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História A Redenção do Tordo (Após a Rebelião) - Uma antiga prímula preservada entre as páginas


Escrita por: IsabelaMellark

Notas do Autor


Nota da autora - Atenção: spoilers da minha primeira fic, chamada "O presente de Peeta para Prim"

Capítulo 35 - Uma antiga prímula preservada entre as páginas


Fanfic / Fanfiction A Redenção do Tordo (Após a Rebelião) - Uma antiga prímula preservada entre as páginas

Por Katniss

Acordo abraçada a um travesseiro que tem um cheiro delicioso. Não tenho ideia de que horas são.

Abro meus olhos ligeiramente e, pelos breves segundos em que consigo mantê-los assim, tenho a estranha sensação de que tudo ao meu redor está fora de lugar. Minha cama, a cômoda, o armário. No entanto, o ambiente me parece familiar.

Estou… no quarto de Peeta! Pisco os olhos novamente e tento me erguer. Minha cabeça está pesada e dói ao menor movimento.

Meu cérebro, ofuscado pelos efeitos do álcool, vasculha por alguma memória recente. O que aconteceu ontem? Não me lembro de imediato.

Na mesa ao lado da cama, há uma jarra com água, um copo, alguns comprimidos e um punhado de folhas de hortelã. Tudo numa bandeja. Constato que estou vestindo uma camisa e uma calça de Peeta.

Aos poucos, fragmentos da noite anterior começam a surgir na minha mente, ainda que sem muitos detalhes.

A ida à estação de trem. A adega de Haymitch trancada à chave. A chegada de Peeta, depois de muitas garrafas vazias. Peeta me trouxe para a casa dele. Eu o beijei e, em seguida, tentei colocar em prática algumas dicas da Johanna… Seguramente, ontem o meu bom senso havia sido diluído nos licores que bebi.

Depois disso, passei mal. Só de pensar, sinto a queimação horrível que percorreu minha garganta e me lembro do destino trágico das minhas botas desconfortáveis.

Olho para a poltrona próxima ao banheiro e lá está o cachecol que eu usei para… Vendar o Peeta? É hoje que morro de vergonha…

Presto mais atenção no cachecol e verifico que é idêntico ao que meu pai mais gostava. Era um cachecol como esse que ele estava usando na última vez em que o vi, antes de ir para as minas naquele dia terrível.

Ignorando a dor de cabeça pulsante e os pés doloridos, vou até a poltrona e o pego para vê-lo mais de perto.

Ouço o barulho da torneira aberta, mas não há apenas esse som. Meus ouvidos apurados distinguem a voz de Peeta. Ele está cantando.

Ando cautelosamente até a porta do banheiro e ali encosto meu ouvido. É uma canção alegre, que não conheço. Ele deve ter aprendido a cantar para o bebê. Estou encantada com a letra da música e com o modo como Peeta a entoa. Sua voz é doce e, o que é novidade para mim, bem afinada.

Fico assim parada até que pressinto que ele está se encaminhando para a porta. Volto o mais depressa que consigo para a cama, a tempo de me colocar debaixo do lençol e fechar os olhos. Acho que consegui que ele não percebesse minha espionagem.

O quarto ainda está em uma leve penumbra, pois as cortinas estão bem fechadas. Acompanho com os olhos semicerrados o seu caminhar até a cômoda abaixo de uma das janelas e abro os olhos quando ele fica completamente de costas para mim. Estou admirando sua perfeita silhueta, quando ele interrompe meus devaneios.

— Bom dia, Srta. Everdeen! – exclama Peeta e, depois, olha pra mim por sobre o ombro. — Já acordada?

— Como você sabe? – Ponho os meus braços para fora das cobertas.

— Pelo visto, suas habilidades de caçadora silenciosa não funcionam muito bem quando você está de ressaca. Além disso, antes de eu entrar no banheiro, você não estava segurando o cachecol – diz ele, abrindo um dos lados da cortina para iluminar o quarto.

Viro de barriga para baixo, afundando meu rosto no travesseiro, quando a luz do sol atinge em cheio a cabeceira da cama e, consequentemente, os meus olhos.

— Ai, Peeta, fecha isso. Estou com dor de cabeça!

Ele fecha calmamente e se aproxima de mim. Passa a mão por meus cabelos até que me viro para ele. Peeta fica de pé ao lado da cama, segurando as pontas da toalha úmida que está em seus ombros. Mesmo à meia-luz, percebo que alguns de seus cachos molhados cobrem graciosamente a sua testa, enquanto ele esboça um sorriso.

— Gostou do presente que a sua mãe mandou?

— Ah, foi minha mãe que fez?! Está explicado… Ela fez um cachecol igual a esse para o meu pai e ele adorava – recordo com saudade.

— Talvez essa seja uma forma de sua mãe dizer a você que está conseguindo superar a dor dela aos poucos.

Observo a peça de lã, lembrando-me da minha mãe tricotando, com Prim a seus pés e Buttercup sempre atrapalhando, por querer brincar com os novelos.

Num estalo, a lembrança do gato sozinho em casa toma o meu pensamento.

— Buttercup! – Eu quase grito.

— Ele sabe se virar sozinho, Katniss – afirma Peeta, mas logo emenda, ao ver minha expressão decepcionada: — Não se preocupe. Já cuidei do gato. Fui à sua casa deixar água e comida pra ele ainda há pouco. Greasy Sae e Daisy abriram a porta pra mim.

— E o Haymitch?

— Também já fui lá falar com ele. A manhã foi produtiva, enquanto você dormia.

— Foi? Que horas são?

— Já está quase na hora do almoço. Você não está com fome? Comer um pouco vai ajudar a diminuir o desconforto da ressaca. – Peeta vai até a mesa de cabeceira e retira o pano que cobria outra bandeja, com bolo, pães, geleia, manteiga e suco.

— Está sabendo muito como curar uma ressaca. Andou bebendo lá no Distrito 4? – brinco.

— Não. Apenas dei uma pesquisada há um tempo, pra poder ajudar o Haymitch com as bebedeiras dele.

Como sempre, a perfeição em pessoa. Peeta põe a bandeja no colchão à minha frente.

— Quero pedir desculpas por ontem – falo.

— No final das contas, até que foi engraçado. Você está melhor?

— Tirando o gosto horrível na boca e o fato de que minha cabeça e meus pés estão latejando de dor, estou bem – respondo com as mãos pousadas em minhas têmporas. — Como o Haymitch consegue?

— Haymitch segue a máxima: para evitar a ressaca, mantenha-se bêbado.

— Então, substitua esse belo café da manhã por uma garrafa de licor, por favor! – imploro e ele ri.

— Farei melhor. – Peeta vai até a mesa de cabeceira e enche um copo com água, que me entrega junto a um comprimido.

Não sinto minha boca assim tão seca desde os primeiros dias na arena. Peeta espera que eu engula a pílula e beba bastante água. Depois, ele me dá alguns ramos de hortelã. Enquanto mastigo as folhas, Peeta vai até a cômoda e pega um tubo de pomada.

— O que é isso? – indago.

— Uma daquelas pomadas restauradoras para passar nos seus pés. Você já vai sentir o efeito.

Ele retira o lençol de cima dos meus pés e os segura com cuidado. Então, passa um pouco do creme sobre eles e começa a massageá-los. O alívio da dor é tão bom quanto o toque suave das mãos de Peeta.

— Eu tenho adoração pelos seus pés, desde o dia em que precisei esquentá-los na primeira arena, porque estavam congelando – diz ele, admirando essa parte do meu corpo. — Eu adoro a sua trança também. Embora pareça contraditório, o que eu quero mesmo é desfazê-la, mecha por mecha, o que pra mim seria algo muito íntimo.

O que aconteceu ontem para Peeta estar assim tão sedutor? Ou melhor, o que eu fiz ou falei ontem para que ele se sentisse à vontade para me dizer essas coisas?

Peeta olha nos meus olhos e faz menção de beijar os meus pés, os quais ele ainda sustenta com carinho, mas eu encolho as pernas para junto do meu corpo e os cubro novamente, encostando completamente minhas costas na cabeceira da cama.

— Obrigada pela massagem. A pomada é realmente eficaz – agradeço e me dou conta de que, sem perceber, estava passando os dedos por meu cabelo, desmanchando a trança que o mantinha preso.

Peeta parece desapontado com esses meus gestos.

— Katniss… Precisamos esclarecer algumas coisas – fala ele tranquilamente.

— Chegou a hora da bronca?

— Não, embora você esteja merecendo. – Peeta respira fundo. — Eu preferiria que as coisas entre nós fluíssem naturalmente, sem precisar de questionamentos ou de cobranças, mas eu preciso saber… Há momentos em que existe uma aproximação entre nós, por iniciativa sua até, e eu penso que finalmente está tudo bem. No entanto, logo depois você se fecha e me afasta. Agora, por exemplo…

— Eu sei que tenho agido assim desde o início e isso não é justo com você. – Retiro a bandeja que está entre nós e me aproximo mais dele.

— Eu quero beijá-la agora. Posso? Ou você vai colocar a cabeça debaixo das cobertas também?

Não respondo. Eu me impulsiono pra frente e alcanço seus lábios com os meus. É um beijo terno, cheio de saudade, pois os que trocamos ontem não foram suficientes.

— Você precisa saber que, quando não o encontrei na estação ontem, você foi alvo de diversos insultos, ainda que os piores tenham sido só nos meus pensamentos – murmuro, quando nos separamos.

— Dadas as circunstâncias, considero normal. – Peeta ri e torna a me beijar.

— E você precisa saber também que eu ainda estou uma completa bagunça.

— Não posso ajudar a arrumar? – Ele pousa sua mão sobre a minha.

— É claro que pode, Peeta. Aliás, acho que você é a única pessoa que pode fazer isso. – reconheço sinceramente e vejo seu sorriso se alargar.

— Fico feliz em saber disso.

— Porém, não agora – continuo e, ao ouvir isso, Peeta fica cabisbaixo e se levanta do meu lado. — Não fique assim! Agora só não é um bom momento, porque ainda estou enjoada por conta da bebedeira de ontem. Mais tarde, acho que estarei melhor para conversar e tentar acertar tudo. Eu quero muito que dê certo, porém às vezes não sei o que pensar sobre nós dois. Não apenas no presente, mas principalmente no futuro.

— Sou grato por sua sinceridade – diz ele mais animado. — Agora vou deixar você tomar café tranquila.

— Antes de você ir, Peeta, quero agradecer por ontem você ter me impedido de fazer algo de que eu pudesse me arrepender.

— Então, você se lembra do que quase aconteceu?

— De algumas coisas – respondo, corando.

— Você não precisa me agradecer, pois foi o seu mal estar que acabou com o clima. – Ele volta a se sentar próximo a mim no colchão.

— Não. Antes disso. Quando eu tentei… Bem, quando comecei a…

— Eu sei o que aconteceu – balbucia ele em meu ouvido, num tom envolvente. — Foi difícil resistir, mas, se for para ter você, quero que seja quando estiver plenamente ciente do que está fazendo.

Suas palavras sussurradas e seu hálito quente em contato com a minha pele me causam um arrepio agradável de sentir. Engulo em seco. Peeta sempre fala coisas do tipo quando estou completamente desarmada e me deixa sem ação. E como explicar a sensação de borboletas no estômago depois de uma declaração dessas?

— Por favor, esqueça as bobagens que fiz e falei ontem. Não leve em consideração nada do que saiu da minha boca nessa última noite – suplico, ainda que não me lembre muito bem do que disse a ele naquele estado de embriaguez.

— Nada mesmo? Você até que me falou coisas legais – afirma Peeta, cruzando os braços sobre o peito.

— Acho que posso repetir algumas delas. – Tento parecer segura do que estou dizendo, na esperança de que as recordações cheguem à minha mente em algum momento. — Você também me disse muitas coisas legais, Peeta… Mas vamos começar nossa conversa do zero, quando eu estiver sóbria.

Ele assente com a cabeça, sorrindo de lado, e deixa o quarto pouco depois. Sirvo-me do café da manhã que ele preparou pra mim, repleto de guloseimas que Peeta sabe que adoro, e me delicio com cada pedaço.

Depois, decido me deitar mais um pouco, até que o ganso do Haymitch resolve fazer uma sinfonia próximo à janela do quarto. É o momento de sair dessa cama e ir para casa.

Desço as escadas vagarosamente, pois minha dor de cabeça não permite que eu dê passos mais firmes e escuto as vozes de Peeta e Delly vindo da cozinha. Eles não estão cochichando, mas eles falam num volume abaixo do normal. Não é minha intenção ouvir a conversa deles, mas – como uma caçadora – sou treinada para isso.

— Conta pra mim como foi a viagem? E o bebê, você acompanhou tudo? – Delly pergunta.

— Sim. Que dias fantásticos. A preparação para a chegada dele, o nascimento, o desenvolvimento, as descobertas a cada dia. Eu nunca acompanhei o crescimento de um bebê tão de perto. Foi incrível! – Ele faz uma pausa. — É pena que eu não tenho esperanças de viver nada parecido… Você sabe…

— Eu sei sobre a resistência de Katniss em ser mãe. – Ela usa uma entonação compreensiva inicialmente, para depois tentar animá-lo. — Mas não se preocupe! Eu vou ter tantos, mas tantos filhos e, com certeza, eles vão ficar correndo incansavelmente atrás do tio Peeta e serão tão terríveis e adoráveis, que um de vocês dois vai mudar de ideia: ou você vai desistir de ter filhos ou ela vai querer encher a casa de crianças também.

O ar deixa meus pulmões em um único suspiro. Estou nos últimos degraus quando Delly olha por sobre os ombros de Peeta e empalidece.

— Oh, não! – Ela se aflige.

Mais uma vez esse assunto vem à tona para cravar incertezas e receios em meu coração. Peeta se vira e aperta os lábios quando me vê, abaixando o olhar.

— Katniss… – Ele tenta começar uma explicação, mas eu o interrompo.

— Olá, Delly.

— Oi! – ela me cumprimenta e, sem conseguir dizer mais nada, passa ao meu lado para sair da cozinha.

— Peeta, já estou indo. Vou pegar minha chave na casa do Haymitch – informo, quando já estamos sozinhos.

— Eu trouxe pra você quando estive lá mais cedo. – Ele tira o chaveiro do bolso da calça e me estende para eu pegá-lo.

Peeta anda lentamente em minha direção e eu, também vagarosamente, encurto a distância entre nós. Ficamos a apenas alguns centímetros um do outro quando alcanço minhas chaves. Meu coração bate tão forte em meu peito que fica difícil respirar.

— Está tudo bem? – Peeta franze o cenho e, só agora, de perto e num ambiente iluminado, percebo que está mais forte e corado.

O Distrito 4 lhe fez bem. Ele voltou de lá uma pessoa mais feliz e saudável.

O que será que ele consegue enxergar em mim, depois dessas duas semanas longe dele? Será que ele percebe que a falta que senti se reflete em minha aparência física? Pra piorar, devo estar com uma cara horrível de ressaca.

— Tudo bem – respondo sem convicção.

Olho novamente para a sua face e suspiro. Peeta é o homem mais bonito que já vi e está ainda mais lindo, se é que isso é possível. Eu decoro cada pedaço do seu rosto. Depois, pisco algumas vezes, abandonando a minha contemplação.

— Posso visitar você mais tarde? – pergunta ele.

— Precisamos mesmo conversar…

Pessoalmente! - Peeta completa. — Você frisou bem isso ao telefone naquele dia.

Saio da casa dele com meus pensamentos em um turbilhão. Minhas emoções estão um caos.

Ainda que meus instintos e meu coração queiram se entregar, minha razão não me permite esquecer as nossas formas de pensar tão distintas, nossos sonhos que não coincidem.

Por sorte, quando chego a casa, Greasy Sae já está de volta e, depois de me trocar, ocupo meu corpo e minha mente ajudando a ela em algumas tarefas domésticas. As horas avançam e Peeta não aparece.

Subo para o meu quarto para guardar algumas peças de roupa que tirei do varal. Deixo o cesto sobre a cama e começo a trançar meus cabelos, impaciente pela demora de Peeta.

Vejo minha imagem refletida no vidro da janela e me lembro do que ele disse mais cedo sobre adorar meu cabelo trançado. Uma onda de calor percorre meu corpo só de imaginá-lo desmanchando a trança aos poucos, como ele confessou que gostaria de fazer. Um gesto inofensivo, mas que seria, de fato, muito íntimo.

Forço a memória para tentar lembrar o que conversamos ontem no quarto dele. Eu já estava com tanto sono naquela hora, os pensamentos embaralhados pelo efeito da bebida…

Eu disse coisas legais? Ao menos foi o que Peeta me contou.

Meus olhos se fixam no interior do meu armário, mais precisamente no vestido que Cinna fez e Effie trouxe para mim. Recordo que, no final da conversa que tive ontem com Peeta, eu me imaginei vestida nele.

Então, eu me lembro! Segui o conselho de Annie e pedi Peeta em casamento! E ele não me deu uma resposta. Disse apenas que não estava recusando o meu pedido. No entanto, ele ficou feliz.

Pego o cesto de roupas para voltar ao andar de baixo, porém antes procuro por uma fresta na janela para que eu tente ver a casa de Peeta. Pelo ângulo estreito através do qual estou observando, não há sinal dele. Não dá nem pra saber em qual cômodo ele está, pois todas as janelas de sua casa estão abertas.

Greasy Sae entra no quarto, trazendo as toalhas do banheiro.

— Por que não abre a janela? – questiona ela.

— Não. Prefiro assim fechadas.

— Quero saber quem é que vai ganhar essa briga de manter a janela aberta ou manter a janela fechada, quando você e Peeta se casarem…

— Ca-casar? – gaguejo. — Peeta falou com você sobre isso?

— Não, sua boba. Só estou pensando alto. – Greasy Sae olha fixamente para as minhas mãos, que estão muito apertadas nas bordas do cesto de roupa, fazendo estalar a palha de que ele é feito.

Ela deixa as toalhas sobre a cama e se aproxima de mim, esvaziando minhas mãos.

— Katniss, por que está tão nervosa?

— Sempre consegui esconder das pessoas os meus sentimentos, mas de você é sempre mais difícil.

— Pode começar a desabafar.

— É sempre o mesmo assunto. Não aguento mais virar e revirar isso na minha cabeça. – Esfrego minha mão sobre a testa. — Não quero ter filhos, Sae, e Peeta sempre sinaliza a vontade dele de ser pai, ainda que ele me diga que superaria isso pra ficar comigo.

— Você me contou o problema, mas também já deu a solução.

— Não é tão simples assim.

— Então, faça um acordo com ele.

— Não há como fazer acordo, pois não há um meio termo. Ou eu engravido ou eu não engravido.

Nesses seus termos, não há mesmo! Mas você pode prometer sempre estar aberta a pensar na possibilidade… ou a considerar outros caminhos, como a adoção de uma criança – propõe ela. — Você só não pode ficar paralisada por algo que, a meu ver, deixará de ser um problema, pois não duvido de que, daqui a alguns anos, você vai até acalentar a ideia de ser mãe.

— Isso não vai acontecer.

— Ainda assim. No fim das contas, a decisão de ficar ou não com você é do Peeta… e está na cara qual será a opção dele.

— Isso não está tão claro, Sae… – Olho para o chão. — Eu o pedi em casamento ontem, no auge da embriaguez, e ele não me deu resposta.

Greasy Sae começa a gargalhar.

— Eu sei. Isso é horrível! – falo.

— Não há nada de horrível! Só não consigo imaginar você fazendo tal coisa! – Ela continua rindo. — E sossegue esse coração apertado… Não lhe passou pela cabeça, mocinha, que Peeta também tem planos para fazer um pedido de casamento e, por isso, não deu resposta?

Greasy Sae vai até a janela e a abre um pouco.

— Já vi tudo! Peeta está lá na casa dele, observando a movimentação daqui. Ele deve estar esperando eu ir embora para vir conversar com você a sós. Sendo assim, vou tomar o rumo da cidade. Não quero mais atrapalhar.

Espio o lado de fora de longe e percebo o contraste entre a minha casa e a de Peeta. Aqui, está tudo fechado. Portas e janelas trancadas. Greasy Sae tem razão de se perguntar quem vai convencer o outro a mudar de hábitos.

Desço as escadas com ela, que se despede de mim e cruza a soleira depressa. Em pouquíssimo tempo, ouço alguém bater à porta.

Não demoro a atender e, quando vejo Peeta com a mão estendida, segurando uma prímula que brotou fora de temporada, dou um leve sorriso e seguro a flor, tocando meus dedos nos dele e demorando um pouco para retirar minha mão da sua. Meu coração acelera com esse gesto delicado.

— Vim pedir desculpas – diz Peeta e eu abro mais a porta para que ele entre.

— Você não me deve desculpas. – Meus olhos o acompanham, enquanto ele atravessa a porta.

Ele abaixa a cabeça, envergonhado.

— Katniss, naquela hora lá na minha cozinha, eu e Delly não estávamos falando de você pelas costas. O que foi dito eu diria a você, se estivesse lá conversando conosco. Acho que Delly faria o mesmo também.

— Pode ficar tranquilo, Peeta. Você sabe o que penso a respeito de filhos e eu sei que é muito diferente do que você deseja. Ninguém está se iludindo. – Dou um beijo em sua bochecha e me afasto um pouco. — Não vamos brigar de novo por causa disso.

Ele sorri e, depois de uns instantes, sugere:

— Trouxe pães de queijo. Você quer comer?

— Sae me ajudou com a janta, mas eu não comi nada ainda, pois está cedo.

— Está cedo para um lanche também? – insiste ele.

— Um lanche com pães de queijo sempre cai bem. Fiz um chá ainda há pouco… Você vai ficar? – pergunto.

— Se quiser que eu fique… – Ele procura meus olhos e eu balanço a cabeça afirmativamente, deixando a prímula que ele me deu sobre a mesa.

Enquanto Peeta arruma os pães e as xícaras, vou até a sala de estar e retorno, trazendo comigo o livro de memórias que estamos escrevendo juntos. Volto a manusear a flor com cuidado e pergunto a ele:

— Peeta, por que você plantou as prímulas ao redor da casa quando voltou da Capital?

— Por mim. Por você. Por Primrose. Ela era uma menina muito especial na minha vida. Desde antes da primeira colheita, quando eu nem conhecia você oficialmente, nós formamos um vínculo forte de carinho e amizade. – diz ele e eu fico bastante surpresa, pois lembro apenas vagamente que Delly havia me contado que Peeta conheceu Prim pouco antes daquela colheita.

— Você e Prim se conheceram antes dos Jogos? Como eu não percebi essa ligação entre vocês?

É que você nunca prestou atenção. – brinca Peeta com a frase que usou comigo na caverna da primeira arena.

Agora estou prestando. – Entro na brincadeira. — Gostaria que me dissesse como conheceu Prim e como ela se tornou alguém tão especial pra você.

— Venha lanchar comigo, então, pois isso pode demorar um pouco.

Sentamos à mesa e nos servimos de chá e pão. Peeta narra brevemente os acontecimentos que antecederam a colheita em que ele e Prim foram sorteados, quando me voluntariei para participar dos jogos no lugar da minha irmã.

Peeta fala sobre a nossa visita à padaria na manhã do sábado que antecedeu o início da 74ª edição dos Jogos Vorazes. Eu me lembro desse dia. Prim estava inconsolável com a proximidade da sua primeira colheita e eu quis confortá-la um pouco, levando-a para ver os bolos na padaria.

Ele conta que, naquele mesmo dia, encontrou-a chorando sozinha na Campina. Eu estava na floresta e minha mãe estava acompanhando um parto na Costura. Foi quando conversaram pela primeira vez. Primrose notou que ele tinha uma queimadura recente no braço e foi com Peeta até a nossa antiga casa para aplicar um remédio feito por nossa mãe.

Peeta afirma que ficou tão grato a Prim que decidiu dar a ela algo de que ela gostasse muito. E não era difícil saber que minha irmãzinha era fascinada por bolos confeitados. No entanto, sendo o produto mais caro da padaria, os bolos que Peeta fazia eram inacessíveis até pra ele. Foi quando surgiu uma grande encomenda de pequenas tortas e, com a ajuda do Sr. Mellark, ele conseguiu que uma delas fosse separada para Primrose. Peeta diz que, no primeiro dia de aula depois do encontro deles, entregou a ela o presente.

Eu me recordo que, de fato, às vésperas da colheita, Peeta me deixou preocupada durante uma aula, ao pedir ao professor para sair da sala, dizendo que estava passando mal. Só que, na verdade, ele queria falar com Prim sem que eu os visse. Peeta tinha receio de que eu me sentisse diminuída por não ter condições de oferecer algo semelhante à minha irmã.

Ele se lembra com carinho de que, no dia seguinte, recebeu um sorriso meu. O primeiro sorriso. Eu mesma não me recordo desse fato. Deve ter sido algo muito rápido e espontâneo, mas que o marcou bastante.

Peeta prossegue, destacando também como Prim o ajudou em sua recuperação, cuidando dele no hospital do Distrito 13, cantando as músicas que eu cantarolava para acalmá-la. Foi assim que Primrose fez com que Peeta se lembrasse com clareza de quando ele me ouviu cantar pela primeira vez, no dia em que se apaixonou por mim.

Fico bastante emocionada com tudo o que ele conta. Uma mistura de amor, saudade e tristeza dança em meu peito… e também orgulho pelas coisas que minha irmãzinha fez e pela pessoa que se tornou.

— Primrose nunca me contou nada sobre isso, nem mesmo sobre o seu presente – digo pensativa. — Um bolinho confeitado? Você realizou um sonho dela… e por Prim, somente por ela.

— Devo confessar que passou pela minha cabeça que eu poderia me aproximar de você ao fazer isso, mas, por fim, concluí que não era essa a maneira correta.

— Como seria? Você me daria o presente que fez para Prim? – Eu fico curiosa.

— Sim. Em nosso penúltimo dia de aula, eu estava decidido a falar com você e pedir para que você entregasse a ela a caixinha com a torta.

— E por que você não fez isso?

— É uma longa história – exagera ele. — Anos e anos tentando tomar coragem para me dirigir a você. Daria um livro.

— Não sei qual seria a minha reação na época. Mas acho que eu adoraria saber que Prim ganharia um presente que ela desejava tanto.

— Primrose ganhou o presente que tanto queria e eu ganhei um sorriso seu – afirma ele, enquanto minhas mãos brincam com a flor recém-colhida. — Eu sempre achei que Prim havia lhe contado essas coisas. Mas você não sabia de nada… Então, aquele sorriso que recebi de você às vésperas da colheita… Eu fiz por merecê-lo?

— Acho que sim. Você diz que eu não estava prestando atenção, mas eu também mantinha os olhos no garoto com o pão. – Meu rosto esquenta ao dizer isso.

E não apenas meu rosto. Meu peito também se aquece ao conhecer mais sobre essa amizade entre Peeta e Prim. Por mais que eu soubesse do grande carinho que tinham um pelo outro, não poderia imaginar algo tão forte, pois os dois não conviveram por muito tempo.

Sinto-me mais leve e mais próxima de Peeta como nunca estive. De alguma forma, o que ele me contou sobre Prim acaba de derrubar algumas das barreiras que eu ainda teimava em manter entre nós dois, com tantas dúvidas e incertezas. Cada vez mais, Peeta conquista espaços antes inacessíveis em meu coração.

— Eu gostaria de ter conhecido você na mesma época em que Prim. Teria poupado você de muito sofrimento… e a mim também. Eu saberia que sua declaração de amor não era uma encenação de sua parte.

A tarde vai caindo e noto que Peeta se prepara para se despedir, sem mencionar uma palavra sobre ontem.

— Já tomei muito o seu tempo. Tenho que ir andando. Até amanhã, então? – fala ele, meio incerto, sem transparecer que quer mesmo ir embora.

Eu não posso acreditar que ele está aqui todo esse tempo e não conversamos sobre nós dois. Peeta nem tentou tocar no assunto. Por quê? Ele não bebeu nada ontem. É impossível que tenha se esquecido do meu pedido de casamento.

Nesse momento, eu me dou conta de que eu não dei a chance de falarmos sobre nós. Eu que comecei a perguntar sobre as prímulas e o tema se estendeu. Peeta está apenas sendo cauteloso e não quer se precipitar. Como ele me disse mais cedo, ele prefere que tudo aconteça sem questionamentos ou cobranças.

Preciso dar a ele as respostas para as perguntas que eu sei que ele tem, mesmo que Peeta não me questione diretamente. As observações que Greasy Sae fez mais cedo me dão uma ideia do que fazer para mostrar a Peeta que eu o quero em minha vida.

— Você pode esperar um pouco mais? Por favor? – peço e ele me olha intrigado.

— Sim, é claro. Mas… – Eu não deixo que ele termine a frase e corro para subir as escadas até o meu quarto.

Passo as mãos pelo rosto, ainda um pouco nervosa, e sinto o perfume da prímula que coloquei entre as páginas do nosso livro de memórias. É como se, de alguma forma, Prim estivesse abençoando o nosso recomeço.

Decido de uma vez por todas reprimir as incômodas dúvidas que permeiam minha mente, pois tenho muitos motivos para acreditar que nosso amor pode superar qualquer obstáculo. Afinal, já superou tantos!

É com esta convicção que escancaro as janelas do meu quarto.

Então, eu o chamo. Ouço seus passos enquanto sobe os degraus, fazendo barulho com os pés. Ele dá duas batidinhas de leve na porta, que está apenas encostada.

Estou de costas para ele, diante de uma das janelas, totalmente aberta. Peeta não espera nem um segundo para correr até mim e envolver minha cintura, apoiando a cabeça em meu ombro para admirar o pôr do sol comigo em seus braços.

Peeta entendeu. A janela do meu quarto aberta, da maneira que ele gosta que fique, traz uma mensagem bem clara que não preciso dizer com palavras. Eu o quero ao meu lado.

O tom quente e alaranjado dos últimos raios de sol está mesclado a algumas nuvens carregadas, mas, ainda assim, é belíssimo. Peeta se anima a perguntar:

— Katniss, você está tentando me dizer alguma coisa?

— Sim, várias coisas, na verdade… mas as palavras não são o meu forte.

— Então, não precisa falar nada – sussurra ele ternamente.

Peeta solta minha cintura e toca em meus ombros, deslizando suas mãos mornas pelos meus braços até que nossos dedos se encontram. Assim, ele conduz nossas mãos até as cortinas para fechá-las.

Peeta começa a desfazer minha trança, roçando as pontas dos dedos em minhas costas e em minha nuca. Não ofereço resistência ao seu toque e não ouço mais nada além de minha respiração forte.

Ele acaricia meus cabelos e os afasta. Então, sinto seus lábios em meu pescoço, deslizando em minha pele como um veludo, e sua boca se aproxima do meu ouvido:

— Eu amo você, Katniss.

Eu me viro de frente pra ele e seguro seu rosto em minhas mãos. Seus olhos estão fixos em meus lábios, tão próximos dos dele, até que uno nossas bocas, num beijo que começa suave, mas se intensifica quando nossas línguas se encontram e eu o abraço. Nossos corpos ficam colados, tamanho é o nosso anseio de um pelo outro.

Um beijo semelhante aos que trocamos na praia da arena-relógio, mas sem as câmeras, sem a pressão da vingança de Snow, sem a sombra da guerra.

Um abraço somente meu e dele. Nada mais, ninguém mais entre nós.

Quando nos separamos, Peeta pega as minhas mãos e as leva até seus lábios para beijar-me os dedos delicadamente. Ele aspira o perfume da prímula que ainda está nelas e dá um pequeno sorriso.

— Fica comigo? – Com meus olhos mergulhados nos dele, repito a pergunta que lhe fiz tantas vezes e, em especial, na noite de ontem, na esperança de que ele mencionasse que, dessa última vez, foi acompanhada do meu pedido de casamento, mas ele não o faz.

— Sempre. – Peeta se inclina para beijar minha testa, meu nariz, meu queixo e, finalmente, meus lábios.

Estou um pouco preocupada com o fato de Peeta não ter ainda dado uma resposta ao meu pedido. No entanto, ele está aqui comigo e estou com ele, sem esconder que quero tudo, que o quero por inteiro.

As gotas de chuva começam a cair e sinto o frescor trazido pelo vento, que agora balança as cortinas fechadas.

Com muito custo, Peeta interrompe nosso abraço e diz:

— Eu preciso ir à minha casa. Não me preocupei em fechar as janelas quando corri para cá ao ver Greasy Sae sair.

— Vou tomar um banho enquanto isso. – Eu o fito carinhosamente e ele me rouba um beijo rápido.

Peeta desce as escadas e a chuva fica bem forte. Vou até a janela para fechá-la e observo quando ele passa por Haymitch, que está encharcado, caminhando pela rua.

— Que sorriso bobo é esse, garoto? – questiona ele, empunhando uma garrafa.

Quando vejo o que Haymitch carrega, faço uma nota mental para não me esquecer de que tenho a obrigação de cuidar para que ele não tenha uma recaída no alcoolismo.

— Estamos nos reaproximando, Haymitch! – Peeta exclama sem esconder sua felicidade. — Eu e Katniss estamos nos entendendo!

— Enfim! – Haymitch ergue as mãos para o céu e cambaleia um pouco por causa das doses de bebida que deve ter ingerido. — Mas… até quando? A sua queridinha não é fácil, não! Conviver com ela é como enfrentar uma arena por dia!

Escuto isso e lamento o fato de meu arco e minhas flechas estarem fora do meu alcance. E eu aqui pensando em cuidar desse velho bêbado!

— Ainda bem que eu tenho o melhor dos mentores para ajudar a me salvar. – Peeta apoia as mãos nos ombros de Haymitch.

— Um brinde à felicidade dos amantes agora afortunados! – Haymitch já se distancia em direção à sua casa e Peeta corre para a dele.

— À felicidade de todos nós! – grita ele.

Acompanho Peeta entrar em casa e, depois, fecho a janela. Tomo um banho rápido.

A chuva já está bem fraca quando Peeta retorna. A porta está aberta. Ele entra e me encontra colocando a mesa para o jantar.

— Mesa para dois? – Peeta pergunta sorridente.

— Se você me der a honra da sua companhia… – Sorrio de volta.

Ele passa seus braços por minha cintura e diz, após um beijo apaixonado:

— Você terá a honra, o amor, a minha adoração… tudo isso com a minha companhia.

— Vou precisar também da sua bondade, paciência, bom humor… – confesso.

— Você terá sempre o melhor de mim, eu prometo.

Eu o pego pela mão e o conduzo até a soleira da porta da minha casa, onde nos sentamos de frente um para o outro, e peço:

— Eu gostaria que você capturasse essa imagem… as nuvens, a chuva caindo, as poças d'água na rua… e pintasse um quadro. Quero sempre me lembrar desse dia.

Ele atende o meu pedido e seu olhar atento absorve o máximo daquela cena. Noto, porém, que seu rosto fica subitamente abatido e Peeta mal consegue sorrir em minha direção.

— O que foi? – pergunto. — Você ficou triste de repente.

— Eu me lembrei de que não posso prometer que você terá sempre o melhor de mim ou que nunca lhe farei mal, pois ainda há momentos em que não fico ciente dos meus atos e represento um risco a você.

— Peeta, você lutou tanto para se recuperar e está praticamente curado. A diferença é que agora vou lutar ao seu lado. Definitivamente. Estou decidida a não deixar nada mais atrapalhar o que quero construir com você. Nem o nosso passado, nem as nossas diferenças.

Eu me ergo e seguro as mãos dele para ajudá-lo a se levantar. Já de pé, ele não solta minhas mãos e me puxa para um abraço:

— Vamos lutar lado a lado, meu Tordo! – Ele enterra seu rosto em meu pescoço e, sentindo seu calor, sinto também a segurança de que preciso para acreditar que nossa união vai dar certo.

Jantamos juntos e retornamos ao meu quarto para nos prepararmos para dormir.

Peeta se acomoda na cama e me aguarda chegar para me aninhar nele. Quando me deito e o abraço, ele sussurra:

— Esta é a primeira de todas as noites do resto de nossas vidas que vou ficar com você, como me pediu ontem… Verdadeiro ou falso?

A pergunta dele é uma clara referência às palavras que usei no meu pedido de casamento inusitado.

— Verdadeiro. – Eu lhe dou a única resposta possível, em meio a um suspiro de alívio. — Essa é a sua maneira de dizer ‘sim’?

— Digamos que, assim como você, fui criativo na escolha das palavras.

Sorrio e adormeço na tranquilidade de seus braços. Não desperto com pesadelos, pois permaneço aconchegada a ele por toda a noite.

Na manhã seguinte, algo raro acontece. Acordo antes de Peeta.

Ele dorme tranquilamente, com a respiração cadenciada. Parece precisar desse descanso. Por isso, resisto à vontade de deslizar meus dedos por seus cabelos e beijar todo o seu belo rosto e me encaminho ao banheiro.

Ao descer, vou até a mesa da sala de estar e me debruço sobre o livro de memórias, ajeitando cuidadosamente entre suas páginas a prímula que ele trouxe ontem. No alto de uma das folhas, escrevo o título de um novo capítulo com cuidado.

Passado um tempo, percebo a aproximação de Peeta e me levanto da cadeira, abrindo um sorriso para receber dele um abraço envolvente e um beijo casto, com gosto de creme dental.

— Bom dia! Dormiu bem? – pergunta ele e eu assinto. — Eu queria ter acordado antes de você, para preparar nosso café da manhã.

— Eu estava tão empolgada com uma ideia na cabeça que não consegui mais dormir e você estava num sono tão profundo… Eu não me perdoaria se eu o acordasse – digo.

— E eu posso saber que ideia é essa?

— Sim! Eu pensei em pedir a você para escrever um capítulo sobre os dias que antecederam a colheita. Desde a manhã em que eu e Prim fomos à padaria… Você se lembra de todos os detalhes? – questiono.

— Lembro nitidamente de tudo. A Capital não alterou nenhuma dessas recordações com o telessequestro… mas você quer mesmo todos os detalhes?

— Todos eles! Tudo o que aconteceu! – Eu me entusiasmo. — Eu até já escolhi um título.

Nesse momento, mostro a página do livro em que quero que Peeta comece a narrativa dele. A prímula que ele me deu ontem enfeita o início da folha, onde se lê:

O presente de Peeta para Prim’

— Acho que você vai gostar mesmo de saber o que aconteceu, com detalhes… Mas talvez eu omita um ou outro fato – diz ele dissimulado.

— Se você está falando do seu beijo com a Evelyn Cranford, Delly já me contou a respeito. – Deixo o livro sobre a mesa e o abraço pela cintura.

— Como é que a Cartwright faz uma coisa dessas comigo? Manchando minha reputação! – Ele bate as mãos nas laterais do corpo e identifico um som de metais se chocando que vem do bolso de sua calça.

— O que é você está escondendo aí? – Aponto para o lugar de onde veio o barulho.

— Você vai saber na hora certa. – Ele prende minhas mãos para que eu não tente pegar os objetos e as beija em seguida. — Você quer que eu comece a escrever agora?

— Não. A manhã está linda e eu estava pensando em levar você pra conhecer um lugar muito especial pra mim. É distante, mas vale a pena.

— Eu topo! Quem sabe no caminho você tenha a chance de saber o que estou guardando no bolso pra você?


Notas Finais


Olá, pessoal!

Espero que tenham gostado dessa minha invenção de usar o texto do último capítulo da minha primeira fic pra fazer esse capítulo que acabaram de ler.

ATENÇÃO: Spoilers abaixo!

Como deu pra perceber, as alianças continuam no bolso do Peeta e vão sair de lá já no próximo capítulo...🙌

E, em breve, será o casório!

Prometo que, antes do capítulo 40, Katniss e Peeta estarão casadinhos! Viva!🍞🔥🍞🔥🍞🔥

Beijos!

Isabela


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