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História A Redenção do Tordo (Após a Rebelião) - Voltando pra casa


Escrita por: IsabelaMellark

Notas do Autor


Nesse capítulo, escrevi sobre a cerimônia de apresentação ao mar do bebê da Annie. É um ritual que eu inventei, sem cunho religioso, pra justificar o fato de Peeta ser padrinho de Finn, como uma espécie de rito de iniciação, comum em muitas culturas.
Como a Suzanne Collins escreveu sobre diferentes rituais de casamento nos Distritos, acho que não comprometeu a fidelidade aos livros que pretendo manter.

Mas isso é só uma parte do capítulo... Há mais surpresas pela frente!

Boa leitura!

Capítulo 32 - Voltando pra casa


Fanfic / Fanfiction A Redenção do Tordo (Após a Rebelião) - Voltando pra casa

Por Peeta

Por mais que me entristeça a ideia de não poder acompanhar tão de perto o crescimento do Finn, eu não vejo a hora de voltar pra casa. A saudade me aperta tanto o peito, que por vezes chega a sufocar.

Seguro firme entre meus dedos o bilhete de trem que comprei há quase duas semanas, antes de guardá-lo no bolso da mochila. Minha bagagem já está toda arrumada. O horário da passagem é para hoje à tarde.

Desde que saí da entrevista, estou tentando falar por telefone com alguém do Distrito 12, sem sucesso. Felizmente, Delly e Haymitch já estão avisados de que chegarei lá amanhã à noite. Isto é, se tudo der certo.

Afinal, a cerimônia de apresentação ao mar estava marcada para acontecer na manhã de hoje, quando Finn completa quinze dias. No entanto, está chovendo bastante.

— É uma chuva de verão. É forte, mas logo passa. – Sandy avalia as nuvens carregadas, olhando pela janela.

E assim acontece. No entanto, quando a tempestade cessa, chega o momento de Finn ser amamentado e, depois, de ser trocado e banhado. Então, já está na hora do almoço.

Essa sucessão de fatos faz com que a cerimônia seja adiada para a parte da tarde. Annie percebe a minha inquietação.

— Não quero atrapalhar seus planos de voltar pra casa. Vou pedir para encurtarem a cerimônia ao máximo – avisa ela. — Só assim você não perde o trem.

— Não é preciso, Ann. Se eu não conseguir chegar a tempo na estação, troco a minha passagem ou compro outra. – Tento demovê-la da ideia de alterar qualquer coisa que ela tenha planejado. — Quero que o ritual transcorra como ele sempre é realizado aqui. É um costume tão importante pra vocês do Distrito 4 e só acontece uma vez.

Ela fica mais calma e me entrega o bebê para ir até a praia com a Johanna conferir os últimos ajustes antes do início da cerimônia.

Annie pediu que fossem montadas algumas tendas, para proteger as pessoas de outra possível chuva. No entanto, elas servirão mesmo é de cobertura para o sol, que brilha forte no céu agora claro.

O fotógrafo Agilis Frame havia chegado à casa de Annie no horário inicialmente marcado. Para não ficar ocioso pela manhã, ele tirou muitas fotos da rotina do bebê. Apesar de eu apenas tolerar sua presença pelo bem da Annie, para que ela não precise mais se preocupar com alguém sempre à espreita para capturar imagens suas, aproveito as dicas de fotografia que ele me dá.

Agilis parece bem à vontade entre nós. Até Johanna está sendo simpática com ele.

— A Johanna está planejando alguma coisa. Ontem mesmo ela estava falando que esse fotógrafo não escaparia dela hoje. — Max comenta comigo, com a Dra. Ceres e com o Dr. Augustus, enquanto caminhamos juntos para a praia.

Os voluntários que montaram as tendas trabalharam com capricho. Os homens levantaram a estrutura e as mulheres fizeram a decoração com esteiras de palha e folhagens.

Muitos moradores locais estão presentes, a maioria deles é de pescadores. Dou falta apenas da Sra. Everdeen.

Diversas crianças me cercam, quando me aproximo da água do mar com Finn nos braços. Tenho que me abaixar para que elas vejam o bebê que queriam tanto conhecer.

Finn ainda é muito novinho e interage com as crianças à sua maneira, mas todos os gestos e sons que ele faz provocam exclamações de admiração ao nosso redor.

Finn coça os olhinhos, dando sinais de sono, e basta que Annie o pegue no colo e nine um pouco para que adormeça.

A visão é belíssima. Annie com o filho nos braços, a face radiante dela e o semblante tranquilo dele. Johanna compartilha a minha admiração e, com o queixo apoiado em meu ombro, pergunta:

— Quem imaginou que poderíamos ver essa cena algum dia? Só falta o Finnick para ser perfeita.

Annie está a poucos metros de nós e olha em nossa direção, sorrindo.

— Padrinho e madrinha, podem se aproximar – convida ela.

Eu e Johanna nos posicionamos ao seu lado. O marido de Sandy, que é o pescador em atividade com mais idade do Distrito, conduz a cerimônia e a inicia envolvendo o bebê em um tecido que lembra uma rede de pesca.

— O primeiro ensinamento de qualquer pescador é aprender que o mar merece respeito. É uma sábia lição, transmitida de geração a geração entre aqueles que retiram dele seu sustento. – Ele põe a mão na cabeça do menino. — Que seu respeito pelo mar seja tão extenso quanto o oceano, Finnick, e que sua bondade seja tão profunda quanto suas águas.

Em seguida, Annie recita um texto que ela sabe de cor. Ele é dividido em duas partes e, em regra, é dito pela mãe e pelo pai da criança, o que deixa Annie bastante emocionada.

— Eu me comprometo a ensinar o meu filho a conservar o mar, fonte de vida, que apreciamos em dias de calmaria. E, como o pai dele diria, eu asseguro que meu filho saberá reverenciar a sua força, à qual nos curvamos em noites de tormenta, pois não se faz um bom marinheiro apenas em águas tranquilas.

Annie beija ternamente a testa do bebê e retira os seus sapatinhos com cuidado. Seguindo as orientações, eu e Johanna pegamos um pouco de água do mar em duas grandes conchas e derramamos sobre os pés descalços de Finn, enquanto pronunciamos algumas palavras que nos ensinaram:

— Que a água do mar, salgada como o suor do nosso trabalho e como nossas lágrimas de dor ou de felicidade… – digo.

— …Seja a nossa origem e o nosso fim – completa Johanna.

O pequeno Finnick está num sono pesado no colo da mãe e apenas resmunga um pouco quando seus pezinhos são molhados.

Algumas crianças colocam colares de flores coloridas, que elas mesmas teceram, no pescoço de todos os presentes. É impossível não se lembrar de Mags e de Finnick na arena-relógio, confeccionando cestos, anzóis e cordas tão habilmente. É uma arte que eles desenvolvem desde cedo no Distrito 4.

Enquanto isso, outros pescadores entoam uma antiga canção que compara o nascimento de uma criança ao início de uma viagem ao mar, marcando o fim do ritual.

Annie também cantarola baixinho para o filho. Eu e Johanna a abraçamos com cuidado, para não despertar o bebê.

— Sou muito grata por todo o cuidado que vocês têm comigo e pelo compromisso que assumiram de cuidarem do Finn também.

— Não é só um compromisso. É uma honra – afirmo e Annie apoia a mão livre em meu ombro, com um belo sorriso entre suas lágrimas.

Aproveito a reunião de todos para o evento e me despeço das pessoas que conheci no Distrito 4. Sandy, sua família, alguns moradores e comerciantes locais.

Agilis fotografa todos esses momentos e, por fim, depois de deixarmos a praia, pede para fazermos algumas poses em frente à casa da Annie. Na última foto, Johanna segura o bebê e todos sorrimos alegremente para a câmera. Antes de nos dispersarmos, Johanna me pergunta:

— Posso lavar minha alma agora?

— O fotógrafo é todo seu – falo e ela deixa o Finn em meus braços, indo até Agilis, que está colocando seus equipamentos em um veículo.

— Você está guardando a câmera? Tudo bem, eu espero – diz ela candidamente.

— Quer falar comigo, Johanna? – pergunta Agilis, ficando de pé à frente dela.

— Eu acho que um assunto ficou pendente entre nós. - Sem permitir que ele esboce qualquer reação, ela acerta um belo soco no olho do repórter, que cai no chão estatelado.

— Essa é minha garota! – Max comemora ao meu lado.

— Johanna está se segurando para fazer isso desde o dia em que o encontrou em cima da árvore – comento.

Annie vê Agilis caído e leva as mãos à boca. Depois, ela o ampara para que ele se levante.

— Achei que tivéssemos um acordo, Johanna! – O fotógrafo reclama, limpando a areia grudada em sua roupa.

— Você fez um acordo com o Peeta, não comigo! – vocifera ela, com o dedo em riste. — E ai de você se eu não sair linda em todas as fotos que forem publicadas! E ai de você, mais ainda, se não sumir daqui do Distrito 4 e não deixar a Annie em paz com o filho dela!

Johanna segura a mão de Annie, afastando-a do repórter.

— Pode ficar tranquila, Johanna. Eu e ele conversamos hoje e, a partir de agora, não haverá mais câmeras escondidas – explica Annie, enquanto Agilis entra no carro e vai embora mais que depressa.

— Em todo o caso, ele mereceu! – Johanna resmunga, esfregando os dedos no punho cerrado.

Annie balança a cabeça, porém não segura o riso, quando vê a cara de satisfação de Johanna e ouve as nossas gargalhadas.

Finn desperta com a algazarra e Annie o leva para dentro de casa. Eu a sigo e, vendo o relógio na parede da sala, constato que faltam poucos minutos para a partida do trem que me levaria ao Distrito 12. Mesmo que eu me apressasse, não chegaria a tempo.

Tento telefonar para minha casa e para o Haymitch e, novamente, a ligação não se completa.

— O Finn tem um presente para o padrinho dele. – Annie entra na sala, com um pacote nas mãos.

— Não precisava, Ann – Recebo a caixa embrulhada que ela me oferece.

Ao abri-la, vejo que Annie me presenteou com uma câmera fotográfica.

— É tão atencioso da sua parte! – exclamo agradecido.

— Olha quem fala em ser atencioso! Vou sentir muito a sua falta. E não sou só eu. – Ela aponta para o filho, que me observa com seus olhos verdes bem abertos. — Num ponto aqueles boatos estavam certos, você é mais que um amigo mesmo. Você é da minha família agora, Peeta, e essa também é a sua casa.

— E esse é o meu afilhado querido. – Pego a criança com cuidado e inspiro seu perfume suave. — Como se diz adeus a um bebê? Porque eu não sei como.

— Lembre-se de que o lugar em que você é plenamente feliz não é aqui – pontua Annie, olhando para as minhas malas prontas, colocadas num local próximo à porta, e novamente segura o Finn nos braços.

O Dr. Augustus e a Dra. Ceres vão me levar até a estação no carro dele. Max guarda minha bagagem no automóvel e Johanna me dá um forte abraço.

— Vê se não demora a aparecer por aqui, padeiro. E traz a desmiolada junto, nem que seja escondida em uma mala.

— Espero vocês lá no Distrito 12 também.

— Boa viagem, Peeta. – Max me dá um aperto de mãos esmagador. — Você já é padrinho do Finn, não é? Vai se preparando pra ser padrinho de novo…

— Mais um bebê a caminho? – indago surpreso.

— Não! Ainda não! Você vai ser padrinho do nosso casamento! – Johanna me comunica, mostrando o anel no dedo da mão direita.

— Fico muito feliz por vocês! – afirmo e abraço os dois mais uma vez.

Também dou um último abraço em Annie e um beijo na cabeça do pequeno Finnick.

Quando já estou quase entrando no carro, avisto a Sra. Everdeen no início da rua, caminhando apressada até nós.

— Peeta! – Ao chegar, ofegante, ela diz apenas o meu nome e afaga o meu rosto com carinho.

— Sra. Everdeen, fiquei preocupado por não vê-la hoje. Está tudo bem?

— Não se aflija. Estava terminando isso aqui. Resolvi fazer de última hora. – Ela me estende uma pequena sacola transparente, com uma peça de lã dentro. — É um cachecol, igual ao que teci para o meu marido uma vez. Quando criança, Katniss sempre me pedia pra tricotar um desses pra ela, pois ela queria andar igual ao pai… Nesses últimos dias, eu consegui fazer.

Olho confuso para o que ela tem em mãos, lembrando-me da crise que Katniss teve em seu aniversário, quando viu a caneca com um ramo de flores, do jeito que Prim costumava presenteá-la todos os anos. Fico pensando se esse presente não pode desencadear outro surto.

— Você pode entregar isso à Katniss, por favor? – insiste ela, ao perceber que vacilo para segurar a sacola, e fala como se lesse meus pensamentos. — Você estará com ela dessa vez. Katniss ficará bem. Tenho certeza de que ela vai saber que estou me recuperando também.

Finalmente guardo com os meus pertences o presente que ela me pede para dar à sua filha e, depois de um aceno geral para todos que estão na calçada esperando minha partida, tomo assento no carro.

Enquanto o veículo segue caminho, fixo os olhos no horizonte emoldurado pela magnífica paisagem. A Dra. Ceres sorri pra mim do banco da frente.

— Aqui estou eu, novamente vendo você voltar para o Distrito 12, cheio de expectativa.

— Tanta coisa mudou desde a nossa última despedida… – Suspiro.

— E muitas mais vão mudar – diz o Dr. Augustus e eles se entreolham.

— Você vai vir morar no Distrito 4 também, Dra. Ceres? – indago.

— Eu tenho ainda muitos compromissos na Capital, mas estou com a impressão de que terei apoio para desenvolver algum projeto aqui no Distrito 4. O que vocês acham?

— Não só um projeto! Todos os que você quiser! – Dr. Augustus enfatiza.

Adeus, Capital! – digo brincando.

Chegando à estação, retiro as malas do carro.

— Nós vamos esperar aqui pra ver se você consegue outra passagem para hoje mesmo – comunica a Dra. Ceres.

Vou direto ao guichê e esclareço para a atendente que perdi o horário do trem e gostaria de obter outra passagem.

— Sinto muito, Sr. Mellark. Nessa época de verão, o turismo movimentou bastante o Distrito 4. É o primeiro verão com livre trânsito entre os Distritos. Então, está mesmo difícil conseguir passagens de trem nos próximos dias. Eu diria até semanas. Nossa rede de trens ainda não funciona com plena capacidade.

— Semanas? Não é possível! Eu vou espremido em qualquer vagão, em qualquer lugar – imploro, entrando em desespero.

— Em viagens longas, não podemos oferecer esse tipo de acomodação.

— Eu preciso voltar pra casa. – Minha voz expressa minha tristeza.

— Só haverá vagas daqui a duas semanas ou em caso de desistência – informa ela com pesar.

— Onde posso dar um telefonema aqui na estação? Estou há dois dias tentando falar com alguém do Distrito 12, mas não consigo.

— Hoje à tarde, foi noticiado que os Distritos 11 e 12 estão incomunicáveis, devido a um problema no sistema telefônico.

— Qual seria a forma mais rápida de enviar uma mensagem para alguém de lá? E que chegue antes de amanhã à noite?

— Pelo trem que o senhor perdeu.

— Não pode ser… – Passo as mãos pelo meu rosto, desolado, e dou um passo pra trás, afastando-me do balcão.

A funcionária que estava ao lado da atendente que falava comigo chama meu nome:

— Sr. Mellark, um momento! Não pude deixar de prestar atenção à conversa – fala a moça, acanhada. — E eu sei de uma vaga num trem de carga. Meu irmão trabalha na estação também, na área de transporte de mercadorias. Um colega de trabalho dele sofreu um acidente e não vai embarcar. A cabine que ele usaria certamente está disponível. Não é nada confortável, mas…

— Eu realmente não me importo!– Eu a interrompo ansioso.

— Vou ver se meu irmão pode autorizar que o senhor use a cabine vaga.

— Você faria isso por mim? – pergunto e ela assente, saindo apressada.

Uma mistura de apreensão e esperança toma conta de mim. Vou até onde estão a Dra. Ceres e o Dr. Augustus e explico a situação.

A funcionária da estação volta depois de um bom tempo e me diz que minha ida no trem de carga foi autorizada e que ele vai sair somente daqui a algumas horas.

No entanto, diversamente do que ocorre com o trem de passageiros, o cargueiro não faz nenhuma parada em outros lugares e vai direto para o Distrito 12. Então, eu chegarei também na sexta à noite, apenas um pouco mais tarde do que o horário de desembarque previsto anteriormente.

A Dra. Ceres e o Dr. Augustus fazem um lanche comigo na estação e nos despedimos logo depois. Compro uns chocolates e ofereço às atendentes que me ajudaram, como forma de agradecimento.

Após longas horas de espera, finalmente estou na cabine que ficou vaga no trem de carga. Ela possui espaço apenas para uma cama dobrável e algumas prateleiras. Minhas malas ocupam praticamente todo o estreito corredor lateral, de maneira que não tenho muito como me movimentar.

De fato, não é nada confortável. No entanto, o conforto que sinto em meu coração por voltar para casa é o que me basta.

 


Notas Finais


Olá, pessoal!

O soco que a Johanna deu no fotógrafo foi uma homenagem à ~NicollyBennett e à ~Luvi_Everllark , que se revoltaram quando Agilis Frame saiu ileso no Capítulo 30. 👊👊👊

Sei que está todo mundo - inclusive eu - querendo que o Peeta volte logo para o Distrito 12, mas, como vocês viram, só consegui colocá-lo no trem a caminho de casa. 🚆

Por favor, não me abandonem! Não quero matar ninguém de ansiedade e vou me esforçar ao máximo para postar os capítulos que vão até o reencontro Peetniss bem rapidinho!

ATENÇÃO: spoilers aqui embaixo!

E essa agonia aí com o Peeta perdendo o trem, sem poder entrar em contato com ninguém do Distrito 12?

Criei só uma tensão de leve, pra justificar a bebedeira que a Katniss vai tomar com o Haymitch, pensando que o Peeta desistiu de voltar.

É, pessoal, a Katniss estará de porre quando o Peeta chegar... Estou planejando momentos engraçados e românticos! Vocês aguentam só mais um capítulo antes de isso acontecer?
Digam que sim, por favor!

Beijos!

Isabela


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