História A Series Of Coincidences (That Brought Us Together) - Let's Get Drunk (On Our Tears)

-Jimin-

Tudo girava, a mesa do bar dançava sob meus dedos e as paredes escuras cobertas por fotos em preto e branco pareciam instáveis, balançado em seus eixos. Eu virei o copo de shot sentindo o líquido queimar e rasgar a minha garganta, não queria pensar sobre aquilo, não queria pensar sobre Taekwon, não queria pensar sobre Yoongi, não queria pensar sobre os olhares de desgosto que Taekwon me lançou tantas vezes nem queria pensar sobre como esse olhar ficaria no rosto do Yoongi. Eu sabia que Minhyuk estava certo, Yoongi não era como Taekwon, mas ainda assim, eu não era bom o suficiente, eu iria mais cedo ou mais tarde decepcionar ele e mais cedo ou mais tarde ele ia parar de ir lá no café e ia esquecer de mim, não é como se ele realmente gostasse de mim de qualquer forma. Mas eu não queria pensar nisso, não queria lidar com isso, então assim que meu turno acabou fui para um bar.

Toda via, não pensar em algo torna-se extremamente difícil quando a pessoa sobre a qual você não quer pensar se aproxima de você e se senta ao seu lado.

- Jimin.

- O que você quer, Yoongi? – Perguntei brincando com o copo de shot e pensando no quanto deve ser mais fácil ser um copo, ou qualquer objeto inanimado.

- Taehyung me disse que você estava aqui, na real que o Minhyk falou pro e ele disse pra mim. Vem, vamos embora.

- Não, eu tô bem.

- Jimin, você tá bêbado. – Ele disse se levantando e segurando meu braço delicadamente. – Vamos, eu te deixo em casa.

- Eu não quero. – Levantei puxando meu braço de volta e quase perdendo o equilíbrio, meus pés pisando em falso.

- Jimin.

- Eu já disse que não quero, porra! – Com isso caí de volta na cadeira e antes que eu pudesse fazer algo sobre senti lágrimas quentes rolando pelo meu rosto. – Eu não quero! Eu não quero mais isso! Não quero mais me sentir assim! Não é justo! Eu não vejo ele há tanto tempo e esse filha da puta continua a me impedir de ser feliz! – Soluços começaram a rasgar meu peito e minha respiração se tornou descompassada. – Eu só quero ser o suficiente.

- Jimin, você é. – Assim que eu ouvi essas palavras senti braços fortes me envolvendo e me apertando mais forte conforme os soluços ficavam mais altos, desisti de resistir e me deixei ser guiado pelo calor do abraço que cheirava a menta e café para dentro de um carro.

-Yoongi-

Eu não via ele há semanas, e eu sabia que ele estava me evitando, achei que se eu continuasse a frequentar o café eventualmente ele pararia de me evitar, mas eu estava errado, e pela universidade eu não via nem a sombra dele.

- O Jimin só precisa de um tempo, não é nada pessoal, ele só... Teve algumas experiências ruins.

- Como assim Jin?

- Eu não sei muito sobre e também não é o meu lugar para falar sobre, mas – Jin suspirou. – Alguns anos atrás o Jimin tava com esse cara e eu não sei exatamente o que aconteceu, mas esse cara machucou muito o Jimin, ele não namorou ninguém desde aquela época até onde eu sei, já saiu com vários caras, mas nada mais sério que casos de uma noite.

- O que eu faço agora? Me afasto completamente? Eu não quero fazer isso Jin, mesmo que ele não queira ficar comigo eu ainda gosto muito dele. – Eu não continuei a frase, mas eu tinha me apegado demais a ele, eu sentia falta de conversar com ele no café e de sair com ele, eu sentia falta da risada dele, eu sentia falta dele.

- Não, não – Ele pareceu parar e pensar um pouco sobre as suas próximas palavras. – Eu não acho que o problema seja você, é só que o Jimin tem toda essa bagagem emocional com a qual ele não lidou ainda e eu acho que você devia falar com ele sobre isso, não comigo.

- Como? Ele tá me evitando desde a festa. – Arremessei uma pedrinha em direção ao rio Han, ela quicou duas vezes antes de afundar.

- Confia em mim, ele eventualmente vai perceber que te evitar não é uma solução permanente e vai falar contigo, eu conheço o Jimin, ele às vezes precisa de um tempo pra botar a cabeça em ordem antes de lidar com as coisas.

Suspirei e voltei a fitar o rio, torci para ele estar certo.

-o-

- Alô?

- Hyung?

- Tae? Por que diabos você tá me ligando? Aliás, como você conseguiu o meu número?

- Jin hyung me deu, mas isso não é importante agora, o Minhyuk me ligou, ele disse que o Jimin tá no Black Swan faz umas duas horas e ele ainda não parou de beber, eu não tenho como ir lá salvar a bunda dele agora e o Minhyuk não tem como levar ele pra casa.

Eu realmente não queria ir lá, não queria passar por aquela situação constrangedora onde duas pessoas que estão se evitando são postas no mesmo ambiente e eu ia negar o pedido, ia mandar o Taehyung ligar para o Jin ou para o Namjoon, ou para qualquer um realmente, mas eu não o fiz, ao invés disso só concordei e peguei minha jaqueta, em seguida saindo de casa e dirigindo em direção ao bar onde eu encontrei ele pela primeira vez tantos meses atrás.

-o-

No caminho eu pensei sobre o que eu iria dizer, sobre o que ele iria pensar quando me visse, sobre tudo que poderia acontecer quando eu falasse com ele, mas nada me preparou realmente para o momento em que ele começou a chorar.

- Eu já disse que não quero, porra! – Com isso ele caiu de volta na cadeira e as lágrimas começaram a rolar. – Eu não quero! Eu não quero mais isso! Não quero mais me sentir assim! Não é justo! – Eu não sabia do que ele estava falando, mas ver o Jimin assim, parecendo tão triste e pequeno fez meu coração se contrair. – Eu não vejo ele há tanto tempo e esse filha da puta continua a me impedir de ser feliz! – Soluços começaram a sair pelos lábios entreabertos dele. – Eu só quero ser o suficiente. – Depois dessa frase meu estomago começou a pesar como se houvesse uma tonelada de pedras dentro dele.

Como ele podia não ser o suficiente? Como Park Jimin que cuidava sempre de todo mundo ao seu redor e desenhava carinhas felizes nos copos de café podia não ser o suficiente?

- Jimin, você é. – E então novamente deixei minhas emoções controlarem minhas ações e eu abracei ele como se só isso fosse o suficiente para unir de volta os pedaços nos quais Jimin parecia estar, eu segurei ele enquanto meu coração se contraia cada vez mais com cada soluço dolorido que saía pelos lábios dele, lábios tão bonitos que pertenciam a uma pessoa tão bonita que não deveria duvidar nunca do quão maravilhosa ela é, que não deveria duvidar nunca que ela é mais do que o suficiente.

Depois de um tempo senti os músculos dele relaxarem contra o meu peito, apesar de os soluços continuarem, e decidi que já era hora de levar ele para o carro. Enquanto ainda segurava ele com um dos braços com o outro joguei algumas notas na mesa onde ele estava sentado anteriormente, em seguida chamando a atenção de um dos caras que estava no bar e finalmente indo embora.

Quando chegamos ao carro eu deixei ele chorar no meu ombro até que ele se acalmasse o suficiente para eu ir para o banco da frente, ele parecia tão frágil, o cansaço marcava as feições dele e eu queria socar a pessoa que fez isso com ele. Pensei no que o Jin disse alguns dias atrás, sobre o ex-namorado dele e cogitei se isso tinha algo a ver com o que o Jimin disse sobre “não ser justo esse filha da puta me impedir de ser feliz”. Minhas mãos apertaram o volante, os nós dos meus dedos ficando mais proeminentes com a força que eu usava. O Jimin parecia uma pessoa tão alegre e carinhosa que não fazia sentido alguém propositalmente machucar ele, alguém propositalmente faze-lo chorar.

Pelo retrovisor vi que ele tinha dormido, provavelmente tão cansado quanto eu imaginei que ele estivesse depois de toda bebida e lágrimas. Com o coração pesado com tristeza e raiva, continuei a dirigir em direção ao apartamento dele.