História A República - Mudanças

O domingo clareou e com ele as meninas. Arrumaram tudo para a mudança de visual e despacharam os meninos, que tiveram de encontrar algo melhor para fazer sem suas damas. Foram colocar as matérias em dia enquanto as moças se embelezavam. Começaram os trabalhos logo cedo e só foram terminar pela tarde.

Mas, diga-se de passagem, foi um trabalho produtivo. Todas realizaram alguma mudança, drástica ou não. Foi o caso de Isa, que de longe foi quem mais mudou. Mechas californianas. Sim, sob protestos das amigas, estava loira. Mas para a surpresa de todas, conseguiu estar mais linda que nunca. Se sentia ótima. Ana também mudou bastante, fez o mesmo tratamento que Isa, porém, na cor azul. Estavam perfeitamente fiéis a seus estilos. Aninha deixou algumas partes de seus cabelos com a cor de mel. Shina radicalizou e pintou de preto. Mel repicou os fios vermelhos, o que deixou seus cachos leves mais aparentes. June e Geisty encurtaram os cabelos loiros e pretos, mas sem deixá-los curtos, pois eram as que mais amavam seus cabelos compridos.

Isa saiu do quarto e combinou de encontrar Saga no refeitório da República. Ficou de costas para os dormitórios para deixa-lo confuso de brincadeira. Ele desceu e não viu mais ninguém além de uma loira na cantina. Andou receoso até ela.

_I... Isa? – ela se virou e balançou os cabelos – Meu Deus! – colocou as mãos nas bochechas, surpreso.

_Gostou, amor? – andou até ele e enlaçou seu pescoço. Via que a expressão dele permanecia atônita – Trouxe a Lua?

_Eu... Amor, você está linda... Você é linda de qualquer jeito... Ah, a Lua, claro! Ela está no quarto com o Kanon...

_Ai que perigo, meu Deus! Tadinha da minha filha! – sorriu e o beijou.

Kanon vinha andando com a gatinha nos braços, pois ela não parava de querer sair, quando se deparou com Saga beijando uma loira.

_SAGA! PIROU MERMÃO?! QUE SAFADEZA É ESSA COM ISA, RAPÁ?! – correu até eles e viu que a tal loira era a própria Isa. Sorriu amarelo. “Eu tenho que parar de me precipitar” – Isa?

_Oi cunhado! – caiu na gargalhada, enquanto Saga cruzou os braços. Detestava que achassem que ele não era fiel – E aí, curtiu?

_Eh... Claro... Ficou bem da hora. Mas que susto tu me deu, carai!

_Percebi! – continuou rindo – E adorei a sua fidelidade – tocou na mão do cunhado.

_Com certeza, ué, tu é a minha cunhada preferida! – brincou e viu um olhar fulminante da menina e do irmão – Também, é a única né! – debochou.

_HUM! Boys, a gente estava pensando em dar uma passada na sorveteria mais tarde com a galera pra estrear nosso visual novo – sorriu e segurou o braço de cada um – E aí?

_Vai bastante mulher? A Ana vai? – Kanon perguntou.

_Vão todas as meninas comprometidas, seu galinha ambulante!

_Ah, então não tem nada pra eu fazer lá não, eu hein!

_Nós chamamos a Thetis! – Isa disse em tom inocente.

_Opa, que horas saímos? – se animou repentinamente.

_Às oito, criatura!

_Meu irmão não vale um pão velho, meu Deus! – Saga ainda protestava contra a molecagem do gêmeo.

_Deixa ele, amor... O que importa é que você vale... Você vale tudo! – voltou a beijá-lo – Nós vamos chamar a turma toda... Acho que vamos juntar quinhentas mesas, igual lá no barzinho! – começaram a rir e foram andando até os quartos, onde se arrumaram e saíram. Era quase a mesma turma de sempre, porém foram adicionados à “Macacada” os novos amigos, Giovane e Albafica, e para a infelicidade de Ana, Agathia e Selinsa também, que estavam com a galera reunida na sorveteria. Como foi previsto por Isa, foram unidas seis mesas para acomodar todos. Foram Isa, Saga, Kanon, Thetis, Marin, Aioria, Shina, June, Aninha, Shura, Ana, Albafica, Agathia, Selinsa, Sísifo, Hasgard, Mani e Aldebaran. Mel esperava Hakurei, que só conseguiria chegar quando saísse da clínica. Todos conversavam animadamente e comiam seus sorvetes, mas desta vez tinham de manter o padrão, pois não estavam num bar. Estavam numa sorveteria. Logo o médico chegou e Mel foi correndo abraça-lo.

_Já shipei! – Thetis comentou baixinho com Isa, que concordou com a cabeça.

Ela voltou e se sentou à mesa novamente e ele cumprimentou a todos de uma só vez.

_Não vai apresentar o boy não, Mel? – Sísifo brincou, vendo a ruiva ficar rubra.

_”Boy”? Boy é você que tem dez anos de idade, seu guri retardado! Ele é “man”! Pois bem, Mel, apresente o man aí! – Mani brincou como se não conhecesse Hakurei.

_Nossa, Manigold – cobriu o rosto com as mãos – Gente, esse é Hakurei, meu namorado! Pronto, tá feliz, seu chato!?

_Tô felicíssimo! Prazer, Hakurei! -  o canceriano riu e voltou a tomar seu sorvete.

_Esses são os meus amigos. Obrigada, meu Deus! – Mel comentou com o namorado, que a olhava interrogativo – O que foi?

_Você cortou o cabelo... Ficou lindo – deu um selinho nela.

_Nossa...- ficou rosa – Você reparou – sorriu.

_Claro que reparei... O que está comendo aí?

_Sorvete de chocolate com calda de chocolate, confete, granulado e biscoito, quer? – encarava aquela taça enorme com brilho no olhar. Deu uma colherada na boca dele.

_Muito bom, vou pedir um igual...

_Oi cunhado! – Isa esticou o pescoço para cumprimenta-lo – Eu acho que o meu sorvete é melhor que o da Mel, hein! Açaí com calda de chocolate e leite condensado! Vai encarar?

_Sim, acho que sim – pediu um sorvete igual o de Isa e comeu.

Ficaram por lá até dez da noite e só não ficariam mais por que tinham de acordar cedo amanhã.

_Galera, partiu? Amanhã a gente acorda cedo – Hasgard, sempre preocupado com as coisas certas, solicitou para a galera.

_Nossa, olha só o certinho! – Selinsa, a menina nova, não era nada “certinha”. Detestava regras. Implicou com o taurino de imediato – Pode deixar que todo mundo aqui é maior, querido. A gente sabe a hora que tem que acordar!

_Eu por acaso pedi a sua opinião?

_Se você joga uma pergunta no ar, direciona a todos, logo, você pediu a minha opinião SIM!

_IHHH, BRIGA, BRIGA, BRIGA! – Sisifo e Mani atiçaram o amigo, batendo a palma das mãos sobre a mesa. Sabia que ele era a teimosia em pessoa quando queria – Eu não deixava passar hein!

_Mas ele vai deixar, já que provavelmente é um saco de músculos que não sabe ter argumentos! – provocou, vendo que o outro estava vermelho de raiva.

_Olha aqui, saco de músculos sem cérebro é o senhor seu pai! Você não sabe nem meu nome e acha que me conhece? Se toca, menina! Eu tenho mais argumento que duas de você juntas, mas não to a fim de usar com alguém como você.

_Ih, quem tem limite é município! – Mani voltou a brincar e viu o amigo cruzar os braços. Se eles começassem a brigar,  não acabariam hoje. Se amanhã não fosse segunda-feira, assistiria à essa briga com todo o prazer.

_Ei, galera, paz e amor... Sel, para com isso, amore – Albafica deu um beijo demorado na bochecha da amiga e viu Ana entortar uma colher de alumínio com a mão. Ela era forte, então!? – Tenha calma, bebê – acariciou os cabelos da menina e encarou Ana com ironia. Estava adorando provoca-la. Mal sabia com quem estava lidando.

_Então vamos, meu povo? - Isa disse já se levantando. Sabia que mais um minuto lá podia causar uma confusão dos infernos. Viu Ana revoltada com a intimidade de Albafica com a tal Selinsa – Vamo lá pagar e meter o pé!

_Pode deixar que eu pago aqui – Hakurei comentou e viu uma comemoração em massa.

_Mel, o que dizer do seu boy que eu mal conheço e já considero pacas? – Shura comentou com Mel. De fato, gastar dinheiro não era uma de suas paixões. Viu a ruiva sorrir e abraçar o namorado pelas costas.

_Não vai ficar pesado, amor?

_Claro que não, Mel... Está tudo bem. Quer que eu te leve pra República ou vai andando com seus amigos?

_Se não se incomodar, eu vou andando com eles... Não quero parecer esnobe – cochichou e deu um beijo no pescoço claro – Vai ficar chateado?

_Claro que não, meu amor! Pode ficar com seus amigos, eu não quero demorar a chegar em casa, preciso ver Atla antes que ele durma – deu um beijo na testa dela e saíram de mãos dadas até a porta. Ela andou com ele até o carro.

_Até mais, meninos! Boa-noite, meu amor – deu mais um beijo rápido nos lábios da ruiva e se foi.

_Mas é um puta de um carro, hein! – Giovane comentou com Mel – Caralho, imagina eu num Porsche desses! – estava admirado com a beleza do carro – Você tem sorte, hein ruiva!

_Que nada, eu nem sabia nada sobre ele quando me apaixonei...- sorriu e enrubesceu.

_GENTE! Meninas, reuniãozinha rápida aqui! – Isa olhou para dentro da lanchonete e viu as meninas que estavam no bar na sexta-feira – Vamos chamar as meninas pra passar lá na República no niver do Shion? O Oros vai ficar doidinho!

_Mas que menina malégna é você, Isadora...- Ana comentou – Adorei a ideia! Adoro fazer as pessoas passarem raiva – estalou os dedos.

_ENTÃO VAMOS! Meninos, só um minuto! – sorriram e voltaram para dentro da lanchonete, se aproximando da mesa onde as moças estavam – Oi, Hilda, não é? – tentava se lembrar do nome dela. Pelo menos do rosto dela, Isa se lembrava. Kanon também fazia questão de lembra-lo dessa mulher o tempo todo, fazendo com que fosse difícil esquecer quem ela era.

_Oi, eu te... Ah, você deve ser aquela amiga do ursinho, não? Está diferente, mulher! Está linda!

_Obrigada, Hilda! Sou Isadora, e sou amiga do...- conteve o riso, assim como as demais – Aioros... É que ele pediu pra te convidar pra festa que vai ter na República Beta no sábado que vem... Posso contar com vocês, certo?

_Sim, claro! Com certeza! Estaremos lá! Todas nós, certo garotas? – Hilda confirmou com Freya, Mino, Eiri e Natássia – Ok, estaremos lá!

_Ah, que ótimo! Mais uma coisinha: é uma festa à caráter! O tema é personagens de quadrinhos! Sintam-se à vontade para chegar!

_Perfeito, então! Obrigada pelo convite e até sábado!

_Até! – as garotas saíram e contiveram as risadas até estarem na calçada – Ursinho! Meu Deus, URSINHO! – as garotas racharam o bico de tanto rir – Ô cunha, chega aqui!

_Fala.

_Sabe qual o apelido do nosso amigo Oros? – voltou a gargalhar. Até mesmo Ana não continha os risos. Kanon fez expressão de interrogação – URSINHO! – viu o cunhado se debater de tanto rir, enquanto Saga balançava a cabeça numa negativa.

_Ele nunca vai se esquecer disso! Eu juro! – não conseguia parar de rir – Você chamou a doida pra festa?

_É óbvio que chamei!

_Cara, eu te amo! – abraçou a cunhada e logo foi puxado por Saga, que não gostava dessas intimidades exageradas com sua namorada.

_Parou o fogo, vocês dois! Vamos embora, povo? – o gêmeo comentou.

_Vamos sim! – a turma foi andando até a República, com exceção de Kanon, que acompanhou Thetis até a casa dela, que era ao lado da clínica dos pais.

_Então, loira... Te vejo na festa sábado? Por mim, eu veria antes, mas sei que você é uma teimosinha, então...

_Então, significa que vou à festa, mas OBVIAMENTE não é pra te ver, queridinho! – sorriu – Vou entrar, amanhã acordo cedo. Até mais!

_Não ganho um beijo de boa-noite? – sorriu e canto e a viu abrir um sorriso largo e se aproximar de seu ouvido.

_Claro... QUE NÃO! Boa-noite, Kanon! – entrou e fechou a porta sem dar brechas.

_Ô mulher complicada, meu Deus! – praguejou e voltou para a República. Estava decidido. Ganharia Thetis a qualquer custo!

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Ana levou Yuki para passear pelo gramado no frescor da noite. Estava infinitamente feliz por seu amor ter chego. O apertava contra seu rosto, demonstrando uma fofura até então desconhecida pelos outros.

_Então esse é o seu filho? – ela olhou para trás e viu Albafica por perto. Ele se sentou ao lado dela e o gatinho branco logo pulou para o lado dele, fazendo manha – Que fofo! – acarinhava a cabeça pequena do gatinho.

_Sim. Yuki é o nome dele – pegou o gato e colocou em seu colo de volta – O que faz aqui?

_Nada, vim ver você – sorriu – Eu vi que ficou incomodada com a intimidade que tenho com minhas amigas – disse de forma sincera, brincando com um graveto.

_Eu? Incomodada? Ai, me poupe né! – se resignou. Tinha medo de confessar o que sentia para os outros. Não conseguia confiar plenamente nas pessoas.

_Sim, então entortar uma colher de alumínio com a mão é um hobby seu? – deu mais um de seus lindos sorrisos.

_Pode ser que seja! – respondeu com um meio sorriso – Eu tenho hobbys estranhos... Sei lutar, sei bater e brigar muito bem!

_Isso é ótimo! Quando eu precisar me defender de alguém eu te chamo...- riu – Não sou muito chegado em brigas... Gosto muito de plantar... Eu tenho um cultivo pequeno de rosas na sacada do meu quarto, qualquer dia desses eu te mostro. Não vai se deitar?

_Vou. Depois...

_Então vou ficar aqui com você!

_Ai meu Deus, não posso nem curtir meu gato em paz!

_Pode. Pode curtir DOIS gatos: o Yuki e eu – jogou um beijo e a viu com expressão irônica. Ficaram conversando mais um pouco e ele a acompanhou até o quarto dela.

_Boa-noite, Ana “só”!

_Dá pra parar de me chamar assim!?

_Só quando for pra te chamar de “meu amor”...- tocou o rosto dela, que se afastou um pouco.

_Babaca! Você deve falar isso pra todas – revirou os olhos.

_Se você me der uma chance, eu só vou falar isso pra você!

_Hahahaha! – riu sarcástica, mas por dentro estava se derretendo. Mas que cara insistente. E lindo. E perfeito. E carinhoso. E gentil – Deixa eu entrar!

_Deixo...- deu um beijo provocante no canto da boca de Ana, que ficou sem ação, mas entrou bruscamente e fechou a porta, se encostando nela ao trancá-la. O que aconteceu ali, Deus? Estava definitivamente perdida!

Continua