Pov Gabrielly.
2 meses depois.
Levantei cedo com a consciência mais pesada do que nunca. Resolvi não descer, pelo menos não naquele momento, minha vó iria estranhar o fato de eu ter acordado cedo em pleno sábado e eu não estava preparada ainda para contar à ela que eu terminei com Débora, a garota que ela tanto idolatrava.
Minha cabeça estava a mil e meu coração estava pior, eu não sabia direito o que estava sentindo direito. Era um misto de alegria e alivio com arrependimento e tristeza, não sabia explicar direito o que era. Me permitir respirar aliviada por alguns segundos, para mim, aquele pesadelo de estar com alguém e estar pensando em outra pessoa tinha acabado.
Eu não sabia como Débora estava, não apareci na escola desde segunda e por sorte, a diretora não havia comunicado à minha vó sobre meu sumiço. Não via Débora desde domingo e a última lembrança dela, era aquele maldito tapa e a sua maquiagem borrada escorrendo por seu rosto. Eu não sabia como iria conseguir encara-la de novo quando a visse na escola, era impossível eu evita-la, ela era minha dupla na escola e eu sabia que aquilo não daria certo.
Foi ai então que eu tive uma ideia.
- VÓ! – Gritei e por sorte minha vó ia passando pelo corredor nesse exato momento. A mulher ruiva de pouco mais de 50 anos entrou no meu quarto e sorriu ao me ver acordada.
- Bom dia meu neném! – Abaixou e beijou o topo de minha cabeça. – Acordou cedo, está acontecendo algo? – Perguntou-me preocupada.
- Não sei muito bem como explicar vó, mas não me sinto muito bem em enfermagem... – Disse e minha vó sentou-se ao meu lado.
- Explique-me. – Pediu e eu concordei.
- Não sei muito bem, mas desde aquele episódio com aquele filho da mãe que dá matemática não consigo me sentir muito a vontade estudando em enfermagem... – Respondi sincera.
- Você quer trocar de curso? – Perguntou-me e eu assenti com a cabeça. – Quer ir para qual?
- Música! – Respondi na mesma hora e minha vó levantou rapidamente.
- Troque sua roupa, daqui a pouco iremos à sua escola resolver isso.
***
- Então Gabrielly, você tem até quinta feira para retirar todo seu material da sala de enfermagem... – A diretora me passava às instruções sobre a mudança de curso. – Desde o começo eu sabia que você ainda acabaria em música! – A diretora me disse animada. – Espero que sinceramente você goste do curso... Caso contrário, tente Informática. – Disse e eu neguei discretamente com a cabeça.
- Quais são os instrumentos que eu devo trazer segunda? – Perguntei.
- Traga seu violão, depois veremos quais instrumentos você se identifica. – Assenti rapidamente com a cabeça. – Bom Zyrck, espero você segunda feira! – Uma mulher loira finalmente se pronunciou, seria ela minha nova professora.
***
- Toma seu leitinho... – Meu avô me empurrava outra xícara cheia de leite.
- Vô, mas eu já tomei 3... – Respondi e ele sorriu.
- Só mais uma, por favor! – Pediu e eu apenas sorri e peguei a xícara. – Isso mesmo... – Meu avô sorriu ao me ver virar a quarta xícara de leite. – Sua mãe vem aqui hoje anoite. – Acabei me engasgando. – CALMA! – Meu avô gritou.
- Ela vai me ver? – Perguntei.
- Não sei meu bem, ela me ligou e disse que viria aqui hoje.
- Eu vou chegar da escola mais tarde então. – Respondi e meu avô negou, enquanto levava uma xícara de café à sua boca. – Porque não?! – Perguntei.
- Ela é minha filha e sua mãe e por isso eu exijo que vocês voltem a agir como mãe e filha!
- Mas ela me expulsou de casa vô!
- Minha filha... Escuta o vovô... – Olhei para o homem meio grisalho em minha frente. – De um desconto para sua mãe... É tudo muito novo, até hoje eu não me acostumei ainda com a ideia de que minha neta mais velha gosta de meninas. – Respondeu sincero. – É confuso para sua mãe, sempre foi. Imagine você, desta idade grávida de seu primeiro filho... – Respondeu.
- Eu sei que ela foi mãe muito cedo vô, mas existe uma diferença muito grande em engravidar e namorar com uma garota.
- Sim, realmente existe, mas imagine só... Com sua idade sua mãe estava grávida, não deve ser fácil para uma garota de 16 anos ter um filho...
- Também não é fácil uma garota de 16 anos ser expulsa de casa. – Respondi. – A diferença é que vocês apoiaram ela e ela não me apoiou. – Respondi e cruzei meus braços. - A diferença também é que ela não sofreu um acidente e quase morreu.
- Meu bem... A diferença entre vocês é essa... Você quase morreu duas vezes e ela te viu em estado de quase morte as duas vezes, a dor é para ambas. – Meu avô disse sincero. – Está pronta, não quero que você se atrase no seu primeiro dia de aula no seu novo curso!
- Estou sim...
***
Não foi fácil aparecer na escola depois de uma semana faltando, o pior seria encarar Débora e Andreza, que provavelmente estariam em um complô para me matar. Entrei lentamente pelo portão, aproveitei que cheguei cedo e resolvi que iria na minha antiga sala para pegar meu material. Falei com algumas pessoas que me olharam diferente e segui rumo a sala de Enfermagem, que para minha sorte, estava vazia, desta forma eu evitaria explicações sobre o porque de estar desistindo do curso.
Cheguei a minha carteira e comecei a pegar rapidamente meus cadernos e livros que estavam de baixo dela. Minha missão estava quase completa, quando ouvi duas vozes bem conhecidas por mim: Débora e Andreza.
- ...ela não aparece faz uma semana hoje e... – Débora parou de falar assim que entrou na sala e me viu. – Gabrielly?! – Chamou e eu tentei me virar, sem sucesso algum, já que na maioria das vezes a cadeira de rodas não respondia aos meus movimentos.
- Eu mesma... – Respondi e consegui me virar. Estava prestes a sair da sala, quando senti uma mão me puxar pela mochila.
- Você não vai sair fácil assim Gabrielly! – Andreza disse.
- Me larga! – Mandei e ela não me soltou.
- Você deve explicações à ela! – Apontou para Débora que estava quieta em um canto mais afastado.
- Não devo explicações nenhuma para ela. Não temos mais nada, caso você ainda não saiba! – Respondi.
- GABRIELLY NÃO BRINCA COMIGO SUA IDIOTA! – Andreza disse me segurando com ainda mais força. – DÊ SUAS EXPLICAÇÕES PARA A DÉBORA PORRA!
- EU TERMINEI COM ELA, CASO ELA NÃO TENHA ENTENDIDO AINDA. NÃO TEMOS MAIS NADA DÉBORA, ME ESQUECE! – Gritei. – MINHA VIDA, MINHAS REGRAS, VOCÊ NÃO INTERFERE EM MAIS NADA! E VOCÊ ANDREZA, SEJA DIGNA E ME LARGUE, APRENDA A NÃO SE MET... – Fui interrompida com um soco em meu rosto. – SUA RETARDADA VOCÊ ME BATEU?! – Perguntei incrédula e senti mais três socos em meu rosto. Não demorou muito para Débora começar a gritar e a sala encher de gente, para minha sorte, não tive reação e continuei apanhando, daquela forma eu estaria como inocente na história. Não demorou muito também para que Andreza fosse levada para a diretoria e fosse suspensa por uma semana por agressão, enquanto eu fui levada para a enfermaria.
- Hey... – Ouvi a voz doce de Mariana.
- Hey... – Respondi e vi a menina de olhos verdes se aproximar de mim.
- Soube que você apanhou feio e não acreditei, tive que vir aqui para ter certeza. – Respondeu sincera. – Isso deve ter doído bastante... – Apontou para um corte em minha boca.
- Realmente doeu... Mas sabe... Existe algo que você pode fazer para parar essa dor... – Respondi.
- O que? – Mariana perguntou se fazendo de inocente.
- Me beija que passa... – Respondi e na mesma hora senti os lábios de Mariana se chocarem contra o meu. Nosso beijo não demorou muito, segundos depois, ouvimos a porta sendo batida com força. Separei-me rapidamente de Mariana e encontrei uma Débora furiosa.
- Bonito! Que bonito em! Que cena mais linda, será que eu estou atrapalhando o casalzinho ai?! – Débora perguntou e eu só tive certeza de uma coisa: FODEU!
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