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História A rota do campeão - O começo


Escrita por: Boxer_Writer

Notas do Autor


Sei que era previsto um próximo capítulo só na semana que vem, no entanto, para tentar dar mais velocidade e atratividade para o livro, antecipei o segundo capítulo, com muito mais conteúdo, para que vocês conheçam como é a história do nosso protagonista de maneira bem geral

Antes um glossário:
Jeb: Soco da classe dos socos retos, usados por boxeadores e lutadores de kickboxing com a finalidade de manter o oponente distante ou para abrir a guarda para um segundo golpe mais potente;
Direto: Golpe frontal com o punho que está atrás na guarda (quem é destro luta com a mão canhota a frente e vice e versa, logo o direto é dado com a mão que se têm mais força). É um golpe muito rápido e forte;
Cruzado: Golpe de curta distância, executado com um rápido movimento de braço da esquerda para a direita (ou vice-versa) em uma linha reta em direção ao rosto do oponente, mas também pode ser dado na linha de cintura (nas laterais da cintura) e é chamado de cruzado ao tronco;
Gancho (Hook): Golpe dado exclusivamente na linha de cintrua de forma quase que frontal (com um pouco de inclinação de baixo para cima, pra gerar mais potência) e visa atingir o abdômen, estomâgo e plêxo do averssário, ou seja, dado sempre na parte da frente do corpo, diferente do cruzado ao tronco que é dado na parte lateral. Esse golpe pode ser desferido com qualquer uma das mãos;
Uppercut: É uma versão mais curta do golpe Gancho executado de baixo para cima de forma de alavanca em direção ao queixo do oponente, ou à sua zona hepática; considerado muito perigoso e violento. É dado entre outra opcasiões quando o adverssário esta de forma a usar o bloqueio frontal (com as luvas a frente da cabeça), pois nesse caso diretos e cruzados seriam pouco suficiêntes (visto que parariam na defesa);
Swing - O golpe mais potente do boxe, porém dados somente em situações bem oportunas, pois deixa o boxeador completamente aberto para receber o que chamamos de "contra-ataque de encontro", O golpe é dado com a mão de trás (a mais forte) e é lançado de forma descendente (fazendo uma curva de cima pra baixo) visando atingir o queixo ou qualquer outra parte do rosto do adverssário com toda a potência possivel. Se entrar é nocaute.
Guarda: Na de direita, seu braço esquerdo fica na frente e o direito atrás, existem diversas guardas, mas geralmente, as duas mãos ficam proximas ao queixo, mudando a altura e posição delas, pelo menos nas guardas mais ortodoxas.
Fonte:
o guia dasartes marcias, golpes de boxe
Perdão fiz boxe e amo o esporte, portanto me importei muito em colocar os golpes e sequencias reais de luta.
Espero que gostem

Capítulo 2 - O começo


Fanfic / Fanfiction A rota do campeão - O começo

 

Mais um dia na tradicional vida de um estudante: acordar de manhã, dar bom dia para sua mãe, tomar um café bem reforçado e sair correndo por estar atrasado para escola. Ela não era longe, pouco mais de 2 km de casa e ele corre, ia correndo todo dia, seu pai poderia levá-lo, porém toda manhã ele tinha “questões a tratar” com a mãe do menino.

No começo ele suava um pouco no caminho, mas conforme foi amadurecendo e foi ganhando corpo, o caminho começou a parecer algo pequeno. Durante toda sua vida ele sempre foi um garoto muito estudioso e com ótimas notas, porém algumas informações clichês ocorreram à passagem do tempo.

Antes de entrar no ensino fundamental II, ele era conhecido por ser frágil, tímido, o famoso que sofria com as chacotas do colega. No entanto, o jovem que sempre foi mais baixo em estatura, começou a também se fortalecer mentalmente e conseguir se impor aos seus colegas, tanto nos argumento, quanto no vigor físico. Com isso, quando chegou ao sexto ano da escola ele era uma pessoa totalmente diferente, havia aberto mão de ter ficado somente encostado em uma fria parede sem amigos e agora havia se socializado e se destacava nos esportes, não com uma grande habilidade, mas sim com força físico e muita perseverança. Mesmo que nunca tivesse sido recusado em time algum, ele não possuía muita técnica, parecia não ter encontrado o esporte em que se encaixasse.

Ao chegar à porta da escola, é cumprimentado por alguns amigos, velhos conhecidos que agora valorizavam mais o menino. A parte cômica disso é que os saudosistas de agora, eram os zombadores de antigamente, o que provava a teoria dele: “As pessoas fracas se moldam somente aos comentários da maioria, portanto até a personalidade deles se forma de maneira democrática”.

Sobe rápido, entra na sala, antes das aulas começarem ele posiciona seu material em uma cadeira próxima as grandes janelas que a sala possuía. Senta-se e começa a estudar um pouco, ainda precisava passar em uma escola de ensino médio que seja considerada de elite.

Mesmo agora, com tantas mudanças no seu jeito, ele continuava com alguns problemas de se relacionar, mesmo que os outros tentassem se aproximar dele, ele não conseguia se distanciar de seu foco, não conseguia se desassociar de alguns objetivos para se associar às pessoas como os outros. Ele era popular, isso era um fato, no entanto, não possuía proximidade com todos que diziam serem amigos dele.

Contudo, algo incomum aconteceu nessa manhã. Larissa, uma menina fofa e meiga que havia sempre andado com a turma mais “popular” de sua escola, se aproximou e tentou conversar com Rafael. Isso era muito incomum, afinal, mesmo popular, antes do horário de aula, poucos vinham falar com ele, ainda mais uma menina. Porém ele não parecia muito interessado em dialogar com ela e passava sua mão em seu cabelo que antes era penteado e comportado e agora era levantado, entopetado e completamente bagunçado.

- Ei Rafa, ta tudo bem com você?

- Ahn... É... Sim, desculpe ser tão direto, mas por que está falando comigo?

- Ah... É que toda manha você fica ai sozinho, sem falar com ninguém, todo mundo gosta tanto de você, acho que, sabe você poderia tentar conversar mais com seus amigos.

- Então você esta com dó de mim? É isso? Olha, sei que você está tentando ser legal, mas de verdade, eu estou bem ocupado estudando e não estou com muito tempo para jogar conversa com vocês agora.

- Eu entendo, mas Rafa, o pessoal gosta de você, te respeita e sei que vocês têm algumas conversas de vez em quando, acho que não tem um motivo para você se isolar desse jeito. Tipo, eu sei que estudar é importante, mas você parece tão preparado.

- Eu vou te explicar uma coisinha Lari, sabe essas pessoas que você diz gostarem de mim? Então elas passaram quatro anos zombando de mim, me irritando todo dia, agora, do nada, eles decidem gostar de mim? Hahaha, meio cômico não acha?

- Eu... Entendo, desculpa por te atrapalhar.

A menina sai com o rosto cheio de lágrimas, ela entendia o garoto, mas não conseguia deixar de ser sensível, era parte da personalidade dela.

Larissa era uma menina que estudava no mesmo colégio desde pequena, pele morena, cabelo liso e castanho, amava falar com todo mundo, tinha um jeito delicado e sensível, mas ao mesmo tempo, adorava jogar futebol, sempre chegava forte em suas entradas, era extrovertida, e tinha um forte amor pelas famosas “lutinhas escolares”. No entanto, por conta de sua personalidade, se enturmou facilmente, conseguiu vários amigos, os quais, muitos deles tinham uma personalidade fraca e, de vez em quando, chacoteavam a menina por seus gostos e preferências, que mesmo que se sentisse mal, preferia levar na esportiva e considerar que havia sido somente uma brincadeira, mesmo que se sentisse oprimida ao fazer isso.

O grupo dela sempre chacoteava do menino, ela se sentia incapaz de mudar essa situação, por tal motivo ela permanecia calada, não zombava dele, mas também não se opunha a ação.

Até que uma vez, após colarem todo o material do garoto na cadeira, Larissa olhou para Matheus e disse:

- Dessa vez vocês foram longe demais, ele não merecia passar por isso e agora o material dele está todo estragado.

- Isso é para ele aprender a não ser tão esquisito, você também adora ser diferente né? É melhor você não se meter, caso faça isso, já sei exatamente o que fazer contigo.

Matheus era o típico moleque mimado que banca de malandro, vivia falando como se morasse nas favelas mais perigosas de São Paulo, vivia de boné importado, óculos escuro, falava grosso e impunha respeito pela sua alta estatura e massa muscular, infelizmente, os garotos que são ensinados desde pequeno que respeito só se ganha na pancadaria, e não entendem toda a bela ciência e eficácia que um bom discurso pode obter, vangloriaram o menino e fizeram com que ele se tornasse a maior influência do colégio.

Além do mais, mesmo que apresentasse toda essa postura, sua mãe era uma mulher que via o filho como rei do mundo, por tal motivo, o menino tinha tudo o que queria, era mimado e aprendeu desde pequeno que tudo e todos estavam a seus pés e para fazer a sua vontade. De fato, não era culpa de ele ser desse jeito, pelo menos, não totalmente dele.

Outros dois pontos importantes nesse menino eram seu jeito de amar e seu jeito de falar. Esse era algo genial, o menino tinha uma discursiva tão boa e persuasiva que conseguia convencer até os mais complicados, portanto era ele quem conversava com as autoridades ou outros colegas quando algo dava errado. Além disso, quanto a seu outro ponto, ele dizia gostar de alguém, mas não revelava nomes, dizia que amava muito ela, mas de fato nunca se importou de demonstrar isso, achava que ninguém iria querer Larissa, então ele poderia ficar tranquilo e se sentir dono de várias garotas e quando se cansasse disso, poderia voltar a sua amada. Afinal, como sua própria mãe lhe ensinou, tudo e todos estavam lá para o servirem.

Ao ver Larissa chorando, os outros integrantes de seu grupo tiveram reações bem divergentes. Uns foram confortar a menina e perguntar o que aconteceu, ela se recusava a falar. Porém, como todos a viram falando com Rafael, por unanimidade foi decidido que ele era o culpado.

No entanto, é válido lembrar que o menino não era mais considerado alguém que poderia ser condenado, ele já falava com todos da sala, de fato não possuía um relacionamento forte com ninguém, porém, nesse tipo de grupo poucos relacionamentos se destacam por serem realmente verdadeiros.

Graças a emergente popularidade do menino, Matheus foi eleito para falar com o garoto e saber o que aconteceu. Enquanto algumas pessoas confortavam Larissa, o jovem “favelado de Higienópolis” condenava-a pensando:

“Provavelmente essa menina foi encher o saco do Rafael outra vez, que pessoa insuportável, pena que ela é tão bonitinha, se não eu com toda a certeza ficaria com ela e ensinaria uma bela lição para essa garota”. 

Antes que qualquer ação pudesse ser tomada, toca o sinal, o professor entra em sala e começa uma maratona de aulas. Mas, após três horas e meia era o intervalo. Então Matheus se direcionou a mesa de Rafael:

- Eai mano, como que você tá?

- Tô indo, e tu, tá d boa?

- Tranquilo, fiquei sabendo que a Lari veio encher teu saco né mano?

Rafael olhou com uma cara que mostrava que ele estava bem incomodado com aquela situação. Como um amigo da menina podia estar falando assim dela?

- Ela só estava sendo simpática, eu que fui meio grosso, mas tenho um lugar importante para ir depois das aulas.

- Entendi, desculpa mano, tu sabe que nois é parça né moleque? O que tu precisar, tu fala comigo que já ta feito, fecho?

- Okey, pode deixar que eu vou me lembrar.

Os dois se cumprimentaram com um toque de mãos, Rafael também sabia atuar muito bem quando era necessário.

Ele conversa, faz sua parte como membro daquele sistema social, depois come seu lanche e assiste às aulas conversando com seu amigo da cadeira de trás.

Elas passam rápido, ele se arruma, pega sua mochila e se prepara para sair o mais rápido possível, o sinal toca, ele sai, tem que ir a um lugar muito importante.

Em vez de correr por obrigação, como foi para escola, ele escolheu correr, estava ansioso para chegar na AEL (Academia Eugenio Lima), a única academia de boxe que aceitou o menino naquela idade, na realidade, aceitou fazer um teste com ele, se não passasse teria que caçar algum outro lugar.

O garoto nunca entendeu, mas ele sempre sentia um amor tremendo pelo boxe, sempre quis testar como seria praticar algo daquele jeito, algo lhe dizia que ele queria muito fazer isso.

No caminho para a academia, o menino sentiu algo estranho, não se sentia nervoso ou amedrontado, muito pelo contrario, ele se sentia confiante, sentia que havia nascido para aquilo, nascido para ser o melhor, com isso apressou o passo e logo chegou na academia.

Quando entrou, viu um clima diferente, a academia que já obtivera seus tempos de glória, hoje, não passava de uma academia pequena, com alguns lutadores treinando, um velho chamado Eugenio, sacos de pancada e alguns outros equipamentos que pareciam estar mofados, empoeirados, velhos, porém, pareciam-lhe muito funcionais.

Quanto aos lutadores, mesmo que cinco, eles eram incríveis, eram intimidadores, tinham um rosto de campeões, pareciam ser os melhores. Quanto ao velho, após o ver gritando e treinando um grandalhão, Rafael sentiu um frio subindo por toda sua espinha, mas por algum motivo ele se sentia feliz, essa poderia ser a grande chance da vida dele e agora parecia algo desafiador, por alguma razão o menino se sentia em casa.

- Então você deve ser o moleque que queria uma chance – disse a velha voz do treinando o qual descia do ringue

- Sim senhor! Queria agradecer pela chance e por poder mostrar meu potencial da forma que o senhor preferir.

-Ora, ora, se não temos um guerreiro aqui, pronto para mostrar serviço para mim. Pois bem, coloque sua luva e se prepare, já lutou boxe alguma vez antes?

Rafael se lembrou das brigas da escola, se lembrou d sempre que assistia uma luta, de tudo que passou para chegar até ali e decidiu aceitar o desafio.

- Já lutei sim treinador, estou pronto para esse desafio. No entanto, gostaria de pedir uma luva emprestada do senhor.

- Um lutador sem luva? Tá aí uma coisa que não se vê todo dia. Bom, tá vendo o grandalhão ali? Siga ele que terá uma luva para usar.

Rafael se sentia animado, algo estava lhe deixando muito feliz, mas ele não sabia o que era, foi atrás do lutador.

- Olá, meu nome é Carlos, tudo bem com você? Desculpe pelo treinador, ele é meio, motivado demais às vezes.

- Tudo bem, a motivação dele me anima.

Carlos deu um sorrisinho de satisfação, algo enchia o coração dele de felicidade, porem ele não sabia o que era.

- Toma aqui garoto, essa é minha primeira luva, então, por favor, tome conta dela viu?

- Posso deixar, eu vou!

Todavia, antes do garoto ir ao ringue, um pequeno olhar de desconfiança vindo dele tomou conta do ginásio.

- Garoto, você realmente já lutou? Os caras aqui são realmente bons e o treinador não irá gostar de um mentiroso.

- Fica tranquilo, agradeço a preocupação, mas sinto que sei no que estou me metendo.

O garoto volta a se direcionar para o ringue, lá está o treinador e um garoto com mais ou menos sua altura, mas com músculos ressaltados, algo digno de um profissional.

- Ei garoto, não se assuste, ele parece grandalhão, mas é do seu peso e está treinando comigo faz um ano só. É meio fortinho mesmo, mas é porque ele cria massa rápido. O nome dele é João – Fala o treinador com um sorriso no rosto.

-Pode deixar treinador, não vou te decepcionar.

Eles colocam as luvas, o capacete e vão para a luta.

João solta um cumprimento de cabeça e os dois começam.

João começa golpeando:

jeb – direto (guarda destro)

Rafael se protege com as duas mãos, do nada ele sente algo estranho correr sobre ele, algo novo, sangue fervia nas suas veias, ele não podia se segurar, o suor escorria em sua testa. Então ele soltou:

Jeb – direto (guarda de direita)

Toma como resposta:

 jeb – jeb

Leva o inimogo pro canto com:

jeb-jeb-jeb-jeb-jeb-direto

Aperta ele com uma serie:

jeb-direto-jeb-direto

Na pressão João soltou:

Cruzado na barriga—cruzado no rosto

O menino sentiu, foi ao chão.

Tomou um cruzado no queixo, tudo pareceu parar, ele viu tudo indo cada vez mais lento, mais devagar, ia caindo, parecia que seria nocauteado.

Sentiu o suor caindo, sentiu que tudo voltou assim que chegou ao chão.

1

Ele estava confuso, mas estava bem, conseguia levantar, ele tava pronto para voltar.

2

Tentou levantar uma única vez, caiu.

3

Suas pernas pareciam travadas.

4

Enquanto isso a contagem chegava em cinco.

5

Ele não podia parar agora

Arrumou forças

6

Levantou devagar

7

Conseguiu ficar de pé no segundo oito e voltar à luta.

Passava-se quanto tempo?

Faltavam dois minutos e trinta segundos

Coloca a determinação em seus punhos, ataca ferozmente:

Jeb-jeb-jeb-jeb-jeb-jeb

O João recuou.

Colocava uma guarda alta.

Rafael solta mais um cruzado, mas toma um swing de contra ataque.

Cai ao chão

Não sabe o que aconteceu, mas quer continuar;

1

Sente a cabeça doendo, mas quer continuar;

2

Coloca as duas mãos no chão;

3

Levanta;

QUATRO.

Ele olha para o oponente, se prepara, pensa um pouco, decide seguir seus próprios instintos, ataca.

Mas isso parece uma idéia ruim, decide analisar enquanto ataca:

Jeb-jeb-jeb-jeb-jeb-jeb-jeb-jeb

Ele chega com seu adversário nas cordas, João decide continuar com sua estratégia, ele levanta sua guarda.

O soco direto de Rafael vem como era esperado, João contra ataca e quando olha para frente percebe. O direto não passou de uma finta, ele estava esperando aquele counter (contra ataque) e enfiou um uppercut fatal no queixo de João.

Seu adversário, pela primeira vez na luta, vai ao chão.

Estava confuso, estava inconformado, como podia aquele moleque, que veio do nada, chegar e simplesmente o derrubar daquele jeito.

Rafael sentia-se ótimo, nunca havia sentido algo assim. É como se tudo o que ele quisesse encontrar tivesse sido achado naquele exato momento, ele não queria que a luta terminasse, queria destruir, sentia sede de luta, amava aquilo, não podia mais parar.

4

João estava nervoso, conseguiu mover seus joelhos, não entendia como alguém tão bambo poderia ter tocado nele;

5

Força-se a levantar;

6

Diz estar pronto e se levanta;

SETEEE

Ele se coloca em guarda.

Rafael estava diferente, se sentia bem, diferente.

João atacava, Rafael tremeu, mas ficou fixo, confiante.

Golpes eram colocados na guarda do adolescente que estava sendo testado:

Jeb-direto-jeb-direto-jeb-direto

Golpes muito fortes, ele sentia a dor, mas observava calmamente;

Ele percebe a abertura:

Cruzado na cintura-Jeb-direto-jeb-direto-upper

João recua;

Rafael não sabe o que aconteceu, ele só vai para cima do adversário, sabe como estava indo bem, quer ganhar, abaixa a guarda e somente avança, quando de repente, João ataca ferozmente, vê a imaturidade do oponente, vira uma tempestade de socos, o garoto não consegue reagir.

Cai ao chão, enquanto cai vê tudo ficando preto, ele quer se levantar precisa disso, não pode perder aquela chance.

Cai!

Totalmente inconsciente, com sangue em seu rosto, é o fim do combate.

Carlos corre para dentro do ringue, joga um balde de água no garoto, tenta acordá-lo, o treinador permanece imóvel.

João vai para seu corner e somente observa, como se nada acontecesse.

Depois de uns 2 minutos, Rafael acorda, Carlos sorri e fala:

- Parabéns, você foi ótimo.

João olhando com raiva, pensa e solta um pequeno sorriso desafiador.

Rafael pensa o quanto tem que treinar para destruir aquele oponente, se sente abatido, desafiado, promete para si mesmo destruir aquele homem. Sente-se que aquilo é o mais importante, é o que ele quer, é o sonho dele, a sua vida toda se resumia a aquele momento.

Quando ecoa uma voz alta, seca e roca:

- Garoto, como você acha que se saiu?

Carlos olhou assustado.

Rafael responde:

- Acho que... Acho que fiz tudo que podia e não fui tão mal, na verdade para minha primeira luta imagino que eu tenha ido bem.

- Então você me diz que cair que nem bosta três vezes seguidas é ir bem?

- Talvez não, mas...

- Mas nada garoto, se esse cara não tivesse sido tão mole, você deveria ter sido derrubado na primeira vez que errou, você abriu duas vezes antes de corrigir seu erro, que tipo de idiota erra duas vezes?

- Desculpa treinador.

- Eu não sou seu treinador.

Carlos interfere:

- Treinador, calma, ele foi bem, por que o senhor está tão nervoso?

- Porque esse moleque mentiu para mim, você não percebeu Carlos? Que tipo de boxeador que já lutou, que já sentiu o peso de uma luva, abre a guarda desse jeito ridículo e ataca sem medo?

- Hum, eu entendo mas...

- Se eu não posso confiar em meu aluno, como posso dar aula para ele?

Uma voz firme surge:

- Treinador, desculpe por mentir, mas eu queria te convencer. Sei que errei e não prometo trair sua confiança novamente, me de uma chance a mais eu lhe peço.

- Como posso confiar em você? Depois disso tudo, por que você quer continuar?

- Sabe, eu não sabia, sempre gostei desse esporte, mas quando entrei no ringue, tudo ficou diferente, eu senti que posso e vou ser o melhor, tenho que ser e quando olho pro senhor percebo que você é meu caminho.

- Como você pode provar?

- Me deixe treinar com o senhor até eu tirar a licença para ser profissional, depois me inscreve no primeiro campeonato que o senhor quiser, e eu provarei o meu valor.

O treinador sorriu, viu a determinação e sentiu o olhar de um campeão.

O garoto voltou para casa feliz, se sentia demais, o melhor, se sentia completo, um profissional, algo lhe dizia que havia achado a sua primeira profissão, no entanto, agora ele deveria que se preparar para entrar em seu segundo trabalho, ou talvez terceiro, tinha que dar apoio a sua mãe.

Infelizmente, os assuntos que seu pai havia tratado com sua mãe haviam novamente tomado um caminho violento e ele devia cuidar dos machucados da pessoa que mais amava, estudava abraçado com ela, confortando suas feridas físicas e psicológicas.

E assim foi passando a carreira de Rafael, ele ganhou seus campeonatos, confortou sua mãe, resolveu problemas, tendo amores, e conquistando cada vez mais campeonatos no esporte que amava.

Para ganhar tanto, se privou de ter contato, com aquelas garotas de sua infância, se privou de amigos, se isolou da família, de tudo, vivia no boxe, fez com que seu treinador o considerasse bitolado, foi considerado um monstro, era impossível alguém aguentar tudo aquilo, porém, era o jeito dele de ser, o jeito dele de crescer, o jeito dele de amar, fazia tudo para atingir a seu objetivo, ser o melhor.

Agora, estava ele, em seu apartamento, sentado em sua poltrona, tendo nas costas todos os prêmios que ganhou durante sua vida e lembrando de toda sua trajetória, agora estava ele concentrado, calmo e lembrando de toda rota feita por um verdadeiro campeão que após 10 títulos consecutivos, conquistados entre seus 20 e 30 anos, após ser um lutador invicto, impenetrável. Estava ele percebendo que talvez houvesse sido mais impenetrável do que realmente queria ser.

Contudo, seu pensamento mudou drasticamente:

“Estou com fome!”.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Desculpa galera pelo alto nivel de referencias a golpes, achei que seria a forma mais dinamica de descrever uma luta.
Espero que tenham gostado
É diferente e procuro ser inovador, espero que tenham gostado.
Capítulo 3 promete e vou tentar fazê-lo para semana que vem, obrigado pela atenção, fuiii


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