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História A Rainha Cadáver - Não importa se não foi canon


Escrita por: Miss_Sw

Notas do Autor


Olá, pessoal!
Passando rapidinho pra deixar aqui a minha singela contribuição ao projeto EXOWeen, que está sendo realizado no grupo EXO Fanfics, do face. Originalmente, eu ia escrever um plot meu antiguinho, mais voltado para o terror, mas não tava desenrolando, aí lembrei desse outro plot (também antigo) e me dei melhor com ele. ~vocês sabem que eu resido no fluffy, não é?~ hehehe

Enfim, como o nome e a capa sugerem, a história tem fortes referências (e um pouco de spoiler também/sorry) do filme “A Noiva Cadáver”, mas é completamente trabalhado na fofura, então espero que possam gostar.
Apreciem sem moderação e até as notas finais. ;)

OBS: classificação (+18) apenas por exigência do site para o gênero yaoi.

Capítulo 1 - Não importa se não foi canon


Fanfic / Fanfiction A Rainha Cadáver - Não importa se não foi canon

 

A noite de trinta de um de outubro finalmente chegara, trazendo com ela o evento mais esperado pelos alunos da Escola Excelsior naquele mês: o Baile de Halloween.

Os dias anteriores já tinham sido bem agitados, pois os próprios estudantes tomaram a frente da organização e cuidaram de cada detalhe. Foram semanas de preparação, eventos menores para arrecadação de dinheiro, contrato de buffet, música e iluminação, além do preparo da decoração. Era o primeiro baile desde o retorno das aulas e todos estavam muito empolgados e empenhados em tornar tudo perfeito.

Havia, porém, quem não estivesse assim tão entusiasmado. Park Chanyeol não era exatamente afeito a festas, tampouco gostava de multidões. Se lhe perguntassem, ele responderia, sem sombra de dúvidas, que preferiria comemorar a festividade relendo seus exemplares de Harry Potter, ou mesmo revendo os filmes da série na comodidade do seu quarto.

E ele assim faria, não fosse, é claro, pela insistência de seu melhor amigo. Kim Minseok passara a última semana inteira tentando convencê-lo a ir, discursando sobre como seria divertido, que haveria músicas legais, fantasias engraçadas e comida boa, todavia Chanyeol seguia firme em negar. Pelo menos até o amigo mencionar que aquela seria a oportunidade ideal para ele finalmente se aproximar de seu crush e chamá-lo para sair.

Ah, com certeza era um golpe baixo falar de Byun Baekhyun.

Chanyeol não era aquele tipo esquisitão, que vivia amuado e se escondendo pelos cantos na escola, mas também não constava na lista dos populares. Ele era apenas um cara comum, que usava roupas comuns e tirava notas comuns, nada que o fizesse se destacar na multidão. E estava muito bem com isso, aliás.

Baekhyun, por outro lado, era conhecido por todos - e muito provavelmente amado por todos também -, era bom em esportes e excelente nos estudos. Inteligente e sociável, ele tinha uma comunicabilidade e simpatia natas, que lhe garantiram facilmente o posto de presidente o grêmio estudantil e que o tornavam bem vindo a qualquer roda de conversa.

Eles tinham a mesma idade e cursavam a mesma série, no entanto, apesar de estudarem na mesma escola há mais de cinco anos, nunca haviam feito parte da mesma turma e nunca tinham trocado mais do que um cumprimento educado. Afinal, ainda que o Byun conversasse com todo mundo, Chanyeol pouco falava ou se misturava.

Isso, porém, não impediu que o jovem coração do Park começasse a nutrir sentimentos pelo outro; emoções que ele segredava apenas com Sehun e Minseok. Sentia vontade de confessar, mas a coragem sempre lhe faltava.

Os amigos até tinham tentado ajudá-lo algumas vezes, colocando-o em situações em que estaria próximo de Baekhyun, contudo, por alguma misteriosa manobra do universo - uma espécie de Cosmo Afugentador de Crush -, sempre acabavam tendo que se afastar antes mesmo de poderem trocar qualquer palavra.

Entretanto, dessa vez Minseok garantira que seria diferente; até porque era uma festa, um momento feito para as pessoas interagirem com mais naturalidade, então certamente seria mais fácil. Não que Chanyeol estivesse realmente muito confiante, contudo dera um voto de confiança ao amigo e cedera aos seus pedidos.

O ginásio da escola estava todo ornamentado com tecidos negros e roxos, esqueletos, morcegos e tudo mais a que o tema da festa dava direito. O jogo de luzes fora bem montado; petiscos e bebidas estavam à disposição nas mesas; e a música escolhida pelo DJ aflorava os ânimos, motivando as mais diversas “criaturas” a se moverem pelo salão no ritmo contagiante.

Como toda festa à fantasia que se preze, personagens diversificados coloriam o ambiente de forma engraçada e criativa. Era uma celebração para todos, o cartaz de anúncio do baile dizia, um evento para diversão e interação entre os alunos de todas as turmas. Bem... Chanyeol estava contando com isso.

E, mesmo que não se sentisse muito seguro de si, ali estava ele, no alto de seus um metro e oitenta e cinco, enfiado em um paletó escuro, com o cabelo cheio de gel sustentando um topete e a pele pintada de branco e cinza. Ele estivera muito descrente, no início, de que seria uma boa ideia se fantasiar de Victor Van Dort, contudo tinha que admitir que a mãe de Minseok fizera um ótimo trabalho com a maquiagem. Estava perfeito!

O nervosismo o dominava ao chegar ao ginásio ladeado por uma versão não exatamente assustadora do Chuck e um Drácula - Sehun não se importava muito com originalidade -, e não pôde evitar olhar ao redor, na esperança de encontrar o alvo de seu afeto de longa data.

Não procurava pela sua Victoria - na verdade, nem sabia de que personagem Baekhyun estaria caracterizado -, só precisava vê-lo antes que o fio de coragem que o levara até ali desaparecesse por completo. Sua busca, porém, foi em vão, pois mesmo entre os rostos conhecidos Chanyeol não conseguira identificá-lo.

― Fique calmo ― Minseok falou, colocando a mão em seu ombro de forma gentil ao perceber sua ansiedade. ― Ele pode estar usando uma máscara ou talvez nem tenha chegado ainda.

― E se ele não vier? ― o maior inquiriu preocupado, ganhando um sorriso compreensivo em resposta.

― Ah, mas ele vem sim! ― foi a vez de Sehun entrar na conversa. ― Primeiro, por que ele é o presidente do grêmio e precisa estar aqui. Em segundo lugar, mesmo se não precisasse vir, ele é um cara sociável, que gosta dessas coisas, e eu o ouvi falando que tinha preparado uma fantasia incrível. Alem do mais, a gente acabou de chegar. Pega um refri, dança um pouco e relaxa, que logo ele aparece.

Sehun mal terminou de falar e já foi se afastando, animado em se juntar aos dançarinos no meio do salão. Chanyeol encarou Minseok, que apenas deu de ombro e seguiu o mais novo dos três. Deixado sozinho, o jovem Park suspirou e foi em direção à mesa das bebidas, ficando satisfeito ao encontrar refrigerante de limão.

Virou-se novamente para encarar a multidão dançante, vendo bruxas, monstros e heróis de quadrinhos se misturarem no que parecia o mais improvável dos universos alternativos. Não pôde deixar de sorrir ao ver a coreografia estranha protagonizada por um casal formado por Jason e Rapunzel, pouco antes de ver seus amigos logo ao lado deles, imitando-os. Ao menos alguém estava se divertindo ali.

 

 

Sentado na primeira cadeira livre que encontrou, Chanyeol se distraía girando entre os dedos a aliança que fazia parte de sua fantasia. Já estava ali há mais de uma hora e nem sinal de Baekhyun ainda. Talvez o universo realmente estivesse conspirando contra ele, que já estava se maldizendo por ter sido tolo o suficiente para se deixar ser carregado pelos amigos para uma festa que ele nem mesmo desejara ir.

Foi quando um raio de esperança o atingiu em cheio, quase o fazendo derrubar o elo em sua mão, ao ver o que lhe pareceu uma miniatura um tanto improvisada do Thor - ao menos era o que a roupa com estampa de armadura e o martelo de plástico davam a entender.

Nunca tinha falado realmente com Do Kyungsoo, todavia, além de vice-presidente do grêmio, o rapaz era também o melhor amigo de seu crush, então se havia alguém que poderia dar uma informação sobre o paradeiro do Byun, certamente seria ele. Tomou uma respiração profunda, guardou o anel dourado no bolso e se levantou de seu recanto, indo na direção do menor antes que ele sumisse de vista.

― O-oi! ― chamou o rapaz, segurando levemente em seu braço e recebendo um olhar confuso em troca. Logo soltou o braço alheio e se aproximou um pouco mais, a fim de se fazer ouvir em meio à música alta. ― Desculpa, mas você sabe se Baekhyun está aqui? ― questionou finalmente, grato pela maquiagem e a iluminação diferenciada não permitirem ver a vermelhidão que certamente tomava o seu rosto.

― Ah, eu acabei de chegar e não o vi ainda, mas ele me mandou uma mensagem dizendo que já estava aqui ― Kyungsoo respondeu prontamente, fingindo não perceber o sorriso que o rapaz alto tentou conter. ― Aconteceu alguma coisa?

― Oh, não! ― Chanyeol se apressou em refutar, agitando nervosamente as mãos no ar. ― Eu só... queria falar com ele... só isso. Você sabe do que ele está fantasiado?

― Na verdade, não. Ele fez um grande suspense sobre isso, disse que queria fazer uma surpresa e não falou nem pra mim o que era ― informou, vendo a expressão alheia cair novamente em desânimo. ― É algo urgente? Posso ligar pra ele, se você qui-

― Não! ― o maior praticamente gritou, assustando o rapaz, que já estava buscando o celular no bolso, e chamando também a atenção de algumas pessoas ao redor. ― Quer dizer, obrigado! Mas não precisa se preocupar, não é nada realmente importante. Posso falar com ele depois.

― Tem certeza? ― Kyungsoo indagou, meio desacreditado.

― Tenho sim e... ― rebateu rapidamente e olhou nervoso ao redor, vendo Sehun do outro lado do salão. ― Ah, olha, o meu amigo está me chamando ali. Valeu!

Sem esperar resposta, seguiu na direção do pretenso Drácula, xingando-se mentalmente por ter agido de modo tão idiota. Tão distraído estava em sua auto-repreensão, que não notou alguém que passara apressadamente à sua frente, somente avistou um vulto branco e se virou a tempo de ver o que lhe pareceu um véu gasto e manchado de azul nas bordas, que não demorou a desaparecer no meio das pessoas.

― Joy, você viu que fantasia maravilho-Ai! ― a menina fantasiada de sereia parou de falar assim que Chanyeol esbarrou nela. Ótimo! Agora ele tinha virado um perfeito desastre ambulante...

― Desculpa-

― Ai-Meus-Deuses! ― a outra garota vestida de pirata o interrompeu, erguendo o tapa-olho e o encarando com o olhar brilhante enquanto sacudia a amiga. ― Olha isso, Irene! Olha isso!

― Ai-Meus-Deuses! ― okay, aquilo já estava ficando mais do que estranho. ― É perfeito!

― Hein? ― Chanyeol balbuciou confuso, sendo solenemente ignorado.

― Você está pensando no que eu estou pensando, Joy? ― a sereia perguntou com um grande sorriso ao ajeitar o colar de conchas em seu pescoço.

― Vamos votar! ― as duas falaram em uníssono, com uma sincronia que quase parecia ensaiada, antes de darem as mãos e saírem em disparada, falando algo sobre “contar para todo mundo” e “não ter muito tempo”, que Chanyeol não conseguiu entender.

Para ser sincero, ele nem fazia muita questão de compreender. Aquele encontro esquisito apenas o lembrara do porque nem sempre era legal interagir com as pessoas...

― Ei, Yeol! ― Sehun o chamou mais adiante e ele foi ao seu encontro. ― E aí, já achou o seu garoto?

― Ainda não ― o maior respondeu frustrado. ― E ainda paguei micão na frente do melhor amigo dele.

― Relaxa, cara, vai dar certo ― o amigo lhe deu um tapinha no ombro. ― E, se por algum acaso não der, eu vi uma garota que pode ser o par perfeito pra você.

― O quê?

― Eu não consegui ver o rosto dela, então não sei dizer quem é, mas ela é gostosa e a fantasia combina totalmente com a sua: Emily, a Noiva Cadáver.

― Caso você não se lembre, no filme, o par do Victor é a Victória, e não a Emily ― Chanyeol argumentou e o amigo revirou os olhos, desdenhoso.

― Ah, Yeol, e daí? Não importa se não foi canon, todo mundo que já viu o filme shippa mais o Victor com a Emily.

― Não me importa o que todo mundo shippa. Eu não quero uma Emily, eu só quero... o Baekhyun ― controlou-se, baixando o tom na última palavra com medo de que alguém mais pudesse escutá-lo. ― Além do mais, eu já tive o suficiente de garotas, essa noite.

― Tudo be- Espera! É o quê? Como assim você “teve o suficiente de garotas”? Andou pegando quem? Me conta essa história.

― Eu não peguei ninguém. Eu só esbarrei numas meninas malucas, que ficaram falando coisas estranhas antes de saírem correndo ― explicou-se.

― O que foi que você fez? ― o mais novo exigiu, sorrindo maliciosamente.

― Absolutamente nada! E já chega desse assunto. Eu vou olhar por aí, de novo.

― Okay... Boa sorte, Romeu!

― É Victor!

― Você entendeu.

― Cala boca!

 

 

Definitivamente, o Cosmo Afugentador de Crush estava agindo em si, envolvendo-o como uma aura anti-Baekhyun ou qualquer coisa do tipo. Já era a quinta vez que Chanyeol se mobilizava pelo meio da multidão e nem mesmo um vislumbre do menor ele tinham visto.

Até pela tal garota vestida de Emily ele tinha passado, ainda que também não tivesse conseguido ver o rosto dela, porém não lhe dedicara muita atenção, sentindo-se corroer pela frustração da busca infrutífera.

― Nada ainda? ― Minseok inquiriu, quase retoricamente, vendo a carranca do amigo ao se aproximar de onde ele estava, perto da mesa dos lanches. ― Ah, nem precisa responder, sua cara já diz tudo. Come isso, está muito bom! ― deu um aceno dispensatório e lhe ofereceu um dos pãezinhos recheados com patê que havia pegado para si.

― Acho que vou embora ― Chanyeol comentou, mordendo o petisco sem muito entusiasmo. ― Estou aqui há horas, rodando no meio dessas pessoas, e não o encontro; estou cansado e frustrado. Além do mais, mesmo que eu o encontrasse, ainda acho que não saberia o que falar, o que quer dizer que essa noite está sendo nada alem de uma baita perda de tempo.

― Uau, eu estou quase começando a acreditar naquela sua história de “Cosmo Alguma Coisa”, porque, olha... está difícil hoje ― Minseok lamentou, vendo o amigo se sentir ainda mais miserável.

― E, como se isso não bastasse, já tem algum tempo que as pessoas começaram a me olhar, dando risadinhas e a cochichando umas com as outras. Eu até fui ao banheiro, achando que a maquiagem tinha derretido ou que tinha alguma coisa grudada na minha roupa, mas está tudo normal e, mesmo assim, aparentemente eu virei a piadinha particular da festa.

― Ah, deve ser impressão sua, Chan. Você está nervoso desde que chegou. Vai ver as pessoas estavam apenas conversando e rindo, e você achou que estivessem falando de você ― o menor articulou.

― É, pode ser... ― Chanyeol assentiu fracamente e deu de ombros. Aquilo não fazia muita diferença, no fim das contas. ― Mesmo assim, ainda é uma noite ruim e eu, com certeza, estaria melhor se estivesse no conforto do meu quarto, fazendo maratona de Harry Potter e comendo pipoca.

― Provavelmente sim. Mas não vá embora ainda, espere só mais um pouco. Eles vão anunciar o rei e a rainha do baile.

― Você sabe que esse não é exatamente um tópico que me interesse, não sabe?

― Confie em mim, meu amigo ― Minseok se virou para ele com um sorriso de canto e colocou a mão em seu ombro. ― Esse vai ser um tópico bastante interessante! ― completou, afastando-se novamente em direção à mesa.

― Espera! O que você quer di-

― Boa noite, pessoal! ― uma voz firme e melodiosa interrompeu a fala de Chanyeol ao soar alta nas caixas de som, chamando a atenção para o pequeno palco montado no outro lado do ginásio, onde originalmente ficava a cesta de basquete. ― O meu nome é Kim Jongdae e eu estou aqui para apresentar a vocês os ganhadores da votação de melhor fantasia. A festa está maravilhosa, todos estão animados e votaram naqueles que acharam merecedores do título de Rei e Rainha do Baile de Halloween da Escola Excelsior. Estão preparados para conhecer quem serão os soberanos desta noite?

A multidão gritou um empolgado “sim”, enquanto um rapaz magro e pequeno entregava um envelope prateado nas mãos de Jongdae. E, por mais que aquilo realmente não fosse algo que o interessasse, Chanyeol se viu momentaneamente curioso para saber os resultados.

― É chegada a hora, senhoras e senhores! Os escolhidos para usarem as coroas foram... ― ele abriu o pequeno envelope, lendo rapidamente os nomes escritos. Entretanto, ao invés de fazer o anúncio, Jongdae franziu a testa, inclinando-se na direção do rapaz que entregara o papel. ― Tem certeza de que isso está certo? ― questionou ao outro, tentando cobrir o microfone, mas ainda foi possível ouvir.

― Está sim ― o rapaz garantiu. ― Nós conferimos duas vezes.

― Okay... ― Jongdae deu de ombros, descobrindo o microfone e ajeitando a postura. ― Bem, como eu estava dizendo, os escolhidos para usarem as coroas esta noite foram: Park Chanyeol e Byun Baekhyun! Por favor, venham até o palco.

― O quê?! ― Chanyeol exclamou incrédulo ao ouvir o seu nome ser chamado e ter dezenas de olhares imediatamente voltados para si.

As pessoas estavam aplaudindo, assobiando e praticamente uivando em aprovação, e o Park apenas se sentia mais e mais confuso. Ele não estava concorrendo a nada, sequer tinha feito uma inscrição ou qualquer coisa assim. Como é que, de repente-

― Vamos lá, Yeol! ― Sehun apareceu atrás de si e começou a empurrá-lo na direção do palco.

― Mas eu não-

― Sem mas. Você agora é o Rei Victor Van Dort, e tem uma Rainha Cadáver esperando por você lá no palco, então trate de ir logo ― o mais novo lhe deu um último empurrão, deixando-o já nos degraus da pequena plataforma.

― Rainha Cadáver? O que... ― o próprio Chanyeol se interrompeu ao se virar completamente para o palco e ver uma bela mão azulada estendida para si. Foi quase em câmera lenta - ou assim lhe pareceu - que seu olhar se ergueu e ele pôde ver aquele sorriso que sempre o encantava ser direcionado especialmente para si. ― Baekhyun ― pronunciou com um suspiro e o sorriso alheio se alargou ainda mais.

Era o seu crush ali, bem diante dos seus olhos, usando um vestido branco e maquiagem azul com detalhes perfeitamente desenhados. Ele não tinha atentado aos pormenores antes, contudo agora podia vê-lo de perto. A longa peruca azul, a coroa de flores secas que prendia o véu, o par de seios falsos, as peças de borracha que forjavam partes corroídas em seu rosto e na altura das costelas, além da pintura muito bem feita no braço esquerdo e na perna direita simulando serem feitos puramente de osso. De fato, uma fantasia digna da coroa.

Com o coração a ponto de fugir do peito, Chanyeol mal notou seus próprios movimentos enquanto segurava a mão que o menor lhe oferecia e o seguia até o meio do palco. Não era necessário, tampouco obrigatório, que permanecessem de mãos dadas, todavia Baekhyun não o tinha soltado e ele se sentia grato por isso.

― Senhoras e senhores ― Jongdae voltou a falar tão logo puseram as coroas sobre as suas cabeças. ― Saúdem Sua Alteza, o Rei e a Rainha do Baile de Halloween!

Mais e mais vivas ressoaram pelo salão até que uma voz - que, se Chanyeol não estivesse tão desacreditado, notaria pertencer a um certo Drácula - começou  a gritar “beija”, e logo todos o estavam seguindo, formando um pedido em coro. Baekhyun fez um carinho leve em sua mão, fazendo-o perceber que estava apertando muito a dele, mas a expressão do menor parecia tranquila e segura, como sempre.

― Não se preocupe ― o Byun falou baixinho, bem próximo ao seu ouvido, completamente insuspeito do efeito que causava nele. ― Nós não precisamos fazer isso.

E, mesmo em meio à tempestade caótica que embotava a sua mente, Chanyeol entendeu que Baekhyun interpretara o seu nervosismo como contrariedade ao pedido feito pelo público. Ah, se ele soubesse... Mas, bem... ele poderia saber... Foi para isso que viera até ali, afinal, para confessar seus sentimentos e chamá-lo para sair.

― Parece que as pessoas realmente shippam Victor e Emily ― o menor voltou a comentar com um gracejo na intenção de aliviar a tensão que sentia no Park. Por outro lado, ao ouvir aquilo Chanyeol teve uma ideia, que lhe pareceu bastante apropriada para a ocasião.

Quase instintivamente, ele se virou para o garoto de quem tanto gostava, que o encarou de volta com curiosidade. Foi com muito esforço que ele se obrigou a soltar a mão alheia, levando a sua própria para dentro do bolso e agradecendo mentalmente por Minseok ter insistido que ele levasse consigo aquele item da fantasia.

As pessoas na platéia pareceram pressentir que algo estava por vir e logo fizeram silêncio, enquanto Jongdae, que se mantinha ao lado do mais alto, deixou o microfone mais próximo para que qualquer conversação pudesse ser ouvida por todos. Chanyeol, no entanto, mal notava nada daquilo, seu olhar completamente preso ao de Baekhyun.

Ele ia mesmo fazer aquilo. Minseok tinha razão, no fim das contas. Aquela era a oportunidade ideal e, para quem antes sequer imaginava como deveria agir, ele agora tinha as palavras na ponta da língua, não hesitando em pronunciá-las tão logo dera um pequeno passo para trás e estendeu a mão direita para o rapaz fantasiado de Noiva Cadáver.

Com esta mão, ― iniciou, vendo os olhos do menor se alargarem ao reconhecer o breve discurso e um belo sorriso florescer em seu lábios antes de aceitar a mão ofertada. ― espantarei suas tristezas. Sua taça nunca ficará vazia, pois eu serei o seu vinho.

A voz de Chanyeol se projetava firme e grave através das caixas de som, mas sua atenção estava completamente focada em Baekhyun, mesmo quando retirou a mão do bolso, segurando uma vela acesa feita de plástico, gerando alguns risos no público.

Com esta vela, iluminarei seu caminho na escuridão ― enquanto falava, ergueu o objeto acima da altura de seus ombros, antes de devolvê-lo no bolso e buscar dali o anel dourado que guardara mais cedo. ― Com está aliança, eu peço a você que seja mi-meu ― corrigiu-se de última hora, ganhando um sorriso ainda mais largo do Byun, que esticou os dedos pintados para que ele deslizasse o elo metálico.

― Eu aceito! ― Baekhyun falou em alto e bom tom, fazendo o coração do maior pulsar tão forte, que quase se sobressaía aos sons agitados da platéia. ― Pode beijar o noivo.

Sem esperar qualquer resposta, o rapaz mais baixo envolveu os braços no pescoço de Chanyeol e selou seus lábios aos dele, causando uma comoção ainda maior nas pessoas que assistiam à cena. Todavia, um turbilhão ainda mais poderoso era o que ocorrida dentro do peito do recém coroado rei do baile, que se manteve totalmente congelado diante da atitude do outro.

Baekhyun o estava beijando. Baekhyun. Beijando. Chanyeol.

Ele não podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Aquele era o garoto de quem ele gostava há anos e para quem nunca tivera coragem de se declarar, e agora ele o estava beijando na frente de praticamente toda a escola. E por mais piegas que fosse, Chanyeol pensou que, se aquilo era um sonho, ele definitivamente não queria acordar.

O menor, entretanto, pareceu novamente interpretá-lo errado, julgando que sua paralisia era uma negação ao ato, e começou a se afastar, maldizendo-se mentalmente por ter se empolgado demais com a situação. Aquilo por fim despertara o grandalhão abobalhado, que, mais que depressa, levou uma das mãos à cintura alheia e a outra para a nuca de Baekhyun, mantendo-o no lugar e prolongando o beijo.

Quando se afastaram, o mundo real parecia querer engoli-los com os uivos da multidão e a voz de Jongdae no microfone anunciando que era a hora da dança dos “reis” do baile. Chanyeol desceu do palco sem soltar a mão do parceiro e as pessoas abriram espaço para eles no meio do salão.

― Hum... eu não sei dançar ― Park murmurou ao se aproximar novamente do menor, que sorriu com sua revelação, no momento em que o DJ pôs uma música lenta para tocar.

― Não se preocupe ― Baekhyun sussurrou de volta, encurtando a distância entre eles e começando a se mover devagar de um lado para o outro. ― Eu também não sei.

Ambos riram daquilo e o nervosismo de Chanyeol foi se dissipando mais quando outros casais também se mobilizaram pelo ginásio, desviando a atenção deles.

― Eu não sabia que você também gostava de A Noiva Cadáver ― o rapaz comentou, erguendo brevemente a mão esquerda e sinalizando o anel em seu dedo falsamente ossudo.

― É a minha animação preferida ― o mais alto respondeu prontamente.

― A minha também ― Baekhyun admitiu e, ao notar que o outro não falaria mais, resolveu incentivá-lo. ― Kyungsoo me disse que você estava me procurando, mais cedo ― completou, vendo os olhos alheios se arregalarem de imediato.

― Ah, bem, sim. Eu... estava querendo falar com você, naquela hora.

― E não quer mais falar, agora? ― indagou, contendo o sorriso divertido perante o desconserto do maior.

― Não. Quer dizer, sim. Eu... ainda quero ― interpôs sem jeito, a inquietação voltando a atormentar o seu peito, ao perceber que aquele era o momento certo para falar o que realmente tinha a dizer. ― Eu... queria saber... ― as palavras pareciam presas em sua garganta e ele tomou uma longa e profunda respiração antes de soltá-las de uma vez. ― Se você gostaria de sair comigo.

Por um segundo, foi como se o mundo ao seu redor congelasse, a música sendo tragada pela pulsação cardíaca alta demais em seus ouvidos. Ele pôde ver com uma riqueza de detalhes quando a expressão de Baekhyun mudara da expectativa à surpresa, e então para algo que lhe pareceu alegria, com aquele sorriso bonito brotando nos lábios finos pintados de rosa pálido.

― Sim, Chanyeol ― o menor replicou animado. ― Eu adoraria sair com você ― continuou, levando o Park da terra ao céu em um secundo, todavia lançando-o ao inferno logo a seguir. ― Mas...

Ah claro, estava bom demais para ser verdade... o rapaz pensou com o coração apertado, já prevendo uma rejeição, e mal notando que o sorriso do outro se mantinha agora com um ar maroto.

― Você sabe que Emily e Victor não ficaram juntos no filme, não sabe? ― perguntou em tom arteiro e o maior teve que piscar algumas vezes ao lembrar que ele próprio já tinha falado sobre isso naquela mesma noite. Respirando fundo mais uma vez, ele pigarreou antes de voltar a se pronunciar.

― Sim, eu sei. Mas, como diria um amigo meu: não importa se não foi canon ― emendou, repentinamente inspirado. ― Nós estamos em um universo alternativo, ― apontou para a mistura impensada de monstros e heróis ao seu redor ― as coisas podem ser diferentes aqui. Victor e Emily podem dar certo e ficar juntos. Você e eu também ― a última parte saiu quase sussurrada, porém Baekhyun ainda pôde ouvi-la e seu sorriso cresceu, obviamente satisfeito.

― Tenho certeza que sim ― concordou, mais uma vez tomando a liberdade de se aproximar do rapaz coroado rei e beijá-lo gentilmente, sendo imediatamente correspondido dessa vez.


Notas Finais


E então, pessoal, o que acharam?

Eu realmente gosto dessa “inversão de papéis” (geralmente vemos o Chan mais decidido e o Baek mais fofo e tímido) e espero, de coração, que vocês possam ter apreciado também!

Como sempre, opiniões são super bem vindas e alegras os dias da humilde autora que vos escreve, então não precisam ser tímidos, okay? ^_^

Pra quem não viu, eu traduzi uma fanfic maravilhosa de fantasia com tema de sereias (Baekhyun tritão é a coisa mais linda), porém, como o SS não permite, eu acabei postando no AFF. Dêem uma conferida lá, garanto que não se arrependerão: http://www.asianfanfics.com/story/view/1180100/children-of-the-storm-tradu----o-pt-br-mermaid-baekyeol-chanbaek

Enfim, se alguém quiser me acompanhar pelo tt, estou sempre por lá: https://twitter.com/OnlyMiss_Sw

Beijinhos e até a próxima! ;)


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