– Sakura, já chega!
O sangue espirrava e escorria mais e mais, enquanto ela socava um cubo de ferro que equivalia ao tamanho de uma porta. Sakura já não escutava mais nada além de sua respiração, seus olhos estavam fixados no metal, a fúria transbordava com abundancia de seus olhos. A cor esmeraldina de seus olhos estava tão intensa quanto a sua determinação de destruir aquele objeto usando apenas força física. Sem jutsu, sem armas. Apenas a força de seu corpo.
Claro, aquilo era fisiologicamente impossível. Mas Sakura estava disposta a testar seus limites, sem qualquer técnica ninja. Queria provar para si mesma que é forte, que é capaz de se defender em uma batalha. Queria provar para seus amigos, companheiros de luta e para a Rainha – principalmente para Sasuke, o seu eterno amor platônico – que não era inútil.
Em um momento, a mulher de cabelos rosados estava socando o ferro com toda a sua força, em outro, estava sendo jogada contra o chão. Apertou os olhos quando bateu a cabeça, amaldiçoou mil vezes Tsunade. Sua professora tanto de luta quanto de medicina mão podia lhe interromper, já que Sakura era crescida e sabia o que estava fazendo. Ou, segundo a loira na sua frente, julgava saber.
– Acho melhor você descansar agora. – Tsunade disse enquanto pegava pelo pulso a garota e ajudando-a a levantar.
– Não. Eu preciso treinar mais.
Sakura tentou ir até o grande cubo de ferro, mas sua mestra a impediu, segurando-a pelo braço. No metal, havia uma rachadura de tamanho médio, um pouco estreita. Aquilo despertou na garota o desejo de continuar o desafio. Se era capaz de causar uma rachadura em um objeto grosso e denso, era capaz de destruí-lo.
– Me escute Sakura, você está no seu limite! Zele sua saúde!
A rosada pouco se importou com sua saúde, afinal, julgava não ser muito importante. Sakura é medica e estudou desde seus 12 anos medicina, para agora negligenciar sua própria sanidade. Sua ética médica era: A saúde dos outros é mais importante, logo, a minha fica em segundo plano. Uma visão um tanto altruísta da parte dela, entretanto, complexada em uma inferioridade disfarçada de preocupação.
Sakura então se projetou com teletransporte seu corpo sobre o ferro, e em seguida, desferiu um soco potente na superfície, que se despedaçou em pedaços mínimos, do tamanho de arrozes. Viu toda a sua energia naquelas migalhas de metal, como uma reluzente descarga elétrica.
Assim que tudo aquilo estava espalhado pelo chão, Sakura sentiu à adrenalina se dissipar de seu corpo, causando cansaço, e o orgulho que tanto esperou não veio. Sakura conseguiu! Ela testou seu limite, mas uma vez. Só que... Não é o suficiente. Não é mais um limite, é apenas um fato. Isso é pouco, segundo ela.
– Vamos. – Sentiu Tsunade puxar seu corpo, quase imóvel.
A rosada olhou para as próprias mãos, onde estava o poder? A pele das juntas dos dedos estava rasgada, o sangue ainda fluía, mas ela não conseguia sentir dor. A sensação não se comparava com a vergonha que sentia de si mesma. Os arranhões estavam lá, espalhados pelo seu corpo, os pés tinham calos e o sangue estava mesclando-se com o vermelho intenso de sua camisa. Tudo isso gritava: “Você conseguiu, sinta orgulho disso!” Mas Sakura não escutava, a perfeição parecia tão distante.
Depois, elas chegaram à enfermaria do ginásio. Sua professora tratou de seus machucados, passando álcool e enrolando gazes em seus dedos. Sakura ainda permaneceu de cabeça baixa, envergonhada mais ainda de si mesma. O que os outros iriam pensar se a visse toda machucada desse jeito? Qual explicação ela iria dar? Naquele momento, desejou desaparecer.
Queria se trancar no quarto, se perder em seu mundo cujo céu é lilás.
Começou a imaginar as suas flores de papel, mas então ouviu a voz de Naruto, que parecia conversar com Tsunade. Rapidamente, levantou a cabeça e se deparou com Sasuke na sua frente, olhando diretamente para ela. Seu corpo inteiro ficou quente, temia aqueles olhos acusatórios, escuros e encantadores. Tinha certeza que daqueles olhos não vinha nada para ela, nem orgulho, nem amizade, nem amor.
Sakura, você é inútil.
E essa frase se repetiu em sua cabeça de novo, de novo e de novo.
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