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História A Residente - Capítulo 1


Escrita por: fanyunnie7

Notas do Autor


Não aguentei e precisei fazer ao menos esse primeiro capítulo e postar logo AUHSUAHSUAH.
Lembrando que as atualizações não serão constantes porque a minha prioridade é Lost in Love, porém entre um capítulo e outro que postarei lá, virei postar por aqui também.
E os "pov's" serão somente de Tiffany e de Yuri (quando ela estiver com a Jéssica).
Boa leitura e espero q gostem desse primeiro cap ;*

PS:. Essa história possui cenas pesados e palavrões, que podem ser sensíveis para algumas pessoas. Sendo assim, peço que não continue com a leitura.

Capítulo 1 - Capítulo 1


[ P.O.V Tiffany]

- A gente deveria sair para comemorar a nossa última noite de liberdade. – Tomei um susto ao virar e deparar com a figura morena e sorridente, com a cabeça para dentro do quarto. – Vamos BabyTi, quem sabe você não acha o amor da sua vida? - Escancarou a porta e entrou no quarto de vez, sentando-se na minha cama. Sua declaração enfática, não me foi surpreendente.

Yuri era a minha melhor amiga, desde a nossa infância. Nos conhecemos quando eu tinha 5 anos e ela havia acabado de se mudar para a casa desocupada, em frente à minha. Praticamente crescemos juntas no borough de Nova York, mais conhecida como Brooklyn. Viemos de família humilde, mas parte do que sou hoje, devo a ela e a sua amizade que me foi solícita, em um momento da vida que mais precisei de alguém. Yuri era o tipo de amiga irmã, daquelas que não importava se você estava certa ou errada, ela estava sempre ao seu lado, te apoiando e te defendendo em qualquer que fosse a situação.

Tínhamos personalidades diferentes. Yuri era mais para a extravagante Lady Gaga e eu era mais para a Lana Del Rey depressiva. Mas nossos gostos não nos impediram de sermos o que somos hoje, éramos como alma gêmea, e a sua chegada em minha vida, foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Apesar do seu jeitão espalhafatoso, Yuri era estudiosa e depois que completamos a faculdade, passávamos dias trancadas em seu quarto estudando para a única coisa que queríamos em comum: A residência. Ela na área de Enfermagem e eu na área de Nutrição. Por sorte, conseguimos passar na prova do hospital mais renomado de Los Angeles, o UCLA Medical Center, e tivemos que nos mudar para cá. E, ao saber que me separaria da minha família, foi como um exorcismo bem-sucedido... Expurguei um demônio de vez da minha vida.

- Ahh BabyYu, eu não sei, estou tão cansada da mudança. – Fechei a porta do guarda-roupa atrás de mim e deslizei minhas costas no mesmo, sentando-me no chão. Passei o dia todo enfurnada no apartamento, arrumando o meu quarto que nem me dei conta da chuva que caía lá fora, até ver os pingos de água salpicados em sua franja. – E, além do mais, está chovendo. – Apontei para a sua testa.

Ela sacudiu a cabeça freneticamente, liberando os pingos do seu cabelo. – Ahhhh vamos, se anima aí, por favor. Sabe-se lá quando poderemos beber novamente, e ... - Fez sinal com a mão para que eu me calasse ao notar que eu interromperia a sua fala. – Não que vamos exagerar na bebida, pois temos que acordar cedo e blábláblá, mas POR FAVOOOOOR. – Insistiu quase suplicando de joelhos na cama. – Não é como se fôssemos encher a cara Hwang. – Revirou os olhos e levantou, vindo para a minha direção.

Joguei a cabeça para o lado e fechei os olhos ao sentir ela me segurar pelas mãos e tentar me levantar dali. Coloquei todo o peso em meu corpo, impedindo que ela me levantasse com facilidade, enquanto tomava uma decisão. Poderia me arrepender disso depois, mas uma noite tranquila para comer fora e beber algo para relaxar, não iria fazer mal no final das contas.

- Aish, tudo bem, mas só vou com uma condição. – Retruquei ao abrir os olhos e levantei do chão com a sua ajuda. – Você dirige dessa vez. – Retirei a chave do carro que estava no bolso de trás do meu short jeans branco e a entreguei, não muito convencida disso.

- Okidoki. – Deu um tapa de leve em minha testa e saiu dali, ouvindo um xingamento meu.

Assim que Yu saiu do quarto, decidi começar a me aprontar ao ver que já passava das 6 PM. Separei uma roupa confortável, um short jeans, uma bota pantufa marrom até o meio da panturrilha e um suéter branco. Provavelmente comeríamos hambúrguer e tomaríamos cerveja, então, não quis me arrumar apenas para comer o que comíamos praticamente nessas últimas 4 noites, desde que chegamos em LA.

****

8:35 PM Rock & Reilly's Irish Pub

O Irish Pub ficava há exatamente 35 minutos de onde estávamos residindo. Após Yuri se perder pela terceira vez com o GPS, enfim, conseguiu estacionar no local indicado pelo manobrista, assim que chegamos. A noite ficou fresca depois da chuva e muitas pessoas circulavam pela calçada enfileiradas de bares. Paramos de frente para o amontoado de gente e olhamos para todos os bares, antes de decidirmos entrar no Irish Pub, já que haviam muitas filas extensas nos outros locais.

O nome já entregava tudo, rock e cerveja. Era um Pub Irlandês, estilo anos 90 que servia grandes canecas de cerveja, uma extensa carta de whisky dos mais importados e hambúrgueres com molhos caseiros, tudo isso ao som do bom e velho rock n roll. Não fazia muito bem o meu estilo, mas o ambiente me agradou em demasia e me encantou pelo seu aconchego. Haviam mesas de madeira dispersas pelo local, algumas com cadeiras e outras com sofás. A luz era praticamente ambiente e havia um jukebox em uma das paredes, onde tocava um acústico do nirvana. Ao lado, uma escada que dava para o andar de cima, onde havia o banheiro e mais mesas com cadeiras.

Nos sentamos no balcão de madeira de frente para o barman, que preenchia uma enorme caneca de vidro com chopp.

- Caraca, olha esse lugar. – Yu repousou sua bolsa tiracolo em cima do balcão e varreu o olhar por todo o local. – E olha o tamanho dessa caneca?! - Arregalou os olhos quando o barman colocou a caneca no balcão, servindo um homem que estava ao seu lado. – Moço, vamos querer dois desse, e capricha, por favor.

Sorri ao vê-la animada e aproveitei para tirar a minha bolsa tiracolo também, deixando-a em cima do meu colo. – Ah, me parece bom, sei lá ... é ok. – Falei sem muita emoção e recebi uma revirada de olhos vinda dela. – O quê? Não me culpe, não estava muito no clima de sair.

Ela me olhou com atenção, hesitou falar por um instante enquanto eu encarava sua orbes escura, mas não conseguiu se segurar por muito tempo. – BabyTi, percebe o esforço que estou fazendo para te animar? Sabe que eu me preocupo com você e, acima de tudo, com o seu bem-estar mental? – Me lançou um sorriso fraco e pegou minha mão, repousando em cima do seu colo, entrelaçando nossos dedos. – Cidade nova, vida nova, pessoas novas ... – Arqueou as sobrancelhas cuidadosamente curvadas em um arco perfeito e abriu um sorriso irresistível. – Deixa eu pôr novamente o sorriso naquela BabyTi que riu de mim, na primeira vez em que caí da bicicleta.

Não pude conter uma gargalhada com a lembrança. E, ao me tocar que estava em ambiente público, coloquei a mão na boca, abafando o meu desconforto e fazendo a Yuri rir juntamente comigo. Isso teria me deixado com vergonha se ela não fosse a pessoa que mais me deixava à vontade nesse mundo.

- Tudo bem, me desculpe por isso, eu sei o quanto você tenta e ... – Consegui falar ao me recompor, observando o barman repousar duas canecas enormes de cerveja, caindo espumas pelas bordas. – Sei que não tenho sido a melhor amiga para você nos últimos dias, mas eu prometo tentar. Tudo bem? - Peguei a minha caneca e levantei em sua direção, olhando-a sugestivamente. – À mudança?

Ela fez o mesmo. Pegou a sua caneca e bateu levemente na minha, fazendo as espumas escorrerem de vez e completar o seu percurso em nossas pernas. – Que ela nos traga bons ventos e até novos amores.

Bebemos até a metade da caneca, sem respirar. Era uma espécie de ritual sempre que fazíamos quando iniciávamos a bebedeira. Não lembro exatamente com que idade comecei a beber, mas com certeza foi a Yuri quem me ofereceu a primeira dose de vodka misturada com soda. Lembro da careta que fizemos ao sentir o ardor que a bebida causava em nossa garganta, e foi nessa primeira vez que consegui contar para Yuri tudo o que passava dentro de casa. Acho que o álcool me deu um incentivo e uma certa coragem para me abrir pela primeira vez com alguém, e apresentar os meus demônios interiores.

- Você está feliz? – Yuri repousou a caneca no balcão e acariciou o meu rosto gentilmente com a outra mão.

- Como nunca estive na vida BabyYu. – Sorri com o olhar e fui envolvida por um abraço apertado, enfiando meu rosto na curvatura do seu pescoço.

Ficamos nessa posição por uns breves segundos, quando ela nos afastou e sacudiu a cabeça. – Aish, nada de choramingar. É a nossa noite de diversão. – Desferiu dois tapas fortes no balcão e virou a cerveja de vez.

Com a Yuri não tinha tempo ruim. Ela era a companhia perfeita para uma pessoa que precisava esquecer de um passado altamente obscuro e nebuloso. E eu estava lutando para aquilo e sempre tive a ajuda dela, o que sou grata por tê-la em minha vida. Ela era uma pessoa bastante alto astral e queria sempre comemorar as pequenas coisas, mesmo que essas fossem insignificantes. Me comovia o fato de como ela via as coisas simples da vida, e fazia tudo ter o seu valor.

Entre conversas e gargalhadas, já havíamos bebido três canecas daquelas de cerveja e já conseguia me sentir um pouco alta, devido ter começado a beber de estômago vazio. Minha última refeição havia sido um prato de cereal açucarado com leite altamente gorduroso e morangos, e uma caixinha de suco de laranja para o público infantil. E foi a minha primeira e única refeição do dia, antes de decidir mergulhar nos afazeres da mudança. Acordamos determinadas a arrumar as últimas caixas que estavam bagunçadas no canto da cozinha. Conseguimos alugar um apartamento parcialmente mobiliado – sofá, televisão, geladeira, cama e guarda-roupa – O preço não era dos mais baratos, mas estávamos na capital mundial do entretenimento, com certeza o custo de vida era altíssimo e com o salário da residência, conseguiríamos nos manter. Não com luxo, mas com uma certa dignidade.

- Yah, você está bem? - Indagou entre gargalhadas quando me viu com a cabeça baixa e apoiada em meu braço, em cima do balcão. – O hambúrguer já deve está vindo.

Eu apenas assenti com a cabeça e mergulhei no som dos Rollings Stones que tocava no jukebox. O papo com a Yuri me distraiu à ponto de nem notar que o ambiente já estava mais cheio do que quando chegamos.  

- Vou no banheiro e já volto, cuida da minha bolsa. – Enfiou a bolsa no meu colo, fazendo-me levantar a cabeça e segurar a mesma.

Acompanhei ela até subir as escadas e rolei os olhos pelo espaço cheio de pessoas que conversavam alto, bebericavam suas bebidas e gargalhavam. Por algumas horas havia ignorado o público Angelino, mas analisando o mesmo agora, pude notar que as mulheres estavam sempre com um bronze irresistível, enquanto os homens se “contorciam” desajeitados, tentando levar algumas no papo, com seu ego masculino carregado de testosterona.

- O seu hambúrguer Senhora.

Virei-me para a frente e agradeci para o garçom, quando o mesmo colocou dois pratos com hambúrgueres enormes e duas porções de batata-fritas que alimentaria um país inteiro da África. Comecei a me servir com algumas batatas avulsas, esperando a Yuri chegar para comermos juntas, quando percebi alguém sentar no lugar em que estava ocupado por ela.

- Oh não, é ... – Toquei levemente o braço da mulher ao meu lado. – Esse lugar está ocupado, desculpe.

Sorri amigavelmente ao vê-la se virar para mim. Afastei um pouco a cabeça para ampliar o meu campo de visão e não pude deixar de notar que, de todas as mulheres que destoavam o ambiente, aquela estava visivelmente arrumada para um Pub. Ela usava uma calça social preta perfeitamente colada ao corpo e uma blusa de botões branca, até a altura do pescoço, mas notei que os dois primeiros botões estavam provocantemente abertos. Seus cabelos em um loiro platinado e repicados na altura do pescoço, emolduravam um rosto infantil, porém de tirar o fôlego com um certo toque selvagem. Sua estrutura óssea era pequenina e esguia, mas seus traços eram gentis e delicados. Era coreana ou seria descendente como eu?

Olhou-me com uma impassibilidade total e voltou a fitar o garçom. – O mesmo de sempre, Alfred. – Fez um gesto com os dedos para o homem apressado, indicando alguma dose de bebida e se virou para mim novamente. – Não pretendo ocupar o seu lugar Srta .... – Fez uma pausa, com uma ruga preenchendo o espaço entre as suas sobrancelhas, absurdamente bem desenhadas.

No tempo em que fiquei parada, hipnotizada, se assim posso dizer, senti minha cabeça girar levemente e a mesma tocar-me na altura do joelho, dispersando o devaneio.

- Hwang ... – Balancei a cabeça levemente e consegui falar de vez. – É Tiffany Hwang.- Curvei meu corpo brevemente no assento e afastei a franja que cobriam meus olhos. Por mais que eu fosse descendente de coreano, me senti no dever de cumprimentá-la na mesma formalidade, como se tivesse na Coreia.

- Sem formalidades, menina. Sou Americana. – Foi direta, mas demonstrando uma certa suavidade na voz e um toque de rouquidão. – Posso lhe pagar uma bebida? - Indagou assim que se virou para pegar duas doses de whisky.

- Ahh, obrigada pela gentileza, mas estou acompanhada.

- Posso ao menos ...

Ela não terminou a fala quando Yuri surgiu atrás de mim, abraçando-me pela cintura e beijando minha bochecha de supetão. Atitude essa que fez com que eu me assustasse repentinamente e virasse para encarar seus olhos semicerrados.

- Tudo bem por aqui, BabyTi? - Ela lançou um olhar frio para a mulher à minha frente, arrancando um sorriso da mesma, que não moveu um músculo da sua face.

- Oii, Yu, está sim. – Senti minhas bochechas esquentarem no momento em que ela encarava a minha face, com os seus olhos penetrantes e inquisidores. Yuri deu a volta por ela e sentou-se em seu banco novamente.

- Meninas ...  – Virou-se para Yuri e acenou brevemente com a cabeça. Ao virar-se para mim, manteve a sua imparcialidade, porém havia um certo brilho em seu olhar. – Tiffany ... Com licença. –

Sua feição se fechou enfaticamente e saiu dali, equilibrando-se em um scarpin preto, chamando atenção de algumas pessoas que ali se faziam presentes. Acompanhei com o olhar até perceber que a mesma subira a escada do ambiente e sumia, deixando-me com a boca totalmente seca e rosto ruborizado.

- O que foi isso? - Indagou Yuri ao melar uma batata no seu potinho de catchup.

- Isso o quê? - Pigarreei ao virar o resto da cerveja.

- Essa tensão sexual, Hwang. – Revirou os olhos e se concentrou em pegar o guardanapo, envolvendo em seu hambúrguer.

Olhei incrédula para ela, por causa do seu comentário nada a ver e dei uma dentada em meu hambúrguer, limpando o molho que derramava no canto da minha boca.

- Eu acho que já está na hora de começar a pensar em se relacionar – Ousou outro comentário, o que me soou pior do que o primeiro.

Apenas lhe lancei um olhar fumegante e contorci os lábios em um lamento. – Não quero pensar nisso agora. Preciso me concentrar no trabalho.

Ficamos caladas enquanto devorávamos o nosso jantar, acompanhado da última caneca de cerveja. Ao sairmos do ambiente, quase meia noite, não pude deixar de dar uma última olhada para ver se via a mulher novamente, a qual nem o nome eu sabia. Seria o efeito da cerveja? Nem sabia ao certo o que havia acontecido ali, só que de alguma forma, alguma coisa nela me instigou. Não por ser de uma beleza demasiada, mas sim por notar algo estranhamente em seu olhar. Um tipo de magnetismo poderoso que exalava um certo erotismo sem pudor e que se transformou em uma expressão quase tangível. E, estranhamente, não me senti tão tímida como o de costume.

Caminhamos para o carro e senti a brisa fresca que rondava naquela noite. Chegamos a ter uma pequena discussão sobre eu voltar dirigindo, visto que, eu era a que estava em mais condição de guiar o Volkswagen golf branco que conseguimos adquirir, com as nossas economias.

***

Na manhã seguinte, atravessamos a catraca giratória do Hospital após nos identificarmos na portaria. Estávamos 30 minutos atrasadas, o que fez com que eu e Yut=ri tivéssemos outra discussão por todo o caminho, uma culpando a outra por não ter colocado o despertador, antes de capotar na cama. O que era para ter sido uma saída social, acabou se tornando em uma noitada exagerada e provavelmente eu seria chamada atenção logo no primeiro dia.

Caminhamos apressadas pelo imenso corredor branco, até chegar ao final do mesmo e entrar no elevador de uso exclusivo dos funcionários, que já estava parado no andar. Me familiarizei com o local após passar na última etapa da residência, que foi entrevista feita pelo diretor geral do hospital, onde o mesmo fez questão de me mostrar as instalações que os residentes ocupariam, já que a chefa do departamento de nutrição havia saído de férias.

Chegamos no quarto andar e a porta do elevador se abriu. Me despedi da Yuri que ficaria mais um andar acima do meu e apressei os passos até o vestiário feminino. O ambiente era totalmente branco e arejado. Em uma das paredes, ficavam armários de metais enfileirados e enumerados. Ao centro havia um banco de metal enorme e do outro lado uma pequena parede, separando os chuveiros. Peguei a minha chave na bolsa e caminhei até o armário de número 16.

O ambiente estava vazio, o que me acusava como sendo a única pessoa daquele andar que estava atrasada. “Aish Tiffany.” – Resmunguei ao deixar a chave cair no chão, com tanta pressa que tentava abrir o armário. Detestava ser o centro das atenções e chegar atrasada em um lugar onde não conhecia ninguém, exceto a Yuri, não me pareceu o melhor dia para isso.

Vesti apressadamente uma calça branca folgada, uma blusa branca folgada e um tênis branco ante derrapante, dado pelo diretor no dia em que fui chamada para preencher a segunda vaga de residente em nutrição. Sabia que haveria eu e mais outra pessoa, que era  um homem chamado de Peter e nada mais. Peguei a minha prancheta branca, umas folhas de ofício e saí nas pressas, trancando o meu armário e enfiando a chave no bolso na calça.

Ao sair do vestiário, notei alguns funcionários circulando por ali, com roupas iguais as minhas, porém em cores diferentes. Segui até o que parecia ser a recepção do andar e pedi ajuda para uma mulher, que acabara de desligar o telefone, ao perceber a minha presença.

- Oi, bom dia. Eu sou a Tiffany e sou a nova residente de nutrição. Gostaria de saber onde fica a sala da Chefa do departamento, a Dra Kim?

A mulher era loira e tinha os olhos azuis. Era linda e graciosa, com a pele mais branca do que o papel. Ela sorriu gentilmente para mim e se levantou da cadeira, curvando seu corpo sobre o balcão da recepção, apontando com a sua caneta esferográfica para uma portinha do outro lado do corredor. – A Dra Kim já está com o outro residente. Você pode entrar e não precisa bater, ela está à sua espera.

Senti meu corpo gelar por saber que a minha chefa já estava à minha espera, e eu atrasada em pleno primeiro dia de trabalho. Não poderia me sentir mais vergonhada do que estava.

- Obrigada.

Murmurei num fio de voz e fui me aproximando da porta que já estava entre aberta. Adentrei lentamente a sala e fechei a porta atrás de mim, com todo cuidado como se fosse uma bomba relógio que estivesse prestes a explodir. Fui caminhando lentamente de cabeça baixa enquanto escutava a voz firme de uma mulher. Parei ao lado do que parecia ser o meu colega de trabalho, quando sua atenção virou totalmente para mim.

- E ... Sra  Hwang. Você está atrasada. – Ao escutar o meu nome, levantei o meu olhar para a dona da voz grave e firme. Ao encarar a mulher à minha frente, senti minha boca ficar seca e o meu coração acelerar. Não pode ser. Era ela? A mulher no bar da noite anterior? Estava tão diferente usando um óculos de haste preta e grossa, se possível, estava muito mais linda e até sexy. – Que essa tenha sido a primeira e última vez que chegou atrasada. Não tolero comportamentos inapropriados.- Direcionou um olhar impiedoso para mim e voltou com a sua fala.

Senti minha face enrubescer e os meus olhos piscarem tantas vezes que tive que apertá-los com os dedos, enquanto respirava fundo. Voltei a olhar para ela que permanecia com uma postura incansavelmente ereta, enquanto nos olhava com indiferença, como se estivesse em cima de um pedestal. Foram apenas 15 minutos, mas pareceu uma eternidade diante do devaneio que tive, ao lembrar dela na noite passada. Ela me chamou de Tiffany e agora me chamava de Hwang. Acho que o meu atraso fez com que começássemos com o pé esquerdo.

Após o seu pequeno discurso de apresentação, o qual eu não prestei atenção já que estava submersa em pensamentos, ela vestiu o seu jaleco e pegou uma prancheta, sentando-se em sua cadeira atrás da mesa.

- Ohh eu sou Peter... Peter Parker. – O garoto ao meu lado, percebendo o momento de silêncio que pairou no ambiente, virou para mim com a mão estendida.

Sorri brevemente para o mesmo. – Como o homem aranha? - Arrisquei uma piada ridícula para disfarçar o meu nervosismo e apertei sua mão levemente. – Tiffany Hwang. – Ele sorriu com o meu comentário, enquanto balançávamos as mãos.

- Basicamente. - Sorriu, revelando sua arcária dentária perfeitamente desenhada e esbranquiçada.

O silêncio voltou a reinar quando nos viramos e vimos a Dra nos olhando, com um certo ar de tédio. Ela encarava a cena por cima dos óculos.

- Plausível a sua atitude em se apresentar Sr Parker – Levantou da sua cadeira e rodeou até ficar em nossa frente. – Mas espero que saiba que isso aqui é um hospital, ambiente em que pessoas trabalham salvando vidas e não um parque de diversões, onde você paquera uma linda moça, na fila do algodão doce. – Encarava atentamente o rosto do garoto, enquanto eu abaixei a minha cabeça. – E você Sra Hwang - Assim que pronunciou o meu nome, voltei a olhá-la novamente que mantinha uma sobrancelha erguida em minha direção - Me parece melhor do que na noite anterior. Imagino que deva ter recuperado a ressaca, enquanto dormia sem se preocupar em atrasar no primeiro dia de residência. - Respirou fundo e endireitou o óculos no osso do seu pequeno nariz. - Vamos, tenho muito o que fazer com vocês dois.

. Voltou para sua mesa e carregou a prancheta, enfiando dois celulares no bolso do jaleco. Passou pela gente e abriu a porta, esperando que saíssemos de sua sala. Segui logo atrás do Peter e pude sentir o seu olhar sobre mim, no instante em que passei ao seu lado, sentindo o odor do seu doce e inebriante perfume. Se aquilo era algum tipo de prova de fogo em que eu fui colocada, por Deus, confesso que fui pega de surpresa. Do momento em que ela trocou olhar comigo no bar , e agora, mesmo sendo hostil do jeito que estava sendo, eu senti uma vontade louca de arrancar os botões perfeitamente fechados de sua blusa azul e trepar com ela, no sofá preto de couro da sua sala.


Notas Finais


E aí o que acharam desse início? A minha ideia sempre foi fazer uma Taeyeon extremamente fria, acho q isso denota um certo charme e sensualidade, maaaaaas, vamos ver o que virá a seguir.
Obg quem leu até aqui ;***


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