História A República - Aniversário Ariano - parte 4 (Love is in the air)

Na festa, Mel estava sentindo falta de Hakurei, mas recebeu uma mensagem dele avisando que estava de saída do hospital. Se felicitou por dentro, e por um momento se esqueceu de que Sorento estava lá. Foi junto de Isa buscar uma bebida no bar e sentiu uma mão em seu ombro. Se virou para trás e quase desmaiou ao ver de quem se tratava.

_Mel! Que saudade!

_So... Sorento? – estava atônita. Se bem conhecia o jeito de Sorento, ele tentaria algo novamente. Merda! – O que faz aqui?

_Nossa, Mel! Não vai nem me dar um abraço? – abriu os braços na direção da menina, que passou por baixo deles.

_Não, Sorento... Melhor não! Eu... Eu não acho certo estar conversando com você... Meu namorado teve uma emergência e saiu.

_Então você está namorando, Melzinha? – abriu um largo sorriso – Isso é ótimo! Quem é o sortudo?

_Eh...- a ruiva não podia deixar de estar desconfiada. Mas ele realmente não tinha como saber. Talvez ele continuasse a ser a pessoa boa que era antes – Sim, estou. Estou muito feliz, aliás!

_Isso é maravilhoso, Mel! Eu quero conhece-lo! Nós éramos amigos ou não?

_Sim... Claro...- estava muito nervosa ainda – Ele chegou, vamos? Ah, Sorento... Nada de abraços, ok?

_Tudo bem! – abriu os braços num sinal de paz e andou ao lado de Mel até o homem, que ele julgou realmente velho demais para ela. Ela era sua, caramba!

_Oi meu amor! – deu um beijo no mais velho – Como foi lá no hospital?

_Oi amor... Bem, ela fraturou a coluna lombar, mas nada de grave, além de ter quebrado o nariz – sorriu. Não ia dizer nada sobre a ceninha de Sasha – Mas ela está bem, na medida do possível. E o rapaz, quem é? – estendeu a mão para Sorento, que o cumprimentou.

_É Sorento, um amigo meu da escola. Que eu não fazia ideia que conhecia um dos nossos colegas de faculdade – estava muito constrangida.

_Ah, sim, claro! Então esse é o seu namorado! Nossa, incrível! – Sorento conseguiu se entrosar com Hakurei rapidamente, o que deixou Mel feliz,  de certa forma. O rapaz, ao firmar na conversa com o homem, viu Yuzuriha passar por perto e piscou para ela, de modo a dizer que o plano havia funcionado.

A loira retribuiu a piscadela, mas não contou que Shion repararia no gesto. Ele soltou a mão da namorada de maneira brusca.

_Shion! Shion, o que deu em você? – tentava o segurar pelo ombro, mas ele se desvencilhava o tempo todo.

_Nada, Yuzuriha! Nada! – se virou para ela – Eu não sei por que diabos você está piscando pro cara que estava de papinho com você no balcão agora há pouco!

_Shion...- seus olhos se arregalaram – Por favor, não é nada disso! – bateu em sua testa. Estava tão compenetrada em seu plano, que não parou para pensar que isso poderia soar de maneira suspeita para Shion – Shion, ele é amigo da Mel! Ele... Ele queria ajuda pra falar com ela! Só isso!

_Só isso? Um amigo que tem vergonha para voltar a falar com o outro? – cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha – Ah, e outra: você se esqueceu de que não gosta da Mel? Ah, deve ter se esquecido e agora quer ajudar a coitada a falar com um amigo perdido! Boa, Madre Tereza de Calcutá! – bateu três palmas irônicas – Saiba que eu sei que suas intenções não são boas, até por que ninguém começa a gostar de alguém da noite pro dia. As duas possibilidades me enojam, Yuzuriha...- saiu andando na direção oposta da loira. Estava com muita raiva dela. Como ela podia ser ruim assim e ele nunca percebeu? Precisava pensar. Pensar muito!

Longe dali, Thetis saiu da piscina para buscar uma bebida para Aninha e ela, já que Gio estava parado por enquanto. Sentiu seu braço ser puxado e foi prensada na parede.

_OU! TÁ DOIDO!?

_Para, Thetis! – Kanon segurava seus pulsos acima da cabeça. Sem qualquer aviso prévio, enlaçou sua cintura e a beijou com voracidade. Ela tentou resistir, dando tapas nos ombros dele, mas logo se sentiu mais apertada e o beijo aprofundado. Que boca era aquela, Deus? Por que demorou tanto para ceder? Após sentir que estava maravilhoso, parou de relutar e se deixou ser beijada e acariciada. Ele com uma mão puxava sua nuca para perto, e com a outra, apertava a cintura dela para se manter próxima de seu corpo. A musica que tocava estava em perfeita harmonia com o casal.

“Deixa se envolver, pra eu te dar prazer

E fazer valer cada segundo com você

Deixa se envolver...”

Shura, que havia descido novamente depois de esfriar a cabeça, ainda estava nervoso com Aninha. Mas se ela estava incomodada com o comportamento dele, agiria diferente. Tentaria fazer amizade com o rabiscado. Entrou na piscina, onde eles ainda conversavam.

_Parece que a Thetis sofreu um acidente de percurso! – a menina ria, olhando para o lugar em que a loira se agarrava com Kanon – E que acidente, hein!

_Ai papai! Até que enfim! O cara tá secando ela há um tempão, tem mais é que tomar uma atitude mesmo, ué!

_Oi, pessoal... Qual o assunto? – o moreno interveio.

_Oi Shu... Estamos falando da Thetis e o Kanon... Finalmente eles se pegaram – ria muito da situação – Finalmente!

_Realmente, o Kanon estava querendo ela há bastante tempo – tentou abraçar Aninha por trás e foi correspondido. Então sua tática estava funcionando. Não perderia sua bebê para aquela mala tatuada – E você, Giovane? Não vai atrás de uma gata pra você?

_Ah, vou não, cara... Tô bem aqui – sorriu para Aninha, que se felicitou ao saber que não teria de vê-lo beijar outra menina – Sério, tô na boa – sorriu, mostrando seu piercing na língua, o que a menina não negava que dava ainda mais vontade de beijá-lo. Deus, por que estava pensando nisso?

_Ana, vamos ali no balcão comigo? Quero beber alguma coisa...

_Sim, vamos. Vamos, Gio? – Shura não disfarçou sua expressão de raiva. Mas que caralho! Será que ela não podia ficar um minuto longe dessa praga?

_Não, vai lá com seu cara, Aninha – mandou um beijo para a menina, que andou de mãos dadas com Shura até o balcão. Notou que ele parecia aborrecido.

_O que foi, Shu?

_Nada, Ana... Eu quero te perguntar uma coisa na boa... Quer mesmo ficar comigo?

_Claro que quero, Shu. Meu Deus! – revirou os olhos. Não era possível que ele voltaria a esse assunto – Só que eu não quero ser controlada! Não quero que fique mandando nas minhas amizades!

_Mas eu não quero mandar em nada! Você gostaria que eu ficasse aí de papinho com outra garota? Na maior intimidade?

_NÃO! – respondeu ríspida, ciumenta que era – Mas... Ai, Shu... É que sempre gostei de filmes de terror e ninguém nunca parou para falar comigo sobre essas coisas – suspirou – O Gio é legal, você vai ver!

Shura não estava nem um pouco a fim de conversar com ele, mas tentaria só por Aninha. TENTARIA!

Já passava das seis horas, resolveram cantar os parabéns, mas não era por que tinham de ir embora. Era por que as pessoas queriam se sentir à vontade para dar vexame. Cantaram, partiram e comeram os bolos, que eram um do Capitão América e o outro do Thor.

Para a sorte – ou azar – de todos, alguém levou os microfones e o karaokê para lá, mas mesmo assim, nada era melhor que o acústico. Dohko se sentou no banquinho e pegou o violão de Isa emprestado. Queria pelo menos uma vez, cantar de forma decente para Shion. Todos se sentaram ao chão mesmo, vendo que ele ainda estava sóbrio.

_Galera, para a infelicidade de vocês, eu AINDA estou sóbrio e não vou dar vexame! Pelo menos não ainda – riu, fazendo com que todos rissem – Enfim, eu vou cantar para a pessoa que eu amo... Ela sabe quem é – sorriu, ouvindo as gargalhadas, os “UUUHHH” – Enfim, me perdoem se ficar ruim... Mas é o único jeito de poder fazer essa pessoa me ouvir – olhava fixamente para Shion. Começou a dedilhar o violão e cantar de forma surpreendentemente afinada. Sua voz soava doce e melodiosa.

“Estava satisfeito em te ter como amigo
Mas o que será, que aconteceu comigo?
Aonde foi que eu errei?
Às vezes me pergunto se eu não entendi errado
Grande amizade com estar apaixonado
Se for só isso logo vai passar
Mas quando toca o telefone será você?
O que eu estiver fazendo eu paro de fazer
E se fica muito tempo sem me ligar
Arranjo uma desculpa pra te procurar
Que tolo, mas eu não consigo evitar

Porque eu só vivo pensando em você
E é sem querer, você não sai da minha cabeça mais
Eu só vivo acordado a sonhar
Imaginar nós dois
Às vezes penso ser um sonho impossível
Uma ilusão terrível será?
Hoje eu pedi tanto em oração
Que as portas do seu coração
Se abrissem pra eu te conquistar
Mas que seja feita a vontade de Deus
Se ele quiser então, não importa como, onde, quando
Eu vou ter seu coração.

Eu faço tudo pra chamar sua atenção
De vez em quando eu meto os pés pelas mãos
Engulo a seco o ciúme
Quando outra apaixonada quer tirar de mim sua atenção
Coração apaixonado é bobo
Sorriso seu ele derrete todo
O teu charme, teu olhar
Tua fala mansa me faz delirar
Mas quanta coisa aconteceu e foi dita
Qualquer mínimo detalhe era pista,
Coisas que ficaram para trás,
Coisas que você nem lembra mais
Mas eu guardo tudo aqui no meu peito
Tanto tempo estudando teu jeito
Tanto tempo esperando uma chance
Sonhei tanto com esse romance...
Que tolo, mas eu não consigo evitar

Porque eu só vivo pensando em você
E é sem querer, você não sai da minha cabeça mais
Eu só vivo acordado a sonhar
Imaginar nós dois
Às vezes penso ser um sonho impossível
Uma ilusão terrível será?
Hoje pedi tanto em oração
Que as portas do seu coração
Se abrissem pra eu te conquistar
Mas que seja feita a vontade de Deus
Se ele quiser então, não importa como, onde, quando
Eu vou ter seu coração!”

Yuzuriha se levantou e saiu batendo os pés. Sabia que todos estavam derretidos pela música. Todos sabiam que ele cantava para seu namorado. E todos torciam para que ele fosse de Dohko um dia. Andou com raiva até o gramado da frente da República e queria ficar por lá até a festa acabar. Não queria olhar para a cara de Shion. Ele parecia gostar da cantoria! Cruzou os braços e se sentou num dos bancos do jardim. Mal sabia ela que Shion estava com tanta vontade de falar consigo quanto ela com ele.

Sage andou até Shion para entregar-lhe o presente de aniversário e viu que ele estava deslumbrado com a música que Dohko cantara até agora.

_Meu filho, espero que goste – entregou uma caixa não muito grande. Era até pequena, na verdade – Eu acho que essa música foi para você, Shion – comentou em voz baixa, vendo que o filho sorriu de maneira abobada.

Shion abriu a caixa e quase desmaiou ao ver do que se tratava. A chave da Ferrari.

_Pai... Mas é...

_Sim, meu filho, quando eu comprei a Ferrari, já estava pensando em dá-la para você... Só queria esperar uma data especial – beijou a testa do filho. Tinha consciência de que seu filho era confiável, mas não podia deixar de passar as recomendações – Agora preste muita atenção! Se você andar um passo fora da linha, vai perder esse carro e só vai ter outro quando puder pagar por um, entendido?

_Sim... Claro! Meu Deus, muito obrigado, pai! – estava completamente atônito. Não sabia o que dizer. Um garoto de vinte e três anos ter uma Ferrari! Abraçou o pai e agradeceu pelo presente. Sua primeira reação foi ir até Dohko. Tanto para agradecer pela música, quanto para contar sobre seu presente.

_Shion – se esbarraram de frente e ruborizaram com o esbarrão – Desculpa, eu...- Dohko estava nervoso.

_Tudo bem, eu queria... Agradecer pela música – coçava os cabelos, sem jeito – Eu... Sei que era para mim – sorriu.

_Que bom que sabe, por que eu demorei muito pra criar coragem... Eu... Eu amo você, Shion – se aproximou dele, mas ele se esquivou um pouco.

_Dohko, eu... Preciso me resolver com a Yuzu antes...- baixou cabeça – Depois conversamos...- saiu de perto dele antes que fizesse uma bobagem. Procuraria Yuzuriha para tentar colocar sua relação em pratos limpos. Seria difícil, mas estava mais que na hora.

Após toda a cantoria de Dohko, outra pessoa surpreendeu, querendo cantar para sua amada. Albafica se sentou no banquinho que até então Dohko estava sentado e pediu a atenção de todos.

_E aí, galera!? – ouviu aplausos e seus amigos gritando coisas como “Lindo”, “Gostoso”, “Me come” – Eu tomei a liberdade de pedir o violão da minha amiga Isa para poder cantar pra menina que está mandando no meu coração... Acontece que ela é uma menininha muito marrenta e bravinha – sorriu – Mas ela não sabe o quanto eu adoro isso... Já que Dohko não citou nomes, eu vou citar, mesmo que ela me dê uma porrada depois... Ana, é pra você! – ele viu de longe que Agathia mudou bruscamente sua expressão ao ver que ele falava de Ana e não de si. Também viu seu alvo ficar vermelha. Esperava ele que não fosse de raiva, por que se fosse, estaria perdido! Dedilhou o violão, e sua voz, assim como sua pessoa, era linda.

“Quando ela cai no sofá, so far way

Vinho à beça na cabeça, eu que sei

Quando ela insiste em beijar seu travesseiro,

Eu me viro do avesso.

Eu vou dizer aquelas coisas, mas na hora esqueço

Por que não eu? Ah, ah

Por que não eu?

Por que não eu? Ah, ah

Por que não eu?

Eu encomendo um jantar só pra nós dois,

Se não tem nada pra depois, por que não eu?

Você tá nessa, rejeitada, caçando paixão

E eu com a cara mais lavada digo: por que não?

Por que não eu? Ah, ah

Por que não eu? Ah, ah...”

Cantou a música inteira sem desviar o olhar da direção de Ana. Quando terminou, foi aplaudido. Encostou o violão no banquinho e agradeceu a Isa. Andou até Ana, que estava parada, apenas o encarando, com o coração disparado como nunca antes.

_Ana... Eu realmente pensei no que me disse, e eu sei que vale a pena tentar por você... Me dá uma chance? – segurava as mãos alvas entre as suas, sentindo-as trêmulas. Não sabia decifrar o que ela sentia. Apenas sabia que ela estava feliz.

Continua