[P.O.V Yuri]
O refeitório do hospital parecia mais um acampamento de guerra do que qualquer outra coisa. Funcionários e familiares de entes queridos, circulavam por ali sem muita emoção. O sentimento de cansaço e de tristeza imperava, estampando praticamente em todos os rostos que ali habitavam. Não era para menos afinal, era quase 2 da madrugada e para mim se iniciava mais um plantão de 48 horas. Eu e a doutora Jung enfrentamos uma pequena fila na máquina de café e sentamos em uma das mesas, que ficava na área externa do hospital. A noite estava fresca, estrelada e silenciosa aqui fora, dando uma estranha sensação de que os astros estivessem conspirando a favor, para que mais um dia se levantasse com toda grandiosidade e desse esperança aos familiares que esperavam por boas notícias.
- É o seu primeiro plantão? - Jessica quebrou o silêncio entre a gente, enquanto puxava uma cadeira à minha frente, e sentava-se cruzando as pernas.
- Não, já é o segundo de 48 horas. – Me ajeitei na cadeira e sorvi um gole do café recém passado. – Quantas horas é o seu?
- Era para ser 48 horas também, mas ultimamente tenho ultrapassado. Acho que essas horas extras que já fiz por aqui, já devem dar uns bons dias de férias. – Ela confessou com um leve sorriso nos lábios.
- Você deve gostar muito do que faz doutora, sempre soube que queria ser cirurgiã?
- Não, eu queria ser atriz. – Ergui a sobrancelha e a vi abrir mais ainda o sorriso, antes de sorver um gole do seu café.
- E o que te fez mudar de ideia?
- O meu pai. – Ela sorveu um gole do café e repousou o copo sobre a mesa. – Ele é um cirurgião renomado em Boston, no Massachusetts General Hospital.
- Ah nossa, deve ser tudo ter um exemplo na família. E foi por isso você quis seguir os passos dele?
- Por querer não, mas foi propositalmente. – Ela ajeitou seu corpo esguio na cadeira e repousou os cotovelos sobre a mesa, me encarando. - Bom, eu comecei a fazer aulas de interpretação, enquanto o meu irmão mais velho entrou na faculdade de advocacia, e enfim, meu pai começou a fazer comparações sobre ele ter um futuro brilhante e eu não. E aquilo começou a mexer comigo sabe? Meu pai sempre foi muito rígido e severo, mas nunca intervia em nossas decisões. Então quando começou a ter as feiras das universidades no último ano da escola, eu visitei os stands das melhores faculdades de medicina, aproveitando que eu tinha ótimas notas para isso e sempre fazia trabalhos extras-classe, e acabei me inscrevendo para as entrevistas. Passei logo de cara em Harvard – Ela riu, parecendo ter se lembrado de alguma coisa. – Quando a carta de convocação chegou, foi o meu pai quem recebeu. A expressão que ele fez de ceticismo, foi impagável.
- Wooah, mas você é competitiva hein? - Sorvi outro gole do meu café e apoiei os pés na cadeira, ficando um pouco agitada com as coisas que ela me falava.
- Você não faz ideia, e acabou que deu certo no final das contas. Não me vejo fazendo outra coisa.
- Mas por que a área de cardiologia? Foi só para mostrar mesmo ao seu pai que você seria tão boa quanto ele?
- Exclusivamente por causa disso. – Ela confessou calmamente, enquanto bebericava mais um gole do seu café.
Eu sorri sentindo-me um pouco idiota por ficar momentaneamente impressionada pela forma com a qual ela evidenciava a sua história, sobre ter se tornado uma ótima cirurgiã. – Imagino que o seu pai agora esteja orgulhoso de você, não é?
Sua expressão foi fechando parcialmente e ela voltou a repousar o seu corpo, no encosto da cadeira. – Não necessariamente, ele nunca aprovou o meu estilo de vida. – Ela ergueu o olhar para mim. – Você sabe, eu ter me casado com outra mulher.
- Ah é verdade, com a Doutora Kim. – Terminei de sorver o meu café em uma última golada, enquanto me lembrava das coisas que a Tiffany me falou sobre a sua chefa. – Mas estão se separando não é?
- Definitivamente, sim. Eu ... – Respondeu sucinta, enquanto retirava o seu bipe do bolso que começou a apitar. – É o 511, precisamos ir.
No momento em que ela falou, nos levantamos rapidamente da mesa e seguimos para o andar indicado. O paciente que praticamente havia saído da cirurgia, sofreu uma parada cardíaca novamente. Uma das enfermeiras de plantão, já estava fazendo a massagem cardíaca, quando eu e a doutora chegamos. Ela começou a falar sobre o episódio e deu espaço para que a doutora tomasse a frente nas massagens, enquanto foi puxar o carrinho do desfibrilador. Fiquei monitorando o paciente e observando fascinada, enquanto Jessica fazia as massagens no peito do paciente. Apesar da sua magreza visível, a doutora impunha toda a força que conseguia. Ela não era tão pequena, mas a sua estrutura óssea não denotava que ela teria tanta força assim, para fazer incansáveis compressões no peito no paciente. Todo o monitor do paciente continuava a cursar em linha reta, quando ela desistiu da massagem e retirou as pás externas do desfibrilador, esfregando uma na outra e posicionando-as no peito do paciente. Só depois do terceiro choque, seguido de outra massagem cardíaca, foi que o seu pulso voltou a bater novamente e todo o seu monitor cardíaco se estabilizou.
- Provavelmente será uma noite longa. – Confessou Jessica, enquanto a outra enfermeira retirava o carrinho do desfibrilador do quarto e eu ajeitava o monitor cardíaco do paciente. - Monitore o paciente de perto nas próximas horas. Caso ocorra outra parada, vou ter de abri-lo novamente.
- O que aconteceu doutora? - A mulher do paciente adentrava apressada no quarto, e parava ao lado da cama, tomando a mão do seu marido.
- Sim doutora. – Assenti rapidamente e saí do quarto, deixando que Jessica cuidasse de uma esposa nervosa.
Caminhei diretamente para a recepção, e por sorte, encontrei a Sara por ali ajeitando algumas coisas – Sarinha me passa o prontuário do 511 por favor.
- Sim enfermeira Kwon. – Falou com um certo desdém e riu brevemente, enquanto me passava o prontuário. – Está virando íntima da doutora de gelo agora?
- O que? - Peguei a caneta, distraída ao seu comentário, e comecei a preencher a atualização do paciente.
- Você ué, virando amiga da doutora de gelo, não foram tomar café juntas? - Indagou, fazendo uma careta.
- Ah, só foi um café, e além do mais ela nem é tudo isso o que vocês falam de mal. – Respondi alheia, procurando me manter concentrada em meu afazer.
- Ah Yuri fala sério, a mulher mal cumprimenta a gente. Anda com nariz empinado e parece que tem um rei na barriga, como se fosse a gostosa e todo mundo soubesse disso.
Sorri para o seu comentário engraçado e dei de ombros - Ela só me parece meio sozinha, sei lá. – Fechei o prontuário. – Nunca vejo ela com ninguém assim, só a vejo quando aparece em alguma emergência, está sempre ocupada com as coisas. – Devolvi o prontuário novamente, para Sara guardar no lugar. – Não vou destratar uma pessoa, ainda mais sendo quem ela é.
- Isso é porque ela fica na sala dela trancada, não conversa com ninguém. Não é à toa que a maravilhosa da doutora Kim está se separando.
Revirei os olhos para o seu comentário inapropriado. – Você acha mesmo que deve ser por isso? Pelo o que eu sei, essa doutora Kim não é muita coisa boa também.
Em um rompante, vi Sara puxar a cadeira de rodinha bruscamente para perto de mim. – O que você sabe sobre ela? - Indagou baixinho, com um sorriso altivo nos lábios e uma expressão travessa.
- Ai Sara, não era você que era hétero? - Indaguei em um falso tom de descrença. - Eu tinha esperança de você seria a única hétero do grupo.
- Ah, é sempre bom ter opções, penso eu. Além do mais, ela tem alguma coisa diferente ...
- Yuri, atualiza o prontuário e me mantenha informada – Jessica nos interrompeu, fazendo Sara voltar com a cadeira para o seu lugar novamente, enquanto lançava uma olhada de lado para ela. – Qualquer coisa, estarei em minha sala.
- Sim doutora, eu já atualizei o prontuário e ficaria monitorando ele a cada 1 hora.
- Ótimo. – Senti sua mão tocar levemente meu ombro e sorri para a mesma, que se retirava. – Até já.
- Já está lhe chamando pelo primeiro nome? Mas quanta intimidade.
- Ah, não fode. Você está pior do que o Peter e o Charlie, quando estão juntos. - Tratei de me retirar logo dali, antes que mais comentários inapropriados pudessem surgir.
O restante da madrugada e por toda manhã, as coisas transcorreram bem. Monitorei o paciente a cada 1 hora e o seu quadro permaneceu estável. Tratei de atualizá-lo para a doutora, sempre que podia, até mesmo quando ela estava dentro de uma SO. Por vezes, tirei alguns cochilos na própria poltrona do quarto do paciente, enquanto sua mulher estava fora, e foi o máximo que conseguia fazer. Não havia dormido bem na noite passada por conta do pesadelo da Tiffany, e só agora quando consegui relaxar um pouco, foi que senti todo o cansaço que havia se acumulado, nessas últimas horas.
Despertei em um susto, ao escutar o paciente balbuciar algumas palavras. Ele já estava acordado e a sua mulher estava sentada ao seu lado, contando o que havia acontecido. Tratei de levantar imediatamente e fui checar o seu monitor cardíaco e a sua medicação, quando notei um café e um sanduíche enrolado em um papel filme.
- Desculpa senhora Rivers, mas a senhora não pode comer aqui dentro.
- Oh enfermeira, não é meu. Foi a doutora quem trouxe e deixou aí para você. – Franzi o cenho um pouco confusa e me aproximei da mesinha ao lado da cama do paciente.
- A doutora Jessica Jung?
- Sim, a que está cuidando do meu Michael. – Ela acariciou ligeiramente a mão do seu marido, enquanto sorria para o mesmo.
- Ah sim. – Sorri ao pegar o café e o sanduíche. – Então, nesse caso, eu volto logo. Mas qualquer coisa pode chamar na recepção.
Ao sair do quarto, chequei no relógio e já era quase a hora do almoço. Informei a outra recepcionista que iria almoçar e então segui para o refeitório que estava sempre cheio. Como já estava com um sanduíche na mão, me limitei a pegar uma porção de salada e me encontrei com a galera, em uma das mesas. A conversa se desdobrava animada, principalmente entre a Tiffany e o Peter, que riam como amigos de longas datas.
- Ohhh se não é a enfermeira preferida da Doutora Jung. – Sara falou com uma leve agitação em sua voz, chamando atenção dos outros. – Senta aqui.
- Caramba, mas que saco Sara. – Olhei rapidamente para ela que fez cara de cética, e sentei na cadeira vaga ao seu lado. – Se eu não te conhecesse, diria que está com ciúmes.
- Hmm ganhou até lanchinho. – Sara pegou o sanduíche, ignorando propositalmente o meu comentário, mas o tomei rapidamente de sua mão.
– Sanduíche de vento com nada dentro. Ou será com pedras de gelo? - Charlie tomou a frente, fazendo a piada mais estúpida.
Revirei os olhos e tratei de desembalar o papel do sanduíche. Dei a primeira mordida ao perceber o silêncio que imperou na mesa. Todos estavam com um sorriso nos lábios, me encarando. – O que foi vocês agora? - Indaguei com a boca cheia, esquecendo todas as boas maneiras.
- Nada babyYu – Tiffany tratou de responder, enquanto pegava o meu café e sorvia um gole. – Mas conta, como foi essa aproximação repentina? - Ela tinha um sorriso cínico nos lábios. – Soube que até tomaram café juntinhas. - O brilho em seu olhar, parecia insinuar que eu resolvi me aproximar da Jessica, por conta da nossa conversa da noite anterior.
- Por acaso você e o Peter transaram a noite inteira, para estar nessa felicidade toda? - Peguei o meu café de volta da sua mão, enquanto degustava de outro pedaço do sanduíche de frango, com queijo, cenoura ralada e tomate seco.
- Não, mas a chefinha bateu na porta de seu apartamento ontem, recrutando uma pessoa, óh. – Peter se intrometeu, enquanto dava algumas cotoveladas no braço da Tiffany.
- Porra, a doutora Kim foi em seu apartamento? – Sara indagou, visivelmente perplexa e um tanto confusa. – Vocês estão tudo se pegando e eu nada.
- Você pega amizade logo com um bando de gays. A ala dos héteros, limita-se a pediatria e a ginecologia, querida – Charlie deu de ombros e enfiou a mão no saco de babatinhas dela. - A ideia é fazer amizade com o máximo que você puder e manter os mais interessantes, sempre por perto.
- Então eu vou pensar seriamente em abrir a minha mente para a bissexualidade.
O silêncio imperou na mesa e Tiffany abaixou a cabeça, enquanto eu ria internamente. Não demorei a comer todo o meu sanduíche com a salada, feliz pela conversa ter tomado outro rumo. Charlie e Sara foram os primeiros a se levantarem da mesa, para despejarem as suas bandejas na fila. Assim que Peter fez menção de levantar, Tiffany o puxou pelo braço novamente e o fez sentar.
- Valeu hein Peter. – Ela falou baixo, mas seu tom de voz sério, foi imperativo.
- Tu querias o que? Baitola não se controla, tudo fofoca, não são confiáveis. – Joguei a última folha de alface na direção dele e ajeitei os restos das sobras em cima da bandeja.
- Mas eu não quero que fale sobre isso abertamente com os outros, sabe como as fofocas rolam por aqui, ainda mais ela sendo a minha chefa.
- Desculpe, mas não achei que haveria problemas, já que Sara e Charlie andam conosco e uma hora ou outra, esse assunto iria aparecer, não é? – Peter deu de ombros e se levantou, tomando o rumo da fila.
- Mas isso pode prejudicar a Taeyeon, imagina? - Ela me confessou com a voz baixa, me olhando apreensiva.
- Tudo bem babyTi, ninguém vai falar nada. – Acariciei de leve sua mão por cima da mesa, e sorri tentando passar confiança. – E não esquece de me passar o seu celular para eu checar o e-mail.
- Ah, é verdade. – Ela foi se levantando da cadeira e retirando o celular do bolso de trás da sua calça. – Se não for nada que não valha à pena, você apaga e nem me diz nada o que foi, ok?
- Okidoki. – Peguei o celular e enfiei no bolso do meu blusão e levantei, seguindo logo atrás dela.
A tarde foi caindo e fiz a visita nos quartos, de todos os pacientes que me foram designados. Minha rotina já era robotizada, exceto quando tinha alguma emergência de última hora. Enquanto ia caminhando pela ala de triagem, resolvi checar o e-mail no celular da Tiffany. Ao adentrar a pequena sala de esterilização, fechei a porta da mesma, afim de não ser interrompida. O e-mail não fora grande, mas devastador no final das contas. Bastou ler uma pequena frase para que meu coração disparasse e soltasse pela boca. Ler que a sua mãe estava doente com câncer de pâncreas, me deixou ligeiramente perturbada e com a garganta seca. Não pela sua mãe em si, já que a mesma nunca se preocupou com a Tiffany, mas pelo fato de ela solicitar a sua presença. Olhei fixamente para aquelas palavras, tentando imaginar uma forma de lhe dar a notícia, e mais ainda, de tentar convencer a ela ir, só quando nossos pais voltassem de viagem, em duas semanas. Mas mesmo assim, minha cabeça girava em parafusos à medida que pensava nas possibilidades mais inquietantes, nas piores das hipóteses. Não a queria sozinha perto do seu irmão que, com certeza estaria por lá também.
Respirei profundamente e comecei a arrumar uma bandeja com uns instrumentos estéreis e o pensamentos em turbilhão. A vida era assim mesmo? As pessoas só pensam em se redimir quando a morte se aproxima? Ninguém pensa que, enquanto vida, nós podemos tentar resolver as coisas? Ou pelo menos dizer que tentamos? Queria poder deletar esta mensagem e fingir que nada aconteceu, mas não podia tirar o direito dela de visitar a sua mãe em seu leito de morte, por mais que a mesma nunca havia prestado para ela. Uma vez confirmado câncer no pâncreas, é difícil dar uma esperança, pois é uma doença de difícil diagnóstico e extremamente agressiva. E quando detectada, já está em fase avançada, não havendo esperança de cura.
Após ajeitar tudo o que eu precisava, segui para a emergência que estava visivelmente cheia, afim de fazer as suturas em pacientes que precisavam de pontos. A concentração no meu trabalho, me libertava parcialmente desses devaneios momentâneos e fazia com que eu me sentisse útil para as outras pessoas, afinal, já que eu não me sentia útil para aconselhar a minha irmã de vida. Fiquei “presa” por pouco mais de uma hora na sala e quando enfim me libertei, após dar alta à alguns pacientes, voltei para trocar as medicações de outros e fazer todas as aferições possíveis, para atualização dos prontuários. O trabalho nunca parava. Eu nunca descansava. Mas a sorte é que era a minha vida agora, e por isso me sinto demasiadamente agraciada.
Parei na frente do elevador e acionei o botão. Assim que as portas se abriram, me deparei coma Doutora Jung encostada no fundo do elevador, com a sua típica toca cirúrgica e com o rosto enfiado em seu Iphone. Sorri para a mesma que me devolveu o cumprimento rápido e apertei o botão do meu destino.
- Estava em cirurgia? - Indaguei no passo em que caminhava para o final do elevador e me encostava ao seu lado.
- Indo agora. Vou fazer um transplante de última hora, surgiu um doador compatível com um antigo paciente meu. – Ela digitava rapidamente no celular, sem ao menos se importar em olhar para mim.
- Ahh e quem está escalado? - Indaguei tentando me manter alheia à sua presença, mas dava algumas olhadas furtivas para o seu perfil.
- Solicitei o Charlie dessa vez.
Concordei brevemente e encarei o painel que mudava de números, em cima das portas. – Como você consegue? - Me virei de frente para ela, quando ela resolveu enfiar o celular no bolso traseiro da sua calça e me dar atenção.
- Consigo o que? - Me encarou meramente confusa.
- Ah, manter essa calma que você tem, seja na emergência, na cirurgia e principalmente reanimando algum paciente. Não me leve a mal, mas você é muito magra e relativamente pequena. – Vi suas sobrancelhas arquearem perfeitamente em um arco confuso, me fazendo sorri fraco. – Digo, de onde que surge essa força toda?
Ela abriu um sorriso maravilhoso e entrelaçou suas mãos timidamente, na frente do seu corpo – Porque é tudo o que o paciente precisa que você seja. Forte. Não há como hesitar, não há o que pensar, você simplesmente vai lá e faz.
- Nossa, do jeito que você fala parece fácil, mas eu imagino que esteja bem longe de ser, não é? - Ao encarar o seu sorriso, constatei que ela era realmente apaixonada pelo o que fazia.
- A universidade não nos prepara para esse momento Yuri. – Ela me tocou gentilmente no braço. – Mas o melhor sempre estar por vir.
Devolvi o sorriso balançando a cabeça levemente. Assim que o elevador parou e as portas se abriram, ela ficou inerte por um tempo, me encarando. Enfiei as minhas mãos nos bolsos da minha calça e desviei o olhar para fora do elevador, onde algumas pessoas circulavam por ali, mas estávamos alheias a elas e nenhuma fez menção de entrar. As portas se fecharam novamente e voltei para sua atenção, enquanto o elevador subia mais um andar. Jessica se aproximou um pouco mais de mim, e então entendi a ambiguidade das suas palavras. “O melhor sempre estar por vir. ” Segurei firme em sua cintura e a girei, encostando seu corpo na parede do elevador. No momento em que toquei seus lábios, senti seus braços entre os nossos corpos, como se quisesse me distanciar, mas não houve uma aplicabilidade de força. Seus lábios relutantes, se moverem timidamente e então correspondi com suavidade. Porém os poucos segundos de insanidade, terminaram quando o elevador parou novamente e as portas se abriram. Num sobressalto, Jessica me empurrou para o lado e saiu do elevador me encarando, enquanto algumas pessoas adentravam o ambiente.
- Obrigada pelo almoço doutora. – Foi tudo o que consegui dizer, enquanto sentia meu coração bater acelerado, por conta do pânico que se instalou. E o medo de ter sido pega? Adrenalina sempre foi o meu forte, mas aqui haviam vários riscos. Assim que as portas se fecharam, não pude deixar de abrir um sorriso largo, enquanto roçava as pontas dos meus dedos, em meu lábio inferior.
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