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História A Reserva - Encontro


Escrita por: Almaro

Capítulo 8 - Encontro


No dia seguinte Victor não estava com muito ânimo para nada e isso estava piorando muito com o humor negro que o Yurio ostentava desde cedo.

- Vamos melhorar essa cara, Yurio. Hoje começa a competição e você precisa estar bem.

 - Não me enche. - Disse o jovem com cara de poucos amigos colocando o traje. - Me ajude a fechar aqui.

Victor levantou-se e parou no meio o movimento, quando escutou o russo menor continuar.

- Você vai tentar falar com ele?  - Virou-se fitando o chão. - Acha que devo procurá-lo? - Seus olhos estavam em mim agora. Havia desafio no ar e eu sabia que a resposta errada acabaria com nós dois ao mesmo tempo.

- Não sei se devo ir atrás dele mais uma vez. Da última vez não deu muito certo. Agora sobre você... o que deseja de verdade? Sei que vocês se tornaram amigos e sei, também, que foram além disso... quase uma família. O carinho que Yuuri sentia por você era enorme, vocês se descobriram irmãos principalmente... Parei, podia ver as lágrimas nos cantos dos olhos do rapaz a minha frente e num impulso o abracei. Yurio agora soluçava agarra a mim. Comecei a passar as mãos pelos seus cabelos em uma tentativa de acalmá-lo.

- Se você quiser e puder, procure pelo Yuuri. Nunca pensei que com a minha irresponsabilidade pudesse fazer tantas pessoas sofrer... nunca quis isso. Me perdoe de coração. - Estava chorando junto com ele.

Pensar em tudo que havia acontecido com o Yuuri me fazia sentir muito mal, existiam muitas perguntas sem respostas e sabia que as situações extremas que ele tomou tinham sido por minha causa de algum jeito, mas ver o Yurio sofrendo daquele jeito era devastador. Ele tentou nos ajudar de todas as formas, muitas vezes ficou no meio das nossas brigas, muitas vezes foi em busca da reconciliação entre nós e no fim acabou sozinho. Sei que Yuuri ocupava um lugar no coração do gato arisco e por mais que eles implicassem um com o outro, era sempre para o Yuuri que o jovem russo recorria ainda mais depois da morte de seu avô. Eles tinham um jeito peculiar de se entenderem, Yurio sempre com seus gritos e chiliques, Yuuri com seu silêncio e jeito simples de ver a vida. Dava certo assim.

- Vamos melhorar isso tudo. - Disse me afastando para poder secar seu rosto. - Ele nunca teria te abandonado se não fosse por minha causa. Eu nunca te abandonei mesmo que uma parte de mim tenha ido embora naquele dia e não voltou até hoje... mas estou aqui para o que der e vier!!! - Digo cheio de confiança e na esperança de que ele sinta isso.

- Você faz uma coisa comigo depois da competição de hoje? - Parecia mais calmo e com uma idéia se formando.

- Sim. O que seria? Quer sair para comprar um presente especial para um certo patinador do Cazaquistão? Quem sabe algo que apimente a noite?! - Me divirto ao ver a sua cara de bravo apaixonado. Corações jovens... já fui assim.

- Não preciso disso seu velho idiota!!! Quero ir a um lugar e rever um amigo. - Fala firme e completa. - Não quero ir sozinho, por isso você vai comigo até a galeria.

Não esperava por esse pedido. Não queria ver o Yuuri... na verdade queria e muito, queria abraçá-lo e perguntar se estava tudo bem... queria muito pedir perdão, mas chegar na galeria e confrontá-lo não era o ideal e com certeza iria dar merda. Estava parado olhando para a fada russa, aquela determinação na sua postura era tão "ele" e eu já sabia que um "não vou" não seria tão simples assim.

- Yurio, pense bem. Você teria mais chance de falar com ele sem mim. Posso acompanhá-lo até lá, mas depois é com você. Estará sozinho e por sua conta. - Dito sem olhá-lo diretamente, continuo a arrumar seu traje.

- Você está com medo? Medo do que? O pior já aconteceu, ele te deixou, se divorciou, te abandonou... falta alguma coisa acontecer? Porra pense bem você seu velho!!! É o Yuuri, o seu porquinho.

Pronto eu estava chorando de novo... ele tinha razão, era o meu Yuuri, o amor da minha vida, dono das minhas maiores alegrias e tristezas, meu homem...  Fui salvo quando o Otabek abriu a porta do vestiário à procura do seu namorado. Yurio me lançou um olhar significativo e depois encarou o amado.

- Está pronto Beka? Vou com tudo e não espero menos que isso de você. - O tigre russo estava afiando as suas garras e quando fazia isso sobrava para todos os lados.

Otabek olhava o namorado com um sorriso doce no rosto, a noite foi difícil depois da galeria e passou metade dela tentando acalmar o loiro que ficou inconsolável, pois acreditava que deveria ter feito mais na época do sumiço e ter se plantado na casa do Phichit, pois no fundo Yurio sempre achou que o tailandês foi quem acobertou a fuga e que em nome dessa amizade escondeu-o do mundo durante o primeiro mês. Vê-lo assim agora, o desafiando, mostrava que ele tinha colado partes de seu coração e tentava se concentrar na competição.

- Estou... pra você, meu gatinho enfezado, sempre estou pronto.

- Ótimo. Então vamos. E você, velho, melhore a sua cara, não quero ninguém com cara de enterro do meu lado... hoje vou brilhar no gelo e espero que você me acompanhe no nosso passeio.

- Que passeio?

- Te explico enquanto nos aquecemos Beka.

Saíram e eu fiquei parado olhando para o espelho, precisava melhorar minha aparência... Yurio tinha razão. Lavei meu rosto, arrumei o cabelo, coloquei o sorriso mais falso que poderia e sai para a área de circulação. Falei com todos que precisava, dei entrevistas para todos os repórteres que solicitaram, atendi a todos os jovens atletas que cresceram me vendo patinar e fui até a barreira. A competição tinha começado, tinham mais dois atletas na frente do meu pupilo e ele estava agora assistindo o seu amado. Otabek tinha amadurecido, mas ainda mantinha a sua essência o que acabou o definindo como patinador.

Eu estava meio aéreo e por isso quando dei por mim o nome Yuri Plisetsky estava sendo anunciado para entrar no ringue e apresentar o seu programa curto. Olhei nos olhos do loiro e disse:

- Davai!!! - Ele apenas deu um pequeno aceno e foi. Era sempre assim, ele simplesmente entrava e começava, não havia tempo pra nada e nem uma palavra de apoio ou observação. Ele simplesmente entrava. Era fato que ele estava com raiva, dava para sentir nos seus movimentos, nos saltos, mas mesmo assim foi incrível e no final obteve a maior nota de todas.

Acabou o primeiro dia. Estava exausto, não queria ir ma direção da galeria, mas Yurio, Otabek e Chris me esperavam na saída. Todos juntos.

- Até você???? - Falei olhando para o meu amigo Christopher.

- Você achou mesmo que eu não iria participar desse momento??? Justo eu, Vi???? Adoro esses reencontros!!!

Reviro os olhos e dito:

- Vamos logo acabar com isso...

 

O caminho até a malfadada galeria foi longo por causa do silêncio absurdo que reinava entre nós. Até Christopher parecia ter desistido de tentar puxar conversa sobre quaisquer banalidades possíveis.

Paramos em frente ao prédio, mas do outro lado da rua. O local estava movimentado, havia muitas pessoas na calçada e na entrada do prédio, sinceramente não esperava por isso. O tráfego na rua estava grande, mas havia duas vagas reservadas para o embarque e desembarque na porta da galeria.

E foi em uma dessas vagas que um porsche cayenne preto com todos os vidros filmados parou. Yuuri desceu do carro do lado do passageiro, usava um terno preto como o carro, uma camisa cinza, estava sem gravata e por cima um sobretudo cinza da mesma cor da camisa. Seu cabelo estava preso em um rabo baixo com algumas mechas soltas que caiam sobre o rosto conforme os movimentos. Não tinha mudado nada... continuava lindo e eu com certeza não estava respirando direito. Não estava preparado para vê-lo... no fundo queria, mas não acreditava que ele estava há alguns passos de mim. Tão perto...

E foi nesse momento que tudo aconteceu...

Vi uma senhora na calçada segurando a mão de uma menina muito clara que identifiquei como sendo a filha Anna e do lado uma criança de cabelos cacheados tinha uma bola vermelha na mão. Ouviu-se uma freada forte e na seqüência um barulho de algo quebrando, Yuuri parou de repente na calçada a frente do filho que com o susto deixou a bola cair, ele tentou pegar a criança, mas essa foi mais rápida e segui atrás do seu brinquedo que agora estava indo para o meio da rua.

Yuuri correu atrás do filho, conseguiu pega-lo antes de ser atropelado, mas vinha outro carro na direção contrária, então ele apenas abraçou a criança para protegê-la e virou de costas para o impacto eminente. Minhas pernas moveram-se antes da minha cabeça pensar... precisava salvá-lo ou pelo menos morrer tentando. Pulei sobre seu corpo, precisava ser rápido, o motorista não dava sinais que conseguiria parar a tempo... foi tudo em um ritmo acelerado. Senti o choque do meu corpo contra o do Yuuri, senti cair e tentei abraçá-lo, pois sabia que ele não soltaria a criança dos seus braços... veio a colisão, tudo ficou suspenso até mesmo minha respiração, o carro cantou os pneus e bateu em outro que estava estacionado. Olhei preocupado para baixo e vi dois olhinhos assustados me encarando, não tinha entendido o ocorrido, então foquei no homem em meus braços, ele estava... dormindo? Yuuri estava desacordado.

Uma confusão generalizada se instalou, podia ouvir gritos e berros, um choro de criança, barulhos de flashes e alguém tocou em meu ombro, pediu passagem para pegar a criança que começou a chamar pelo pai, era Otabek. Yuuri continuava em meus braços, podia ver uma mancha vermelha do lado direito da sua testa, sangue. Na queda ele bateu a cabeça.

Barulhos de sirene, Chris me dizendo que tudo ficaria bem, que a ambulância estava a caminho, um senhor pedindo para que as pessoas se afastassem e os paramédicos chegaram... não sei dizer quanto tempo se passou, mas parecia que um piscar de olhos e o mundo tinha parado.

Ele foi levado para o hospital. Não sei como e nem o porquê, mas fui na ambulância com ele segurando sua mão. Um dos médicos insistia de ver o meu braço... não sinto nada... só queria ver aqueles olhos castanhos abertos me encarando surpresos.

No pronto atendimento dei de cara com meus amigos que por uma obra do destino chegaram lá de porsche. Beka ainda estava com o menino nos braços e Yurio segurava a bola vermelha em uma mão enquanto a outra mantinha sobre os ombros de uma menininha que lhe agarrava a cintura. Christopher conversava com a senhora que estava inconsolável, dizendo que a culpa era dela e foi nesse momento que um senhor chegou me abordando e todos pareceram me notar.

- Ele acordou?

- Não. Os médicos disseram que vão fazer mais exames, precisam verificar se existe algum coagulo ou trauma. - Estava começando a ficar desesperado, fazia mais de uma hora que ele tinha desmaiado.

Taylor apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo.

- Ele é cabeça dura... - tentou sorrir pra mim. - Prazer sou o Taylor e não tenho como agradecer o que fez hoje. - Estendeu sua mão.

- Eu sou Victor N...

- Sei o seu nome Sr. Nikiforov. E sei quem é também.



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