um infortúnio, Rick nem tinha saído do lugar onde estava, quando a porta do Caldeirão Furado se abriu mais uma vez e um rapaz alto e magro entrou. Sua pele era pálida, seu cabelo negro e seus olhos eram escuros. Tinha um ar arrogante (nem Sofia chegara a esse nível) e, diferente da maioria, não cumprimentou ninguém. Entrou e, sem olhar para as pessoas, saiu pelos fundos. Rick e Sofia se entreolharam e logo seguiram aquele rapaz esnobe. Eles deixaram o Caldeirão Furado para trás e chegaram a um pátio murado, vazio e mal cuidado.
– E agora como vamos passar? – Rick se perguntou, olhando em volta – Vamos ter que esperar alguém abrir a passagem...
– Não vamos esperar ninguém – Sofia disse, convicta. – Sai da frente!
O garoto olhou para ela, espantado.
– Deixa eu ver se ainda me lembro... – ela murmurou, puxando a varinha – Três para cima... Dois para o lado... E voilá!
A garota bateu com a ponta da varinha em um dos tijolos do muro, nos fundos do bar. Um a um, os tijolos foram se deslocando e abrindo uma passagem. Quando a passagem se abriu por completo, eles puderam ver a rua serpeante e calçada com pedras irregulares, apinhada de gente. Vendedores gritavam, anunciando promoções; pessoas debruçadas sobre as vitrines, muita gente indo para lá e para cá.
– Espera, So – Rick a chamou, quando ela ameaçava avançar em direção ao Beco Diagonal.
– O que foi? – Sofia olhou para ele, curiosa.
– É melhor a gente não ir – ele falou, sério.
– Como é? – ela indagou, sem entender.
– Não vamos até ele. Ele virá até nós.
– Mas que história maluca é essa?! Assim ele vai escapar! – ela encarou o namorado, ansiosa, impaciente. Aquele era o momento para o qual tanto se preparou e agora...
– Vem comigo – Rick disse, puxando a garota pela mão. – Eu tenho um plano para pegar ele...
O garoto esnobe, alto e de cabelos negros, saiu do Caldeirão Furado três horas depois, carregando um malão cheio de livros e outros objetos. Após caminhar algumas quadras, ele parou de repente e se virou, em um beco deserto.
– O que quer, garota? – ele encarou com desconfiança a garota loira que o seguia de perto – Por que está me seguindo?
A loira permaneceu em silêncio, imóvel. Seus olhos claros expressavam surpresa, apreensão.
– Vou perguntar só mais uma vez e se não responder, vai pagar caro – o garoto avisou, sua voz calma e aguda, seus olhos tinham um brilho psicótico. – Por que está me seguindo?
Houve um estalo muito alto, como o de um escapamento de carro dando a partida. O moreno alto procurou o que causara aquele ruído, aturdido. Sentiu alguém prender seus braços e alguém falou em seu ouvido, baixinho:
– Eu posso te responder isso...
A loira veio em sua direção e quando ela chegou perto, tudo ficou escuro e o ar fugiu de seus pulmões. Pareceu que estava sendo empurrado por uma mangueira muito fina e havia uma grande pressão sobre os olhos. E então sentiu que podia respirar novamente. Abriu os olhos, ofegante, tentando reconhecer o lugar onde estava. Com toda a certeza do mundo, aquele não era mais o beco onde estivera segundos atrás. Na sua frente, havia um jovem casal: a garota loira e um rapaz alto e atlético, de pele clara e cabelos castanhos, arrepiados.
– Você é Tom Riddle? – o rapaz inquiriu, com a varinha apontada para o seu peito.
– E quem deseja saber? – o moreno replicou, em tom desafiador.
– É, essa vai ser uma longa conversa...
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