[P.O.V Tiffany]
No caminho para casa, eu e Peter tomamos o banco traseiro do táxi. Ele tinha um sorriso altivo nos lábios, enquanto seus dedos ágeis não paravam de digitar no celular. O brilho do monitor era a única fonte de iluminação no carro, o que deixava muita coisa oculta nas sombras, juntamente com o meu senso de humor. Meu dia fora estranho e solitário. Por mais que eu estivesse no hospital, cheio de gente transitando de um lado para o outro, eu me sentia como se fosse a única pessoa a habitar o mundo. Mas era um mundo sombrio e inteiramente meu. Um mundo onde parecia não restar um resquício de esperança de que um dia, eu voltaria a me sentir bem novamente. O sentimento de angústia imperou na maior parte do meu dia, era a pior sensação que eu poderia ter, me sentir sozinha no meio de uma multidão. Foi inevitável não lembrar da Taeyeon, da conversa que tivemos ontem em sua sala e do quão estúpida fui ao dispensá-la com a minha resposta. Em meio à tantas coisas dominando a minha mente nessas últimas horas, a ideia de tê-la fazendo o que sabia fazer de melhor, me dominando e roubando-me o fôlego, não me pareceu o fim do mundo agora.
Bati o olho no meu celular que estava entre as minhas pernas e subitamente, me senti dominada por uma sensação de desespero e desejo, ao lembrar dela. Eu sentia a falta da Taeyeon, ainda que não soubesse se iria durar ou se ela estivesse cogitando em voltar para a sua mulher. Começou tudo tão rápido quanto terminou, mas foi tão intenso que, os sentimentos que comecei a nutrir por ela são verdadeiros, e a ideia de que ela terminaria voltando para os braços da sua mulher novamente, me deixava ainda mais angustiada. Peguei o celular e destravei a tela, motivada pela vontade de fazê-la pensar em mim, e se dar conta de que, o que eu havia respondido para ela em sua sala, não era verdade. Eu queria sim vê-la, ansiava muito estar com ela e me sentir bem outra vez.
O desejo falou mais alto do que o medo de me machucar novamente e então digitei uma mensagem para ela. “Daria qualquer coisa para estar contigo agora. ” Ao perceber que a mensagem fora enviada, inalei profundamente o ar fresco que entrava pela pequena fresta da janela do carro e apaguei rapidamente a mensagem. Uma ansiedade invadiu o meu âmago e comecei a olhar discretamente para o celular a cada segundo, para ver se a sua resposta seria de imediato. Conhecendo a Taeyeon do jeito que conhecia, saberia que viria logo, ainda mais quando sabia que ela nutria o mesmo desejo urgente que o meu. Éramos imediatistas, Taeyeon era guiada pelo seu prazer sádico, enquanto eu mantinha o meu instinto masoquista, e acho que por isso a nossa conexão fora de imediata. Procurei deitar a cabeça no encosto do banco e fechar olhos, tentando relaxar um pouco, enquanto pensava na expressão que ela faria ao ler a minha mensagem que, estranhamente, não fora respondida até chegarmos em meu apartamento.
***
- A pizza chega em 20 minutos gata. – Peter ia adentrando a cozinha e colocando o celular em cima do balcão, enquanto eu terminava de guardar os pratos que estavam no escorredor. – Tem álcool para acompanhar? Porque se eu vou passar a noite com uma garota, preciso colocar a culpa na bebida amanhã. - Ele estava descalço, trajando apenas a minha calça moletom preta que deixava à mostra, a entradinha bastante definida do seu abdômen.
Sorri do seu comentário inoportuno. - Bem conveniente. Tem um vinho aberto na geladeira. – Terminei de guardar a última xícara no armário e aproveitei para pegar duas taças. – A Taeyeon falou com você sobre o estudo de caso? - Puxei uma cadeira e me sentei, enquanto ele voltava com a garrafa pela metade.
- Falou, inclusive comentei com você quando voltei para a sala. – Ele preenchia ambas as taças calmamente. – Não escutou? Aliás, você não escutou muito coisa que eu te disse hoje, e muito menos vi você almoçando.
- Eu levei um sanduíche de casa. – Menti. Puxei uma das taças e sorvi um grande gole da bebida. – Fui visitar meu paciente também, aproveitei que ele já havia acordado da anestesia e adiantei algumas coisas do meu estudo. Só isso.
- Hmm. – Ele sorveu um gole da sua, me encarando. - Por que Yuri pediu que eu dormisse com você hoje?
- A Yuri pediu isso? - Franzi o cenho e repousei a taça no balcão, o olhando com uma expressão confusa. O receio da Yuri ter dito qualquer coisa à ele, em relação ao meu pesadelo, me deixou um pouco nervosa.
- Sim, ou você acha que eu iria me oferecer para dormir com uma mulher? - Ele virou de vez a bebida e começou a preencher novamente.
- Argh, você é tão inconveniente às vezes e tão gay. – Puxei o meu celular que estava no canto do balcão, tomada pela ansiedade de uma resposta da Taeyeon, porém não havia uma. Respirei fundo, balançando a cabeça negativamente. – Mas não, não tem nada, só não queria ficar sozinha hoje.
Já havia se passado quase 2 horas desde que cheguei em casa. Passei uma vassoura por todo o apartamento, arrumei a cozinha e depois tomei banho, mas nenhum sinal da Taeyeon. Por mais que ela ministrasse aula pela noite, eu sei que ela faria questão de me responder e até me convidar para dormir com ela. Mas a ausência da sua resposta fez com que eu me sentisse culpada. Acho que fui bastante decidida em minha resposta no dia anterior, e agora o medo imperava, pensando se ela nunca mais fosse me procurar.
- Então ... – Peter tirou-me de um devaneio impetuoso. – Você vai?
Franzi o cenho confusa com a sua pergunta. – O que? Vou para onde?
- Para a inauguração do novo prédio do hospital, vai ser só para pediatria e é no próximo final de semana. Não estava sabendo da festa? Foi o assunto pelos corredores hoje.
- Eu já te disse que estava ocupada com o ... – A campainha tocou, interrompendo a minha fala. – ... Paciente. Deve ser a pizza, vou atender.
Peguei a minha taça de vinho e saí sorvendo alguns goles, até chegar a porta da sala. Assim que segurei na maçaneta, me dei conta de que trajava apenas o meu short curto de dormir, e um top de malhar. Meus cabelos estavam presos em uma única trança de lado, e eu já estava pronta para deitar. Abri a porta sorrateiramente, mostrando apenas um lado do meu corpo enquanto colocava a cabeça para fora, quando me deparei com a imagem mais fodida da minha vida. Taeyeon estava parada com a mão apoiada no vão da porta, usando uma calça legging preta e um top cinza de malhar, deixando seu abdômen levemente definido à mostra. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo frouxo com alguns fios sorrateiros pelo seu rosto, denotando que havia acabado de sair do seu treino habitual.
- Taeyeon? - Minha voz soou mais alta do que eu desejei. Mais surpresa do que eu estava, era impossível.
- Eu vim te buscar menina. – Um sorriso expressivo surgiu em seus lábios. – Você me mandou uma mensagem.
Fiquei parada por um tempo, deixando que o meu cérebro processasse a visão dela parada na minha porta e então afastei a mesma, revelando o resto do meu corpo. – Você podia ter me respondido antes. – Murmurei baixo.
Seu olhar caiu por toda a extensão do meu corpo e então ela deu um passo à frente, ficando mais perto de mim. – Sou uma mulher que faz acontecer meu anjo. – Senti um calafrio em meu ventre ao escutá-la falar naquele tom de voz. Havia uma promessa generosa e luxuriosa nela. – Está bebendo sozinha? - Ela franziu o cenho ao notar a taça parcialmente cheia de vinho, em minha outra mão.
- Não, eu ....
- Gata, esqueceu de pegar o dinheiro da ... – Escutei a voz alta e alegre do Peter atrás de mim e o mesmo parou ao meu lado. – Chefinha? - Desviei o olhar da Taeyeon e olhei para baixo, sentindo minhas bochechas queimarem. – Que surpresa boa é essa? E olha, maravilhosa como sempre.
- Surpresa é ver você por aqui Sr Parker e ... tão à vontade. – O tom luxurioso em sua voz, deu espaço à um tom irônico e duro. Ambos se cumprimentaram e Taeyeon deu um passo para trás novamente. – Alguma ocasião especial?
- Decidi que hoje seria o dia de sorte da Fany. - Levantei o rosto e o encarei de lado com uma expressão incrédula, enquanto ele retribuía o olhar com um sorriso enorme nos lábios.
- Fany? - Taeyeon levantou a sobrancelha para mim, como se estivesse perdido alguma coisa. – Então, posso roubar a Fany por um tempo?
- Claro chefinha, ela é toda sua. Pensei que fosse a pizza, mas olha, você é tão gostosa quanto ela. – Ele acenou com a mão como se não se importasse e se retirou dali, deixando-me enfurecida com um súbito acesso de tosse.
- Desculpe, você podia ter avisado que estava vindo. – Dei espaço para que ela entrasse e fechei a porta.
- Então porque eu não mandei a mensagem, você liga e convida ele? Que porra é essa?
- Hãn, o que? Não, não foi assim Taeyeon. Eu já estava vindo com ele e ... – Caminhei para a cozinha e senti sua presença me seguindo. Dei a volta no balcão e peguei a garrafa para preencher mais um pouco do vinho. – ... foi quando decidi te mandar a mensagem.
- E por que você estava vindo com ele? E por que ele está seminu em seu apartamento? - Ela perguntou em um tom de irritação.
- Ele veio dormir comigo. – Murmurei baixo encarando o líquido arroxeado na taça e sorvi um gole de vez, sentindo uma leve queimação em meu estômago por estar vazio.
- E eu vim te buscar para dormir comigo. Vamos? - Levantei o olhar para encará-la e ela me devolvia um olhar sério e impassível, com as mãos apertando o encosto do banco.
- Eu não posso. – Balancei a cabeça negativamente e mordisquei o lábio inferior. – Não posso mandar ele para casa uma hora dessa. - O receio começou a corroer o meu corpo, só de pensar na ideia de dispensá-la novamente e ela desistir de mim, de uma vez por todas.
Ela suspirou pesadamente e prendeu uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Vamos apenas dar uma volta então, depois te trago. - A campainha tocou e então desviei o meu olhar para a porta da cozinha quando Peter passou quase correndo para atender a mesma, e voltei a olhar novamente para Taeyeon. – Não vamos demorar. – Decretou. Taeyeon era demasiadamente insistente, mas o friozinho gostoso que percorreu abaixo do meu ventre, não deixou negar de que havia gostado dessa atitude dela.
- Tudo bem. – Assenti brevemente com a cabeça e coloquei a minha taça na pia, quando Peter vinha adentrando a cozinha, com uma enorme caixa redonda de papelão.
Assim que Peter se sentou abrindo a caixa e oferecendo uma generosa fatia para Taeyeon que recusou educadamente, senti um leve embrulho no estômago ao inalar o cheiro enjoativo de queijo derretido, e avisei para ele que iria sair rapidamente, mas que logo voltava. Não demorei a chegar em meu quarto e a abri o guarda-roupa, observando uma vasta fileira de roupas em tons mesclados. Não sabia para onde iríamos, mas a julgar pela roupa de malhar da Taeyeon, provavelmente nem sairíamos do seu carro. Optei por pegar um vestido marrom de alcinha, levemente decotado e soltinho no resto do corpo, enquanto meus cabelos foram soltos e escovados novamente. Calcei uma sandália baixa simples e fiz uma maquiagem de leve, finalizando com borrifar do meu perfume em algumas partes estratégicas do meu corpo. Fitei todo o meu corpo pelo enorme espelho que ficava dentro do guarda-roupa, sorrindo para a imagem que me deixou demasiadamente satisfeita, e voltei para encontrar Taeyeon.
***
Assim que adentramos a sua Ferrari que estava estacionada na porta do meu edifício, fomos embaladas pela cidade que parecia pulsar ao nosso redor, como um órgão que funcionava para manter as nossas funções vitais – pessoas iam e vinham pelas calçadas, carros trafegavam tranquilamente pelas ruas iluminadas de LA, enquanto os ambulantes recolhiam os seus pertences. Eu adorava a noite na cidade, aqui em conseguia me sentir mais viva e energizada do que quando eu morava no Brooklyn. Assim que Taeyeon parou no semáforo, ela voltou a sua atenção para mim e roubou a minha mão, entrelaçando-a na sua e beijando-a carinhosamente.
- Fiquei feliz com a sua mensagem. – Ela sorriu amistosa.
- Eu fiquei feliz que você tenha vindo me ver. – Devolvi o sorriso e pude sentir meu coração se aquecendo com aquele toque carinhoso.
- Já acabou com esse papo de só me querer depois que eu estiver com o papel do divórcio assinado?
- Mas é claro que não. – Semicerrei os olhos. – Eu vou querer uma cópia desse divórcio para mim, com ambas as assinaturas, frente e verso se possível. – Empinei o nariz e a vi se desmanchar em uma gargalhada gostosa.
- Por mim eu te daria a minha parte agora assinada e autenticada no cartório, mas a demora é dela. – O sinal ficou verde novamente e ela deu a partida, dirigindo apenas com uma mão, enquanto a outra permanecia repousada em sua coxa com os nossos dedos entrelaçados. – Aonde você quer ir menina?
Não fazia ideia do que queria, o cheiro da pizza havia me deixado enjoada e constatei que qualquer coisa na temperatura quente, iria revirar o meu estômago. – Vira na próxima à direita que tem uma lanchonete que serve wraps naturais e uma seleção de shakes de frutas. Não estou com fome, mas eu tomo um shake.
A lanchonete não estava tão cheia. Mesas e cadeiras de ferro, tomavam uma grande extensão da calçada, preenchida por algumas pessoas poucas pessoas, o que foi muito agradável para nós podermos conversar sem precisar aumentar o tom de voz. Sentamos em uma pequena mesa mais afastada dos outros. Taeyeon segurava a sua bandeja com dois wraps integrais de queijo feta com salada, enquanto optei por um shake médio de iogurte natural com manga, pêssego e amêndoas.
- Lugar agradável, vem sempre aqui? - Ela tomou a cadeira de frente para mim e nos sentamos.
- Não, é a primeira vez que venho, mas sempre que passava por aqui eu ficava com vontade. – Sorri abertamente e cruzei as pernas, tomando um gole do meu gelado.
- A intenção era te levar para minha casa e ter você a noite inteira para mim. – Ela desenrolava o papel calmamente. – E não gostei de você longe de mim. Você se dispôs a ser minha, lembra? - Mesmo nesse tom de voz, totalmente calmo, as suas palavras conseguiram me deixar excitada.
- E o que estamos fazendo aqui então? - Murmurei prendendo a ponta do canudo entre os dentes e encarei ela descaradamente enquanto dava a sua primeira mordida no wrap.
Ela me retribuía o olhar penetrante, enquanto seus lábios se mexiam e curvavam deliciosamente, até deglutir todo o alimento. - Estou tentando estabelecer algum tipo de relacionamento com você que não seja apenas sexo. Você não assinou um termo, o que te deu liberdade para parar quando quisesse. – Ela pegou o guardanapo e limpou o canto da sua boca. - E foi o que você fez, e sinceramente, não achei que fosse fazer isso. Por isso estou aqui, porque quero estabelecer uma relação com isso, não sei de que, mas acho que precisamos nos definir melhor e chegar a um meio termo, não é isso o que você quer?
- Mas você disse que veio me levar para a sua casa para me ter a noite inteira. – Levantei a sobrancelha e suguei a ponta do canudo. – Depois que me comesse a noite inteira, iria me levar café na cama para tentar chegar a um meio termo? - Falei em um tom zombeteiro.
Ela sorriu lasciva, chupando a ponto do seu dedão e limpando no guardanapo em seguida. - Eu sei que você pensa que é somente sexo, mas não é, pelo menos não mais agora. Você corresponde todas as minhas expectativas e me surpreende cada vez que se dispõe para mim. – Ela apoiou os cotovelos na mesa e inclinou o corpo em minha direção, murmurando em um tom audível apenas para mim. - Eu estou intrigada com você menina, e não vou perder isso. – Decretou no final, recostando seu corpo novamente na cadeira e pegando seu wrap. – Não sei o que é isso, mas envolve sentimento e eu quero buscar.
Assenti levemente com a cabeça e suspirei. – Sim Taeyeon, envolve sentimento, mas eu não sei o que esperar e muito menos o que vai sair de bom para mim nisso tudo.
- Como assim? - Lá se foi o seu primeiro wrap.
Queria ser capaz de me destravar e de falar claramente tudo o que eu sentia por ela. Confessar que eu estava demasiadamente apaixonada e que esses dias longe me deixou com saudades, ansiando para estar com ela novamente. Que pensava nela o tempo todo, que eu enlouquecia com os seus toques e que tudo o que me dispus a fazer para ela, foi um exercício em tanto de reflexão, a julgar pelo o que passei, porque jamais confiaria em deixar que outra pessoa me tivesse novamente e desse jeito tão mandão e controlador.
- Porque Taeyeon eu realmente não sei o que você tem com a sua mulher, muito menos que demora é essa que ela tem em protelar para assinar o divórcio. Não sei se vocês têm uma chance de voltarem a ficarem juntas, eu realmente não sei de nada, e o fato de não saber, me deixa muito insegura.
- Então o problema todo é a Jessica? - Ela indagou, assim que terminou de deglutir um pedaço do seu outro wrap e respirou profundamente. – Olha, estamos juntas há 10 anos, não há 10 meses e muito menos há 10 dias. Tivemos uma vida juntas e mesmo com todas as dificuldades, compartilhamos ótimos momentos. Sei que é difícil você compreender isso, mas ... – Ela se levantou da cadeira e a trouxe para se sentar ao meu lado. Pegou a minha mão e entrelaçou os nossos dedos novamente. - ... o que importa agora é que não temos absolutamente mais nada. Se ela foi uma parte importante na minha vida? Foi, e não vou negar, mas agora tudo é diferente, pessoas mudam, sentimentos mudam.
- E o que você sente por mim? - Indaguei quase perdendo o fôlego com a nossa aproximação, sentindo umas leves palpitações.
- Sei que eu não quero ficar mais longe de você, só tenha paciência comigo, com a minha situação. E o que você precisa saber, novamente ... – Ela levantou a sobrancelha e apertou o meu queixo, como se quisesse me fazer entender de uma vez por todas. - ... que estamos há quase 2 anos separadas de tudo. E acho que isso já diz muita coisa menina.
Eu sabia que não queria banalizar o que estava sentindo pela Taeyeon, só por causa do meu medo irracional de perde-la. Mas eu sabia também que esse medo não era tão irracional, quando envolvia uma ex prestes a fazer o que fosse para tê-la de volta e consertar o que estava quebrado. Lembrei do nosso almoço e do que ela me contou sobre a noite em que apanhou da Taeyeon, por pedido dela. Pensei em contar para a Taeyeon, e se eu fizesse isso, sabia que ela poderia brigar com a Jessica. Eu poderia muito bem brincar pesado e colocar um fim nessa situação de vez e fazer a Jessica entender que a Taeyeon não sente mais nada por ela, mas prejudicar outra pessoa para que eu me sentisse melhor e mais segura, era algo que jamais me apeteceria e muito menos faria com que eu me sentisse melhor.
- Tudo bem, eu acredito em você. – Sorri gentil, mas logo desviei meu olhar para os nossos dedos entrelaçados.
- Tudo bem mesmo? - Ela segurou o meu queixo e levantou meu rosto novamente. – Você me pareceu alheia o dia todo hoje. Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada, eu só estava concentrada no meu estudo. – Menti. Suguei o último gole do meu shake. – Já deve ter saído o resultado dos exames dele e amanhã saberei o que estava causando essas tonturas e dores de cabeça. – Coloquei o copo vazio em cima da mesa.
- Ótimo, me mantenha informada sobre a sua conduta nutricional. – Falava enquanto levantava da mesa. – Eu vou pagar a conta e vou te deixar em casa, ainda tenho que terminar de montar uma aula.
Quando enfim voltamos para o meu apartamento, passando um pouco 10 horas, eu podia sentir que as coisas estavam começando a melhorar. Nessa vida e muito menos em outra, achei que fosse presenciar uma Taeyeon mais aberta, mais disposta a me manter ao seu lado e com receio de me perder. Ela podia ser controladora, mandona e um tanto avessa às coisas comuns no sexo, podia usá-lo como arma e como algo que estivesse em primeiro lugar na lista de suas obsessões preferidas, mas não podia negar que ela ocupava todo o meu pensamento e me mantinha bem, segura de qualquer pensamento negativo que ousasse tirar-me o sono.
- Ele não vai dormir na sua cama, não é? Cadê a sua amiga? - Indagou friamente, assim que estacionou o carro na porta do meu prédio.
Não pude deixar de sorrir com a sua preocupação, enquanto retirava o cinto que prendia o meu corpo. – Acho que o Peter é a última coisa com a qual você deveria se preocupar, e a Yuri está dando plantão. – Assim que consegui me livrar do cinto, me aproximei do seu corpo, inalando o seu perfume que deixava todos os pelos do meu corpo eriçados, e toquei seus lábios voluptuosos.
Nossas bocas se chocaram em um beijo desesperado, carregado de saudades e desejos mútuos. Sua língua ia fundo dentro da minha boca, e em um movimento rápido, ela retirou o cinto do seu corpo e me segurou firme pela cintura, me puxando para si. Tomada por uma excitação excruciante, fui para cima do seu colo enquanto ela afastava o banco um pouco para trás. O beijo não foi interrompido, nossas línguas brincavam e se chocavam vorazmente, tomadas por uma ânsia que nos dominava. Suas mãos encontraram as minhas coxas e ela foi apertando a minha carne com força, na medida em que levantava o meu vestido. Suas unhas rentes aos dedos, arranharam minha pele até alcançar a minha bunda. Ela apertou com força e começou a me esfregar contra a sua barriga. Eu estava ficando cada vez mais molhada e louca para ter seus dedos me preenchendo, em um desejo frenético.
- Você tinha que vim de vestido, não tinha? - Ela rosnou, e mordeu meu lábio inferior com força.
Soltei um gemidinho manhoso em resposta da sua perversidade e inclinei a cabeça para trás, segurando firme em seus ombros enquanto seus lábios e sua língua encontraram o caminho do meu pescoço. Fechei os olhos e me concentrava nas maravilhosas lembranças que despertaram em mim, quando seus lábios desceram para o meu decote generoso. Eu estava tão envolvida pela feracidade do seu desejo que mal me dei conta de que estávamos na frente do meu prédio.
- Senhora? - O porteiro da noite, deu duas batidas de leve no vidro do carro. - Não pode ficar estacionada aí.
Fiquei tensa, sentindo meu coração bater forte em resposta ao medo de ter sigo pega. Mas por sorte o vidro do carro era fumê, só quem estava dentro via quem estava fora. Taeyeon apertou com força a minha bunda e subiu os lábios novamente para de encontro aos meus, me tomando novamente em um beijo lascivo que de imediato correspondi, mas não perdurou por muito tempo.
- Eu preciso ir – Selei seus lábios e sorri ao me afastar do seu rosto.
- Você rouba o meu sossego. – Ela respirou profundamente e encostou a cabeça no encosto, enquanto fui saindo do seu colo.
- Eu sei, mas você tem coisas para fazer e eu também. – Me sentei no banco novamente, ajeitando o vestido e logo segurei na maçaneta para abrir a porta do carro.
- A espera vai valer à pena. Amanhã te pego a noite para jantarmos. Boa noite minha menina.
Sorri ao escutar sua voz branda me chamando de sua menina. – Boa noite Tae.
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