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História A Second Chance - A Second Chance - Helena (parte final)


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Esse capítulo foi quase um parto mesmo... Mas, ufa! Enfim, nasceu!

AMORES DA MINHA VIDA, me perdoem a demora, muitas coisas aconteceram, algumas boas, outras nem tanto.

Mas vamos ao que interessa... e não se esqueçam de ler as notas finais, tem surpresinha!!!

Boa leitura!!!

Capítulo 35 - A Second Chance - Helena (parte final)


Fanfic / Fanfiction A Second Chance - A Second Chance - Helena (parte final)

Gerard acordou no sábado com o barulho da ventania na janela e o frio que a mudança de tempo trouxe. Levantando-se da cama, ele vai até a varanda do quarto e observa a paisagem. As nuvens negras e carregadas cobrem quase todo o céu dos Hamptons e a ventania balança violentamente as árvores. Gerard viu na previsão do tempo que o clima ia mudar, mas ele não esperava que mudasse tanto. Ele cogita se foi mesmo uma boa ideia ter vindo para a praia.

No entanto, ao voltar sua atenção para a cama e ver Frank dormir pacificamente, retira todas as dúvidas de Gerard. Frank está completamente acomodado e confortável na cama, entregue a um sono profundo, o que deixa Gerard bastante satisfeito. Apesar do marido não ter tido nenhum problema com a gravidez até agora, logo eles terão que lidar com uma criança de seis anos, uma de dois anos e um bebê recém nascido. Então todo descanso que o rapaz puder ter agora é bem vindo.

Gerard se aproximou da cama, cobriu Frank um pouco mais, deu-lhe um beijo na testa e deixou o quarto, sem fazer barulho.

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Na cozinha, Gerard começa a preparar o café da manhã. Suco de laranja, café, ovos mexidos, torrada, panquecas e algumas frutas. Muito contrariado, ele arruma a mesa de jantar para o café da manhã, pois geralmente a família faz as refeições na mesa da varanda, mas com o tempo ruim, é melhor que os dois fiquem em casa mesmo.

Quando a mesa já está pronta, Gerard ouve os passos de Frank no piso de madeira. Ele sorri.

- Timing perfeito. - ele diz, se virando a tempo de ver o marido bocejar, enquanto caminha em sua direção.

Frank usa a calça do pijama e uma camiseta com a foto da família, que ganhou nos dias dos pais. Seus cabelos estão bagunçados e ele coça os olhos como uma criança, o que faz Gerard lembrar imediatamente de Danny, que tem a mesma mania do pai. Ele abre os braços e deixa o marido se acomodar em seu peito. Ele envolve Frank com um dos braços, enquanto repousa a mão livre na barriga do marido.

- Você fez o café da manhã. - diz Frank, ainda sonolento.

- Fiz sim. Eu queria comer lá fora, mas o tempo tá meio entranho, então arrumei a mesa de jantar mesmo.

- Tá ótimo.

- Dormiu bem?

- Sim, eu apaguei. Acho que estava mais cansado do que imaginei.

- Foi a estrada. Você sempre fica cansado quando pega a estrada.

- É, pode ser. Mas acho que descansei bem.

- Que bom! - diz Gerard, dando um beijo na testa do marido. - Vamos tomar café?

- Vamos! Estou faminto. - ele diz, e os dois seguem até a mesa, onde Gerard acomoda o marido na cadeira.  - Ah, amor, eu queria ligar pra casa daqui a pouco. Saber como estão meus pais e as crianças.

- Claro. Podemos ligar do Skype, se você quiser.

- Seria ótimo! Eu sei que saímos de casa ontem, mas eu já estou com saudades.

- Eu sei que está, porque você é o melhor pai do mundo. - diz Gerard, beijando topo da cabeça do marido, que sorri.

Os dois se deliciam do farto café da manhã, enquanto conversam sobre os planos pra hoje. Frank fica um pouco frustrado por não poder dar um mergulho no mar, mas a animação logo volta quando Gerard sugere que os dois deem uma volta pela praia. Mas antes de mais nada, Frank quer ligar pra casa e falar com os filhos.

Enquanto Gerard coloca as louças na lava-louças, Frank liga o notebook e conecta o Skype. Não demora muita para a imagem de Barbara aparecer na tela do computador.

- Oi, meu filho. - ela acena, sorrindo.

- Oi, mãe. Tudo bem? Como estão as coisas aí?

- Está tudo bem.

- E as crianças? Estão dando muito trabalho?

- Trabalho nenhum. Acabamos de tomar café, e seu pai foi levá-los pra escovar os dentes.

- Ah, que bom! E eles dormiram bem?

- Dormiram como pedra. Nós colocamos um DVD depois do jantar, antes da metade do filme, seu pai e a Charlie já estavam apagados. Danny e eu ainda enrolamos um pouquinho. Ele brigou um pouco com o sono, mas logo dormiu também.

- E ele pediu pra ler algum livro?

- Sim! - o rosto de Barbara se ilumina em um grande sorriso. - Ele pediu o "Boa noite, Lua".

- E ele deu boa noite pra todo mundo? - Frank não pode evitar o sorriso bobo de pai babão.

- Pra todo mundo e pra tudo dentro do quarto. - Barbara ri. - Ele deu boa noite pros brinquedos, pra mim, pro seu pai, pros irmãos e pra vocês.

Frank não sabe se são os hormônios ou se é seu lado paternal gritando, mas seus olhos se enchem de lágrimas imediatamente. Ao longo dos dois anos e nove meses de Daniel, Frank sempre fez questão de ser a primeira pessoa que o filho vê quando acorda, e a última que vê quando vai dormir, exatamente como ele fez com Charlie. O rapaz pode contar nos dedos de uma mão as noites em que não colocou o filho para dormir, ou que não estava lá quando ele acordou, e sem dúvida, cada uma dessas vezes doeu profundamente em seu peito. Frank sabe que seus filhos são crianças muito bem adaptáveis e que ele pode confiar o cuidado das crianças à sua família de olhos fechados, mas é sempre doloroso não estar presente para cumprir a rotina com os pequenos.

Ele tenta disfarçar sua frustração com um sorriso, mas logo uma mão em seu ombro lhe traz um pouco mais de confiança. Gerard sorri pro marido e beija sua mão, antes de se virar para cumprimentar a sogra.

- Oi, Barbara! - ele diz, com um grande sorriso.

- Oi, querido! E como vocês estão aí?

- Estamos bem, apesar do tempo estar virando. Deve chover mais tarde.

- Ah, puxa vida! Praia com chuva é muito chato.

- A gente arruma outra coisa pra fazer, não tem problema. - diz Frank, conformado.

- Ah, olha quem chegou. - diz Barbara, olhando na direção da entrada da sala. - Pessoal, adivinhem quem está aqui no computador? - logo pequenos passos apressados são ouvidos. O coração de Frank acelera por antecipação, como se ele não visse os filhos há mais de um mês. A primeira a aparecer na tela é Charlie, a menina solta um pequeno grito de animação ao ver os pais.

- Papais!

- Oi, minha gatinha. - diz Frank, enquanto Gerard acena e manda beijos pra filha. Logo Paul surge na tela, segurando Daniel no colo.

- Oi, rapazes! Olha, Danny, são seus papais. - ele diz, apontando para a tela do computador.

- Papai! Papai! - o menino balança os bracinhos, pedindo pra ir para o chão.

- Oi, garotão! - diz Gerard. - Você e sua irmã estão sendo bonzinhos pro vovô e pra vovó?

- Sim, bonzinhos! Saudades, papais. - ele diz, fazendo o coração de Frank se apertar.

- Nós também estamos com saudades, filho. Mas amanhã nós estamos em casa, eu prometo. - ele diz.

- Papai, você me traz uma concha? - pede Charlie.

- Pode deixar! Nós vamos dar uma volta na praia pra procurar uma concha pra você. - diz Gerard.

- Obrigada!

- Bem, mais tarde a gente se fala de novo. Papai Frank e eu vamos sair um pouquinho, tá bom?

- Tá bom. - diz Danny.

- Se comportem e continuem obedecendo seus avós, okay? - pede Frank.

- Okay! Tchau, papais. - diz Charlie.

- Tchau, gatinha. Tchau, garotão. Nós amamos vocês.

- Tchau, meus amores. - diz Gerard, enquanto Barbara sai do campo de visão com as crianças.

- Até mais, rapazes. Divirtam-se.

- Tchau, pai.

- Tchau, Paul. - Gerard desliga o notebook assim que a ligação do Skype se encerra. Eles se vira para o marido, mas antes que possa falar alguma coisa, Frank faz uma careta de dor, levando as duas mãos à barriga e inclinando o corpo pra frente.

- Ugh! - ele geme, apertando os olhos e deixando Gerard aflito.

- Frank? O que foi? Qual o problema? - pergunta Gerard, nervoso.

- Só... - Frank ergue a mão. - ... me dá um minuto.

- Amor, por favor, o que você tá sentindo? Fala comigo! - Gerard insiste, enquanto Frank inspira fortemente pelo nariz e solta pela boca.

Após quase dois minutos de tensão, Gerard finalmente vê Frank relaxar o corpo. O rapaz recosta no sofá e tenta recuperar o controle da respiração.

- Fala comigo, Frank.

- Braxton-Hicks. - ele diz, esfregando as laterais da barriga.

- Tem certeza? Eu achei bem forte.

- E foi mesmo. Mas é normal. Eu tive direto no fim da gravidez do Danny, lembra?

- Mas você quase não teve agora. Isso não é estranho? Devemos ligar pra Dra. Robins ou pra Jill?

- Amor, foram só contrações de Braxton-Hicks, é normal a essa altura da gravidez. Eu tô bem, eu juro.

- Tá certo. - Gerard diz, mas não parece muito satisfeito com isso. - Você quer se deitar, relaxar um pouco?

- Não, eu estou perfeitamente bem. Essas contrações estão me preparando para o grande dia, que pode ser em 3 ou 5 semanas, dependendo da preguiça desse bebê.

- Então, o que você quer fazer?

- Eu quero dar uma volta na praia, procurar algumas conchas pra nossa filha, e depois quero almoçar naquele restaurante vegano que tem na marina.

- Agora? Você não acha melhor...

- Amor, eu tô bem, eu juro.

- Meu príncipe, eu não quero que se canse. Essa viagem é justamente para você descansar.

- Gee, eu prometo que estou bem. De verdade. Se eu precisar voltar antes e deitar, você será a primeira pessoa a saber disso. Okay?

- Okay. Mas eu vou ficar de olho em você.

- Eu não espero menos de você - Frank sorri e beija o marido. - Bem, vamos trocar de roupa. Estou animado por essa volta na praia.

De roupa trocada e animação renovada, o casal sai para sua caminhada na praia. Frank agradece mentalmente por Gerard insistir que ele usasse uma suéter, pois os ventos fortes e gelados não dão uma brecha. Eles caminham o mais próximo possível do mar, a ponto da água cobrir seus pés. Mas um mergulho está mesmo fora de cogitação, já que o mar está absolutamente revolto. Frank fica satisfeito por encontrar várias conchas ao longo da orla. Charlie, sem dúvida, ficará satisfeita.

Após uma boa hora de caminhada, o casal segue até Babette's, um dos restaurante veganos favoritos de Frank. Gerard pede uma salada caprese, enquanto Frank uma quiche de espinafre com tofu. Os dois conversam animadamente por quase uma hora. Gerard lembra os primeiros encontros com Frank, há quase 5 anos atrás. Olhando para o rosto do marido, Gerard ainda vê a leveza, a jovialidade e a inocência que o rapaz. Os olhos continuam os mesmo, brilhantes, vivos e cheios de energia. A risada ainda é alta, exagerada e infantil, mesmo se aproximando dos 30, mesmo depois de 3 filhos. Frank gargalha com uma intensidade, que faz sua barriga chacoalhar um pouco. Gerard acha a cena mais linda do mundo.

Depois do almoço, o casal voltou pra casa caminhando pela praia novamente. A poucos metros de casa, Frank volta a sentir outra contração de Braxton-Hicks, o que deixa Gerard em alerta. Mas após alguns minutos, o rapaz se recompões e os dois voltam pra casa sem mais incidentes. Mas Gerard definitivamente vai manter os olhos no marido.

Assim que chegam em casa, Frank vai se deitar um pouco. Por mais leve que tenha sido, a caminhada foi longa e cansativa, e com as contrações de Braxton-Hicks se fazendo presentes agora, todo cuidado e descanso é pouco. Gerard ajuda o marido a se acomodar na cama e segue para lhe preparar um chá. Os dois se aninham na cama juntos, Frank com seu chá, e Gerard entretido com um livro sobre a teoria das cores. Poucos minutos depois Frank adormece. Gerard tenta tirar um cochilo também, mas algo o impede. Uma sensação de inquietação  formiga em seu peito. Após lutar um pouco, ele percebe que não conseguirá dormir, então resolve ir até o mercado local comprar algumas guloseimas para o fim de noite.

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O caminho até o mercado foi estranho. Diferente de horas atrás, nesse momento há pouquíssimas pessoas nas ruas. E as que estão, parecem estar com bastante pressa. Algo muito incomum nos Hamptons. Gerard nota também que o mercado está estranhamente cheio e agitado. Mas ele não se dá ao trabalho de tentar entender o comportamento ao redor. Sua própria mente já está lhe causando problemas o suficiente.

Parado em frente ao freezer e tenta se concentrar nos sabores, mas sua cabeça parece desprendida de seu corpo. Para acabar com o drama, ele escolhe um sabor de cada e segue para terminar as compras. Antes de se aproximar do caixa, Gerard cruza com a Sra. Dunham, que abre um imenso sorriso ao ver o rapaz.

- Gerard, querido! Que bom te ver. - ela diz, dando um abraço no artista, que retribui o carinho.

- Como vai, Sra. Dunham? Achei que não fosse vê-la durando o fim de semana.

- Ah, eu estou na correria por causa da tempestade tropical. Na verdade, estão todos na correria. - ela diz, deixando Gerard confuso.

- Que tempestade tropical?

- Você não viu? Acabaram de anunciar no jornal que uma tempestade tropical vai nos atingir em poucas horas. Os comércios vão fechar e já emitiram sinal de alerta.

- O que?! Quando isso aconteceu?

- Tem uma hora mais ou menos. Disseram que vai ser a tempestade tropical mais forte dos últimos 60 anos. Estão todos estocando comida para os próximos dias e trabalhando a contenção das casas.

- Ah, meu Deus! Eu acho... acho melhor voltarmos pra casa. - o coração de Gerard martela contra o peito.

- Querido, não sei se vocês conseguirão pegar a estrada. Já estão fechando as rodovias.

- Mas... mas nós vamos ficar presos aqui?

- É o melhor a fazer. Disseram que a tempestade vai durar a noite toda, mas que amanhã já deverá ser possível reabrir as estradas. É melhor vocês não arriscarem, especialmente o Frank nesse estado. Todo cuidado é pouco. - ela diz, e Gerard respira fundo, conformado.

- Certo, a senhora tem razão. Eu vou pagar logo isso e voltar pra casa.

- Ah, isso mesmo. Fique de olho no seu marido, Gerard. As pessoas acham que não, mas as forças da natureza e o corpo humano são interligados. Cuide dele para que não haja nenhuma surpresa.

- Não precisa se preocupar com isso. Nossa médica disse que ele está muito bem, além do mais nós ainda temos, no mínimo, 3 semanas pela frente.

- Eu sei. Eu não sou nenhuma médica. Eu só sei interpretar os sinais da natureza e do cosmos e eu estou vendo uma perturbação muito grande vindo aí. Todo cuidado é pouco, especialmente com gestantes. Não saia do lado dele, Gerard. E especialmente, esteja preparado. - ela diz, e Gerard sente um nó na boca do estômago. Ele se despede rapidamente da mulher, segue para pagar as compras e corre de volta pra casa.

O caminho até em casa é estranho. A cidade, normalmente pacífica, está um caos. Pessoas chegando e saindo dos mercados e farmácias, comércio fechando, alguns guardas dão orientação aos mais confusos. Mas Gerard tenta não se concentrar nisso. A única coisa que ele quer é chegar em casa e ver Frank. Algo nas palavras da Sra. Dunham causaram arrepios na espinha do artista. Gerard precisa ver com seus próprios olhos que o marido e o bebê estão bem.

Assim que o carro para na frente de casa, Gerard esquece as compras e parte para dentro da casa a passos largos. Ele corre pelo corredor da casa, até chegar na suíte master e escancarar a porta. Mas para sua surpresa, e alívio, Frank continua entregue ao sono profundo. Gerard suspira aliviado e chega até a sorrir por ter caído na conversa da senhora supersticiosa. Ele fecha o quarto novamente e volta para buscar as compras deixadas no carro.

Com tudo guardado em seu devido lugar, Gerard volta sua atenção para a TV. Ele se senta no sofá da sala, liga no jornal local e assiste o repórter dando as últimas informações sobre a tempestade.

- Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia, a tempestade tropical deve atingir a costa de Nova Iorque nas próximas horas, com chuvas fortes e ventos de até 90km/h. A defesa civil já interditou as estradas que dão acesso ao litoral nova-iorquino e aconselha todos os moradores a permanecerem em suas casas. Espera-se que a tempestade tenha duração de 8 a 12 horas e que cause prejuízos de até 5 milhões de dólares em patrimônio público. Voltaremos a qualquer momento com mais informações sobre a tempestade tropical que promete atingir a costa de Nova Iorque.

Assim que o boletim de informações acaba, o celular de Gerard toca imediatamente.

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Frank é acordado por uma sensação de estiramento dos músculos de sua barriga. Exatamente como aconteceu mais cedo, seu abdômen todo se enrijece, causando uma dor de tirar o fôlego. Demorou, mas as contrações de Braxton-Hicks finalmente chegaram pra ficar. Frank não sente saudades dessa época, quando estava grávido de Daniel. Assim que a contratura muscular passa, ele tenta se acomodar na cama novamente.

Depois de tentar encontrar posição por quase vinte minutos, Frank desiste. Olhando para o relógio, ele vê que são 17:20 da tarde. Ele dormiu quase quatro horas. Frank se sente renovado, apesar da sensação dolorosa ao redor de sua barriga. Lentamente ele desce da cama. Assim que se põe em pé, Frank sente uma forte pressão em sua pélvis, quase como a pressão que ele sentiu quando Daniel estava perto de nascer, mas como a Dra. Robins disse que ele não mostrava nenhum sinal de entrar em trabalho de parto tão cedo, Frank preferiu acreditar que a pressão foi devido ao tempo em que passou deitado.

Com cuidado, Frank faz seu caminho até a sala, onde encontra Gerard ao celular, andando de um lado ao outro, parecendo uma pilha de nervoso.

- Não, ele está bem! Está dormindo. - ele diz e então faz uma pausa. - Já começou a chover, e chover forte. - Gerard continua. E só então Frank olha pela janela.

Um verdadeiro temporal se formou do lado de fora. Chuva torrencial, ventos fortes e raios e trovões. Exatamente como um dilúvio bíblico. Frank volta sua atenção ao marido, que continua no telefone.

- Nós devíamos ter ido embora mais cedo. Na verdade, não devíamos nem ter vindo. Não, pai, não dá nem pra colocar o pé na varanda. A fundação da casa é segura, não se preocupe. - continua Gerard, até que um raio corta o céu, formando um imenso clarão. Poucos segundo depois o barulho estrondoso do trovão explode, fazendo Frank pular e levar as mãos à barriga imediatamente.

Ao ouvir a comoção atrás dele, Gerard se vira e vê o marido parado na entrada da sala, com as duas mãos na barriga e uma expressão de medo no rosto. Gerard corre ao seu encontro.

- Pai, eu tenho que ir. Depois dou notícias. Tchau! - ele desliga. - Amor, tudo bem? Está sentindo alguma coisa?

- O que tá acontecendo? - pergunta Frank, desnorteado.

- É uma tempestade tropicar, amor. Ela atingiu a costa há mais ou menos uma hora.

- Como assim, tempestade tropical?

- Eu fui ao mercado, enquanto você dormia, e encontrei a Sra. Dunham. Ela disse que os jornais tinham acabado de emitir um alerta sobre a tempestade. Eu liguei para a polícia rodoviária e eles disseram que não temos como sair daqui, as estradas estão fechadas. Estão pedindo que todos fiquem dentro de casa.

- Meu Deus, Gerard.

- Ei, fica calmo. Vai ficar tudo bem. Nós vamos ficar bem. Disseram que a tempestade deve durar por volta de 12 horas, ou seja, amanhã já estará tudo de volta ao normal e nós poderemos voltar pra casa.

- Meus pais. Você falou com os meus pais?

- Sim, seu pai ligou assim que saiu o boletim na TV. Ele estava preocupado, mas eu disse que estava tudo sob controle. - ele diz, e toma o rosto do marido entre as mãos. - Frank, está tudo sob controle. Só precisamos ficar tranquilos essa noite. Amanhã pegaremos a estrada assim que estiver tudo liberado.

- Okay. Tudo bem. - diz Frank, respirando fundo e se acalmando.

- Você quer alguma coisa? Um suco? Um chá?

- Um chá de erva doce, por favor.

- É pra já. - diz Gerard, seguindo para a cozinha, enquanto Frank se coloca de frente à porta de vidro da varanda. Ele observa a chuva torrencial que varre a praia. Rajadas de vento completam o visual assustador.

Enquanto ele olha para a paisagem, um clarão estoura no céu, indicando que um raio caiu bem perto de casa. O estouro do raio e a explosão do trovão são uma combinação feroz que faz Frank, mais uma vez, levar as mãos à barriga, seguido de um gemido de dor dessa vez. Imediatamente Gerard fica em alerta, e corre para checar o marido.

- Frank? O que foi isso?

- Não sei. - ele diz, com o rosto ainda contorcido em dor. - Eu acho que as contrações de Braxton-Hicks estão ficando mais fortes.

- Você está nervoso por causa da tempestade. É melhor se deitar um pouco. Do lado esquerdo, como a Dra. Robins ensinou. - diz Gerard, guiando o marido para o sofá. - Eu vou buscar uns travesseiros.

Gerard corre até o quarto e volta com três travesseiros. Um pra cabeça, um para as costas e outro para Frank colocar entre as pernas. E assim Frank passa algumas horas, respirando fundo e massageando a barriga, mas nada parece ser capaz de diminuir as contrações de treinamento. Por volta das 20h da noite, enquanto Gerard termina de tomar banho, um grito alto e gutural fez a espinha do artista gelar. Apenas com a toalha amarrada na cintura, Gerard corre até a sala, onde encontra o marido sentado no sofá, com o corpo inclinado pra frente e as duas mãos pressionadas fortes na barriga.

Gerard praticamente cai de joelhos aos pés de Frank.

- Amor, o que foi? O que está acontecendo?

- Gee, eu não... - ele parece sem fôlego. - Eu não acho que são Braxton-Hicks. - os olhos de Frank denunciam o medo que toma conta de seu corpo.

- O quê?! Você acha que...

- Eu acho que estou em trabalho de parto.

A cabeça de Gerard gira. Uma infinidade de possibilidades passa por sua mente. Não pode ser possível. De todos os cenários que Gerard imaginou que seu caçula fosse vir ao mundo, no meio de uma tempestade tropical foi o único que não o ocorreu. Mesmo prestes a ter um ataque de pânico, Gerard sabe que o medo que ele sente nem se compara ao desespero que toma conta do peito do marido. Frank está hiperventilando, com os olhos marejados e pálido como um pedaço de papel. Gerard sabe que agora não é a hora de surtar.

- Está tudo bem, amor. Não se preocupe. Nós vamos dar um jeito.

- Não, Gerard. Eu não posso. É muito cedo. Eu ainda tenho 3 semanas, pelo menos. E se o bebê não estiver bem? E se os pulmões não estiverem maduros? Se não estiver totalmente desenvolvido?

- Amor, bebês nascem antes da hora o tempo todo. E se ele resolveu nascer agora, é porque chegou a hora. Mas isso não significa que chegou mesmo a hora. Se esse parto seguir o do Danny, esse bebê deve nascer amanhã de manhã.

- Oh, Deus, não! - algo atinge Frank como um trem. - Eu estou tendo contrações desde de manhã. Eu achei que fosse Braxton-Hicks, mas eram contrações reais. Gerard, eu estou em trabalho de parto desde de manhã.

Tudo que Gerard quer é gritar, colocar Frank dentro de um carro e voar até o hospital mais próximo. No entanto, o hospital mais próximo fica a mais de uma hora de distância, isso sem chuva. Com as rodovias fechadas é totalmente impossível chegar a um hospital. Está impossível até mesmo chegar até o carro. Mas Gerard precisa manter o controle. Ele precisa passar segurança para seu marido que está à beira das lágrimas.

- Ei, está tudo bem. Vai dar tudo certo. Eu vou ligar para a emergência e pedir uma ambulância, tá bem? Você e o bebê vão ficar bem. - ele diz, com toda calma do mundo. - Enquanto isso, eu preciso que você continue deitado do lado esquerdo e respire fundo e calmamente. Quem sabe a gente não consegue parar o trabalho de parto? Você pode fazer isso por mim?

- Si... sim. - ele diz, enquanto Gerard o ajuda a deitar.

Com Frank deitado novamente, Gerard corre até o quarto e pega seu celular, para ligar para o 911. Porém, para seu desespero, o visor do celular acusa que aparelho está fora de área. Gerard lança mão do celular de Frank, mas a mesma mensagem aparece. Discretamente, ele tenta o telefone fixo, mas há apenas silêncio. Toda a costa dos Hamptons parece sem comunicação. A última tentativa de Gerard é conseguir conexão com a internet, mas suas esperanças logo voam pela janela quando o notebook acusa que não há conexão disponível.

O coração de Gerard martela no peito. Frank está em trabalho de parto e provavelmente dará à luz numa casa sem comunicação externa e no meio de uma tempestade tropical. O artista tira alguns minutos para se recompor do pânico que o abateu, afinal de contas, Frank vai precisar dele o mais calmo e sereno possível. Vestindo sua melhor máscara de tranquilidade, Gerard volta para a sala e se ajoelha aos pés do sofá onde o marido está deitado. Frank o olha ansioso.

- Conseguiu falar com a emergência? Eles vão mandar uma ambulância?

- Amor, eu quero que você me escute com toda a atenção, tá bom? - o tom de Gerard é calmo, mas parece não causar efeito em Frank. - Nós estamos sem comunicação. Nem os celulares, sem o telefone fixo e nem a internet estão funcionando.

- Ah, meu Deus! Ah, meu Deus! E agora? O que nós vamos fazer? Eu não posso ter o bebê aqui, Gerard! Eu não posso ter o bebê aqui sozinho.

- Você não está sozinho. Eu estou aqui com você. Eu sempre estarei aqui com você. Nós vamos fazer isso juntos, eu não vou sair do seu lado.

- E se acontecer alguma coisa com o bebê? É cedo demais, Gerard!

- Não vai acontecer nada com o nosso filho. Ele é forte e valente como o pai dele. - diz Gerard, acariciando o rosto suado do marido. - Agora, o que acha de levarmos você pra tomar um banho, relaxar e tentar manter a calma?

- Eu não sei se consigo.

- Eu sei que consegue. Você consegue tudo. Você é o homem mais corajoso que eu conheço. Nós já fizemos isso uma vez, nós podemos fazer de novo.

- Eu tô com medo.

- Eu sei, mas eu estou aqui, e não vou deixar nada de ruim acontecer com vocês dois. Então, vamos tomar um banho pra relaxar? Você acha que consegue levantar?

- Eu acho que sim. - ele diz, vacilante.

Com todos cuidado, Gerard ajuda o marido a se levantar e caminhar até o banheiro. No meio do caminho Frank sente uma nova contração, dessa vez mais forte. A cada contração, ele sente seu bebê cada vez mais baixo, fazendo pressão em sua pélvis, dificultando seu caminhar.

Gerard enche a banheira com água morna e acomoda o marido. A temperatura da água ajuda no combate à dor na barriga e nas costas. Acomodado na banheira, Frank quase pega no sono. Quando sente a temperatura da água cair, Gerard logo drena a banheira e substitui por mais água morna.

Já passa das 22h quando Frank pede para sair da banheira. Apesar do conforto da água, a posição não está mais favorecendo. Gerard veste um roupão felpudo no marido, para que ele se sinta mais livre e confortável. Antes que eles possam sair do banheiro, porém, uma nova contração o atinge, fazendo Frank perder a resistência nas pernas. Gerard precisa agir rápido para amortecer o pouso do marido até o chão. Com os joelhos e as palmas das mãos sobre o tapete felpudo do banheiro, Frank grita em agonia, não lembrando em nada as primeiras horas do trabalho de parto de Daniel.

Se com o Danny, Frank se esforçou para parecer forte e no controle, dessa vez ele não faz questão nenhuma de esconder seu medo e sua dor. Frank permanece na mesma posição por mais meia hora. A cada contração, ele encolhe o corpo, gritando e tentando se enroscar ao redor da barriga, formando um grande casulo de dor. Gerard sente seu coração se despedaçar como nunca, mas ele também se sente mais forte e responsável. Com ninguém por perto, ele sabe que precisa ser a pessoa a passar confiança a seu marido em pânico.

Ajoelhado ao lado de Frank, Gerard esfrega suas costas, sussurrando palavras de carinho e incentivo.

- Respira, Frank. Você precisa se lembrar de respirar.

- Eu não consigo.

- Consegue sim. Eu sei que você está com medo, mas confie em mim, você consegue tudo.

- Ah, meu Deus! Está doendo demais. - ele grita com uma nova contração. - Eu não me lembro de doer tanto. Será que tem alguma coisa errada? Eu acho que tem algo errado. - ele diz, e Gerard sente a bile subir por sua garganta.

- Não! Não tem absolutamente nada errado. Não diga isso.

- Mas não deveria doer desse jeito. Não agora.

- Está doendo mais porque você está nervoso. Você foi pego de surpresa. No parto do Danny você estava preparado, sereno e esperando por aquele momento. Agora você achou que ainda tinha algumas semanas pela frente. Mas obviamente esse bebezinho discorda disso. - diz Gerard, colocando a mão sobre a barriga do marido. - Quem é preguiçoso agora? - ele brinca, arrancando um sorriso de Frank.

- Eu nunca mais vou chamá-lo de preguiçoso. Não depois disso. - ele ri.

- Você consegue se levantar? O que acha de ir pra sala ou pro quarto?

- Pro quarto seria ótimo. Eu preciso me deitar um pouco.

- Tá certo. Vem, eu te ajudo. - diz Gerard, tomando quase todos o peso da marido ao ajudá-lo a levantar.

Com calma e dificuldade, os dois caminham até o quarto, parando no meio de caminho uma vez, quando Frank sente mais uma contração. Após o que pareceu ser uma eternidade, Gerard finalmente acomoda Frank na cama. Ele se deita ao lado do marido, ficando cara a cara com ele. Por dentro, Gerard está em pânico, mas por fora há uma aura de paz que Deus sabe da onde veio. Ele acaricia o rosto do marido, tentando confortá-lo, cada vez que o rapaz se contorce de dor.

- Nosso neném vai nascer, Gerard. - diz Frank, com a voz embargada, cheia de medo e angústia.

- Eu sei, amor. - Gerard diz, sereno.

- Não foi isso que eu imaginei. Não era assim que deveria ser. Nós devíamos estar em casa, nossos filhos deveriam estar com a gente. Nossos pais, nossas mães. Exatamente como da última vez.

- As coisas nem sempre saem como planejamos. Eu planejava ser um viúvo solitário e amargo, vivendo dentro da minha bolha de tristeza. Então você apareceu e virou minha vida de cabeça pra baixo. Eu não planejava ter mais filhos, e olha só pra gente agora. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga rígida do marido. - Estamos prestes a ter nosso quarto filho. Eu não planejava me apaixonar novamente, e hoje eu durmo e acordo pensando em você.

- Como você... - Frank ofega. - ... pode estar tão calmo?

- Eu não estou calmo. Tudo que eu tenho de mais valioso está em jogo agora. Mas eu quero que você entenda que eu estou aqui, que vou te ajudar a passar por tudo isso, que não vou sair do seu lado e que vou me certificar de que tudo vai dar certo.

- Eu te amo. - diz Frank, em meio às lágrimas.

- Eu também te amo. Como todas as minhas forças. - Gerard diz, beijando os lábios do marido.

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Conforme as horas passam, não só a chuva, mas as contrações de Frank ficam cada vez mais fortes. O rapaz já não tem pudores nenhum em gritar ao sentir seu ventre contrair, forçando o bebê cada vez mais para o canal de parto. A cada onda de dor, Gerard segura as mãos do marido, tentando dividir com ele um pouco da carga. O artista tenta de tudo para manter o marido calmo, mas Frank está em pânico e parece que não há nada que Gerard possa fazer para mudar isso.

Pouco depois das 2 da manhã, após um novo relâmpago, todas as luzes se apagam, deixando a costa em um breu total. Felizmente algumas casas, como a dos Way, possuem luzes de emergência, mas elas não são o suficiente para iluminar bem o lugar.

- Eu preciso levantar. - diz Frank, tentando se mover na cama.

- Frank, para! O que você está tentando fazer? - pergunta Gerard, tentando impedir que o marido saia da cama, mas Frank está determinado.

- Minhas costas. Eu não posso mais ficar deitado. Minhas costas estão me matando. Eu preciso levantar. Por favor, Gerard. Eu preciso. - ele suplica.

- Calma, tá tudo bem. Vem, eu te ajudo. - Gerard passa o braços ao redor das costas do marido e o ajuda a se sentar na cama. - O que você quer fazer? Quer ficar sentado ou levantar?

- Eu não sei. Eu não sei. Está doendo demais. Eu não consigo pensar. Ah, meu Deus! - Frank está à beira de um ataque de pânico, e Gerard se preocupa.

- Frank, olha pra mim! Por favor, amor, olha pra mim. - ele pede, segurando o rosto do marido entre as mãos. - Você está entrando em pânico e isso está piorando a situação. Você está sentindo essa dor toda porque seu corpo está tenso. Eu sei que você está com medo, mas você precisa tentar se acalmar. Pelo bem do bebê.

- Gerard, nós nem sabemos como o bebê está! Eu não sei se ele está bem, se está em sofrimento. Meu Deus, eu não quero perder o meu filho. - entregue ao desespero, Frank chora de medo e de dor. Gerard pega a mão do marido e a pressiona firme contra sua barriga.

- Está sentindo isso? Frank, você consegue sentir isso? - ele pergunta. Frank permanece em silêncio por alguns segundos e então solta o ar que ele nem sabia que estava prendendo. Seu bebê está chutando dentro dele.

- Meu bebê.

- O bebê está bem. Ele provavelmente está tão assustado quanto você, mas ele está bem e ansioso pra sair e te conhecer. - ele diz, sorrindo. - O que você acha de andarmos pela casa um pouco. Tentar acelerar as coisas.

- Eu não sei se consigo.

- Eu seguro você. Não vou te deixar cair. Você confia em mim, não confia? - pergunta Gerard, olhando nos olhos do marido.

- Sim, sempre. - apesar do pânico, Frank não vacila em sua resposta.

- Vem, segura a minha mãe, eu te ajudo a levantar. - Gerard segura a mão do marido com uma das mãos e com a outra apoia seu braço.

Frank faz impulso para levantar, mas antes que possa se colocar de pé, ele sente a sensação familiar de algo se rompendo dentro dele. No segundo seguinte, ele sente algo molhar o interior de suas coxas. Soltando a mão de Gerard, ele cai sentado de volta na cama, com os olhos arregalados de pânico.

- Ah, meu Deus, minha bolsa estourou. - ele diz, levando as duas mãos à barriga.

O poça que se forma no chão é a prova concreta de que Frank dará à luz nas próximas horas. A realidade atinge Gerard como um trem de carga. Lembrando-se do parto de Daniel, Gerard sabe que não demorará muito para que o marido sinta vontade de empurrar. A esperança de que o trabalho de parto durasse, pelo menos, até o amanhecer acaba de voar pela janela. Não tem mais volta. A vida de seu marido e seu filho estão em suas mãos. Gerard precisa se manter calmo e firme, como nunca antes na vida.

- Frank, amor, eu preciso que você se deite de novo, okay?

- O quê? Por quê?

- Eu preciso checar a sua dilatação. Preciso ver como você está evoluindo.

- Deus, outra contração! - Frank grita, se encolhendo ao redor da barriga. Gerard não faz ideia do intervalo das contrações, e isso o assusta.

- Respira, amor, por favor. Não se tenciona. Assim é pior, você só sente mais dor. Respira junto comigo, vai? Inspira pelo nariz, e solta pelo boca. Vamos fazer juntos. - ele pede.

Apesar de um pouco reticente, Frank acaba imitando o marido. Durante alguns minutos, os dois respiram juntos, olhos nos olhos, sem quebrar o contato visual. Quando Gerard se certifica de que Frank está relativamente mais calmo, ele ajuda o marido a se deitar de volta na cama. Flexionando os joelhos, Frank abre as pernas o máximo que pode, enquanto massageia a barriga, na tentativa de relaxar os músculos tensionados.

Gerard corre até o banheiro para lavar as mãos e logo volta para o lado do marido.

- Amor, eu sei que vai doer um pouco, mas eu preciso ver como você tá progredindo, tá bom?

- Okay. Vá em frente. - diz Frank, ofegante. O rapaz precisa reprimir um gemido alto ao sentir os dedos não tão delicados do marido invadindo sua área hiper sensível.

- Quatro dedos. - anuncia Gerard.

- E o que isso significa?

- Significa que você está perto, amor. Nosso neném vai nascer logo. - ele diz, e Frank cobre o rosto com as mãos, para esconder seu choro. Gerard descobre o rosto do marido. - Ei, ei, não se esconda. Olhe pra mim. - ele pede, com a voz suave.

- Eu não tô pronto, Gerard. E se alguma coisa acontecer com o nosso filho? E se der alguma coisa errada? Não tem nenhuma ajuda médica aqui. Nem a Dra. Robins, nem a Jill. Nós não podemos nem chamar uma ambulância. Ah, meu Deus, eu tô com tanto medo. Eu não tô pronto, não tô pronto.

- Frank, me escuta. Eu também não tô pronto. Eu também estou com medo. Tem milhares de possibilidades aterrorizantes passando pela minha cabeça nesse momento. As vidas de duas das pessoas que eu mais amo no mundo estão nas minhas mãos. Eu não posso perder você e não posso perder o nosso filho. Então eu sei que estou te pedindo o impensável, o impossível, mas eu peço mesmo assim. Eu te peço pra acreditar que vai dar tudo certo. Te peço pra confiar em mim, quando eu digo que não vou deixar nada acontecer com você. Te peço pra segurar na minha mão e ser forte, mais forte do que você já é. Agora, eu preciso que você seja um super herói. Você pode fazer isso por mim? Você pode ser forte por mim? - Gerard pede, e Frank pode ver lágrimas se formando nos cantos dos olhos do marido.

- Sim, eu posso. Eu posso.

- Ótimo! Que tal a gente tentar levantar de novo? Andar um pouco pela casa.

- Tá bom. - e dessa vez, Gerard consegue colocar o marido de pé. Abraçados, os dois caminham a passos lentos pela casa.

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Os dois caminham por quase uma hora. Controlando o tempo dessa vez, Gerard percebe que as contrações de Frank vem a cada minuto e meio, quase não dando tempo para o rapaz recuperar suas energias. O artista tenta fazer o marido se alimentar e beber alguma coisa, mas com a força das contrações, o pouco que Frank ingere, volta quase que imediatamente.

Por volta das 4 da manhã, Frank para de repente. Seus olhos se arregalam, sua respiração fica presa na garganta suas unhas cravam no braço do marido. Gerard reconhece a situação na hora.

- Oh, Deus, o bebê está vindo! - ele anuncia, em pânico.

- Você tá sentindo vontade de fazer força?

- Sim! Sim! Ele está vindo. - grita Frank, com uma das mãos no pé da barriga. - Eu consigo sentir, ele está bem aqui.

- Certo, certo! Vai ficar tudo bem. - Gerard mais tenta se convencer do que acalmar o marido. - Vamos voltar pro quarto.

- Não, eu não posso me mexer.

- Vem, eu te levo! - e antes que Frank possa protestar, Gerard o toma nos braços e se apressa de volta pro quarto.

Deitando Frank na cama, Gerard abre o roupão do rapaz, deixando-o completamente exposto. Sem qualquer tipo de aviso, Gerard introduz os dedos no canal de parto do marido, fazendo-o gritar de dor e desconforto.

- Você está certo, amor. Dez centímetros, hora de fazer força. Empurra! - ordena Gerard. Frank encosta o queixo no peito e faz força pra baixo.

- Ah, meu Deus!

- Muito bem, amor! Muito bem! Mais uma vez. - ele diz, e Frank repete o processo. - Respira entre as contrações. Não se esqueça de respirar.

- Eu preciso empurrar de novo!

- Faça o que seu corpo está dizendo. Não reprima nada. Empurra! - diz Gerard, enquanto Frank usa toda sua força pra empurrar o bebê pra fora.

Quarenta minutos se passam e tudo que Frank consegue fazer é esgotar suas forças. A cada contração, ele sente que seu corpo será partido ao meio. A cada tentativa de empurrar seu bebê pra fora, suas pernas tremem de exaustão. Por mais que ele se esforce, nada parece funcionar, e Frank não consegue mais segurar o pânico.

- O bebê está preso, Gerardo. Ele está preso. Não vai nascer.

- Ele não está preso, Frank. Você lembra como foi com o Danny? Ele também demorou pra nascer.

- Mas eu podia ouvir o coraçãozinho dele. Eu podia ter certeza de que ele estava bem. Agora...

- Eu sei, amor, eu sei. Mas nós precisamos nos concentrar no agora. No fato de que esse bebezinho precisa nascer e nós precisamos ajudar. - diz Gerard, e de repente uma ideia surge em sua mente. - Vamos mudar você de posição!

- O... o que?

- Você não consegue empurrar o bebê pra fora deitado na cama. Com o Danny foi a mesma coisa. Nós precisamos mudar você de posição.

- Nós não temos a banqueta.

- Nós não precisamos da banqueta. - diz Gerard, se levantando da cama e correndo até o banheiro. Segundos depois, ele retorna com várias toalhas, que ele usa para forrar o chão. - Você vai agachar no chão.

- O que? Eu não posso...

- A gravidade vai te ajudar, Frank. Você vai ver. Vem, eu te ajudo. - ele diz, ajudando o marido a escorregar da cama e agachar em cima das toalhas que forram o chão.

- Merda, eu preciso empurrar de novo! - grita Frank. Agachado ao lado da cama, Frank se agarra às cobertas enquanto faz força para parir seu filho.

- Muito bem, amor! Muito bem!

São preciso mais três ou quatro tentativas, até que o rapaz sinta o resultado.

- Oh, Deus, Gerard! Eu consigo sentir. A cabeça dele está aqui. - ele diz, com um sopro de esperança.

- Você está certo, amor. - Gerard se inclina para ver melhor, apesar da pouca iluminação. - Eu consigo ver o topo da cabecinha dele. Mais um pouquinho e a cabeça sai. Vai, Frank! Empurra!

-Urghhhhh.

- Isso! Isso! Você é incrível, Frank. Bom trabalho! Mais uma vez. Faz força!

- Está vindo! Eu consigo sentir. Está nascendo! - Frank grita enquanto faz força.

- Respira, amor! Você precisa respirar. A cabecinha dele está quase pra fora. Só mais um pouquinho. Você é fantástico.

- Outra... eu preciso...

- Não segura, amor! Faz força! Empurra! Isso mesmo! - diz Gerard, enquanto Frank continua empurrando.

- Ah, meu Deus! A cabeça... a cabeça...

- A cabeça saiu, amor! Bom trabalho. Você é absolutamente fantástico.

- Eu quero segurar o meu filho. Eu quero saber se ele está bem. - diz Frank, chorando.

- Eu sei, amor. Mas você precisa empurrar, tá bom? Mais um empurrão. Eu preciso que você use toda sua força. Olha pra mim. Mantenha o foco em mim e use tudo que você tiver. Você está pronto? Um, dois, três... Empurra! - ordena Gerard.

- Ughhhh! - agarrado à colcha e com os olhos fixos no marido, Frank reúne o que lhe resta de forças para empurrar seu bebê para fora de seu corpo. Com um grito alto e gutural, Frank empurra enquanto sente seu bebê deixar seu corpo aos poucos.

- Está nascendo. Tá nascendo, Frank. Força! Você consegue. Força!

E então o ambiente é inundado pelo som alto e furioso do bebê. As pernas de Frank amolecem e ele desaba sobre as toalhas que cobrem o chão. O peito subindo e descendo em um ritmo anormal. Seu corpo todo parece em chamas, cada centímetro dele dói em uma intensidade absurda. Ele sente o sangue escorrer por entre suas pernas. Seus músculos tremem de exaustão. Mas nada disso importa diante do choro alto de seu filho, anunciando ao mundo sua chegada.

- Ele está bem? - pergunta Frank, ofegante. - Gee, ele está bem?

Mas Gerard está hipnotizado. Ele segura o pequeno bebê nas mãos como quem segura uma peça de cristal, um Ovo Fabergé. Ele não pisca, não se move, mal respira. Ele apenas observa os pequenos braços e pernas se movimentarem no ar. Lágrimas rolam sem controle, enquanto Gerard continua em sua bolha mágica.

- Gerard! - Frank chama mais forma, enfim conseguindo a atenção do marido. - Ele está bem?

- Ela está ótima! Ela é absolutamente fantástica. - diz Gerard, sorrindo entre as lágrimas.

- Ela? - Frank parece em choque.

- É uma menina. Nós temos uma filha, Frank. - diz Gerard, colocando a bebê com cuidado no peito do marido. - Diga oi pra sua filha, Sr. Iero-Way.

- Oh, meu Deus! Ela é tão pequenininha. - diz Frank, envolvendo a neném delicadamente.

- Ela é perfeita, Frank. Exatamente como você. - diz Gerard.

Nesse exato momento, a energia volta e todas as luzes da casa se acendem. Então Gerard e Frank podem ter uma boa visão do rostinho da filha. Apesar de pequena, a menina é gorduchinha e bochechuda. Seus grandes olhos verdes estão abertos e seu choro só cessa ao encontrar os olhos de Frank.

- Oi. - ele diz, em êxtase. - Oi, bebezinha. Eu sei que não foi fácil pra nenhum de nós dois, mas olhando pra você... Deus, como valeu a pena. - ele diz, beijando a cabecinha da neném.

- Ela é tão linda.

- Ela é a bebezinha mais linda que eu já vi.

- Nós achávamos que você era preguiçosa, mas você estava era preparando uma bela surpresa pra gente, não é? - Gerard passa o dedo pelas costas nuas da bebê.

- Eu só estou feliz que você esteja bem. - ele diz, e então olha para o marido. - Obrigado.

- Pelo quê? - pergunta Gerard, confuso.

- Você disse que ia dar tudo certo. Você disse que não ia deixar nada acontecer com a gente. Obrigado por trazê-la ao mundo sã e salva.

- Você são parte de mim, Frank. Do meu coração. Você e os nossos filhos são partes do meu coração. Eu nunca conseguiria viver se faltasse uma dessas partes. - ele diz, e Frank sorri. - Além do mais, eu não fiz nada, você fez tudo.

- Eu não teria conseguido sem você.

- Acho que nós dois podemos chegar a conclusão que fazemos um belo time. - Gerard ri, arrancando uma risada de Frank.

- E belos bebês.

- Belos bebês. Com certeza. - Gerard acaricia a cabeça da filha. - Deus, a Charlie vai pirar quando souber que tem uma irmãzinha.

- E meu pai vai ter um infarto quando souber que eu dei à luz aqui, no meio da tempestade.

- Seu pai e minha mãe. - os dois riem. - Mas isso é assunto pra depois. Nós ainda temos algum tempo antes de voltarmos para o mundo real.

- É, mas nós ainda não terminamos aqui. - diz Frank, fazendo uma nova careta de dor.

- Outra contração?

- Sim. Segura ela. - diz Frank, passando a filha para os braços de Gerard.

Assim que perde o contato com o corpo quente do pai, a neném abre o berreiro novamente, mas Gerard se apressa em aconchegá-la em seus braços. Com a filha segura no colo do pai, Frank se concentra em expelir a placenta. Ele se ajoelha sobre a toalha e faz força algumas vezes. Assim como o parto, a expulsão da placenta também se mostra um pouco mais dramática. Frank perde um pouco mais de sangue do que o esperado, mas após uns bons vinte minutos, toda a placenta é expelida sem grandes complicações.

Gerard devolve a filha para Frank, amarra o cordão umbilical com um cadarço limpo, corta o cordão e se livra da placenta. Depois ele retorna ao quarto, ajuda o marido a se limpar, colocar roupas limpas e o acomoda na cama. Correndo ao quarto de Danny, Gerard pega algumas fraldas de pano, algumas peças de roupa de quando Danny era um bebê e cueiro. Gerard limpa, veste e enrola a filha no cueiro, antes de devolvê-la a Frank. Protegida e aconchegada, a menina rapidamente pega no sono nos braços de Frank.

Antes que Gerard pudesse sair de novo, para providenciar qualquer outra coisa, Frank o segura pelo braço.

- Você já pode se acalmar. - ele diz, num tom sereno. - Nós estamos bem.

E como uma represa que acaba de se romper, Gerard desaba, enterrando o rosto no peito do marido e chorando todas as emoções que ele havia reprimido nas últimas horas. Alegria, exaustão, medo, tudo isso misturado formam uma bomba no peito de Gerard. O artista ergue o rosto e beija o marido nos lábios com paixão e urgência. Frank retribui o beijo com a mesma intensidade. Eles encostam as testas e permanecem em silêncio por um tempo, até que seus corações voltem a batem em um ritmo normal.

Gerard ergue o rosto e beija a testa do marido, antes de voltar sua atenção para a bebezinha aninhada entre os dois.

- Ela precisa de um nome. - ele diz, secando as lágrimas.

Frank olha pela janela e sorri ao ver que está começando a amanhecer, e que alguns raios de sol teimam em tentar achar espaço entre as nuvens carregadas.

- Helena. - diz Frank. - Nosso pequeno raio de luz que resplandece em meio à tempestade.

- É lindo. Helena Mae, o que você acha?

- Eu acho que é perfeito.

- Seja bem vida, Helena Mae Iero-Way. - diz Gerard, envolvendo o marido e a filha em um abraço protetor.

Agora a vida está completa.


Notas Finais


Bem, agora não tem jeito mesmo, nossa história chegou ao fim!!! Helena chegou pra coroar essa história linda e mostrar que é mais punk rock que o pai Frank!!

Muito obrigada pelos longos meses (e pela longa espera)! Amei essa experiência de escrever uma mpreg, minha primeira mpreg! Obrigada pela recepção, pelo carinho e pelo incentivo de vocês.

Ahhhhhhh, mas isso não é um adeus... é apenas um até logo, pois eu já tenho uma nova história engatilhada. Vem aí mais romance, mais Frerard, mais drama, mais intriga e, o mais importante, mais MPREG!!!!! Tou nefossaannnnnn!

Obrigada por me acompanharem até aqui e espero vocês na nova história!!!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS \o/

Vlw, flw, mamãe ama vocês!!! <3


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