História A Real Dream - I think I'm in love with you ...

-Olha o que eu trouxe.- Gabriel falou abrindo a porta do meu quarto. – Por que estava chorando? – perguntou sentando ao meu lado.
-Não é nada. – sequei minhas lágrimas.
-Ninguém chora por nada.- disse me abraçando.- Seus pais fizeram alguma coisa?
-N-não.- suspirei.- É que já se passou mais de um mês e eu ainda não t-tive nem um progresso nas fisioterapias. – solucei, desviei meu olhar pra TV.
-Isso é normal, você teve uma fratura na coluna, então vai demorar um pouco pra recuperar os movimentos.
-M-mas e se eu nunca recuperar? – mais afirmei do que perguntei.
-Não fala isso.-disse sério.
- Posso te contar um segredo?- falei baixinho e me aninhei em seu peito.
- Pode.- soltou um riso pelo nariz.
-Desde pequena eu quis ser dançarina, especificamente, balé.- sorri de canto. – Uma vez pedi aos meus pais para que me colocassem na aula de balé. E sabe o que eles fizeram?
-O que?- acariciou minha mão.
-Disseram que não poderiam pagar. – ri irônica.- Na semana seguinte a Luana pediu a mesma coisa, e eles a colocaram. -Suspirei. – Eu não entendo o por quê deles me desprezarem.
Senti o Gabriel se remexer desconfortável, parecia estar nervoso.
-Vai ver eles não te odeiam, apenas estão com o coração quebrado.- sussurrou.
-O que quer dizer com isso?- perguntei confusa.
-Esquece.- suspirou.- Vamos assistir ao filme que eu trouxe?- mudou de assunto. Tem algo ai.
-Vamos.

                         [...]

- Gabriel, para.- disse medrosa.

Estávamos assistindo “O exorcista” e ele ficava fazendo barulhos estranhos para me assustar.

-Você é muito medrosa.- riu.
-Falou o que tem medo de escuro até hoje. – debochei.
- Chata.- deu a língua.

Gabriel se levantou para tirar o filme, logo abriram a porta do quarto.

-O que  esse moleque faz aqui?- perguntou minha mãe.
- Veio me visitar.- sussurrei.

Desde o ocorrido não conversamos mais que o necessário.

-Visitar.- debochou.- Você acha que minha casa é um bordel pra ficar trazendo esses homens com quem você vai pra cama?- disse furiosa.
-Ou, ou, ou.- Gabriel disse. – Não fala assim dela, assim como você, ela também merece respeito.- falou irritado.
-Que bonitinho, o ídolo defendendo a fã vadiazinha.- riu debochada.- Quanto que ele te paga pra transar?- riu cínica.
-Para... para.. para. -comecei a sussurrar com a mão na cabeça.
-Olha o que você está fazendo.- o moreno falou alto.
Ele veio em minha direção porém minha mãe o empurrou, e por ele estar distraído acabou caindo no chão.
-Não faz isso!- gritei e por impulso me levantei, consegui dar dois passos e cai no chão.
-Lucy. – Gabriel veio até mim.- Você se machucou?- me levantou em seu colo.
-Não. -sorri fraco.

Minha mãe saiu do quarto batendo a porta com força.

-Vamos para o hospital.
-Não precisa.
-Claro que precisa, você caiu no chão e pode ter fraturado ainda mais a coluna. – assenti.- Temos um problema.-coçou a nuca.
-Qual?- o olhei confusa.
-Você está de pijama.
Droga! Como vou trocar de roupa? É minha avó que me ajuda a tomar banho, me arrumar e etc.
- A gente pode esperar a vovó chegar.- dei de ombros.
-Nem pensar, nós vamos agora pro hospital. Pode ter sido algo grave.

Então sei mais nem menos, ele foi até meu guarda roupa e pegou uma calça de moletom preta e uma blusa branca com alguns desenhos de fadas.

-Vou vestir você. – disse pondo-as na cama.
-O que?- corei violentamente.
-Não precisa ficar com vergonha, vai ser rápido.- fiquei imóvel.

Nenhum garoto nunca havia me visto seminua.

Ele direcionou suas mãos até a barra da minha blusa e a levantou pra cima, cadê o buraco pra me enfiar? Seus olhos olharam diretamente para meus seios o que me fez tapa-los com o travesseiro.
-Para. – disse envergonhada.
-Desculpe, mas é que eles são lindos. – arregalei os olhos.- Estou brincando.-riu.
Ele me alcançou a blusa, que é a única peça de roupa fora o sutiã, que eu conseguia vestir. Logo ele me deitou na cama e tirou a calça do meu pijama, por instantes juro que o vi olhar para minha intimidade. Senhor, por que comigo?
-Prontinho. – falou assim que colocou a calça.
-Vamos? – perguntei baixo.

                      [...]

- Felizmente os exames não mostraram nada.- falou o médico enquanto analisava os papéis em suas mãos.- Você deu sorte, mocinha.
-Doutor, como ela conseguiu dar dois passos sendo que na fisioterapia ela não consegue nem ficar em pé?- sua expressão era de confusão.
-Motivação. – falou e nós dois levantamos a sobrancelha.- Por exemplo, vocês estavam discutindo com a mãe dela e ela o empurrou, na adrenalina do momento Lucy pensou que você iria se machucar, foi esse pensamento que a fez se levantar e dar alguns passos.
-Uou. – disse. -Não sabia que isso era possível.
-Apenas em alguns casos. – falou.

Nos despedimos do médico e saíamos do consultório. Gabriel foi empurrando minha cadeira até perto do carro.

-Vamos na praça? – perguntou.
-Vamos. – assenti animada.

Ele me pegou no colo e me colocou no Banco do passageiro, coloquei o cinto e ele fechou a porta do meu lado e foi colocar a cadeira de rodas no porta mala.

Gabriel deu partida, em menos de 15 minutos chegamos ao nosso destino. A praça estava pouco movimentada, havia apenas algumas mães com criança.

Ele me colocou na cadeira e fomos até uma arvore onde ele me pegou no colo, e me colocou sentada na grama,  de modo que eu ficasse encostada em seu peito.

-Você quer falar alguma coisa?- perguntei ao notar seu jeito inquieto.
-Não.. na verdade sim. -se embolou nas palavras.
-Então fala. -ri.
- É que..- suspirou.- Acho que você também deve ter percebido que estamos passando da barreira entre ídolo e fã..
-S-sim. – sussurrei envergonhada.
- Eu nunca senti isso antes.. Eu sempre fiquei com garotas sem me envolver de fato. Admito que já gostei muito da Flávia mas não era tão forte assim.
- Eu nunca tinha gostado de ninguém. – comecei a falar. – Acho que tudo acontece no tempo certo, então nunca me preocupei em ter pressa de encontra-lo como a maioria das garotas. Eu.. eu... Gabriel, eu gosto de você.. g-gosto mais do que fã.. Eu estou apaixonada por você. – ele sorriu, era o sorriso mais belo que vi.
-Eu também sinto algo forte por você.- suspirou. – Mas eu não sei se vou conseguir mudar meu jeito de ser, parar de ser pegador e me dedicar apenas em uma mulher. – assenti e forcei um sorriso. Eu sabia que aquilo era difícil pra ele e não o obrigaria a mudar.