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História A Residente - Capítulo 17


Escrita por: fanyunnie7

Notas do Autor


Boa noite baby's !

Eu gostaria de me desculpar imensamente por essa demora em atualizar. Quando cheguei de viagem, descobri que estava sem internet (e ainda estou), além de estar sem o meu celular também. Imaginem? Estaria vegetando se os meus livros não estivessem me fazendo companhia.
Eu quero aproveitar para agradecer pelos últimos favoritados, muito obrigada mesmo. E para quem acompanha LIL, não abandonei ela não ok? Foi somente um lapso de memória (imenso, confesso), mas já estou providenciando para desbloqueá-la o quanto antes. E para tentar compensar um pouco esta demora, provável que eu venha com o próximo cap, até o final dessa semana.
Sem mais delongas, boa leitura !

Capítulo 17 - Capítulo 17


[P.O.V Yuri]

No instante em que Jessica se retirou dali, vi as minhas chances serem dissolvidas como o açúcar se dissolve na água – em frações de segundos. O que ela veio fazer aqui, se foi tão curta e direta ao dispensar o meu convite? Sinto meu corpo retesar só de pensar nas inúmeras possibilidades de ela ter visto eu beijando a Sara e ... eu sei que viu, ela saiu às pressas sem ao menos vim me cumprimentar. Quando voltei à realidade, as gargalhadas, urros e palmas ainda se faziam audíveis. Os meninos tagarelavam, fazendo especulações sobre um novo relacionamento no grupo, enquanto Sara me encarava com um sorriso tão descarado, que quase me fez revirar os olhos – Não era esse sorriso descarado que eu queria encarar, e muito menos essa boca que eu queria ter beijado. Aconteceu tudo pela emoção do momento e onde eu poderia imaginar que ela poderia aparecer bem na hora? Aliás, qual a probabilidade de isso ter acontecido? E ainda assim, nunca acertei os números da loteria.

- Com licença, eu já volto. – Sem pensar muito, repousei a caneca vazia em cima da mesa de sinuca e me retirei apressada dali.

Guiada pela desorientação de uma pergunta que rondava em minha cabeça, refiz os passos de Jessica e saí pelo ambiente à procura dela. Assim que saí do Pub, senti uma rajada de vento fresco arrepiar o meu corpo aquecido pelo álcool e os numerosos fios dos meus cabelos, tomar-me a visão. Foi quando olhei para o lado oposto da fila da entrada no pub, que a vi caminhando com a pressa de quem queria correr e se esconder. Naquele instante, minha preocupação – e nem sei ao certo do porquê dela – me lançou em sua direção e eu a segui, esgueirando-me entre as pessoas avulsas ali na calçada, que esperavam vagas de mesas dentro do pub.

- Jessica? - Indaguei assim que a vi colocar a mão na maçaneta da sua Mercedes preta. Ela hesitou alguns segundos em me olhar, mas quando o fez, fui parando meus passos, ficando a pelo menos 10 metros de distância dela.

- Yuri. – Ela retirou a chave da fechadura da porta e cruzou os braços na altura dos seus seios.

- Então .. Você veio me ver? - Abri um sorriso pretensioso, na esperança de ser correspondida, mas tudo o que consegui ver em seus olhos foi um misto de raiva, confusão e talvez decepção.

- E já me arrependi. – Foi direta. Ela esboçou um sorrisinho debochado e foi se aproximando, parando em minha frente. – Quantas são ao todo? 2? 4? 5? Errei o meu ambiente? Eu sou a que você beija no elevador do hospital, a recepcionista é a que você beija na mesa da sinuca de um pub decadente e .... – Ela se aproximou ainda mais do meu rosto, fazendo-me recuar um passo para trás, totalmente confusa com essa atitude. - ... não me diga que tem uma faxineira que você beija na sala do DML¹. Você tem? Juro que fingirei surpresa se você admitir. – Levantou os braços em sinal de rendição, com um tom de ironia em sua voz.

Fiquei parada, ridiculamente inerte, presa nas orbes escuras dos seus olhos flamejantes e atentos aos meus. Ela veio por mim, ela veio me ver, e pateticamente, me senti como se fosse uma adolescente apaixonada, cujo a pessoa, acabava de fazer uma típica cena de ciúmes. Ridículo, eu sei, mas se ela veio, foi porque gostou do que aconteceu, e nada do que ela havia dito no banheiro, era verdade. Não pude deixar de sorri vitoriosa com o meu devaneio repentino, enquanto a via fechar ainda mais o seu semblante, fodidamente adorável, por causa do meu sorrisinho pretensioso. Jessica parecia uma boneca de porcelana, linda com uma pele majestosa. E por detrás de toda aquela pose fria, que havia criado como uma redoma em volta de si, eu sabia que havia uma pessoa que sentia – e estranhamente queria que, seja lá o que fosse, ela sentisse por mim.

- Eu não achei que você fosse vim, de verdade. Ainda mais depois do que falei sobre a sua mulher estar transando com a minha irmã, sem se importar com o fato de elas serem uma chefa e uma residente. – Provoquei, me divertindo com seus lábios ficando enrijecidos, traçando uma linha fina. – Você pode entrar e eu te pago uma bebida. Deixo os meus amigos e ficamos em uma mesa separada. – Levantei o meu braço para tocá-la na altura da sua cintura, e vi toda a sua expressão dura e imparcial, se dissolver. Toda a sua armadura, perfeitamente reerguida, se despindo lentamente em minha frente.

- Não é assim Yuri, não é tao simples assim. – Ela abaixou a cabeça e a balançou negativamente e repetidamente, parecendo buscar convicção para umas palavras que pareciam ter evaporado da sua boca, e talvez fugido da sua memória.

- Ou então a gente pode ficar se encarando, fingindo que o que aconteceu mais cedo, não foi nada demais. Ou ainda melhor, podemos deixar para um outro dia, sei lá, se você se sentir mais confortável, já que não é tão simples assim. – Fui sincera e tentei ser solícita, seja lá com qual fosse a sua situação. Visivelmente ela parecia estar confusa, perdida, atordoada, ao mesmo tempo em que parecia querer buscar algo que pudesse seguir em frente, ir adiante, deixar o velho para trás e se aventurar no novo. Alçar novos vôos e deixar que o desejo a impulsionasse. 

Ela levantou a cabeça com um singelo sorriso nos lábios, como se estivesse me agradecendo mentalmente, por eu ter entendido algo que fugia do meu conhecimento. De fato, eu nem fazia ideia do que era, mas nunca me considerei uma pessoa compreensiva com os sentimentos alheios, quiçá entende-los, exceto com os da Tiffany. Ela era a minha melhor amiga no mundo, a minha irmã. Ela sempre foi e sempre será a minha pessoa. Apesar de ser alguns meses mais velha do que eu, era como ela dizia: “você é o cérebro babyYu, e eu sou o coração”. E no fundo, uma das duas precisava ser forte e racional, e a julgar pelo o que ela passou, acabei tomando todas as responsabilidades para mim.

- Sobre você ter falado da minha mulher com ... – Ela fechou os olhos instantaneamente, parecendo reunir forças para falar sobre o assunto que parecia lhe machucar de alguma forma, quando voltou a me olhar e a ficar séria novamente. – Com .... – Ela parou subitamente e seu olhar vacilou por cima do meu ombro. – Yuri ... acho que a sua namorada está te procurando.

- O que? - Franzi o cenho e me virei para trás, enxergando a Sara na porta do pub, olhando para os lados. – Ela não é .... – Quando voltei a minha atenção novamente para a Jessica, a mesma já se encontrava dentro do seu carro, fechando a porta.

Meu maxilar se enrijeceu quando ela arrancou o carro da vaga e ignorou todas as expectativas de um convite sem resposta. Um convite que nem eu mesma sei da onde surgiu e que por sinal, acabou surpreendendo até a mim mesma. Sinto meu corpo ferver sem nenhum direito, uma raiva me consumir por causa de uma atitude extremamente egoísta da parte dela. Detestava não ter o direito de resposta, detestava o fato das pessoas especularem coisas ao meu respeito, ainda mais quando não eram verdadeiras. Voltei para o pub, me sentindo tão estúpida quanto derrotada.

- Foi a doutora Jung? - Sara indagou assim que passei por ela e segui para dentro do Pub.

Ignoro ela e a sua pergunta que mais constatou o óbvio. Ignoro a presença da Jessica que acabou me afetando de alguma forma. Ignoro o fato da sua pequena cena de ciúme ter me deixado demasiadamente feliz e triste ao mesmo tempo. Não vou me sentir culpada por nada, aquilo foi uma coincidência, uma puta e estranha coincidência, e mesmo morando em LA, não encontro a gostosa da Demi Lovato na fila da minha padaria favorita.

Quando voltei a me reunir com o pessoal, meu único pensamento foi de beber e aproveitar o resto da minha noite derrotada. Bebi canecas de cerveja, misturei com doses exacerbadas de tequila e dancei pateticamente ao som dos Rolling Stones. Escutei a Sara cochichando com o Peter sobre alguma coisa em relação a Jessica ter aparecido e acho que agora ela vai começar a reclamar sobre eu estar ignorando ela.

***

Apoio uma mão no vão da porta e abaixo a cabeça momentaneamente, sentindo-a girar. Largo a minha bolsa no chão de qualquer jeito e retiro a chave do apartamento, do bolso traseiro da minha calça. Enfio a chave de vez fechadura, jurando ter visto o buraco da mesma se abrir em minha frente. Nocauteio repetidas vezes, brigando com a fechadura, enxergando dois buracos brincando de zigue zague agora. Nota mental: nunca misture bebida destilada com fermentada. A curiosidade fez Alice cair no buraco, enquanto a minha, me fez pagar caro. 

Desisto por um tempo. Quando me sento de vez no chão para pegar a bolsa, percebo a porta se abrindo, revelando a claridade da luz vinda da televisão e a Tiffany já com o seu pijama de bolinha rosa, com a cara de poucos amigos. Que horas eram?

- Hey BabyTi entre, a casa também é sua. – Fiz um gesto com a mão para que ela entrasse, sentindo a cabeça girando mais lenta do que um carrossel.

- Yuri você está bêbada? - Ela se aproximou e agachou na minha frente, pegando a minha bolsa e me segurando pelo braço com a outra mão. – Eu não acredito nisso. Não me diga que você veio dirigindo bêbada de novo.

Ignorei seu comentário, ignorei o seu sermão sobre os perigos de dirigir alcoolizada, ignorei o fato da minha noite ter sido de derrota, ignorei tudo – constatei que estava ficando perita em ignorar as situações. Eu só precisava de um banho gelado e um café tão forte, que fosse possível me despertar desse estado inerte de culpa, que acabei por me deixar vencer no final das contas.

Segurei no encosto do sofá para me equilibrar, retirei meus sapatos e me joguei de bruços no amontoado fofo, cheio de almofadas. Não conseguia escutar mais nada do que a Tiffany falava, apenas um zumbido estranho em meu ouvido, a cabeça girar mais rápida do que o lup de uma montanha russa e devo ter adormecido ... ou morrido. Nesse exato momento, estava complicado diferenciar o meu estado de consciência.

[P.O.V Tiffany]

Saí da casa da Taeyeon com a cabeça totalmente focada na mensagem da Yuri e demasiadamente ansiosa para saber o conteúdo do e-mail. Fiquei tão absorta nas inúmeras sensações que essa notícia me trouxe, que apenas me despedi da Esmeralda e esqueci de avisar para Taeyeon que foi preciso eu voltar para a casa – que eu não seria sua novamente esta noite, o que causaria um ataque de aborrecimento, com uma pitada exacerbada de fúria quando ela me ligasse. E disso, eu tinha a mais plena certeza de que aconteceria.

Pedi que o porteiro do seu luxuoso condomínio chamasse um táxi para mim e assim tomei o rumo do meu apartamento. O horário de pico deixava as ruas de LA abarrotadas, com sons ensurdecedores das buzinas de carros apressados. Não sei se eu agradeceria por protelar um pouco o meu encontro com a conversa, a qual eu não sabia ao certo se estava com vontade de saber, ou se enlouquecia pela demora, deixando a ansiedade me acometer, e acabar por deixar meu coração batendo desenfreado e as minhas mãos suadas de nervoso. Meu celular repousado em meu colo, parecia uma bomba relógio prestes a explodir - eu não parava de olhar para a tela, vendo os minutos passando arrastados, e zombado de mim.

Para preservar um pouco a minha sanidade mental, tentei me concentrar no fluxo caótico de LA e no sol que se punha ao horizonte, enaltecendo a bela vista dos grandes coqueiros enfileirados nas calçadas de Westwood. Há meses eu não tinha um ataque de ansiedade, e agora pude sentir minha blusa fina grudar em minhas costas, mesmo com o ar condicionado ligado, e um leve enjoo no estômago. Assim que o táxi virou na esquina e parou na frente do meu prédio, encarei a grande fachada de mármore cinzenta do local e desejei que o taxista me levasse de volta para casa da Taeyeon.

- Chegamos senhorita. – Olhei o homem de meia idade através do retrovisor, não muito convicta de que queria descer e com uma imensa vontade de pedir que ele me levasse novamente para a casa da Taeyeon, quando o porteiro da noite foi se aproximando com toda a sua educação e abriu a porta do táxi para mim. Pela primeira vez na vida, desejei que ele não tivesse sido gentil comigo.

- Obrigada. – Murmurei baixo para o taxista e entreguei o meu cartão de débito, com uma certa impaciência, pelo simples fato do porteiro ter feito aquilo, não me dando opção de escolha a não ser sair dali.

Quando o pagamento foi concluído, aceitei a ajuda do porteiro para me retirar do táxi e caminhei diretamente para o elevador, sendo seguida pelo seu olhar inquietante – se não havia nada para ele pegar, pois eu havia deixado a minha mala na casa da Taeyeon para uma estadia mais prolongada que não aconteceu, então por que ele não parava de me encarar, como se eu estivesse devendo alguma coisa à ele? Sua atitude, fez com que eu me irritasse mais ainda, fazendo com que o trajeto curto até o meu apartamento, fosse martirizante. Se passaram quase 1 hora desde a mensagem da Yuri, e mesmo sabendo que ela iria se distrair um pouco no Irish, sabia também que ela não voltaria tarde.

Entrei no apartamento e atravessei a sala, seguindo direto para o meu quarto, afim de tomar um banho quente e relaxante. A vista de Westwood que eu tinha da janela de parede inteira do meu apartamento, não chamou a minha atenção para o sol que acabara de se pôr e as primeiras estrelas que desabrocharam na imensidão escura. Eu estava agitada, e mais ainda pelo fato de estar suada e grudenta pela minha ansiedade.

Deixei minhas roupas espalhadas pelo chão do quarto à medida que em que caminhava para o banheiro, e alcancei o chuveiro. Os breves segundos que me ensaboei, não permiti que qualquer resquício de pensamento ansioso, tomasse conta do meu momento relaxante -muito pelo contrário. Lembrei da noite passada, de uma conversa confortável e de um dia inimaginável na casa da Taeyeon. Não podia negar que já estava sentindo saudades dela, do seu apartamento vazio, cheio de lembranças felizes e roubadas pela minha inveja. Do olhar confortável e receptivo que a Esmeralda me passava, todas às vezes que vinha me perguntar se eu precisava de algo. Passei a desejar mais dias como este, mais dias simples e significativos. Passei a desejar também mais dias com a Esmeralda. Mas agora havia outro assunto urgente e importante, para que eu desejasse de tratar com mais rapidez, do que a minha vontade insaciável de dormir novamente com a mulher que me dominava - Fisicamente e mentalmente.

Me enrolei na toalha e saí do banheiro. Vesti o meu pijama preferido de bolinha rosa e amarrotei os cabelos em um coque no alto da cabeça. Verifiquei meu celular novamente e decidi ligar logo para a Taeyeon, antes que a terceira guerra fosse declarada. Assim que a ligação entrou diretamente na caixa postal, constatei que ainda estivesse dando aula e decidi tomar uma taça de vinho, enquanto esperava Yuri chegar.

Preenchi o cálice, observando calmamente o líquido escuro sendo derramado, tentando remontar meus pensamentos. Perdida entre as inúmeras possibilidades a respeito do que o meu irmão poderia querer comigo, peguei um pacote de chips e fui me distrair com a televisão, enquanto as horas se arrastavam e a ansiedade cada vez mais se fazendo presente novamente, socando meu estômago – e me lembrando de uma conversa que eu daria tudo para que não acontecesse.

Já passava das 8pm quando escutei barulhos vindo da porta. Senti meu peito se expandir em um grande suspiro e me levantei depois de alguns segundos, quando o barulho da porta cessou. Guiada pela minha curiosidade, abri a porta e me deparei com uma cena que jamais fosse ver novamente, ou pelo menos não fosse ver tão cedo. Yuri sentada no chão do corredor com as pernas abertas, brigando com o pobre coitado do zíper da sua bolsa.

- Hey BabyTi entre, a casa também é sua. – Ela fez um gesto com a mão e voltou a sua atenção para a bolsa, com aquele olhar profundo e perdido em algum ponto. Aquele olhar que eu conhecia muito bem.

- Yuri você está bêbada? - Estreitei os olhos e me aproximei, agachando em sua frente, sentindo um forte odor de álcool vindo do seu hálito – perfeito, era tudo o que eu precisava agora. Respirei fundo, tentando conter uma paciência que parecia querer se dissipar. Peguei a sua bolsa, ajudando-a a se levantar. – Eu não acredito nisso. Não me diga que você veio dirigindo bêbada de novo Yuri.

Assim que consegui trazê-la para dentro de casa, joguei sua bolsa na poltrona vazia ao lado da televisão, tentando negar uma raiva crescente, que se alastrou em mim e eu não consegui esconder. - Eu não acredito que você veio dirigindo nesse estado. Quanta irresponsabilidade sua, eu simplesmente não consigo acreditar. Colocou a sua vida em risco e a de várias pessoas inocentes por dirigir embriagada Yuri. Você sabe que isso é sério, como você pôde fazer isso? Por que você não me ligou ou pegou um táxi? E por que os meninos deixaram você dirigir assim? – Esbravejei em um tom suficiente para que ela soubesse o quão irritada aquilo havia me deixado, mas a sua serenidade em se limitar apenas a retirar seus sapatos e a se jogar no sofá, acabou por me deixar ainda mais nervosa. – Yuri? Não ... YURI??? - Me aproximei e sacudi seu corpo com uma certa violência, tentando acordá-la. – Mas que droga.

Vendo que ela não iria acordar, me dei por vencida e segui para a cozinha, preparar um café quente e forte para ela despertar - e para tentar minimizar os efeitos da ressaca que ela teria no dia seguinte. Escuto o som estridente vindo do meu celular e sei que é a Taeyeon pelo toque que programei particularmente para ela – a voz afável da Diana Krall cantando The Look of Love, não conseguiu me acalmar. Eu não quero atender, não estou com cabeça para falar com ela no momento e sei que isso irá me render uma boa punição - mas não agora Taeyeon, não enquanto estou com os nervos à flor da pele, estremecendo ao sentir o ódio se apossar de mim.

Concentrada, aproveitei também para preparar um sanduíche para Yuri colocar no estômago. Instantes depois que voltei para a sala, ela não estava mais deitada no sofá. Saí recolhendo seus sapatos e sua bolsa, levando-os para o seu quarto. A porta do banheiro estava totalmente aberta e o som inconfundível do vômito eclodindo pelo ambiente, não me pegou de surpresa. Entrei no banheiro e a vi sentada na frente do vaso, segurando ao redor da tampa.

- Nun-nun nunca mais. – Suas palavras desconexas, acusou o seu nível de embriaguez. Com certeza, nossa conversa ficaria para uma outra hora.

Respirei profundamente e me encostei no vão da porta, tentando reunir uma calma que me foi tomada. - Yuri, você disse que iria fazer uma horinha no pub e que viria para casa pra gente poder conversar. O que aconteceu?

- M-mulheres ....  Ai, de novo não – Ela interrompeu a fala e levantou a mão para que eu esperasse, enquanto ameaçava vomitar novamente. Vendo que foi alarme falso, ela esperou mais um pouco e por fim abaixou a tampa do vaso, deu descarga e se sentou inalando o ar profundamente. – Eu beijei a Jessica no elevador do hospital e depois beijei a Sara no pub.

- O QUE? - Foi inevitável o tom de surpresa, carregado em minha voz. Fui me aproximando. – Você beijou a Jessica? A mesma Jessica que é casada com a Taeyeon? 

- E por acaso conhecemos outra Jessica no hospital? E você também não precisa gritar. – Bufou, elevando as mãos para as têmporas e fazendo movimentos circulares. – Foi algo totalmente estúpido, agora sei que foi. – Fez gesto positivo com a cabeça, convencendo a si mesma de uma tamanha estupidez. – Sabe tudo o que falam sobre ela pelos corredores? Pois, é tudo verdade.

- Tudo bem, me desculpe. – Enfiei meus dedos em sua franja, bagunçando-a levemente. Precisava cuidar dela agora, iria assumir a responsabilidade de ser o cérebro, enquanto ironicamente, ela estava sendo o coração. – Consegue tomar um banho? Vou pegar algo que preparei para você comer e um café forte.

- Consigo sim, obrigada BabyTi.

Antes de passar pela porta, segurei no vão da mesma e a olhei enquanto retirava suas vestes. – Mas precisamos conversar sobre a Jessica, a Sara e o e-mail, hein?!

Ela respirou audivelmente, e completamente nua, entrou e fechou a porta de vidro do box. – Definitivamente o e-mail, somente ele e nada mais. Chega de mulher.

- Por hoje você quer dizer não é? - Gritei para que do quarto, ela pudesse me ouvir.

Saí do quarto me sentindo um pouco mais tranquila em relação ao nervosismo e a minha ansiedade, e fui pegar o jantar pra Yuri. Quando passei pela bancada da cozinha, vi meu celular acender a luz, indicando que uma chamada acabara de ser finalizada. Peguei o aparelho e no visor haviam 8 ligações perdidas da Taeyeon. Quase me arrependi por esse enorme vacilo. Contorci a boca e decidi ligar logo para ela, antes que ela resolvesse ligar novamente. E por falar nela ....

- Oi Tae me ... – Atendi pacificamente, mas fui cortada pela sua voz imperativa.

- Tiffany, o que foi que aconteceu? Qual foi a emergência dessa vez? Eu fiquei preocupada quando Esmeralda me contou e já estava saindo de casa para ir aí.

Arqueei a sobrancelha e respirei fundo, preenchendo tranquilamente a xícara da Yuri. – Me desculpe, Yuri precisou que eu viesse para casa. Ela não está muito bem.

Ouvi a sua respiração inquieta do outro lado da linha, e após um tempo, murmurou com a voz mais abrandada. – Precisam de alguma coisa? Estou a caminho.

 - Não precisa Tae, de verdade, está tudo bem agora. – Sorri com a sua preocupação cordial. – Mas já estou com saudades de você.

- Eu estou com saudades de você menina. – Escutei sua voz firme e rouca do outro lado da linha, despertando um leve arrepio pelo meu ventre. - Sabia que você me dá muito trabalho? -  Sua voz conseguiu controlar o meu corpo e me remeter a um leve estado de calmaria e segurança. Sabia que podia contar com ela agora. – Vou trabalhar até um pouco mais tarde hoje, não hesite em me ligar se precisarem de alguma coisa.

Sorri ainda mais com a sua revelação. - Se eu não desse trabalho, você não viria atrás de mim. E pode deixar, eu ligarei se precisar. Amanhã eu voltarei com você.

- Mas pode apostar que você irá. Cuide-se e tenha bons sonhos. – Como se isso fosse preciso, eu sempre tinha bons sonhos quando estes eram com ela. – Até amanhã menina.

Não podia negar que me sentia melhor com o clima afetuoso que se estabeleceu entre a gente no final das contas, e me despedi com uma vontade imensa de querer ficar. - Bons sonhos você também e até amanhã Dra Kim. – Desliguei a ligação com um enorme sorriso no rosto.

- Hmmmm, pelo sorriso, só podia estar falando com a Taeyeon. – Yuri adentrou a cozinha, trajando apenas um blusão branco, e com um coque intencionalmente frouxo no alto da cabeça. – Preciso de um café forte e de uma nova identidade.

Assim que ela se sentou no banco, passei a sua xícara com café e levantei a sobrancelha – Problemas com mulheres .... Quando foi que a famosa Yuri destruidora de corações, passou a ficar bêbada por causa delas? - Provoquei, me divertindo internamente com o olhar incrédulo que ela me dirigiu.

Ela esticou o braço e pegou a xícara, sorvendo um gole do líquido quente e oleoso. - Acho que estou perdendo os meus super poderes. - Rebatou com ironia. - E sobre o e-mail .... – Ela repousou a xícara na bancada novamente e me olhou com cautela. – .... É sobre a sua mãe BabyTi. 


Notas Finais


DML¹ = Local onde guarda material de limpeza.

Bom, foi isso. Mais um capítulo de transição mesmo.
A Residente está chegando no meio da estória e creio que agora, virão ainda mais fortes emoções, tanto para Taeny, quanto pra Yulsic.
Desculpem qualquer erro, mas vim rapidamente na casa de uma amiga para postar o capítulo, e se não fizesse isso hoje, não iria me perdoar por deixar vocês esperando ainda mais. <3
Até breve nenéns e PELO AMOR DE DEUS, VAMOS DAR VIEWS EM HOLIDAY E ALL NIGHT, PORRA !!!


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