Segunda-feira à noite. Os estudantes foram surpreendidos com uma mensagem de Manigold no grupo que tinham em conjunto. “Cambada, reunião técnica! Rápido, geral aqui no bloco B”
A turma foi em peso. Logo todos os que saíram na sexta-feira com ele estavam no corredor.
_Fala logo, Manigold, sua bicha! – Defteros não estava com o humor dos melhores. Foi interrompido no meio de um trabalho de Direito Civil.
_Alô galera! Eu parei de zoar! Agora sou um rapaz sério, muito sério! Por que... EU VOU TRABALHAR! Começo segunda que vem, galerê! – abriu os braços numa comemoração.
_Eitaaaa porra agora sim! – os meninos se juntaram em cima dele fazendo um “bolinho de arroz” – Coitado do tio Sage – Sísifo riu dele – Vai ter que ouvir muita abobrinha!
_Teu cu! – Mani mostrou o dedo do meio para o amigo – Aquela saída por minha conta ainda tá de pé hein, macacada! – seu sorriso não se fechava. Há muito tempo queria retribuir o esforço que seus pais fizeram para que ele chegasse até lá.
_Ótimo! Agora é só esperar seu salário! – Defteros comentou, deu um último abraço no amigo e voltou para o quarto. Como já era bem típico seu, esperou os “quarenta e cinco do segundo tempo” para terminar o tal trabalho.
_E aí macacada, quem me acompanha num lanche da noite? – todos olharam de uma única vez para Mel e Aldebaran, segurando risos.
_O que foi? – a ruiva questionou sorrindo – Ai gente, eu nem como tanto assim – cruzou os braços.
_É, nem eu! – repetiu a pose da amiga.
_Ah, galera, deixa esses língua de tapete aí e vamo comer! – entrou no meio dos dois e deu um braço para cada um. Andaram até a cantina da República. Mel e Aldebaran comiam um x-tudo cada um, enquanto Mani comia um sanduíche natural.
_Na moral, não sei pra onde vai tanta comida! Mel, tu deve ser uma miséria de ruim, por que pelo amor de Deus! – viu a mais nova sorrir e atender o telefone.
_Oi – sua expressão se tornou abobada e apaixonada – Sim, está tudo bem sim... Boa-noite, até mais.
_Ih, fudeu! Abelhinha tá amando!?
_Ah, por aí...- sorriu frouxo – Acho que sim – não conseguia parar de sorrir – Ele é...
_É, perdemos a abelhinha – sorriu – Quem é o sortudo?
_Bem... Chega mais perto – Mani se inclinou sobre a mesa e aproximou seu ouvido da boca da outra – O pai do Mu... Hakurei...
_O QUÊ? Mas eu pensei que o Mu... Eita, mas é cada coisa que acontece aqui – coçou os cabelos – Mas como isso aconteceu, mulher?
_Ai, é uma longa história... Um dia eu conto com calma – terminou de comer – Eu tenho de voltar pro quarto, tenho aula amanhã cedo! Até mais, babys! – mandou um beijo para os dois e andou em direção ao bloco feminino. Os dois deram ombros e começaram a conversar sobre outros assuntos.
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Hospital
A noite estava quente, muito quente, aliás. Apesar disso, nada o fazia sair do lado dela. Leucemia. Estado avançado e crítico. Na mesa de cabeceira uma foto do noivado. Seus cabelos loiros parcialmente presos em uma trança lateral. Como odiava olhar para essa foto! Como odiava o fato de ter perdido seus cabelos. Sua saúde. Sua vida.
_Ikki... Por favor... Vai fazer um... Lanche – sua voz estava enfraquecida pelo tratamento. Já era a quarta sessão de quimioterapia – Você só... Almoçou...- tentava sorrir para o único motivo de ainda lutar. Seu noivo. Seu pilar.
_Eu já disse que não vou sair daqui, Esmeralda! – deu um beijo na testa da noiva. Viu seu irmão entrar no quarto. Era ele quem revezava os cuidados de Esmeralda com o irmão, já que o pai da menina não era de grande ajuda. Era um alcóolatra que não dava a mínima para a própria filha.
_Ikki, pode ir! Eu fico aqui com ela – acariciou a mão pálida da cunhada – Sério, vai pra casa, eu já trouxe meu uniforme, amanhã eu vou direto daqui para a escola, você precisa descansar.
_Ah, Shun...- a exaustão e a tristeza era visível em seus olhos. Seu rosto. Antes de tudo acontecer, era um promissor lutador de MMA, forte, corpulento. Um verdadeiro bad-boy. Ao conhecer Esmeralda, pouco dessas características foram abandonadas. Se tornou mais amável, compreensivo, estudioso. Estava prestes a cursar engenharia quando teve a notícia. Abandonou tudo para cuidar dela. Não via sua vida sem Esmeralda. Não podia perdê-la de forma alguma. Se tornara um homem triste e abatido. Mais magro. Sem vida. Além da amada, ainda tinha seu irmãozinho, Shun. A segunda razão de sua vida.
Se despediu da noiva e deu um beijo no irmão. Desceu até a cantina para fazer um lanche. Como ela havia dito, não comera quase nada durante o dia. Se sentou à mesinha e pediu um café expresso.
_Como ela está? – tocou no ombro do rapaz. Era Pandora, a enfermeira que passava mais tempo administrando o tratamento à Esmeralda.
_Mesma coisa de sempre – deu um sorriso fraco, sem no entanto olhar para a moça, que se sentou ao lado dele – O que eu mais queria era que ela saísse dessa – suspirou.
_Tenha fé, Ikki... Nós estamos fazendo tudo o que podemos, só nos resta esperar e ter fé – sorriu – Não desanime – acariciou o ombro dele e saiu. Há alguns meses também perdera seu noivo. Um acidente de moto. Era o que ele mais amava fazer. Colidiu de frente com um caminhão. Era incrível como via esse tipo de coisa todos os dias, mas quando chegou a sua vez, foi um verdadeiro baque. Seus convites de casamento estavam prontos. Chegou a guardar um de recordação. A casa estava comprada e mobiliada. Aprendeu a valorizar a vida à partir daquele momento. Não se sabia quando sua hora chegaria. Suspirou e voltou ao trabalho. Esperava que pelo menos para aquele dedicado rapaz, as coisas fossem diferentes.
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A terça-feira amanheceu ensolarada. Sasha não foi à aula. Queria realizar seu plano de se vingar de Sísifo por ter terminado com ela. Sasha Kido não era abandonada! Ela abandonava! Estava com ódio do ex-namorado. Pediu ao motorista que a deixasse na Universidade. Deu seus dados e solicitou conversar com o Reitor. Entrou sem bater.
_Olá, Ilias...- se sentou na cadeira em frente à mesa de trabalho do mais velho.
_O que está havendo, Sasha? Para você vir aqui na minha sala, em plena manhã de terça, enquanto devia estar estudando?
_Na verdade, eu vim por que queria falar com você, meu ex-cunhadinho – mordeu o lábio inferior, olhando para o loiro com malícia – Eu e seu irmão não estamos mais juntos... Ele te contou?
_Não, não disse nada.
_Tadinho, deve estar envergonhado pelo pé que dei na bunda dele – riu com ironia – Sabe por que eu terminei com ele? – se levantou e deu a volta ao redor da mesa retangular, afastando alguns papéis e se sentou sobre ela com as pernas cruzadas, que estavam à mostra devido à saia curta que usava. Ele engoliu seco. Ela era uma menina linda, não podia deixar de notar.
_Por que quero mais... Experiência... Se é que me entende...- piscou o olho direito e se deitou de bruços sobre a mesa, se aproximando do rosto dele.
_Sasha, por favor, sente-se!
_Aonde? Aqui? – num movimento rápido, ela se sentou no colo dele, passando uma perna de cada lado de seu corpo – Hm, pelo que estou vendo, fiz uma troca justa – rebolou de leve sobre o membro já rígido sobre a calça. Era incrível como os homens se excitavam com pouco! Disse a frase, mordendo o lóbulo de sua orelha.
_Sasha, com licença, se levanta, por favor...- ela se encaixou ainda mais forte nele, arrancando um gemido sutil de sua boca.
_Sabia que eu sou virgem? – permanecia rebolando devagar sobre seu membro, o excitando ainda mais – Bem apertadinha – dizia sensualmente em seu ouvido, apertando e arranhando o tórax sob a camisa branca – Sei que vocês gostam de uma virgem... Mas eu juro que vou te deixar louco de tesão – abriu um botão da sua blusa, expondo parte dos seus seios, que eram fartos e bem adornados.
_Senhor Ilias, com licença! – a secretária deu três batidas na porta. Sasha revirou os olhos e se levantou.
_Salvo pelo gongo! – deu uma última mordida no lóbulo da orelha do outro e se sentou de maneira comportada na cadeira.
_Entre, Ângela! – se acomodou melhor em sua cadeira, mas não evitou um olhar suspeito de sua secretária.
_Com licença, Doutor... O Pró-Reitor está esperando aí fora, parece que o assunto é sério... Posso mandar entrar?
_Pode, sim senhora. Sasha, pode se retirar por favor?
_Ok, mas eu volto depois – piscou o olho direito, deu um esbarrão na secretária e saiu como que num desfile. Viu o outro homem entrar e saiu do prédio da administração.
Sentiu que podia prosseguir. Logo logo ele estaria comendo na sua mão e Sisífo iria morrer de raiva. Era só questão de tempo!
Continua
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