Era sábado, as negociações de Sage com a empreiteira de Los Angeles percorreram o dia. A proposta da outra era uma parceria transnacional para a construção de uma rede de hotéis de luxo, que seria franqueada dos EUA para o Brasil.
O dia foi inteiro dedicado à analise da proposta e das condições, local pretendido para as construções e previsão de início, caso o contrato seja firmado. E este foi fechado no fim da noite, quase beirando às onze, visto que Sage era um homem metódico e sistemático. Era formado em direito, administração e engenharia, tinha um pouco de conhecimento em cada área, o que o auxiliava a não precisar de mil assistentes a tiracolo. Levou Mani apenas por que via extremo empenho e interesse por parte dele. Tinha imensa boa vontade e aprendia rapidamente.
_Pois então, meus caros, o que acham de um "happy hour" para podermos descontrair esse clima de reunião? - Bruce, o filho do dono da empreiteira estadunidense, e seu representante naquela reunião, sugeriu aos demais, convidando-os para uma das boates mais caras de Las Vegas.
Sage respirou desistente ao ver que Mani com certeza insistiria para que fossem. A maioria do grupo estava na casa dos trinta. Eram jovens, aos seus olhos. De certo que nunca teve muito pique para saídas noturnas e sempre utilizou as madrugadas para estudar. Porém, por que não hoje? Já tinham feito tudo o que tinham ido fazer, mesmo.
_Vamos, chefe? Por favor? - o mais novo uniu as mãos e fez beicinho. Era um perfeito manipulador quando se tratava de balada.
_Tudo bem, Manigold – ainda bem que se preparou psicologicamente para essa saída - Por que não? - sorriu.
_Ótimo! Passamos no quarto de vocês para irmos todos juntos... À 00:00 está bom para vocês? - Bruce se animou, já afrouxando a gravata.
_Perfeito!
Seguiram de volta ao Bellaggio para se arrumarem. Mani aproveitou os quinze minutos de banho de Sage para poder tirar um cochilo. Retirou a calça social e se jogou em sua cama daquele jeito mesmo.
Sage deixou o chuveiro e andou pela suíte, até constatar que Mani ainda não havia se arrumado. Bateu na porta do cômodo dele, mas não ouviu resposta.
_Mas será que essa criatura dormiu...- abriu uma fresta da porta e viu que ele dormia. Se aproximou da cama e o ouviu ressonar. Teve pena de acordar. O viu se remexer e tirar um pouco da coberta, expondo uma parte de sua nádega esquerda. Queria ter reparado menos naquele bum bum redondinho. "O que é isso, Sage?" - Mani? - tocou o ombro dele de leve e o viu abrir os olhos, ruborizando quase instantaneamente.
_SAGE? - se cobriu de forma instintiva. Respirou fundo ao ver que ele parecia não ter reparado em nada - Já está na hora? Eu dormi muito?
_Não, calma... Acabei de sair do banho. Acho melhor você ir, ou vai se atrasar – recomendou, abotoando sua camisa social preta da Hermes, a qual Mani engoliu seco ao vê-lo vestindo. Era impossível, mas ele parecia sexy até mesmo de bermuda e chinelo.
Se levantou, arrumou-se em alguns minutos e partiram para a boate. O som estava alto, havia luzes ofuscantes e poltronas confortáveis no camarote à espera deles. Se sentaram junto do grupo, que logo se levantou para dançar e paquerar na pista.
Algo havia de estranho entre eles. Vez em quando, se encaravam de forma lasciva, o que foi auxiliado pela bebida. Sage bebia uma dose generosa de whisky, enquanto Mani bebia um drink azul. Ouviam a música, se olhavam sem nada dizer. Era um clima sensual e instável.
"Quero que você me respire
Deixe-me ser o seu ar
Deixe-me percorrer seu corpo livremente
Sem inibição, sem medo"
Tentavam desviar o olhar algumas vezes, mas parecia impossível. Respiravam fundo algumas vezes. Mani se levantou e andou até o vasto balcão, buscando associar o que estava acontecendo. Sage estava correspondendo ao seu flerte? Era isso? Exatamente isso? Queria não estar alucinando nada por estar bebendo.
Sage tentava a todo custo esquecer o que viu. Esquecer aquele corpo lindo e bem feito de Mani. Esquecer que tinha quase certeza do sentimento dele por si. Ainda mais, aquele silêncio angustiante. Ele não dizia nada. Pelo menos, não com a boca.
"Quão profundo é o seu amor?
Abra os meus olhos e
Me diga quem eu sou
Deixe-me saber todos os seus segredos
Sem inibição, sem pecado"
Já era quase quatro da manhã quando resolveram voltar ao hotel. Estavam cansados. A viagem dentro do táxi foi no mais profundo silêncio. Assim como o caminho até o quarto, onde entraram e seguiram cada um para seu cômodo, parando ambos com as mãos na maçaneta. Precisavam dizer algo. Aquela noite não podia acabar assim.
_Mani.
_Sage...- riu – Pode falar primeiro...
_Eu... Nada... Só ia me... Te desejar boa noite – sorriu sem jeito. Viu o mais novo andar em sua direção, o abraçando calorosamente. Sentia seu coração bater acelerado – Mani...- conseguiu apenas sussurrar. Sentia a respiração quente em seu pescoço. Não queria mais resistir a ele.
_Eu... Me perdoa por isso, mas...- num movimento brusco, Mani o prensou contra a parede e o beijou de forma lasciva. Pediu espaço dentro daquela boca quente com a sua. Apertava cada parte do corpo que estava ao seu alcance. Foi correspondido avidamente. Sage o tomou nos braços e o colocou sentado sobre o balcão de madeira, enquanto se colocava entre suas pernas, sem deixar de beijá-lo por um segundo sequer. Seus cabelos foram segurados com força e o beijo aprofundado – Sage – dizia entre os lábios quentes, que o devoravam sem pudor nenhum.
_Não era isso que você queria? - disse rente ao lóbulo de Mani, que estremeceu e se excitou ainda mais. Seu membro parecia que explodiria dentro da calça. Sentiu a boca dele percorrer seu pescoço e suas mãos desabotoarem sua camisa, a atirando para longe – Eu quero você - trilhou um caminho do pescoço para os mamilos rosados, lambendo-os vagarosamente e provocantemente os prendendo entre os dentes.
_Ah...- agarrava os cabelos dele com força, deixando a cabeça pender para trás ao senti-lo descer ainda mais com a boca, chupando seu abdômen, pedacinho por pedacinho, atendo-se no cós de sua calça. Mantinha um sorriso selvagem no rosto – Meu Deus...- desceu lentamente do balcão e voltou a encostá-lo sobre a madeira, trilhando o mesmo caminho feito por ele. Beijava o pescoço quente, abrindo a camisa com pressa, fazendo arrebentar alguns botões. Sem mesmo retirá-la por completo, atacou aquele corpo ainda perfeito, lambendo com vontade cada pedaço daquela pele cheirosa, se ajoelhando à sua frente, abrindo o cinto com pressa e retirando de dentro da calça escura o membro absurdamente duro e o colocando na boca sem cerimônia. Ouviu um gemido extasiado e sentiu seus cabelos serem puxados, ditando o ritmo à felação.
_Mani... Ah – sentia seu mastro ser engolido com tanta vontade, era lindo vê-lo entrando e saindo daquela boca pequena. Ele o envolvia numa masturbação lenta enquanto o chupava inteiro. Arqueou o corpo ao notar que ele havia encostado a boca em seu baixo ventre, definitivamente o engoliu – Você é...- jamais sentiu tanto prazer. Mani era maravilhoso no que fazia. Aquela boca era incrível. Aprofundou os dedos naqueles cabelos macios e o fez prosseguir. Ele o olhava nos olhos enquanto o sugava, lambia e chupava – Isso – indicava seus movimentos com as mãos.
O fez erguer-se e o conduziu até a cama de seu cômodo, o deitando sobre os lençóis brancos e se colocando entre suas pernas. Retornou a carícia de onde parou, abrindo a calça de Mani e retirando seu mastro de dentro da boxer. Certo, nunca havia feito isso antes, mas não deve ser tão difícil. Ouviu uma gargalhada do outro, que estava pensando exatamente o mesmo que ele.
_Pode pular essa parte – disse, ainda rindo. Tinha até medo de sua ereção baixar, de tanto que estava engraçada a cara daquele chefe sério e comedido diante de seu membro. Era a melhor definição de "cara de tacho" que conhecia.
_Você é um palhaço! - também não pôde deixar de rir. Mas que situação a sua. Um homem, até então, heterossexual, divorciado e pai de família, que nunca antes experimentou nada do corpo de outro homem, agora ali, diante de um garoto lindo, nu e pulsante diante de si. "Dane-se". Tentou seguir os mesmos passos de Mani. Começou lambendo o baixo ventre e passou ao mastro. Colocou a cabeça dentro da boca e desceu-a devagar, vendo o corpo dele se arquear. Ok, estava dando certo. Continuou a carícia, aprofundando sua boca naquele mastro, o masturbando no mesmo ritmo. Ele abria cada vez mais as pernas, demonstrando o quão desejava ser penetrado. Instintivamente, seguiu a imensa vontade que tinha que lambê-lo e assim o fez. Meteu a língua naquele buraquinho rosado sem cerimônia alguma, ouvindo Mani gritar de prazer. Continuou o lubrificando com a língua, depois com os dedos. Ofereceu dois deles para que ele os chupasse, e ele assim o fez, os lambeu sensualmente, deixando-os bem molhados. Ele passou a massagear seu interior com aqueles dedos, enquanto ainda o lambia vorazmente.
_Caral...- ele pensava estar em outro planeta. Sentia aqueles dedos o estocando deliciosamente. Sentia aquela língua o lubrificando com tesão. O olhar dele sobre si enquanto o acariciava. O viu inclinar novamente sobre seu corpo, direcionando lentamente seu membro para dentro de sua entrada. Sentiu um pouco de dor, a princípio, mas isso não era nada diante do que estava sentindo. Tocou seu peito, o arranhando com as unhas enquanto o sentia entrar mais e mais – Sage... AH – o puxava desesperadamente para um beijo. Queria mais. O atirou sobre a cama e se encaixou nele, sentando por completo, sentindo que ele lhe tocou bem fundo – AHH – ele se mexia. O estocava lenta e profundamente, agarrando seu corpo contra o dele. Após sentir que ele se acostumou, passou a estocá-lo de forma firme e forte, com velocidade. Ouvia aquele barulho de seus corpos se chocando e aquilo o excitava ainda mais – Mete! Mete com força!
_Com muito prazer – espalmou suas mãos nas nádegas redondinhas que tanto apreciou com os olhos e as afastou, dando-lhe espaço para entrar e sair por inteiro. Assim o fez. O retirava e colocava novamente, ouvindo Mani gemer, gritar de prazer. Estava ficando louco. Nunca teve uma transa tão intensa em toda a vida. Sentia-o cavalgar com vontade em seu mastro, se apoiando em sua coxa com uma mão e se masturbando com a outra – Mani... Eu vou... Ah... Gozar...- ao senti-lo sentar mais duas ou três vezes, explodiu de prazer dentro dele e o ajudou com a masturbação, recebendo todo o prazer em sua mão, bem como um Mani completamente exausto sobre seu peito.
Ambos ainda ofegavam. Tremiam. Sentiam seus corpos colados. Mani o abraçou pelo pescoço e permaneceu por bastante tempo apenas deitado sobre ele, escutando as batidas aceleradas de seu coração. Deus sabe o quanto quis que ele se acelerasse por sua causa.
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A segunda-feira chegou. Antes de iniciar as aulas, Selinsa e Hasgard se encontraram. Estavam curtindo um romance inesperado, mas bonito. Ela se sentia envolvida e protegida por aquele homem perfeito. Estava decidida a contar a verdade a ele. Pediu para que ele lhe desse um tempinho antes de irem para suas aulas.
_Has, eu queria te contar algo... Algo que quer saber faz tempo – suspirou. Estava sentada ao lado dele num dos banquinhos afastados do campus.
_Então conte – sorriu e acariciou a face alva – Sou todo ouvidos. É sobre o...
_Sim. É sobre o que me levou a esse caminho – respirou fundo. Essa história ainda a corroía por dentro – Bem, a minha família era uma das mais ricas do Nordeste, o meu pai tinha posses e uma fortuna imensa, mas infelizmente era uma pessoa descontrolada – fechou os olhos. Jamais imaginou ter de se abrir para alguém - Ele era viciado em jogos de azar e mulheres, se é que me entende...
_Sim, entendo – ouvia com atenção as palavras doloridas. Sabia que ela não tinha se atirado nessa vida sem mais nem menos. Sempre soube.
_Ele simplesmente acabou com a fortuna dele em anos, mais precisamente quando eu tinha dezesseis, eu soube que ele estava sustentando nossa casa com dinheiro emprestado por agiotas – massageou as têmporas - E um dia, eles foram até ele para cobrá-lo... Minha mãe, que sempre foi uma mulher maravilhosa, adoeceu... Ela não suportou a ideia de ter sido traída e de que a nossas vidas estariam nas mãos de bandidos agora...- apertou os punhos e não conseguiu evitar algumas lágrimas - Ela caiu em depressão e morreu... Desde então, meu pai também se tornou um empresário desacreditado, faliu e eu não podia – sua voz falhou – Eu não podia deixar ele e meu irmão passarem fome! Eu não conseguia! E esse era o provável rumo que isso tomaria! Eu...
_Sel, eu... Eu nunca imaginei que essa fosse a... Verdade...
_O que eu conseguiria, Has? Eu tinha acabado o ensino médio! Não sabia fazer nada! Não tinha nenhum ofício! Até que Agathia me apresentou essa vida e eu... Eu não pude deixar de pensar que pelo menos, com o dinheiro que eu receberia, poderia dar o que comer ao Salo! Você entende? - dizia num fio de voz e olhava desesperada para Hasgard, que parecia também incrédulo. Ele apenas a abraçou e acariciou seus cabelos.
_Nós vamos dar um jeito, Sel... Eu juro – tentava pensar, mas sua cabeça girava e girava. Como um homem podia se prestar a esse papel? Como um homem podia deixar sua própria filha se vender por causa de uma dívida dele? Tinha ganas de estrangulá-lo com suas próprias mãos.
Ela não tinha esperança alguma de que essa situação acabasse um dia. Não sabia como dizer a ele que não poderiam ficar juntos. Ela jamais conseguiria olhar nos olhos dele outra vez sabendo que dormiu com outro na noite passada. Esse era seu fardo. Daria tudo para que ele não sofresse.
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Shura se despediu de Dite após o almoço e foi para seu quarto, que parecia estar vazio. Camyu teria aula integral hoje, bem como Dégel e Kardia. Na verdade, apenas Milo não tinha aula por esta tarde, mas também parecia não estar lá.
Se sentou sobre sua cama, tentando descansar alguns minutos antes de colocar a matéria em dia. Fechou os olhos, mas os abriu ao pensar ter ouvido um gemido dentro do banheiro. Se levantou e andou até a porta, abrindo-a e viu Milo dentro do box. Parecia deitado no chão.
_Milo? - correu até ele e se ajoelhou ao seu lado. Ele parecia muito zonzo. Seus olhos giravam em órbita e ele parecia querer vomitar. Suas mãos tremiam intensamente – O que você fez? - desconfiava desse tal emprego noturno de Milo, mas agora era a certeza. Ele estava se drogando. Não podia ter outra explicação.
_Shu...- fazia força para que algo saísse, mas via apenas um líquido amarelado e amargo. Nada estava em seu estômago. Sentia náuseas horríveis - Shu... Me ajuda...- segurou com força a mão do amigo e ele lhe ajudou a se levantar e dar alguns passos, até ver tudo escuro e cair.
_MILO! - viu o amigo desabar antes mesmo de chegar à sua cama. Viu os olhos dele revirarem novamente, porém, desta vez ele expelia um líquido branco e se debatia contra o chão. Ficou desesperado. Não sabia o que fazer – MEU DEUS! MILO! - não sabia mesmo o que fazer. Ele parecia que morreria à sua frente se não fizesse nada. Se colocou em um impasse que deveria resolver em segundos: buscar ajuda e deixá-lo sozinho ou então ficar lá, mesmo sem saber o que fazer. Suava frio. Estava desesperado. Olhou para o seu celular e teve a única ideia possível.
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Sorento enviou uma mensagem à Isa, para que se encontrasse com ela após o almoço, seria sua única chance de se redimir e avisá-la do perigo que corria. Ainda não havia digerido o que ouviu. Sentia pena e a admirava ao mesmo tempo.
Esperou Bian voltar para sua aula no cursinho, para que ele não inventasse de segui-lo. Ninguém poderia ouvir o que ele tinha a dizer.
A viu se aproximando em passos longos. Parecia bem nervosa, aliás.
_Isa...
_O que há, Sorento? Não venha me dizer que aquela vaca da sua amiguinha aprontou de novo pra cima da minha irmã! - quando se tratava de Sorento, ficava na defensiva. Não sabia que tipo de pessoa ele tinha se tornado, mas para fazer o que fez à Mel, boa coisa não era.
_Isa, pelo amor de Deus, você tem que me ouvir! É sério! Na sexta, o Bian ligou para uma pessoa, que até então eu pensei não ter muito problema, mas ele me disse que...
_Espera um pouco - não estava com paciência para as chorumelas de Sorento, ainda por cima, sentia seu celular vibrando insistentemente. Devia ser importante - Alô?
_ISA? ISA, PELO AMOR DE DEUS! O MILO, ELE... VEM AQUI! POR FAVOR!
_O que houve, Shu? - tentava entender as falas desorganizadas e afobadas do amigo.
_VEM! POR FAVOR, VEM! - a voz do outro parecia desesperada. Algo sério definitivamente estava acontecendo.
_Sorento, eu... Eu tenho que ir! - correu na direção do bloco masculino e entrou no quarto de Shura, vendo uma cena no mínimo complicada. O moreno estava estirado no chão, parecia estar em uma crise convulsiva - Há quanto tempo ele está assim? - já havia assistido aulas práticas sobre socorro em casos de crises de convulsão. Se manteve o mais calma possível.
_Deve ter uns três minutos... Ele estava vomitando muito e de repente, caiu...- não conseguia organizar os pensamentos.
_Tudo bem, me ajuda! Pega uma toalha e dobra – se ajoelhou ao lado de Milo, vendo que ele se debatia e expelia um líquido esbranquiçado.
Quando Shura trouxe a toalha, a colocou lado de sua cabeça, e com a ajuda dele, o colocou em posição lateral, fazendo escorrer todo o líquido pelo canto direito da boca.
Aos poucos, os movimentos se tornaram mais lentos até cessarem de vez.
Foi quando o levaram até a cama, deitando-o com a cabeça elevada em dois travesseiros altos. Viram-no abrir os olhos lentamente. Parecia confuso. Era natural. Se espantariam se não tivesse.
_O que...- respirava fundo e sentia sua cabeça rodar. O que Isa estava fazendo ali? - Isa...?
_Calma, Milo... Estou aqui por que você sofreu um quadro convulsivo – suspirou – O que houve pra você ter sofrido isso? - questionou, verdadeiramente preocupada. Sua futura profissão não era para covardes e nem picuinhas.
_Nada – mentiria até o fim de sua vida. Ninguém podia saber. Camyu não podia saber! - Eu... Estou trabalhando exposto a muita luminosidade – via que suas palavras não pareciam convencer Shura e muito menos Isa - Parem com... Essas caras - revirava os olhos.
_Milo, olha, você é maior de idade, eu estou com a cabeça cheia e não estou a fim de ficar tirando leite de pedra aqui – se levantou da beirada da cama do moreno – Se quiser contar a verdade, conte, se não quiser, pior para você... Espero que se cuide daqui pra frente. Procure descansar agora e se isso voltar a acontecer, procure um médico... Até mais...- definitivamente não estava com paciência para tratar como nenê um homem de dezoito anos, que já sabia muito bem o que fazia de sua vida. Sabia que Shura a ligaria novamente se fosse preciso.
Retornou aos portões da República e não mais viu Sorento. Perdeu a conta do tempo que ficou por lá. Ok, se fosse algo importante, ele esperaria o tempo que fosse. Agora precisava ir, o casamento de Mel estava cada vez mais próximo e não podia ficar criando hipóteses. Não era nada e pronto. Precisava procurar pelas meninas para as últimas provas de seus trajes, já que em menos de duas horas, suas aulas da tarde começariam.
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Alice tirou a tarde para almoçar com sua segunda filha. Precisava convencê-la a tirar essa ideia maluca de passar a lua-de-mel na Disney. Tudo bem que era um passeio fofo e incrível, mas não para um momento como esse. Aproveitou a ajuda do genro, que era o melhor amigo de Mel, para tentar uma força a mais. Qualquer contribuição era positiva.
_Meu amor, nós queríamos te perguntar sobre o que pretende fazer em sua lua-de-mel... Hakurei me disse que estão em um impasse – olhava para Saga, dando um gancho para que ele também dissesse algo que pudesse convencê-la.
_Tia, ele não entende que quero ir para a Disney! Quer lugar melhor para passar a lua-de-mel? - dizia, como se aquilo fosse óbvio.
_Mas Mel, entenda, será que não é melhor que vocês viajem para a Disney quando o neném nascer? É uma viagem para se fazer com uma criança, e não com seu marido – segurava a mão da ruiva, que mantinha os olhos baixos.
_Mas gente, que mal há nisso?
_Filha, não há mal nenhum! O problema é que você está sendo um pouco intransigente... Por que não escuta o que o seu noivo quer sugerir? Amor, ele é um homem mais velho, não está exatamente interessado em uma viagem que ele já fez mais de quatro vezes com os filhos... Ele quer um lugar romântico, bonito e quieto.
_Ele já tem até uma ideia em mente! - Saga piscou para a sogra – E nós garantimos que é incrível! Olha, se você não gostar, nós mesmo faremos uma vaquinha pra você ir pra Disney depois! - brincou.
_Vocês sabem pra onde é? - ambos sorriram amarelo, mas prosseguiriam na "mentira".
_Claro! Ele nos mostrou várias fotos, mas no momento é uma surpresa, claro! E aí? O que acha?
_Tudo bem... Vou dar um voto de confiança a vocês! - sorriu.
_Ótimo! Então está decidido! - Alice comentou e surtou em seu interior. Finalmente conseguira convencer a filha a enxergar a verdade.
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Ana ouviu por tabela a conversa de Alice com Mel e estava muito incomodada com algumas atitudes, porém, por mais direta que fosse, sabia que a amiga era muito sensível e se magoaria com o que ela tinha a dizer. Preferiu então dizer a Albafica, após mais uma sessão de paparicos de sua insuportável mãe. Mas que mulher chata!
_Amor, eu ouvi a mãe da Isa hoje tentando convencer a Mel a não ir pra Disney na lua-de-mel – revirou os olhos.
_E o que tem isso?
_Amor, tem que eu acho que isso pode prejudicar um pouco o casamento dela com um cara mais velho... Cara, eu adoro a Mel, mas um defeito dela é esse, sabe, ela parece que precisa de bajulação pra fazer tudo, precisou de a mãe da amiga fazer dengo pra ela desistir de ir pra Disney... Ai, sei lá, não tenho muito saco pra essas coisas!
_Falou a minha leoazinha que também não gosta de bajulação - mordeu a bochecha de Ana numa brincadeira. Também já tinha notado isso, mas não fazia muito seu feitio criticar as pessoas. Sabia de cada coisa, que faria os cabelos do sovaco de uma pessoa se arrepiarem, mas sempre deixava de lado.
_Mas é diferente, Albafica! - deu um tapa na cabeça do namorado – Estou dizendo que ela parece uma criança, que precisa do papai dizendo se ela quer o picolé ou o sorvete... Enfim, vamos esperar, quem sabe o casamento faça ela mudar – sorriu e voltou a agarrar seu lindo. Como amava esse peixinho!
Continua
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