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História A Seleção - 24 Selecionadas


Escrita por: Lighteryum

Notas do Autor


Boa leitura. <3

Aviso.: Tem calão; História escrita em português de Portugal.

Capítulo 4 - 24 Selecionadas


 

 P.O.V'S Aphonso Schreave 

Palácio de Angeles, 19h35

 

É oficial. A Seleção começou. No meu palácio caminhavam 35 garotas completamente desconhecidas. O meu sossego que eu julgava ser eterno, desapareceu. Talvez a minha privacidade também. Espreguicei-me e comecei a andar de um lado para o outro. Parte de mim queria que ela liga-se e dissesse "Aphonso, pára com a Seleção. Eu amo-te. Eu farei tudo por tudo para que nada nem ninguém nos separe", tal como outra parte queria que ela se fosse foder.

Gostei mais da segunda opção. Utilizarei-a por agora. Lavei a cara e os dentes. Talvez seja estranho, mas escová-los ajuda a reduzir o meu stress acumulado.

— Ei, Liv. — Mike entrou na minha casa-de-banho sem autorização — Vais descer hoje ou é preciso ir buscar um reboque para te levar à força? — Encostou-se à porta, cruzando os braços no momento seguinte. Sorriu de lado e apontou para o seu relógio, murmurando "Tic Tac".

— Estás doido, Lena? Eu podia estar nu - Resmunguei.

— Nada do que eu já não tivesse visto. — Riu e eu dei-lhe um tapa nas costas, começando a caminhar à sua frente — Eu tropecei com algumas delas — Suspirou — Ai, irmãozinho. Como eu não queria estar no teu lugar. — Cantarolou.

Olhei-me uma última vez no espelho, ajeitando a minha gravata. Mike continuava a falar um monte de parvoíce. Talvez ele tenha percebido que, no fundo, eu estou a fazer isto apenas por ser uma tradição mas, mais importante do que isso, porque ela não está aqui. Desviei o olhar para a minha cama. Ela tinha ficado mais vazia ultimamente, tal como eu. 

— Vou agora. — Afirmei, colocando o relógio no pulso esquerdo. Era uma prenda dela. Raios, esqueci-me completamente. Mike percebeu o meu constrangimento. Permaneceu calado e eu agradeci, apertando o objeto. Não o iria tirar. Era bonito — Deseja-me sorte. 

Ouvi um suspiro da sua parte e saí do meu quarto, olhando para o chão. Os corredores daquele palácio eram longos demais. Detalhados demais. Tudo demais.

— Juízo.

Desci umas escadas e continuei a olhar para o chão. Não sei por onde caminharia, quiçá os meus pés tivessem um género de GPS que me soubessem guiar exatamente para onde eu queria ir neste momento. A quilómetros de distância.

 — Cuidado!  — Tentei segurar a tempo, a qual consegui, uma rapariga de cabelos negros ondulados e de pele pálida. Puxei-a para cima, sem a tentar magoar. A pele dela era tão bonita que assemelhava-se a de uma boneca de porcelana. Uma a qual eu tinha medo de quebrar. Senti um estranho odor a pêssego. Porra, um odor semelhante ao dela.

— Desculpe! Eu estava com muita pressa e... — Ela olhou para mim e ficou com os olhos arregalados. Rio de leve com a sua expressão cómica, e ela fez-me uma reverência desajeitada.Voltei a rir. Ela era bonita. E aquele vestido acentuava-lhe perfeitamente; Simples e delicado.

— Atrasada para o quê? Lady... — Esperei que ela continuasse. Ainda não tive coragem para olhar na enorme capa onde estavam todas as suas fichas.

— Skyler! Hum... Skyler Benson Patterson. Como sabia que eu era uma selecionada? — Sacudiu o vestido. Eu ajudei a tirar um fio de cabelo que estava preso na sua cintura e logo dei um passo para trás, afastando-me um pouco. 

— Eu conheço toda a gente que vive neste palácio  —  Dei de ombros  — Acho que é o mínimo que posso fazer enquanto príncipe  — E tu?  — Arqueei uma sobrancelha, brincando  — Sabes quem eu sou?

  — Claro que não. Você não tem nenhuma identificação  — Tomar nota. Sarcástica. Ela riu de leve. Acho que fiz uma expressão demasiado séria, mas aquela sua gargalhada me fez sair daquele ambiente quase tenso  — Estou a brincar. Eu li muito sobre você e... — Interrompi.

  — Se tu és uma Selecionada, eu quero que me trates por tu. Sem formalidades, por favor.  — Pedi, dando um sorriso torto. Talvez deva-me habituar, mas é facto que eu detesto quando as pessoas tratam-me por "você". Eu ainda não sou um velho, e embora isso seja um ato de respeito, a verdade é que desgosto. Skyler assentiu e logo avistei uma criada que achei que fosse a dela. Claro, que idiota que eu sou. Não devíamos estar a conversar. Não nos devíamos ter encontrado   — Acho que estás atrasada.  —  Brinquei, coçando o nariz.

— Atrasada? Talvez.  — Riu  — Foi um prazer conhecer v... — Ela limpou a garganta  — Conhecer-te.  — Fez outra reverência, deu um jeito no vestido, levantando-o, e saiu quase a correr.

Continuei a caminhar, mas desta vez mais atento. Assim, não batia contra ninguém e conseguia evitar a minha futura mulher. Michael tinha razão. A Seleção não será fácil. Parei no meio daquele enorme corredor sem luz, onde já me encontrava. Olhei por uma das minhas janelas e observei Illéa, completamente noturna. Eu amava a noite. Principalmente quando o céu estava estrelado e chovia intensamente. Acho que são as poucas coisas que são mais belas que a Natureza. Que tudo natural é o mais bonito. 

    — Nossa, isto tinha logo que me acontecer! Logo no dia da apresentação.  — Alguém resmungou e eu olhei para ver quem se aproximava. Ri quando vi que, provavelmente, era outra selecionada. Ela continuava a resmungar para si mesma coisas sem sentido, enquanto tentava colocar a tira do vestido direita, nas costas. Era bordô, uma das minhas cores favoritas e dela. Não, não é altura de pensar nela.  — Você!  — Abri um pouco o olhar e reparei que ela tinha-me visto. Correu um pouco até mim, com o cuidado de não tropeçar no vestido e chegou ao pé de mim, ainda olhando e mexendo no vestido. Era mais simples do que o da Skyler, mas equivalentemente bonito. Eu adorava o simples.  — Pode-me ajudar?

  — Uh? — Ela virou-se de costas e continuou segurando na tira solta — Ah, claro que sim  — Peguei na tira com cuidado e senti aquele tecido caro mas bom. Olhei para o design na parte detrás do vestido. As costas nuas brancas eram cobertas com apenas poucas tiras. Prendi a tira, assim que percebi como era o padrão e ela virou-se para mim, sorrindo.

  — Muito obrigada pela ajuda, senhor.   — Ajeitou os seus cabelos castanhos perfeitamente penteados e arregalou os olhos. Eu comecei a rir. Sabia o que aquele olhar significava, embora a tenha conhecido há uma questão de segundos.

 — De nada, minha lady.  — Peguei na sua mão e beijei o topo da mesma. Eu gostava de fazer com que as pessoas ficassem constrangidas, de ficarem sem jeito comigo. Não da pior forma. Mas dava-me um gosto estranho. 

  — N-Nossa! — Titubeou  — Eu pedi ajuda para o príncipe!  — Levou as suas mãos pequenas ao rosto, ainda espantada. Eu não aguentei e soltei uma gargalhada, e segundos depois, ela acompanhou-me. Parei para a observar por momentos. Os seus olhos castanhos-esverdeados eram lindos, mas me lembravam muito um olhar. Deixei, mais uma vez, esses pensamentos para trás  — Desculpe, não era a minha intenção.  — Fez uma reverência desajeitada.

— Hum? Porquê?  — Cruzei os braços e encostei-me à janela — Por acaso eu não tenho dois braços que podem ajudar todo o mundo que eu puder?  — Tornei a rir de leve  — Qual é o teu nome?

— Louisa  Josephine Cooper Franklin  — Sorriu gentilmente  —  Acho que me chamar de Lou é mais fácil.  — Riu.

  — Eu concordo.  — Ri com ela  — É um prazer conhecer-te, Lou. Espero que te divirtas imenso pelo palácio.

— É o meu objetivo!  — Falou animadamente. Sorri. É sempre bom termos alguém animado por perto. Anima o nosso dia de um jeito diferente.  — E tirar muitas fotografias também. Por falar nisso, eu posso?  — Inclinou de leve a cabeça, olhando-me com aqueles olhos castanhos esverdeados que quase me penetravam na alma. Fui obrigado a desviar o olhar. 

— Podes. Mas apenas nos sítios que são legais para as selecionadas.  — Fiz uma careta e ela mostrou a língua.

— Eu faço o que eu quiser, meu bem.  — Provocou e eu arqueei uma sobrancelha, sorrindo de lado.  

  — E independentemente do que faças, eu sou o príncipe, meu bem.  — Retruquei, lançando o mesmo olhar que ela. Ela tinha uma beleza estonteante. Talvez o seu jeito simples me encantava de certa forma, tal como a Natureza. A sua franja pequena e certinha combinava perfeitamente com o seu rostinho redondo. Eu adorava apertar pessoas com grandes bochechinhas. Desviei o olhar para o meu relógio, olhando as horas. Daqui a nada, o anúncio da Seleção iria começar.  — Melhor ires, o jornal oficial começa daqui a 20 minutos. 

  — Verdade, o jornal!  — Revirou os olhos e eu ri. Ela era cheia de si  — Eu tenho que ir.  — Virou-se para trás, dando-me antes um pequeno aceno a qual eu retribuí. Deu alguns passos e começou a gesticular. Ela não sabia se haveria de ir para a esquerda ou direita.  

— Direita, sempre em frente, quinta porta à esquerda.  — Falei no tom certo para que ela fosse capaz de me ouvir. Ela retribuiu com um sinal de agradecimento e foi a correr de uma forma estranha por aquele imenso palácio vazio que agora estava um pouco mais ocupado. Já falei com duas antes do primeiro contacto que devia de ter com elas no salão das mulheres. Olhei para os meus sapatos e dei um grande um suspiro. Voltei a desviar o olhar pela janela com vidros tão limpos, que quase podia jurar que não existia nada ali.

  — Encontrei-te.  — Senti uma mão pesada no meu ombro direito. Era o meu pai  — Não sei porquê, mas penso que gostas muito deste corredor  — Riu sem jeito, e lembrei-me da última vez em que nos encontramos aqui. Foi para aquele abraço de pai e filho que eu realmente precisava. Quando ele falou que eu devia seguir o meu coração e também dar uma oportunidade a esta Seleção. Mas diferente daquele dia, já não havia luzes, nem um concerto a acontecer. Nem ela aqui.

— É complicado, pai.  — Desabafei  — Eu quero dar oportunidade, mas sinto medo ao mesmo tempo. 

— De certeza que há aqui traiçoeiras, filho. 

— E se eu apaixonar-me por uma que quer a coroa?

— Não podes adivinhar, Aphonso. Muito menos culpar-te.  — Tirou a mão do meu ombro e ficou ao meu lado, também encarando a noite de Illéa. Ele sentia falta da mãe. Eu sentia falta da mãe. O Michael sentia falta dela. Tal como este palácio e Illéa. Abaixei o olhar. Continuava triste com tudo isto, e ainda em fúria com aquele cambada de idiotas a entrar pelo meu palácio. Eu não quero aliança com França, muito menos com Portugal. Fechei o punho. Quando fico com raiva eu não me consigo conter. O meu pai reparou e voltou a pôr a sua mão no meu ombro. O momento não precisava de palavras. Ele sabia o que estava a passar-se pela minha cabeça. Porque ele é o meu pai. 

 

 

 

A vinheta do jornal de Illéa começou a rodar, juntamente com o hino de Illéa. Na última vez que tinha pisado este estúdio, tinha corrido mal. Desta vez, Michael estava mesmo bem ao meu lado.

— Se voltas a chorar como uma menina, Liv, eu juro que saio bem por aquela porta e faço com que vazem as tuas fotografias de langerie.

Franzi as sobrancelhas e olhei para ele de cima abaixo. Aquilo era um jogo de verdade ou consequência que tinha corrido muito, mas muito mal para o meu lado. Estava eu, ele e o Gonzalo. Eles perguntaram-me se era verdade que eu já tinha depilado a minha intimidade. Eu não quis responder, senti-me bastante envergonhado com a situação e, como consequência, eu tinha que pegar numa langerie e lançar cantadas à primeira criada que visse. Acontece que eu vi primeiro a Leah, e a Leah não é para brincadeira. Eu tive que correr pelo castelo quase pelado, ou ela iria mesmo acertar-me com a vassoura.

  — Bastante engraçado, Leninha.  — Aproximei-me dele e sussurrei-lhe ao ouvido  —  Não te esqueças que quem tem aquele vídeo da Anita em que tu estás dançando com aquelas roupas do Pablo Vittar a música "Sua Cara", sou eu, querido.  

  — Tu querias era dançar como eu.  — Riu e eu também  — Eu ainda vou ser convidado para dançar ao lado do Pablo Vittar.

— Da forma como tu rebolas-te pelo chão, eu não duvido.

— Eu estou linda, livre, leve e solta, doida para beijar na boca.  — Começou a cantar e eu também. Eu e ele éramos daquele jeito. Não importa onde estivéssemos, mesmo se o momento fosse crítico. Se falássemos algo engraçado, entraríamos de imediato noutro mundo. 

 

P.O.V'S Daniela

Palácio Real de Portugal, horas antes da Seleção, Sala de Música

17h38

 

Faltavam poucas horas para anunciarem, finalmente, os resultados da Seleção. Eu não estava a olhar para o relógio, mas sabiam que faltavam três horas. É um hábito eu contar o tempo desde que me separei dele. Mas tenho de me habituar e focar no meu futuro. Um futuro que não tem quem eu quero ao meu lado, mas pelo menos eu estou a concretizar o meu sonho, pouco a pouco.

Maxence tocava piano, enquanto eu anotava as notas. Pela primeira vez, ele estava-me a ajudar a compor. Gosto da atitude e da concentração que ele tem. Gosto dele como um bom amigo.

— E se eu colocasse aqui um dó em vez de um sol? Combinaria mais, não achas? — Perguntou enquanto tocava de novo, para eu entender o que ele estava a querer mudar, pela décima vez. Tocava com cuidado, como se o piano fosse partir com as pequenas gramas que os seus dedos tinham. Ele não tinha um toque tão suave como o do Aphonso. Aliás, nem sei como é possível. Aquele idiota andava sempre com as mãos sujas e cheias de calos. E, mesmo assim, conseguem ser mais macias da que as dele. Mordi o meu lábio. Estava pensando nele, mais uma vez.— Ei, estás-me a ouvir?

Desviei o olhar para as unhas das minhas mãos e o encarei de novo. Soltei um suspiro e forcei um sorriso que eu já sabia fazer há muito tempo. Não me senti bem, mas quem é que se importa?

— Sim. Estava só a imaginar a música, mais uma vez. — Menti — Se colocarmos esse dó, depois teremos que colocar harmonias um pouco mais graves para a voz se destacar. — Afirmei enquanto apontava tudo no meu bloco de notas. Maxence assentiu sem pronunciar mais nenhuma única palavra.

Eu sabia que ele estava a namorar quando também ficou surpreso com o casamento. Ficou tão espantado como eu. Ficou tão desapontado como eu. No início, ele fazia 1001 planos para se livrar deste casamento comigo, para conseguir ter a "Alizia" de volta. Falei com o meu pai que queria rejeitar o casamento, mas no final de todas as nossas ideias brilhantes e trapaças para acabar com esta palhaçada, nós continuamos, juntos, aqui. O olhar dele foi mudando. As tatuagens imensas dele, que até antes só me causavam impressão, foram tendo sentido com o tempo. Tal como ele. Não é que esteja apaixonada por ele. É o caso de aceitação.

— Terminei! — Despertei dos meus pensamentos com o seu entusiasmo. Levantou-se cheio de animação e veio até a mim, dando um beijo no topo da minha cabeça. De seguida, abriu os lábios carnudos mostrando a sua fila de dentes brancos perfeitamente limpos, desabrochando um sorriso com uma covinha. — Acho que não vai ficar mal para... — Ele olhou para o meu bloco de notas. Sou tão tonta que nem apontei o resto da partitura. Mordi o lábio, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.— Cadê o resto da música, Ella?

— Desculpa. — Ri sem jeito — Eu hoje estou muito distraída. Estou cansada. — Não era mentira. Disse uma parte da verdade, mas não totalmente. 

Suspirou profundamente e passou as mãos pelos seus cabelos castanhos escuros. Ele andava sempre de um jeito desarrumado. Fazia-me sentir mais à vontade esses pequenos atos. Gestos que significam que não precisamos de estar sempre perfeitos nem para dormir.

— Eu gostava que não me mentisses, Daniela. — Desabafou — Somos noivos, mas mais do que isso, este casamento fez-me conhecer uma boa amizade — Aproximou-se e segurou as minhas duas mãos, dando um beijo delicado no topo de cada uma — Espero que saibas que eu sempre estarei aqui para tudo, querida. Como um bom amigo. — Inclinou a sua cabeça, sorrindo gentilmente. Eu sou observadora. O olhar dele diz-me que está a forçar algo; Que agora não me interessa. Saí de cima do piano onde estava sentada e entrelacei os meus braços no seu pescoço, permitindo-me encostar a minha cabeça no seu peito. Ele era bastante alto, o que me fazia ficar em bicos de pés. Comecei a chorar e ele começou a fazer um cafuné no meu cabelo. Maxence sabia o que se passava na minha cabeça, tanto que sabia que aquele momento não precisava de mais nenhuma palavra.

 

Palácio Real de Portugal, Sala de Estar

20h02

 

O meu pai obrigou-me a assistir ao jornal oficial de Illéa. Que aberração. Eu não queria ver. Maxence estava-me a dar apoio com o seu aperto de mão e Gonzalo estava também ao meu lado. A minha irmã não estava, visto que estava de viagem para Itália para fortalecer alianças.

O momento foi hilário, eu não consegui evitar e ri. O Aphonso e o Michael estavam a cantar "Sua cara" quando a câmara lhes foi direccionada. Sem motivos, eu fiquei triste e feliz ao mesmo tempo. Triste por vê-lo a sorrir e feliz pelo mesmo motivo também, ironicamente. Quando repararam que estavam a ser filmados, eles recompuseram-se imediatamente. Pude ver o Rei James a tentar não rir atrás deles. Ele era dos melhores pai. Infelizmente, e custa-me comparar, já que odeio comparações. Mas eu queria que o meu pai tivesse uma unha de bondade que o Rei James tem.

  — É assim que um futuro Rei se comporta? Pelo amor de Deus. Illéa estará na desgraça daqui a uns anos.  — Balançou a cabeça de forma de reprovação, e eu ia preparar-me para responder-lhe quando o Gonzalo me colocou a mão dele na minha boca. Os nossos olhos se encontraram e, em silêncio, ele pediu para eu continuar quieta. Eu sei que ele odeia confusão. Suspirei e engoli um bom pedaço do meu orgulho, recostando-me no sofá.

— Vejo que ambos estão animados!  — O senhor Parks riu. Talvez nem ele estivesse esperando por aquela situação, tal como as selecionadas que estavam lá trás. A câmara intercalava entre os príncipes e as raparigas. Algumas delas eram famosas e eu reconheci-as na perfeição.  Katherine Martinez, a loira de olhos enormes. Ela rebaixou-me por detrás das câmaras. É um perigo para a Seleção. Os meus olhos foram para uma ruivinha. Eu gostava dela. Era sempre bastante simpática. Chamava-se Clítia e era uma bailarina e tanto. Já ganhou prémios e causou inveja a muitas. Admito que até em mim, mesmo eu não tendo participado. A dança dela é absolutamente radiante e, o que mais me encanta, emocional. Nota-se que colocou esforço naquilo que propriamente quer, para não falar da sua beleza única.

  — Como não estar? Entre uma destas raparigas eu encontrarei a minha futura mulher  — Aphonso olhou para elas e eu mordi o meu lábio. Maxence continuou a dar-me o seu apoio, apertando mais a minha mão. Era esquisito como ele sendo o meu noivo, estava quase na mesma situação que eu. Ambos não queríamos, mas o caso não era que nos odiávamos. Ele é simpático, bondoso e tem um coração enorme. Suportavamo-nos. Somos amigos; bons amigos.

  — Certo, certo!  — Senhor Parks foi até à primeira rapariga. O seu nome apareceu no ecrã; Alizia Louise Marlon. Maxence soltou a minha mãe e eu o olhei. 

  — Não pode... ser.  — Sussurrou. Ele estava chocado, tanto quanto eu. Sabia que era aquela a rapariga que ele me falou durante um bom tempo. Peguei na sua mão e foi a minha vez de a apertar, com delicadeza. Estávamos no mesmo barco, por pura ironia que fosse. 

— O destino é realmente traiçoeiro.  — Dei um comentário baixo, apenas audível para ele. Compreendia-o.

— Nem me digas nada.  — Admitiu.

  — Então, diga-me o seu nome, querida.  — Ele deu o seu microfone para ela. 

— O meu nome é Alizia.  — Entregou de novo o microfone para o Senhor Parker, que ficou momentos sem responder. Provavelmente, para raciocinar uma boa resposta.

  — Uma mulher espontânea. O que acha, príncipe Aphonso? 

Vê-lo de novo doía. Maxence também estava a sofrer em silêncio. Ele reparou que eu estava a olhá-lo e deu-me um beijo na bochecha. Os seus lábios eram macios, mas não os dele. Porém, eu gostava. Eu e o Maxence nunca nos beijamos, mas ele fazia questão em ser carinhoso comigo. Fazia parte dele. No meio dos meus pensamentos, nem consegui ouvir a resposta do Aphonso. As câmaras já estavam posicionadas na selecionada Kiara Reed. Ela estava a falar que era de Waverly e Aphonso acrescentou um comentário, pronunciando-se que já tinha ido até a Waverly por razões de caridade. Ela era outro rosto bonito, mas algo no seu olhar me dizia mais. Eram todas boas concorrentes em termos de beleza. Gostava principalmente de como não houve nenhum preconceito ao escolher as raparigas. De novo, as câmaras já estavam noutra rapariga.

    — O meu nome é Jade Marino, venho de...  — Michael interrompeu.

— Oh! Nós conhecemos-te.  — Ele olhou para o Aphonso que logo assentiu.

— É a rapariga aventureira.  — Gargalhou  — É ótimo em ver-te por aqui.  — Aphonso falou animado e ajeitando-se na sua cadeira.

— O-Obrigada.  — Titubeou e algumas selecionadas já a olharam torto. 

 — Para onde foste? Nós perdemos o contacto. Foste adotada?  — Foi a vez do Michael questionar.

— Eu finalmente fui adotada — Ela sorriu mas logo esse sorriso desapareceu  — E mudei-me para Hudson. 

 — É um prazer ver-te de novo, Marino.  — Aphonso falou  — Aliás, é sempre bom ver um rosto conhecido no meio de tantas desconhecidas.  — Ele riu sem jeito, e fez logo surgiu alguns burburinhos e risinhos forçados por algumas das selecionadas. Queriam-se fazer notar.

  — Aposto que vai reconhecer este rosto também. É a Clítia Beauchamp Fraser Gabaldon  —  As câmaras desviaram-se para a Clítia que deu um sorriso arrasador. A beleza dela era tão autêntica que eu queria até perguntar qual a maquilhagem que estava a usar e os produtos que ela utilizava para cuidar da pele.

  — A bela dançarina  — Gonzalo comentou. Ele já tinha visto uma das suas apresentações por coincidência e tinha ficado arrasado.

 Eu não queria prestar atenção à Seleção. Mas era obrigada. Mais nomes foram passando pelo ecrã e a cada nome, era uma beleza perfeita a aparecer no ecrã.  Érika Emeraude Greyiron, com longos cabelos castanhos ondulados e volumosos. O seu vestido era os dos mais provocadores que estavam lá. Um grande decote que dava para ver que os seus seios eram perfeitamente volumosos. Atrevo-me a dizer que ela era sexy e ousada e, além do mais, extravagante. Não minto. Sinto ciúmes. Annelise Sophia Blanchard foi a próxima rapariga a quem o microfone foi passado. O seu vestido era um tanto mais ousado do que o da Érika. Eu perco por mil. O meu corpo comparado ao delas é um grande nada. Suspirei e encostei a minha cabeça no ombro do Maxence, que logo me fez um cafuné gentil nos meus cabelos.

    — Está tudo bem?  — Sussurrou.

— Não.  — Fui sincera. Os seus dedos grandes começaram a acariciar o meu resto e, de uma certa forma, aquele seu gesto me reconfortou. Abri um pouco o olhar e encarei as tatuagens que ele tinha na mão. Eram várias. Eu questiono-me o porquê de tanta tatuagem espalhada pelo corpo. Voltei a fechar os olhos assim que ouvi o nome da Winter Field. Elas eram todas tão bonitas do seu jeito, que só de olhar me estava a fazer baixar a minha auto-estima. A minha pequena esperança de ainda vir a ficar com ele.

—  Se quiseres sair daqui, eu entendo.  — Falou num tom em que só eu consegui escutar. Não respondi e ganhei coragem para voltar a olhar para o imenso ecrã. "Jasmine Athiambo Chiwa". Agora eu sabia que o Aphonso também estava cantado e agradecido por uma pessoa de raça diferente ter entrado. Quando ainda éramos inocentes e fazíamos juras de amor, ele falou-me que queria adotar uma criança de raça negra. E a verdade era que Jasmine era linda, tal como a Abigail, que era completamente o oposto. Uma albina. Ambas eram lindas, e gostei da forma como eles tiveram o cuidado de não posicionar nenhuma luz diretamente para o rosto de Abigail, devido à sua visão frágil.  Voltei a fechar os olhos e ouvi o nome Maria Luisa Scoot e apenas voltei a abrir quando ouvi o nome da Mahina Kim Wright. "O Baldwin's Lair" era, sem nenhuma dúvida, um dos melhores restaurantes que eu alguma vez tive o prazer de ir. A comida de lá é de comer e chorar por mais.

  — Nossa, só de lembrar a comida daquele restaurante já bateu a fome.  — Gonzalo comentou e eu ri.

— Vai ficar mais gordo do que estás desse jeito.  — Foi a vez do Maxence.

— Isto não é gordura, é ser gostoso.  — Nós os três rimos e fomos impedidos de continuar pelo pedido de silêncio do meu pai. 

— Estejam atentos!  — Ordenou e eu bufei. 

— Não me provoques, Daniela.  — Começou.

Ia preparar-me para responder, mas mais uma vez o Gonzalo pediu-me com o olhar que eu deixasse a situação quieta. Engoli, pela segunda vez, o meu orgulho e olhei para o Maxence enquanto ouvia o nome "Victória Mendes". Eu estava cansada. Não precisava de saber nenhum nome sobre a futura esposa dele. Queria-me concentrar na música ou até mesmo limpar o chão em estilo cinderella. Algo mais produtivo do que ver isto.

  — Daniela, olha bem para a televisão. Não quero que te apanhem de surpresa e tu não tenhas um comentário para dar sobre a Seleção.  — Suspirei. Era irritante a forma como o meu pai me provocava sempre. É triste, mas por vezes penso que ele quer tudo menos o meu bem. A nossa relação como pai e filha nunca foi das melhores. Ele sempre opôs à minha música, tal como se opôs a Illéa. Ele e o pai do Maxence têm uma amizade estranha. Tanto eu como ele já notamos e conversámos sobre isso. Forcei-me a olhar de novo para a TV, onde uma rapariga que sorria de forma tão pura, me contagiou fazendo-me sorrir também; Agatha Martinez. Logo a atenção foi deslocada para uma tal Helena Esmeralda Sanchez de Moncada dalla Vecchia Aragón. Ela era parecida a uma rapariga que tinha aparecido anteriormente, porém já não me recordo do nome.

   — Tem traços faciais a uma selecionada, a Érika.  — Então era esse o nome dela. Maxence parece ler os meus pensamentos por vezes. Assenti concordando, enquanto as câmaras eram desviadas de novo para outra selecionada, Helena Amy Valente. Também parecia ter descendência asiática, tal como a Mahina. Era bonita. É bom ver que há também pessoas com essa descendência, tal como eu.

Mordi o meu lábio com algum nervosismo e olhei para o Maxence. Toda esta situação fez-me lembrar que ele tinha ido ao palácio de Illéa conversar sobre o casamento. Eu não tinha tocado no assunto, nem ele. Talvez o Aphonso tenha sido demasiado brusco ou algo semelhante. Maxence sabe da minha fragilidade, embora aparente ser forte. Mas quero-lhe perguntar como correu. No entanto, agora não parece ser o momento. Olhei o relógio. 20h53. Não faltava muito para o jornal terminar  — finalmente  — e eu forçava-me a não ouvir os comentários dos príncipes de Illéa sobre cada uma delas.Elia Kyla Sky Lakina Ertz era a que protagonizava neste momento. Uma beleza completamente exótica. Parece que todas estão num concurso de quem é a mais bonita e acreditem, eu tenho quase a certeza que era impossível escolher uma ideal. As suas vestes eram estranhamente únicas e bonitas. Um design muito derivado do estilo indiano.

  — Tantas raparigas que passaram e ainda não consegui escolher apenas uma.  — Gonzalo riu  —  Como eu tenho pena dele  — Voltei a morder a língua e, assim que ele reparou no que disse continuou calado, sem dizer mais nenhuma única palavra. Era escusado e, ao mesmo tempo, verídico. Eu tinha que ultrapassar. Talvez o Maxence tenha sido colocado estrategicamente no meu destino, já que há males que vêm por bens. 

   — Cega?  — A voz do Maxence despertou-me dos meus devaneios.  Crystal Bellerose era cega e, ao mesmo tempo, uma motivação para nunca desistirem do que realmente querem. É um ato de coragem ter-se inscrito na Seleção perante as circunstâncias em que a mesma se encontra. A equipe ajudou-a com o microfone, embora a selecionada tenha transmitido segurança. Parecia completamente tranquila e, em nenhuma vez no seu tom de voz ou gestos que fazia, mostrava desilusão diante a conjuntura em que estava.

 As últimas raparigas foram Hannah Benson Wright Hollister, Sophie Grace Stuart Campbell e, óbviamente que não podia faltar, Jessica Stephanie Williams e Anthonia Perez, que estavam ao lado de uma Skyler e Louisa. Elas tinham os melhores vestidos, os melhores sorrisos e as melhores belezas de sempre. Esta seleção tinha garotas com encantos tão diferentes, quanto eu posso dizer o mesmo em relação a personalidades, coisa que eu mesma sei que é o que o Aphonso liga mais. O jornal oficial desviou a atenção para os príncipes, visto que tinham terminado de dar a pequena entrevista às diversas Selecionadas. Chega, já basta. Eu tentei ignorar ao máximo agora o que ele falou acerca de cada uma, e não seria neste momento que iria ouvir o resto. Soltei-me dos braços do Maxence e saí daquele sofá que me prendeu por uma hora.

  — Quieta, menina. Onde vais?  — O meu pai perguntou.

  — Eu já vi o que pretendia.  — Respondi de forma calma  — Tenho música para fazer para os meus fãs. Com licença.  — Fiz uma leve reverência e continuei a andar.

— A música não interessa. Ouve o que ele tem para dizer. Eu sou o Rei, eu ainda mando.  — Começou a provocar. Maxence levantou-se e começou a vir até a mim.

— E como sua filha, eu estou dizendo que vou trabalhar para o meu sonho.

— Antes de uma filha és uma princesa. Tens responsabilidades e talvez uma coroa para segurar. Os teus sonhos não passam de assuntos em que envolvam o país. Seria uma vergonha para Portugal ver uma das herdeiras não saber o que se passa com uma das suas alianças, Illéa. Temos de estar a par das notícias. Até das fofocas.

— Você se preocupa em ser o meu pai por uma vez na vida?  — Saí sem ouvir resposta. Não precisava de ouvir que ele preferia mais o poder do que o amor. Eu questiono-me se ele alguma vez amou a minha mãe.

 

 


Notas Finais


Antes demais, eu agradeço imenso por cada menina que gastou boa parte do seu tempo, fazendo uma ficha incrível. Eu apaixonei-me por cada uma de vocês e estou eternamente agradecida por terem gastado o vosso tempo comigo e com esta fanfic.

Um breve questionário será postado no próximo capítulo. Se preparem, pois o prazo para o entregarem será de cinco dias. Eu ainda não decorei a personalidade de cada uma, tal como não abordei muito sobre as selecionadas neste capítulo. Algumas meninas ainda não completaram a ficha e como eu dei mais tempo, achei injusto abordar mais umas e outras não.

Eu também espero que saibam que eu tenho de ser fiel a cada um dos príncipes. Tenho de ser fiel ao Aphonso e falar sobre a recente deixa do seu grande amor, Daniela. Sempre que amamos, nunca é fácil deixar.
Algumas conversas que vocês planearam ter com os mesmos, podem não acontecer da forma desejada visto que não encaixa na personalidade deles então, por favor, não me levem a mal se correr de um jeito diferente. E relembrando que esta história tem muito mais que a Seleção.

Peço desculpas adiantadas se eu apagar alguma personagem vossa, sem querer. Ao todo são 21 selecionadas, mais três rivais que eu tenho por aqui, sem contar com o jornal que irei fazer com outras personagens importantes e eventos próximos.

Desculpem também pela escrita e pelos erros. Já é tarde aqui e preciso de ir dormir, mas como não vos queria deixar sem capítulo, eu vim aqui atualizar e logo de manhã, eu corrigirei.

Não vos quero fazer promessas sobre capítulos. Tentarei postar duas vezes por semana, mas em casos excepcionais podem demorar até duas semanas. Fiquem bem.

Beijinhos, Kirari.


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