O vento gelado da noite estava ajudando a clarear meus pensamentos. A noite está linda, a lua está cheia, as estrelas brilhantes… A música do carro continua alta, Will canta algumas junto comigo.
Meu celular toca, Will estica a mão e diminui o volume, atendo o aparelho e levo até a orelha.
-Mary?
Reconheço a voz imediatamente.
-Lucy!!! Oi, estou morrendo de saudades.
-Pelo amor de Deus garota, você mal completou um dia fora daqui. Não era pra estar dormindo? Que horas são aí?
-Acho que sim, mas não estou cansada, deve ser a adrenalina… Já é a noite…
-Queria saber se está tudo bem…
-Estamos ótimos, e aí? Está tudo bem?
-Ah sim, estou um pouco assustada com o fato dos Giranis estarem aqui, mas Mike está sendo um ótimo parceiro pra me acalmar.
-Imagino, me informe, okay? Amo você.
-Pode deixar, amo você. -E então a linha fica muda.
Antes que eu possa guardar o celular ele toca novamente, fazendo Will virar a cabeça e me encarar. Olho para o número que marca como desconhecido.
-Atende. -Diz Will com apenas uma mão no volante pronto para agir se algo sair dos eixos.
Faço como ele pede e atendo, a linha fica muda por dois segundos.
-Mary? -Essa voz familiar…
-Luka.
-Ah Mary, que bom, podemos conversar? Preciso falar com você… -Não respondo.- É sobre os Girani…
-Continue.
-Descobri algo sobre eles, a essa altura você já deve conhecê-los certo?
-Não, conheci apenas um pessoalmente e o nome de outra. Polly.
-Ah, Polly… Vou dizer brevemente e rapidamente okay? Polly tem um irmão gêmeo, os dois juntos se tornam uma dupla incrivelmente imbatível. Polly é uma rastreadora nata assim como o irmão, Polly tem a audição e olfato mais aguçado que qualquer outro vampiro porque… Ela arranca os próprios olhos para que sua visão não a distraia. O irmão é o contrário, ele não é de muitas palavras ele é observador até demais e encontra cada erro deixado pelo inimigo.
-Por que está me contando tudo isso?
-Para mante-la em alerta e informada, tome cuidado, okay? Mais uma coisa, Polly é ruiva, então o irmão possivelmente…
-Oh…
-Mary? Algum problema? -Pergunta Will.
Minhas memórias me atingem como um balde de água fria. Lembranças de mais cedo, um rapaz muito charmoso que me lançou um sorriso na lanchonete do parque e logo em seguida sumiu. É coincidência demais, não, não, não…
-Okay, Luka. Obrigada. -Desligo o telefone e procuro o de Bella que está na discagem rápida.- Bella?
-Mary, o que está acontecendo? Você está me deixando preocupado. -Comenta Will.
-Bella sabe me dizer se a Alice viu algo com os Girani aqui no parque? Ou que estejam perto de mim ou Will?
William para o carro bruscamente no acostamento, se não fosse pelo cinto de segurança, eu teria atravessado o vidro do automóvel. Ele desliga o motor o se vira para mim, arrancando o aparelho de minha mão.
-Bella, o que a Mary está querendo dizer com isso? -Houve murmúrios do outro lado da linha, Will parecia cada vez mais pálido e rígido, parecia que a qualquer momento iria desmaiar.- Por que não me comunicaram? -Silêncio.- Entendi. Sim, estou longe do parque mas podem nos seguir em um piscar de olhos, o cheiro dela é forte demais.
-O que ela está falando? -Pergunto aflita, Will levanta um dedo para que eu ficasse quieta por um momento, segundos depois ele manuseia a cabeça positivamente, desliga e devolve o celular para mim- E ae?
-O irmão de Polly está aqui, Alice não queria nos contar, se por um acaso de sermos escutados falando sobre ele. Ele teria liberdade de fazer qualquer coisa já que sabemos sobre a presença dele.
-Por que eles me querem tanto?
-Eles não sabiam de você até o aeroporto, seu cheiro é extremamente forte para mim, mas não quer dizer que para os outros não seja. Isso deixou aquele vampiro curioso, ele deve ter comentado com os outros, por isso o ruivo está aqui.
-Só por causa do meu cheiro.
-Eles são curiosos, Mary.-Diz Will partindo com o carro novamente.- Seu cheiro é mais forte que qualquer outra pessoa que tenham conhecido, eles irão querer saber o que você é, sem tirar que eles querem a Renesmee também, nunca viram nada parecido, Bella e Edward estão saindo de Forks agora mesmo com Jacob.
Solto um suspiro pesado, mal percebo que minhas mãos estavam tremendo. Will lança um olhar preocupado para mim e estica uma das mãos em minha direção, pego-a entrelaçando nossos dedos.
-Não deixarei que algo te aconteça, farei o possível para que ninguém toque você.
Sua mão sobe para minha nuca e com o indicador Will começa a fazer movimentos de rotação me deixando mais calma.
-Devo me preocupar, Will?
-Não. -Sua voz está um pouco fria demais não me fazendo acreditar.
***
Ajeito meus óculos que estão escorregando para a ponta do nariz. Sinto os olhos do Cullen em mim, estou maravilhada pela paisagem. Ainda está escuro, fizemos a viagem em apenas uma hora como ele disse. Quando pensei que iríamos parar, Will virou em uma trilha que era completamente fechada por matos, eu mal tinha notado, por um segundo pensei que iríamos bater nas mudas de plantas.
-Onde estamos indo? A praia não é lá atrás?
Will não me responde, passamos por uma espécie de túnel cheio de rochas, largo o suficiente para que o carro passe. Está escuro demais e não consigo enxergar praticamente nada. Daqui consigo escutar o barulho das ondas, saímos do túnel, o automóvel anda mais uns cinquenta metros e para.
Agora consigo ver com muita clareza, a areia, as ondas caindo, duas espécies de montanhas no cercam.
-Queria que tivéssemos privacidade…
Abro a boca em um grande “O” surpresa. Will pega em minha mão e me puxa em direção ao mar, deixo que ele me leve. Ele ergue a mão como dançarinos fazem quando querem que sua dupla de um giro. Faço como o solicitado e dou um giro. Ambos sorrimos, Will para um pouco antes da água e olha para mim.
-Eu queria poder levá-la até a água mas…
-Eu entendo, sei que não posso molhar o gesso e nem o curativo em minha barriga. Mas você pode Will, ficarei molhando apenas os pés.
Me viro para ele e coloco minha mão em seu rosto, ele fecha os olhos sentindo o calor da minha mão. Retiro sua jaqueta de couro e depois sua camisa. Will estica a camisa dele no chão e gesticula para que eu me sente ali, faço como o solicitado e o observo andando em direção a água. A lua deixa seu corpo ainda mais pálido que já é. Will dá um salto para dentro da água e logo some. Fico observando as ondas baterem na areia, parece que nunca teve alguém ali, não sobe uma bolha de água para indicar se Will está bem ou não, mas vampiros não respiram.
Alguns minutos depois Will emerge, seus olhos automaticamente olham para a areia onde estou, dou um leve aceno para ele. O Cullen também acena e em um piscar de olhos ele está à minha frente. Toco seus cabelos que estão molhados e pingando assim como sua calça.
-Você podia ter tirado a calça não é? Está totalmente encharcada.
-Já já ela seca.
Will ajeita a jaqueta de couro atrás de mim e me deita lentamente na areia, seu corpo por cima do meu, seu cabelo pingando em meu rosto, mas não ligo. Ele toma cuidado para não molhar meu gesso ou colocar seu peso em mim, seus lábios tocam os meus de modo leve e delicado, fecho meus olhos aproveitando o momento, ele morde meus lábios puxando meu lábio inferior para cima me deixando agitada.
-Will… -Solto quase como um gemido.
-Shiiii…
Seus lábios descem pelo meu pescoço, sua mão entra por dentro de minha blusa e pousa em meu seio direito onde ele aperta com disposição.
-Ah meu Deus, Will…
Reviro meus olhos em um ato de prazer, isso está me deixando louca, subo minha mão boa para seu peito duro e definido, minhas mãos descem até onde fica o zíper de sua calça. Will solta um grunhido da garganta.
-Mary, Mary não faça isso…
Ele me beija novamente, o beijo é salagado, intenso… Tento desesperadamente abrir o zíper de sua calça mas como está úmida, parece impossível abri-la. O rapaz para o beijo e solta um outro suspiro, mas dessa vez impaciente. Abro meu olhos e me arrependo, Will não parece confortável, não parece estar feliz…
-Fiz algo errado? -Pergunto.
-Não, não, você não fez nada errado…
Will sai de cima de mim e se deita ao meu lado, encosto minha cabeça na jaqueta suspirando uma derrota.
-O que…
-Eu já disse que não posso perder o controle com você, não posso Mary, não quero que aconteça com você o que aconteceu com a Bella. Não posso cometer o mesmo erro dos meus pais.
-Mas Renesmee…
-Bella teve sorte, e se você não tiver a mesma? E se…
-Você quer viver de “e se”, Will?
-Não quero brigar… -Ele coloca as mãos no rosto, seu peito nem sobe nem desce.
-Não estamos brigando…
-Apenas discordando um do outro? -Ele da um risada cheia de ironia.
-Então… Não quer ter filhos? -Pergunto olhando para o céu.
-Quero ter filhos, podemos adotar, podemos fazer uma inseminação se você quiser… Você é nova.
Balanço a cabeça negativamente mordo meu lábio inferior frustrada. Meu telefone toca, pego o mesmo ignorando Will e o atendo.
-Alô? -A linha está muda, não há chiado, vozes, barulhos indicando que há alguém na linha. - Alô? -Repito.
William arranca o celular de minha mão e tenta escutar algo do outro lado da linha, seu telefone também toca, ele entrega o meu de volta já desligado e atende o próprio.
-Alô?
Mas parece que novamente ninguém disse nada. Will desliga seu celular também e olha confuso para mim.
-Estranho.
-Estranho. -Concorda.
Me viro de modo que eu fique confortável, fecho meus olhos e permito descanso. Will não chega perto de mim, talvez porque a brisa já estava fria e ele não quisesse me deixar com frio, ou por estar molhado.
Mal percebi o quão estava cansada, em segundos cai no sono.
***
Quando acordei, o sol estava forte, mas não estou me sentindo “queimada” por assim dizer, abro meus olhos e vejo que acima de mim há uma espécie de guarda sol feito com galhos e folhas grandes, me levanto lentamente e observo o local, está tudo completamente embaçado. Procuro pela areia meus óculos, uma mão coloca os óculos em minha palma.
-Não diga nada, só observe.
Faço o que a voz me pede, coloco meus óculos, Will deve ter tirado eles para mim enquanto eu dormia. Quando observo em volta posso notar que a areia é diferente de qualquer outra praia. A areia é branca, não branca em questão de limpa, é literalmente branca! A água é um azul que chega a ser quase transparente, o sol está no topo do céu limpo, olho para o lado e vejo que Will está refletindo a luz do sol, parecendo um diamante gigante.
-Aqui é lindo…
-Sabia que iria gostar, mas teremos que voltar assim que escurecer.
-Por quanto tempo dormi?
-Agora são três da tarde, então você dormiu bastante. Pelo menos recuperou suas energias, estava preocupado que iria desmaiar de sono a qualquer momento. Está com fome? -Balanço a cabeça positivamente.
Will me entrega uma maçã limpa e incrivelmente vermelha. Dou uma bela mordida na mesma, o suco da fruta limpando minha garganta.
-Esta maravilhosa!
-O fruto proibido é realmente bonito.
-Alice ou Bella ligaram? -Pergunto.
-Sim, Bella já chegou em Londres com Edward, Renesmee e Jacob. Estão seguros.
-Isso é ótimo! E quanto os outros?
-Estão em alerta a qualquer coisa, Alice disse que viu todos os Giranis em Forks, sinal que eles irão parar de nos encher por um tempo.
-Will, já passou pela sua cabeça que eles podem não parar de nos seguir, agora que sentiram meu cheiro e tudo mais? -Dou outra mordida na maçã.
-Já, por isso estamos pensando em uma modo de mata-los..
-Will…
-Mary, eles não irão sossegar enquanto não estiverem com você e a Renesmee. Precisamos mata-los. Vou buscar algo para você beber no carro.
Will da um beijo em minha bochecha e se retira.
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