História A Series Of Coincidences (That Brought Us Together) - I Love You (Please Forgive Me)

-Yoongi-

Esfreguei meus olhos com as palmas das mãos, tirando os fones de ouvido em seguida. Fazia horas que eu estava tentando editar as músicas da mixtape, todas estavam mais ou menos prontas, por assim dizer, mas eu ainda queria dar uns toques finais nelas, e eu simplesmente não estava conseguindo me concentrar. Fitei o teto suspirando, eu precisava dar um jeito nisso. A presença do Jimin parecia impregnada em todos os lugares, ele estava nos espaços entre a mobília, ele estava nas pausas entre os meus pensamentos, e a sensação de algo inacabado me cutucava no fundo da minha mente.

Todos esses pensamentos foram para o segundo plano quando eu ouvi uma batida tímida na porta, eu levantei me espreguiçando e abri a porta do estúdio, pronto para dizer para quem quer que fosse que eu estava ocupado.

Mas a questão era que não era qualquer pessoa na porta.

Não.

Era o Jimin, e ele estava completamente encharcado.

Não pude deixar de reparar na ironia da situação, geralmente era eu quem ficava molhado e buscava abrigo no café onde ele trabalhava, a situação seria cômica se o Jimin não estivesse com os ombros encolhidos e os olhos no chão, ela seria extremamente cômica se eu não estivesse sentindo um nó na minha garganta vendo os olhos dele brilhando na luz florescente do corredor com lágrimas não derramadas, de fato, a situação seria cômica se eu não estivesse me sentindo tão traído e com tanta vontade de envolver o corpo dele num abraço e puxá-lo para perto de mim.

- Hyung. – Ele olhou para mim por entre os cílios molhados, se era por causa de chuva ou lágrimas eu não sabia dizer.

- Jimin, o que diabos você tá fazendo aqui? – Ele se contraiu e voltou a fitar o chão, eu não queria dizer dessa forma, mas eu ainda estava magoado, ainda lembrava da voz dele no telefone na noite anterior e lembrava das palavras do Taekwon.

- Eu fui um idiota, me desculpa.

- Não fode, Sherlock, jura? Por que você veio? Você podia ter ficado com o Taekwon e simplesmente ter mandado uma mensagem, aparentemente ele é a sua prioridade numero um. Porque eu não sou. – Cada palavra deixava um gosto ácido e queimava a minha língua, a dor falando mais alto, mas arrependimento me varreu em ondas quando eu vi uma lágrima deslizando pela bochecha úmida dele, se unindo às gotas de chuva.

Eu não queria dizer aquilo, não realmente, mas eu estava magoado e frustrado, eu estava cansado por não ter dormido e as palavras simplesmente rolaram pela minha língua sem permissão, porém eu sabia que não era o único, principalmente quando eu olhei nos olhos do Jimin pela primeira vez desde que ele tinha aparecido na porta do estúdio e eu vi a minha dor refletida neles, mas os dele também estavam delineados com arrependimento,as pupilas transbordando desculpas.

- Você é, e-eu vim porque eu sinto muito, e eu queria me desculpar. – A voz dele as partiu na ultima palavra e meu estômago se contraiu.

- Mas você escolheu ele, não escolheu? Eu era só uma segunda opção, não era?

Doía dizer aquelas palavras, doía como se eu estivesse sendo esfaqueado, porque eu sabia que era mentira. Depois de toda a confiança que ele depositou em mim, depois de tudo que a gente passou, de tudo que ele me disse, da noite em que eu fui até o Black Swan porque ele tinha bebido até não poder mais e de ele ter desabafado comigo naquela noite, depois de ele ter se permitido sentir-se seguro comigo em Busan. Depois de tudo aquilo eu sabia que eu não era simplesmente uma segunda opção.

Mas ao mesmo tempo ele tinha acreditado cegamente no Taekwon, dado confiança de mão beijada para ele quando ele tratou o Jimin como se fosse lixo, e o silêncio dele era carregado de palavras não ditas.

- Jimin, eu achei que que aquela noite em Busan tivesse significado algo pra você, eu achei que todas as noites que a gente passou nesse estúdio tivessem significado algo pra você, eu achei que eu significasse algo pra você!

- E significa! – Eu não deixei ele continuar.

- Mas na primeira oportunidade... – Eu respirei fundo travando a mandíbula e serrando os punhos, meus olhos fitando o teto, tentando evitar que lágrimas escapassem dos meus olhos também, eu queria socar alguma coisa, eu queria jogar algo contra a parede. – Porra, Jimin. – Quando meus olhos voltaram para o rosto dele eu vi que mais lágrimas haviam se juntado à primeira, e agora o lábio inferior dele tremia, assim como os ombros dele, os braços enrolados no ao redor do torso dele.

Eu engoli em seco e finalmente senti lágrimas quentes descerem pela minha bochecha e eu o puxei para dentro do estúdio, o segurando como se ele fosse desaparecer a qualquer momento e enterrei meu rosto na curva do pescoço dele me permitindo chorar, sentindo as minhas roupas ficarem molhadas também.

- Eu sinto muito hyung! Eu fui tão idiota! Eu te amo, eu te amo, eu te amo. – As palavras dele se perderam em meio às nossas lágrimas e eu o segurei mais forte, um nó se formando na minha garganta novamente. – Desculpa por ter demorado tanto pra perceber, desculpa por ter acreditado cegamente no Taekwon, desculpa ter de decepcionado tanto, desculpa por eu ser uma pessoa horrível.

- Não, não, você não é Jimin. – Eu neguei furiosamente levantando o meu rosto para fitar o dele, segurando as bochechas dele entre as minhas palmas e limpando as lágrimas com as pontas dos meus polegares. – Mas me dói ver o quanto você ainda é apegado a ele. – O quanto ele ainda te tem na palma das mãos. – Eu não quero ser o seu plano B, Jimin. – Nesse momento os olhos dele foram ao chão.

- Você não é, Yoongi hyung e nunca foi. Eu odeio isso, eu me desprendi tanto da imagem que ele formou sobre mim na minha cabeça, mas ver ele de novo trouxe tudo isso de volta. Ele me deixou confuso e eu fui idiota. – Ele parou por um momento, organizando os pensamentos antes de continuar.

- Ele tirou tanta coisa de mim, hyung, - Os olhos dele voltaram a fitar os meus e por entre as lágrimas eu vi certeza e determinação transbordando deles. – Eu não quero que ele tire você também, porque você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida.

E com isso toda a dúvida, toda a incerteza que eu sentia se dissolveram, como açúcar na chuva.

A sensação era indescritível, meu corpo parecia leve, como se a qualquer momento meus pés pudessem sair do chão e eu sentia meus dedos trêmulos enquanto eu puxava Jimin para perto de mim e levava meus lábios de encontro aos dele, meus pulmões se expandindo como se eu precisasse dele para respirar e eu senti cheiro de chuva, de grama e terra, e de algo que era simplesmente o Jimin, era um cheiro suave e único dele, era o cheiro que eu passei a associar a beijos calmos e sorrisos com olhos em crescentes.

O beijo tinha gosto de sal e lágrimas, era delicado, suave e perfeito, era como voltar para casa depois de muito tempo longe e quando Jimin me beijou de volta eu senti uma onda de nostalgia varrer o meu corpo com a forma que ele traçava a minha mandíbula com as pontas dos dedos, eu passei tanto tempo me despedindo dele mentalmente que parecia que eu não sentia ele dessa forma há uma vida inteira. A minha língua traçou suavemente a curva do lábio inferior dele e em troca uma mão dele subiu até a minha nuca, os dedos pequenos passeando pelos meus cabelos e meu peito parecia prestes a explodir com o calor que formigava pelas minhas veias e lambia a pele onde a do Jimin entrava em contato com a minha.

Eu estava acordado há quase trinta e duas horas e a parte da frente das minas roupas estava encharcada, mas isso não importava, tudo que importava no momento era que o Jimin estava aqui e que ele me amava, e eu não queria estar em nenhum outro lugar no mundo.

- Hyung. – Jimin falou quebrando o beijo e eu não conseguir conter o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. – Eu tô morrendo de frio. – Ele continuou antes de ser interrompido por um espirro e eu ri porque Park Jimin conseguia ser adorável até mesmo encharcado com o cabelo colado na testa e espirrando.

- Vamos, eu te levo pra casa. – Com isso eu passei um braço ao redor dos ombros dele esfregando para criar fricção e tentar aquecê-lo um pouco, sempre mantendo-o próximo de mim.

E por fim, fomos para a casa.