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História A Residente - Capítulo 10


Escrita por: fanyunnie7

Notas do Autor


Boa noite babes.

Primeiro eu gostaria de agradecer à cada um de vcs que dedicaram um tempinho para me desejar boa sorte na apresentação do meu TCC. Fiquei feliz e tocada por cada mensagem carinhosa e incentivadora. Graças a Deus deu tudo certo e estarei com mais tempo para atualizar as fanfics, e ser todinha de vocês. Obrigado também à todos os favoritados nesse meio tempo em que estive sem atualizar, fique feliz por saber que foram muitos e que cada vez mais a residente vem conquistando um espacinho na vida de vocês.
E agora sobre o capítulo, como avisei antes, as coisas irão começar a esquentar. Hellsica dando as caras, Yulsic chegando sorrateiramente e Taeyeon mostrando um lado seu que até antes, desconhecido pela Fany. Tenho pensado muito sobre o caminho que a estória irá levar, mas até lá, uma maré de sentimentos, sejam eles bons e ruins, irá inundar a vida desse quarteto. Este foi um capítulo que apreciei demais enquanto desenvolvia, apesar de um certo bloqueio quase no finzinho. Mas tá aí o resultado desta demora, e espero que apreciem tanto quanto eu.
Boa leitura !

Capítulo 10 - Capítulo 10


[P.O.V Tiffany]

Ao sair do elevador, tomei o rumo direto para o G3 tentando ignorar a presença dela que me afetava demasiadamente e corrompia todas as células do meu corpo, mas fui contida pela sua mão que, me segurou sem força pelo cotovelo, fazendo-me parar. O seu sorriso se desfez na mesma hora em que eu me virei e ela encarou o meu semblante parcialmente fechado.

- Tiffany não, eu só ... – Ela fez uma pausa ao buscar o meu olhar cansado. Sua voz não estava dura, muito pelo contrário, ela me chamou quase num sussurro. – ... queria conversar com você sobre hoje.

Senti meu sangue acelerar nas veias e retumbar em meus ouvidos, por um breve momento sentindo a minha audição falhar. Achei que fosse querer brigar e me punir por ter me visto na porta da sua sala escutando toda a sua conversa, mas alguma coisa mudou e transpareceu audivelmente em seu tom de voz. Sentia-se culpada pelas palavras duras que concordara com a sua mulher? De uma certa forma, sua mulher não estava tão equivocada afinal, não sabia ao certo se eu era mesmo mulher para Taeyeon, com todas as diferenças que eram gritantes e óbvias entre a gente. Mas uma coisa era certa, a gente tinha uma conexão sexual tão forte e intensa que chegava a ser palpável.

Sem esperar por uma resposta minha, ela me pegou pela mão, surpreendendo-me com essa atitude que parecia tentar me acalantar, como se de alguma forma quisesse aliviar a tensão que a presença da sua mulher nos causou. Me guiou para o outro lado do estacionamento, onde sua Ferrari estava estacionada e abriu a porta, indicando para que eu sentasse. Com a porta aberta e parada de frente para o banco, ponderei no início, encarando o assento perfeitamente adornado em um couro preto cintilante e relutando por uma proximidade que eu sabia que não resistiria. Mas sua mão insistente segurou com firmeza em meu braço novamente e então me virei para encará-la.

- Taeyeon eu ...

- Por favor, sabe que eu não posso demorar muito. – Me interrompeu com uma expressão calma e pacífica, assim como o seu olhar sereno.

Fiquei a fita-la por um instante, estudando essa sua postura que era nova para mim, até que um carro passou pela gente, cortando o clima abruptamente, buzinando para ela e roubando-lhe à atenção. Assim que ela se virou, após acenar para o condutor do outro veículo, eu já me encontrava acomodada em seu carro, retirando a bolsa tiracolo e repousando-a em minhas pernas. Ela não demorou a dar a volta pelo carro e logo acomodou-se em seu banco, fechando a porta do mesmo. Taeyeon era uma mulher incrivelmente bela, linda, maravilhosa, chegava até cogitar a ideia de que ela poderia ser a deusa grega do sexo. Não era para menos, esses últimos três dias foram exorbitantemente intensos, uma mistura de desejo mútuo e feroz com uma pitada exacerbada de luxúria. As suas proezas não me deixavam mentir, no final das contas.

- Eu devo esclarecer as coisas para você, menina. - E de novo esse menina. Ela suspirou audivelmente e se virou para mim, ficando parcialmente de lado em seu banco – O que você escutou hoje na sala, realmente não foi o que eu quis dizer, mas eu sei como lidar com a minha esposa e tive que confirmar com ela ou a mesma teria levado a discussão adiante e eu não estava com cabeça para isso. Ela consegue ser insistente e persuasiva quando quer.

Pela primeira vez foi estranho olhar em seus olhos e enxerga-los pacíficos, livre de qualquer sinal de impassibilidade. Estaria ela arrependida e com medo de que isso afetasse seja lá que relação nós tínhamos, e nos afastasse? Era notório, sua postura não deixou transparecer nada mais do que arrependimento, um pedido mudo de desculpas. Ela se inclinou na minha direção e afastou a minha bolsa para o lado, apoiando a sua mão em minha coxa – Eu espero que não tenha ficado chateada comigo, pelo o que eu falei.

Era medo que ela estava sentindo, eu vi em seus olhos. E se existia medo, existia sentimento. O difícil era saber exatamente o que eu significava para ela, além de uma foda sádica. Eu não tinha dúvidas de que havia me tornado o centro da sua atenção sempre que ela me tocava e se dispunha de me dar prazer, como se eu fosse a única coisa naquele momento que importava para ela. Mas essa conexão física que tínhamos, não podia perdurar o tempo todo. De alguma forma eu queria aprender a acreditar de que algo a mais nos unia, além do sexo. Bem no fundo, eu precisava acreditar em qualquer coisa que corroborasse com os meus anseios. Abaixei o olhar brevemente para sua mão e a tomei para mim, acomodando-a entre as minhas como uma luva.

- Você gosta muito de sexo. – Murmurei com a voz mansa, e logo sorri ao ver um sorriso tímido transparecer em seus lábios. – E não tem nada de errado nisso. Você é mandona, gulosa e insaciável, eu adoro isso Taeyeon, e quero manter você satisfeita. Quero que você encontre em mim tudo o que não encontrou nas outras que você se envolveu ou tentou se envolver. – Admiti com uma sinceridade que até foi chocante para mim, cogitando a ideia das diversas mulheres que ela já levou para o seu matadouro cheio de brinquedinhos sexuais. – Mas ... – Abaixei o olhar novamente e encarei seu dedo que roçava levemente na costa da minha mão. – Eu não estou satisfeita só com isso e acho que você sabe. – Minha voz assumiu um tom de melancolia e a vi afastar a sua mão da minha, endireitando a sua postura no assento. - Não estou pedindo um relacionamento firme, mas sei lá, queria um pouco mais de você.

- Era para ser sem expectativas – Ela murmurou baixo, fazendo-me soltar o ar lentamente pelo nariz. – Lembra?

Recobrei a minha postura também e olhei para frente do carro, ignorando o efeito catastrófico que a sua pergunta me causou. Ao longe, podia-se ver algumas pessoas saindo do elevador e tomando o rumo dos seus veículos, parecendo estarem felizes com mais um fim de turno. Era o cenário perfeito que contrastava com o meu. Pela primeira vez, não havia sido um final feliz depois de um turno para mim. Eu havia criado expectativas mesmo sabendo que ela havia deixado as regras claras, desde o início. Não foi por querer e tampouco premeditado, foi algo que cresceu naturalmente dentro de mim, como os pássaros voam ou os peixes nadam. É a lei natural da vida. Nos apaixonamos pelo bem que a pessoa nos proporciona, e eu nunca havia me sentido tão viva quanto agora.

Meus lábios se contraíram em uma linha rígida e por um breve momento, ponderei em falar tudo o que pensava, mas que outra chance como esta eu teria? Talvez esse fosse o momento exato em dizer-lhes o que pensava e até encorajador, aproveitando para tirar vantagem dessa sua postura cordial e levemente afável. As cartas foram jogadas na mesa e cabia à mim arriscar com a próxima jogada. Virei para ela, hesitando por alguns segundos que mais pareceram séculos. De repente estar naquela atmosfera pesada, me renderam umas boas lutas internas, travando uma batalha para não toma-la em meus braços e apertar com toda força, numa tentativa súbita de fazer anular qualquer sentimento ruim. Que a cena que presenciei hoje, nunca tivesse existido.

- Acho que o que aconteceu hoje, só nos fez enxergar as coisas melhores. Sua mulher não está errada, por mais que ainda não estejam juntas, vocês são casadas e ainda deve respeito a ela. E aparentemente vocês ainda têm muitas coisas para resolverem e ... – Respirei fundo, não muito convicta do que falaria, mas a realidade que nos acometia caiu como uma bomba em meu colo. Seu olhar mantinha-se preso ao meu e pela primeira vez me senti sem chão. – Se vocês tiverem a chance de se acertarem novamente, não vai ser eu quem ficará no meio do caminho.

Praticamente cuspi as palavras ácidas que me sufocaram como um refluxo gástrico e abri a porta do carro, no intuito de sair dali carregando o resto de dignidade para me manter em pé e consegui chegar em meu carro. Mas fui interceptada pela sua mão que novamente segurou a minha, num pedido mudo para ficar.

-Taeyeon ... - Hesitei por um instante, a autoconsciência tomando conta de tudo e gritando para que saísse dali correndo. Mas meu peito se expandiu em um grande suspiro, reagindo à proximidade dela e ao calor do seu toque, que fez uma corrente fina reacender em meu corpo, bombando faíscas por todos os lados. Mesmo a alguns metros de distância, eu ainda era capaz de sentir a vibração magnética que emanava quando estávamos muito próximas. Acho que foi assim desde o nosso primeiro encontro no pub, sentimos uma atração repentina uma pela outra.

- Eu não quero ser o motivo de fofoca pelos corredores do hospital, muito menos ser o aperitivo da conversa nos vestiários femininos, para o entretenimento da vida fútil de mulheres desocupadas. E-eu não ...

- Eu sei meu bem, você merece mais do que isso – Ela cortou a minha fala, segurando-me pelo queixo e inclinando o seu corpo em minha direção.

Assim que ela virou o meu rosto para si, lutei para reprimir o desejo ardiloso de me jogar em seus braços, que era onde eu sempre desejava estar. Mas nossos rostos estavam tão colados que pareceu não ter mais escapatória. O caráter dominante em seu gesto era inegável. Taeyeon me calou com um beijo urgente. Mordeu meu lábio inferior, e então enfiou a sua língua na minha boca, mantendo-me na posição em que queria, submissa novamente. O beijo era quente, cheio de desejo e carregado de promessas mudas. Demorou tanto tempo para que eu pudesse desfrutar de alguma parte do seu corpo, e agora que consegui sanar um pouco da vontade que tinha disso, pareceu que tudo iria piorar. Taeyeon abalou o meu mundo cuidadosamente remontado e o virara de pernas pro ar novamente. Minha consciência gritava para eu sair dali, pegar o último trem para o fim do mundo e descer na última estação. Mas o desejo insano de querer cada vez mais dela, pareceu querer gritar mais alto. Porém, essa dualidade de sentimentos começou a me deixar nauseada, reprimindo a mim mesma por ser tão fraca quando deveria ser forte. Em um súbito, afastei meus lábios dos dela, ofegando por causa do ar que me foi privado, e virei o rosto para o outro lado.

- Tudo de mim, aceitou tudo de você exatamente como você é. Nada foi recusado, foi tudo aceito de bom grado – Falei de vez, sentindo meu peito se apertando – Mas não dá para ficar só nisso e você não pode me dar o que eu quero ... – Mordisquei o lábio inferior, lutando contra as próprias emoções que insistiam em aparecer, e abri a porta do carro para sair - ... não agora Taeyeon.

Me livrei do ambiente carregado com uma tensão pesada que estava em seu carro e adiantei os passos para o outro lado do estacionamento, com o pensamento em um turbilhão. Minhas pernas pareciam fraquejar nessa pequena missão, elas queriam seguir o caminho contrário do que eu estava fazendo. Aproximei do carro e antes que eu pudesse alcançar a maçaneta e destravar a porta, senti seus braços envolvendo minha cintura e me puxando para si. Meu inferno parecia não ter fim. Fechei os olhos no instante em que seus seios colaram propositalmente contra as minhas costas, e seus lábios quente, investiam descaradamente contra o lóbulo da minha orelha, envolvendo-a.

- Eu vou resolver isso da melhor forma possível, tenha paciência comigo, é só o que eu te peço. – Sua voz manhosa, carregada de promessas, fez meu coração se aquecer rapidamente, como um gelo que derretia ao calor.

Me virei devagar e encarei seu olhar fixo ao meu. Sem dizer mais uma palavra, ela me puxou para colar ainda mais em seu corpo, diminuindo todo o espaço que ousava nos separar, e me abraçou, enterrando o seu rosto em meu pescoço. Fiquei imóvel no início, com medo de que qualquer movimento que eu fizesse pudesse romper esse clima acolhedor que nos tomou subitamente. Precisei de todas as minhas forças para não tocá-la, mas foi inevitável. Pressionei minhas mãos contra suas costas e deslizei delicadamente por cima da sua blusa de seda, até enfiá-las por de baixo da mesma. Sua pele era quente, macia, pude absorver todo o calor que emanava do seu corpo, surpresa pela sua inesperada demonstração de emoção.

“Sem expectativas”. Era isso o que ela queria desde o início, e agora com a sua promessa de resolver essa situação, eu queria poder não criar expectativas. Era notória a sua preocupação em querer cuidar disso. Mesmo não a conhecendo direito, fiquei deveras surpresa com a sua atitude, mas dessa vez meus pensamentos falaram mais alto que a voz do meu coração. Gostaria de poder aquietar minha mente e mergulhar em seus braços, bloqueando todo o resto, sem temer que ela pudesse falhar com a sua promessa, mas o resquício de sanidade que me sobrara, venceu a sua primeira batalha.

- Taeyeon ... – Sussurrei próximo ao seu ouvido e aos poucos, fui me desvencilhando dos seus braços, até me afastar do seu corpo. – Dessa vez eu não vou criar expectativas com isso. – Sorri fraco, tentando me convencer desta vez. Eu estava apaixonada por ela e não ter a certeza de que a recíproca era verdadeira, seria devastador para mim. – Mas eu espero que você possa resolver a sua vida e me procurar quando não me quiser apenas para passar o tempo e ser o seu objeto de prazer. – Aproximei meu rosto do seu e beijei seu rosto, pressionando meus lábios contra a sua pele macia. Aproveitei para retirar do bolso do meu jeans, o plug solitário que estava ali – Boa noite Dra, até amanhã. – Peguei a sua mão e coloquei o pequeno objeto metálico, responsável pelas minhas horas de tortura durante o dia.

- Você tem razão. – Foi tudo o que ela conseguiu dizer, encarando o plug em sua mão. Me afastei quando ela decidiu abrir a porta do carro para mim, com a sua cordialidade costumeira. Assim que passei o cinto em volta do meu corpo, ela fechou a porta e deu uns passos para trás, enquanto me analisava através do para-brisa. Não demorei a sair da vaga e deixar o local inundado de promessas incertas.

Após me misturar ao grande fluxo caótico do fim de tarde em LA, liguei o rádio e a voz aveludada da Adele me embalou, falando sobre nunca encontrar alguém como você. Bem lá no fundo, pareceu a minha realidade desconexa. Seria difícil comparar qualquer outra pessoa a Taeyeon. O único relacionamento que eu tive, foi logo no início da faculdade e por insistência da Yuri que me apresentou a garota, mas não durou mais do que 1 mês. E de novo me perguntei se nunca daria certo com alguém, mas dessa vez sei que fiz a coisa certa – é autopreservação. Suspirei profundamente e tentei me convencer no melhor sentido da palavra. Porém, meu coração doía só de pensar em me afastar dessa mulher hipnotizante que me tomou de um jeito que jamais achei que fosse me entregar para alguém novamente.

Minutos após estar submersa em um mar de dúvidas, estacionei o carro em frente ao mercado do bairro e agradeci mentalmente pelo mesmo não estar tão cheio como das vezes em que eu vinha. Não queria demorar ali, eu desejava um banho quente bem demorado, uma taça de vinho e da minha melhor amiga para desabafar, mas por hora, ficaria no banho e no vinho, já que dormiria sozinha esta noite. Não demorei a pagar as coisas que foram solicitadas pela Yuri e voltei para casa. Não podia negar que de um jeito estranho, eu me sentia confortável e mais leve por tudo o que eu disse, apesar da falta que eu já estava começando a sentir dela.

Quase duas horas depois de arrumar as coisas na cozinha, a fazer o jantar e a passar uma vassoura por todo o apartamento, ininterruptamente, decidi arrumar as coisas em meus pensamentos, me presenteando com uma bela garrafa de vinho chileno ao som melancólico de “secret garden” do raised by swans. Havia preparado uma lasanha maravilhosa de berinjela com carne moída, repleta com molho de manjericão e queijo derretido, mas o apetite me foi roubado, assim como a vontade de fazer qualquer coisa a não ser ficar quietinha. O som baixinho vindo do meu Ipod, entorpeceu os meus pensamentos, me fazendo relaxar na água quentinha da banheira, abraçando minhas pernas e repousando a cabeça em meus joelhos. Foi reconfortante e revigorante, como se estivesse sendo abraçada e acalantada pela tristeza. Não era de todo o mal no final das contas, era o meu estado de espírito.

Tantas coisas passam pela minha cabeça, a maior parte delas girando em torno das palavras que foram ditas por mim. A cabeça pesa, ainda mais por ter acabado de sorver a terceira taça de vinho, e o coração se aperta por não saber o que poderia acontecer de agora em diante. Desejei que ela resolvesse a situação com a sua mulher, mas e se elas resolvessem se dar uma chance novamente? Perceberem que lá no fundo, ainda resta um pouco de sentimento mútuo a ponto de salvar o casamento? Comecei a cogitar essa ideia e senti um amargor tomando-me a ânsia, me devastando por dentro. Era um risco que eu correria, mas empurrar uma relação supérflua com a barriga, não iria me fazer bem. Pela primeira na vida, eu me coloquei em primeiro lugar, coloquei os meus sentimentos em primeiro lugar, e agora teria a maturidade para arcar com as consequências, sejam elas quais forem. Ser adulto consistia basicamente em  tentar solucionar os problemas, mas o ruim era quando os mesmos não dependiam só de você.

Meu momento excruciante, com uma pitada de crise existencial, foi cortado pelo som estridente do meu celular, que estava em cima da cama. Meu coração se estufou só de imaginar Taeyeon me ligando, apesar de termos nos falado há poucas horas, em uma conversa fatídica, para falar que acabou de resolver tudo. Me apressei a levantar da banheira e a me enrolar no roupão, cogitando essa ideia, sem ao menos me importar com os pés molhados no piso, fazendo um rastro até chegar na cama. Assim que peguei o celular e olhei o nome do visor, relaxei os ombros e respirei fundo, atendendo a ligação sem o mínimo de emoção na voz.

- Oi BabyYu. – Fui voltando para o banheiro e acabei por desligar o som. – Aconteceu alguma coisa?

- Não, mas parece que aconteceu com você. O que houve BabyTi? - Sorri fraco ao escutar a sua voz denotando um certo tom de preocupação, e segui para esvaziar a banheira.

- Não, não aconteceu nada, só achei que fosse outra pessoa. – Dei de ombros e deixei que o ralo fizesse todo o trabalho de sugar a água, enquanto recolhia a taça vazia do chão e voltava para o quarto.

- A Dra Kim? - Revelou ela, com um certo tom de empolgação na voz. – Por falar nela, não sabia que a chefa de cardiologia era a mulher dela, ela está aqui dando plantão também. Ela é linda e muito inteligente, estou aprendendo muito com ela.

- Ah é, são casadas. – Revirei os olhos para o seu comentário e me joguei de barriga para cima da cama, encarando o teto pintado na cor rosinha bebê. – Mas quem está aí? A Dra Jung ou a Taeyeon? - Franzi o cenho, num misto de confusão.

- A Dra Jung, mas ela é um tanto, digamos, frívola? Sei lá, ela trata todo mundo parecendo que está em cima de um pedestal, argh, não gosto de gente assim. – Sorri ao imaginar sua cara de nojo. – Liguei rapidinho para saber como você estava. Já comeu?

- Hmmm ainda não, mas fiz lasanha de berinjela. - Alcancei o cordão do roupão com a outra mão e fiquei a me distrair, enrolando em meu dedo. - Hey Yu, como você soube que elas são casadas?

- Fiquei sabendo agora no plantão, mas aparentemente o hospital inteiro sabe babyTi. – Respirei profundamente meneando a cabeça. Ao longe, pude escutar alguns cochichos e logo em seguida uma risada abafada da Yuri – Mas olha, agora eu preciso ir, o meu horário de descanso acabou, mas qualquer coisa você me liga huh?

- Ta certo. Bom plantão e boa noite, te levo panquecas amanhã.

- Okidoki. Boa noite e descansa babyTi.

Após encerrar a ligação, só fiz ter ainda mais a certeza de que toda fofoca se espalhava com rapidez ali e foi mais um motivo para me convencer de que a minha atitude fora plausível – ou viraria o aperitivo da vez, na boca das lobas famintas do UCLA. Levantei afim de ajeitar o resto das coisas e me vestir para dormir. Totalmente confortável em um short moletom e uma blusa larga, decidi ler um pouco ao ver que ainda eram às 21 horas e nem sinal do sono. O livro da semana era “Questões do coração”, indicado no programa da Oprah. Queria saber onde diabos a Emily Giffin estava com a cabeça, ao escrever um livro tão conflituoso, sentimentalmente falando, e devastador a ponto de brincar com os sentimentos dos leitores, fazendo-nos usar de nossa empatia e nos enxergar na vida dos personagens? Era o tipo de leitura que eu conseguiria devorar e apreciar, se não estivesse me sentindo a própria personagem do livro. Essa Valerie era tão idiota quanto eu, tantas pessoas para se apaixonar, e nos apaixonamos justamente por uma pessoa comprometida. Era inegável o quão estávamos atraídas por eles, mas mesmo assim, eles eram incapazes de nos oferecer o que realmente necessitamos. Apenas nos davam migalhas de atenção.

Quase 30 min e não conseguia manter o foco nas linhas. Elas pareciam se sobressaltarem do livro e estamparem em minha cara, brincando ardilosamente comigo. “As pessoas que você mais ama, são as mais difíceis de manter por perto. ” Se isso não era uma ironia, eu me pergunto qual o significado disso afinal, parecia ser uma verdade inegável. Com a mente em turbilhão, decidi encerrar a leitura e fechei o livro, repousando-o no criado mudo, ao lado do abajur que iluminava parcialmente o quarto. Uma tremenda perda de tempo, não conseguia me concentrar, Taeyeon roubava todos os meus pensamentos mundanos e povoava bem do jeito que queria com o seu autoritarismo, cheias de dedos na minha cara. Ela era ousada, abusada, era o tipo de pessoa que precisava ter as coisas à sua maneira ou o universo não estaria em ordem. E eu estava fadada a obedecê-la, lhe servir do jeito que desejasse, mesmo que isso custasse alguns – muitos – tapas em minha bunda.

Sinto uma leve brisa invadindo o quarto e inalei o ar profundamente, sentindo o amargo sabor do descontentamento. Se me afastar dela, implicar em resolver rapidamente a sua vida, então que fosse, com tanto que no final valesse à pena. Mas no momento em que me tomou os lábios, senti que o meu mundo virara novamente de cabeça para baixo. O beijo foi tão carregado de cuidado e de sentimentos, que eu daria tudo para decifrar as emoções por trás dele, que ela tanto temia em esconder. Ao recordar do beijo, elevei meu indicador aos lábios, acariciando-os vagarosamente, e fechei os olhos, tentando buscar o meu próprio deleite. A textura dos seus lábios voluptuosos, o doce sabor do sadismo que emanava de todos os poros do seu corpo, reacendeu pequenas chamas em meu corpo, queimando no meio das minhas pernas. Sentir tesão pela Taeyeon, já estava virando algo inevitável.

 Afastei as minhas pernas vagarosamente por de baixo da coberta e posicionei minha outra mão por cima da minha barriga, fazendo movimentos circulares com as unhas em minha pele febril, arranhando de modo que arrepiava todas as células do meu corpo. Desejava Taeyeon sobre o meu corpo, desejava seus dedos hábeis me possuindo de maneira tão possessa como só ela sabia fazer, que parecia ser o encaixe perfeito. Sinto a minha respiração pesar enquanto percorria meus dedos vagarosamente até entrar em meu short moletom e alcançar a minha buceta desnuda - extremamente molhada. “OH Gosh”. Era esse o efeito que pensar na Taeyeon me causava. Seria o prato cheio para os meus dias de solidão.

Deslizei meus dedos por toda a extensão da minha lubrificação e arfei pesadamente, ao introduzir dois de vez. Aperto os olhos por um momento e solto o ar baixinho entre os lábios, imaginando o seu rosto colado ao meu, a sua respiração quente batendo em meu ouvido e me remetendo a um estado de excitação alarmante. A sensação de preenchimento se transforma em um calor insuportável e crescente, se espalhando a partir do centro do meu corpo, tomando conta, avançando até me possuir sorrateiramente. Arqueio um pouco o quadril quando começo a ritmar as estocadas, friccionando meus dedos nas paredes vaginais e alcançando um pontinho bastante conhecido dentro de mim. Contraio meus músculos propositalmente ao redor dos mesmos, mas logo soltando-os. Fico nessa brincadeira tortuosa até entrar em um estado de entrega e esquecimento absolutamente arrebatador. Esqueci do seu rosto, da sua voz dura e ao mesmo tempo sensual, esqueci por completo daquela que povoava os meus pensamentos libidinosos e me entreguei ao limite, soltando um gemido gutural. Me desfiz em um orgasmo intenso, tirando o meu fôlego e repercutindo por todo o meu corpo, enquanto meus músculos se contraiam deliciosamente e prendiam meus dedos. Sinto-me atordoada, e a sensação de vazia tomou conta de mim no momento em que retirei os meus dedos e os levei até os meus lábios, afim de saborear o resultado da minha doce tortura, antes de me entregar ao sono apaziguador.

- Olha o que você faz comigo Kim Taeyeon?! -

Mesmo ausente em matéria, Taeyeon conseguia aplacar todo o desejo mundano do meu corpo.

 

***

O trajeto de casa para o hospital é rápido e silencioso. Não teve a voz aveludada da Adele, apenas o som das buzinas irritantes de condutores apressados. Estacionei o carro na minha vaga de costume e ao descer do mesmo, caminhando diretamente para o elevador, olhei para o outro lado da garagem e notei que a vaga da Taeyeon estava vazia. Provavelmente ainda não tinha chegado, ou eu que cheguei cedo demais. Depois de um orgasmo arrebatador, não demorei a pegar no sono como um bebê que dorme tranquilamente, após cessar a sua fome. Mas não tive fome pela manhã, acordei antes das 6 para preparar o café da Yuri e apenas me deliciei com uma xícara de café com um pouco de leite de coco, e dei duas garfadas na panqueca de banana que havia preparado para ela. Um rápido desjejum que não totalizou 100 kcal, para me manter de pé até a hora do almoço.

Parei no andar da enfermaria que a Yuri costumava ficar e segui diretamente para o vestiário, ao receber uma mensagem no celular minutos antes de sair de casa, indicando aonde ela estaria. Ao adentrar o ambiente inabitado, senti uma pontada de remorso ao vê-la deitada, totalmente torta e desconfortável em um dos bancos de metais, com a sua toalha do Mickey cobrindo o rosto - inconfundível. Me aproximei lentamente e me abaixei ao seu lado, tocando seu braço repousado em cima da sua barriga.

- BabyYu? - Sacudi levemente o seu corpo. – Yuri? - Chamei com mais veemência ao notar seu corpo inerte, mas logo escutei um gemido, seguido de um chiado entre os dentes. – Trouxe o seu café. - Retirei o pano que cobria o seu rosto e a vi piscar os olhos incansáveis vezes, até se acostumar com a claridade que se fazia no banheiro.

Me sentei ao seu lado, enquanto ela recompunha a sua postura e se sentava também. – Hmmm bom dia BabyTi. – Ela alcançou o meu rosto e beijou levemente a minha bochecha, aproveitando para pegar a vasilha da minha mão.

- Não descansou durante a noite? - Indaguei no modo em que ajeitava a sua franja toda desgrenhada na testa, colocando-a atrás da sua orelha.

- Não muito, um paciente havia acabado de sair de uma cirurgia. Colocou uma ponte de safena e teve três paradas cardíacas em menos de 1 hora, foi exaustivo. Tive que ficar observando ele, atualizando todo o seu prontuário, e nossa ... - Ela fez uma pausa instantaneamente, e balançou a cabeça em sinal de negação, como se a lembrança doesse em alguma parte do seu corpo. - Não aguento mais olhar para um relógio. – Sorri com a sua revelação, enquanto ela enfiava um pedaço generoso da panqueca na boca. – E você, conseguiu descansar?

- Sim, descansei bastante, deu para colocar a cabeça no lugar. Saímos juntas hoje não é?

- Sim, com certeza. E só pego outro plantão amanhã por volta das 5 da tarde. – Em fração de poucos minutos, Yuri havia devorado as duas panquecas e partia para o queijo fatiado.

- Tudo bem, eu volto de táxi e deixo o carro na sua mão. – Me levantei do assento e beijei levemente o topo da sua cabeça. – Vou buscar café para ajudar a descer isso aí. Onde pego?

- Seria ótimo. Na recepção mesmo, pede a Sarah que ela está por lá.

- Não demoro.

Deixei o ambiente e segui para a recepção que estava praticamente uma loucura. Bastante movimentada, com residentes, estagiários, médicos plantonistas e com familiares aflitos, sentados nas poltronas brancas disponíveis, enquanto esperavam notícias dos seus entes queridos. Alguns conversavam baixo, outros em pé ao lado da máquina de café, que mais roubava o dinheiro das pessoas do que lhes serviam, e tantos outros com as suas cabeças baixas, submersos em orações, segurando o terço próximo ao peito enquanto pediam pela salvação - provavelmente. Mas todos com um único propósito ali. Aproximei do balcão verde claro, que estava disposto no meio do grande salão e repousei meus braços ali, acenando para a Sarah que estava mexendo em alguns papéis.

- Bom dia Sarinha, Yuri pediu para pegar um café para ela.

- Oi tiff, bom dia minha linda. – Ela levantou seu rosto, me lançou um sorriso meigo e voltou a atenção para o que estava fazendo. - Calma que já vou com você aí, deixa eu só terminar de organizar essas fichas de admissões antes que eu perca a ordem.

- Tudo bem, sem pressa. – Fiquei encarando a figura graciosa à minha frente. Seus cabelos longos e pretos, estavam perfeitamente presos em um coque frouxo no alto da cabeça, com alguns fios sorrateiros pelo seu rosto. Suas bochechas levemente rosadas, contrastavam com a cor dos seus lábios em tom nude. Sarah era adorável, parecia uma boneca de porcelana.

- Tiffany Hwang não é? - Fui tirada do meu devaneio, no momento em que escutei uma voz doce pronunciar o meu nome. Olhei para o lado e encarei a figura da qual se tratava. Era a Dra Jung, e mantinha-se concentrada em um dos prontuários. - Pronto Sarah, meu bem. Fique de olho no 514 e daqui há 1 hora você afere de novo a temperatura dele e me atualiza. Se a febre não baixar, teremos que remarcar a cirurgia novamente. – Ela passou o prontuário por cima do balcão e virou-se para mim, ignorando o fato da Sarah ter lhe feito alguma pergunta. Senti uma pontada de ansiedade invadir o meu âmago e recobrei a minha postura, no instante em que ela se aproximou de mim, com um sorriso que, não teria me assustado tanto, se fosse espontâneo. – Bom dia, querida.

- Bom dia Dra Jung. – Respondi sucinta, acenando levemente com a cabeça.  

Ela ficou inerte, me observando por um segundo até que enfiou as mãos nos bolsos do seu jaleco, encostando seu braço casualmente na quina do balcão. – Acho que não começamos bem, ou melhor, não começamos nada. – Ela alargou o sorriso, mantendo todos os seus dentes escondidos. – Por isso eu queria te fazer um convite para almoçar comigo, você sabe, nos conhecermos melhor já que iremos nos ver muito mais vezes agora.

Estreitei os olhos, levemente confusa com o seu convite – Desculpe Dra, acho que não entendi direito.

Ela se aproximou um pouco mais de mim e parou à minha frente, repousando sua mão em minha trança caída ao lado do meu pescoço. – Acho que você sabe do que estou falando. – Ela levantou uma sobrancelha e deslizou levemente a sua mão pela extensão do meu penteado, sem desviar o seu olhar do meu. – Pela Taeyeon, meu bem. Por isso gostaria de te conhecer melhor.

- Achei que tivesse ido no cafezal babyTi. – Escutei a voz da Yuri se aproximando por trás de mim e ela parou ao meu lado, roubando atenção da Dra. – Esqueceu o meu café?

Fiquei parada por um instante, tentando assimilar esse pedido da Dra Jung quando Yuri pediu desculpa pela interrupção e eu aproveitei para me virar para o balcão. Olhei para Sarah que me encarava de volta, sem entender muita coisa.

- Me espera às 12 na entrada principal do hospital Tiffany. – Jessica tocou levemente o meu ombro e virou a sua atenção para Yuri. – Bom trabalho hoje Kwon, qualquer coisa que queira me perguntar, estarei na sala. Depois vá verificar o seu paciente, ele está sob os seus cuidados.

- Sim Dra, já irei verificar o paciente. Obrigado. – Yuri agradeceu enquanto a mesma se dispunha a sair dali e deixar o meu cérebro derretendo.


Notas Finais


Obrigado à todos q leram. Particularmente eu gostei mto de desenvolver este capítulo, por ter sido de maneira tão íntima nos sentimentos e tão intensa em suas ações. Me alegra escrever este personagem da Fany porque é a maneira como enxergo ela, assim como a Jessica. De um jeito estranho, ela tem se tornado um personagem "gostoso" de escrever tbm, pq para ser sincera, a Jessica não era minha bias. E partindo deste precipício, estou conhecendo melhor ela. Mas vamos ver quais as reais intenções dela, no próximo capítulo. Agradeço mais uma vez por todo o carinho de sempre e até breve.
PS:. Para quem acompanha Lost in Love, estou um pouco bloqueada, mas não devo demorar a atualizá-la.
PS:. Esta é a música do capítulo https://www.youtube.com/watch?v=9I4HGeRKn-c
Para quem gosta de indie rock, indico com veemência, eles são maravilhosos.


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