É, dessa vez eu não vou pedir desculpas.
Acostume-se.
Dizem que orgulho mata, que entope as veias e não deixa o sangue caminhar livre pelo corpo; então que eu morra por falta de circulação, mas de mim tu não arranca uma gota mais, não mesmo.
Já passou o tempo em que eu permitia essa sua aproximação aparentemente inofensiva, – nociva – que me fazia um bem danado, – eu estava errado – e que me trazia uma paz desigual; Ah Yoongi, que pecado foi cair nesse seu encanto fajuto, que me consumiu com afinco enquanto eu definhava em seus braços magros, chorando.
E que eu encontre o caminho de casa na volta, para aprender a lidar com sua perda, que nem perdi na verdade, só acrescentei em dias tristes e vícios malditos em marcas arroxeadas pela pele.
É que você pensava que era dono de mim, mas eu não sou de ninguém; essa vida é tão efêmera quanto uma rosa que desabrocha na primavera, pra morrer no frio do inverno, antes mesmo ela já fica toda pálida e sem vida, o outono também despedaça pétalas e corações.
Assim como você fez comigo, querido.
Que me deixasse nas ruas, alimentando-me de meu mais imundo desejo; sujo, como você dizia.
Eu só queria um pouco de prazer.
Esquecer dos seus dedos possessivos, os sussurros ameaçadores, meus gritos inibidos por tecido embebedado em álcool.
Seu sadismo me destruiu ao ponto de não conseguir me reerguer mais, nem com guindaste eu consegui sair do chão em que você me deixou, pra depois me pisar e oferecer aos outros como troféu por sua bravura, por amar alguém que vendia seu corpo.
Ah, e a sociedade aplaudia.
A velha história de amor, que ninguém via por trás dos panos pesados das cortinas daquele seu quarto macabro; o quão mal você me fez, ninguém via sob essa perspectiva.
É que era mais bonito idealizar uma vida perfeita onde nem existia; “Tirou-lhe da rua e do mundo de perdição, lhe deu abrigo e amor”. E que se dane a paixão vista por olhos convexos, a realidade ninguém previa enquanto você estapeava-me a face e rebaixava-me até a última lágrima rolar. (De meus olhos, claro).
E eu não peço desculpas mesmo, bato o pé e estufo o peito pra quem quiser ver o meu lado.
Porque minha profissão não me faz merecedor de desgraça tão grande quanto a que passei a seu lado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.