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História A sétima criança. - Capítulo 02


Escrita por: EChrissie

Notas do Autor


Mil perdões pela demora em postar...
Passei por uns "perrengues" que não me deixaram com cabeça pra escrever...
Me desculpem mesmo.
Bem, espero que gostem desse capítulo. Boa leitura.
Beijos.

Capítulo 3 - Capítulo 02


 

Os visitantes foram instalados em uma área privada, com quartos, banheiros, salas, cozinha, jardim e área de treinamento. Nos quartos estavam roupas e calçados no estilo dos usados pelo rei e a rainha.

Depois de passearem e conhecerem toda a área que lhes caberia, a menina falou algo que deixou os guardiões embaraçados e temerosos:

- Peciso ir ao baeilo e quelo toma bao. – ela pedia a eles que se olhavam sem saber como agir até que uma moça de longos cabelos castanhos e olhos verdes, que os acompanhava discretamente, com pena dos homens se dirigiu à menina sorrindo.

- Venha comigo princesa. Vou cuidar de você. – ela estendeu os braços esperando que a menina fosse com ela, mas ela olhava a mulher desconfiada e se agarrou levemente ao seu guardião.

- Princesinha. – ele falou com gentileza e a ela o olhou. – Quer que eu e Mak fiquemos do lado de fora do banheiro falando com você? – ele ofereceu uma alternativa e torcia com todas as forças que ela aceitasse.

- Shim! – ela sorriu animada. – Conta histoia? – ela pediu e ele sorriu enquanto seguia a moça que os conduzia ao banheiro da suíte da menina.

- Conto, mas você vai se comportar e obedecer à... – ele olhou a moça perguntando implicitamente.

- Clio. – ela respondeu com um sorriso.

- Vai obedecer à Clio e nada de birra. – ele disse sério e a menina concordou sorrindo.

Assim Clio conseguiu dar banho na princesinha, que brincava na banheira e ria com gosto das histórias contadas por Tar – o guardião de cabelos prateados – e interrompidas ou enfeitadas por Mak – o guardião de cabelos verdes.

A hora da refeição até que transcorreu bem, pois a princesinha era bem educada e nunca tinha sido de rejeitar alimento, ao contrário, ela sempre gostou de experimentar de tudo e quanto mais colorido melhor para ela. Porém, na hora de dormir os guardiões passaram por outro aperto: a princesa não queria dormir ali. Queria seu quarto e sua cama.

Os guardiões se olhavam e tentavam explicar à menina que isso não era possível, que as coisas tinham mudado e que agora aquela era casa deles. A menina ameaçou chorar e os homens a se desesperar, mas, novamente Clio veio em seu socorro e começou a cantar para a princesa, acalmando-a devagar e fazendo com que adormecesse; os adultos respiraram aliviados e se retiraram do quarto da pequena.

- Muito obrigado Clio. – Tar agradeceu aliviado, no que foi apoiado efusivamente por Mak.

- Se não fosse por você ela teria chorado e não saberíamos o que fazer. – ele dizia suspirando e coçando a nuca.

- Estou aqui para cuidar da menina, aceitei ser sua dama de companhia. Não há o que agradecer senhores. Agora me retiro. – ela se curvou levemente e se afastou.

- Para de babar. – Tar sorriu malicioso para seu amigo, que realmente estava de boca aberta, babando pelo balanço dos quadris de Clio.

- Eu não estava babando... – Mak começa, mas recebe um olhar do amigo e sorri de canto. – Muito. Vamos dormir que a tarefa vai começar amanhã. – ele fala sério agora, pois tinham que pensar como fortalecer a princesinha. Ela já tinha muitos poderes desenvolvidos, mas de uma forma infantil e teriam que adaptar e melhorar para que ela pudesse usar em batalha.

- Sim, tem razão. E ainda há o cristal que o Rei nos entregou e que devemos ver. – Tar lembra e resolvem ver o cristal imediatamente. Se dirigiram até o quarto do lado direito da suíte da princesa, que seria o quarto de Mak e acessaram as informações do cristal. Logo a imagem do Dragão Branco surgiu e sua voz se fez:

Tar e Mak, se estiverem vendo esse cristal significa que tive que enviá-los e à minha neta aos meus amigos. Minha neta deve ser treinada, mas nada do que fizemos ou propusemos até agora a ela deu resultado, vocês devem arrumar um meio de ensiná-la, talvez meu amigo Zeus possa ajuda-los de alguma forma... Ela não deve esquecer quem é e qual sua missão; além de aprender a usar seu poder, também deve aprender sobre nossa cultura e nosso povo.

Sobre o inimigo que ela enfrentará, além das informações que vocês já dispõem, descobrimos recentemente que eles querem capturar minha neta.

Nesse ponto os guardiões se olham preocupados, pois isso devia ser uma informação sigilosa e que também explicava os ataques constantes ao palácio. A imagem começou a falar novamente:

Não sabemos os motivos para a desejarem e ainda estamos investigando, entretanto não sei se conseguiremos descobrir ou mesmo se conseguirei entrar em contato com vocês para lhes dizer.

Eles são comandados por um homem muito poderoso, ele se esconde e comanda das sombras, entretanto acredito que o faz não por covardia, mas por não encontrar um adversário que considere digno de o enfrentar; seus exércitos são liderados por seus quatro filhos.

O mais velho e o mais selvagem deles é Ankrar. Ele aprecia o derramamento de sangue e sempre está à frente das tropas.

O segundo é Brad. Ele é o estrategista, que planeja os ataques liderados por Ankrar.

O terceiro é Carell. É o melhor combatente deles, hábil em várias armas e em combate corpo a corpo.

O caçula é Darm. Ele é indiferente a tudo que o cerca, parece não se envolver em nada e não se importar com o que acontece, porém tenho a impressão de que é o mais poderoso e temo o dia em que ele se interessar por algo.

Aparentemente esses rapazes não se odeiam, ao menos não conseguimos indícios disso, mas também não existe amor fraterno entre eles, ao menos não do tipo que conhecemos e talvez possam ser jogados uns contra os outros. Suas forças nunca foram unidas e espero que minha neta não tenha que enfrentar aos quatro juntos...

Os guardiões veem o Dragão Branco fazer uma pausa, como se pensasse em algo e depois continua a falar:

Entreguei minha neta a vocês. Confio que a educarão e cuidarão dela como se fosse sua cria, sei que são jovens e sem experiências com filhotes, pois assim que descobri seus talentos os afastei de suas famílias para prepara-los... Agradeço profundamente seu desapego pessoal.

Sem que meu genro soubesse eu gravei imagens de pequenos gestos dele e de seus filhos com minha neta, assim como com seu gêmeo e sua mãe, além de mim e minha companheira... Não quero que minha neta sofra, então lhes digo que a escolha do momento que acharem mais apropriado para mostrarem as imagens que esse cristal possui é de vocês; façam quando acharem melhor para minha neta.

Me despeço agora, Tar e Mak, que as estrelas olhem por vocês e os guiem com sabedoria na missão que lhes confiei.

Minha neta... Nunca se esqueça que o vovô a ama e nunca maldisse seu nascimento. Você e seus irmãos foram as joias preciosas da minha existência. Adeus e que as estrelas velem por você.

A imagem voltou para o cristal e os guardiões se olharam digerindo as informações: algumas os deixaram aliviados, outras os preocuparam, mas nenhuma previa o quanto a princesinha tinha evoluído sozinha.

Esse trabalho estaria totalmente ao seu cargo e eles discutiram rapidamente como iniciar. Depois foram se preparar para dormir.

Durante a noite a princesinha acordou de um sonho ruim. Não lembrava bem sobre o que era, mas sabia que envolvia sua mãe, seu avô e seu irmão gêmeo; ela sabia que não estava em casa, mas se sentiu isolada e triste e desceu da cama buscando seus guardiões.

Ela sentia o cheiro dos dois: Tar estava à sua esquerda e Mak à sua direita. Escolheu ir até Mak, abrindo de leve a porta do quarto dele e vendo-o esparramado na cama de bruços, dormindo a sono solto, ela entrou e subiu na cama sem fazer ruído, puxando o lençol para si. Ouvindo a respiração de Mak – que não se deu conta da presença da criança – ela conseguiu relaxar e dormir.

Na manhã seguinte Mak foi despertado pelo barulho de algo pesado caindo no chão e o grito de mulher. Ele levantou rapidamente e se dirigiu até o barulho – que vinha do quarto da princesa – estava somente com uma calça e fez surgir sua espada, entrando logo depois de Tar.

- A princesa! – Clio apontou para a cama da criança que estava vazia. – Sumiu!

Eles se olharam surpresos e saíram para procurar a menina, mas quando estavam no corredor, prontos para fazer uma busca na área inteira ouviram a vozinha da menina vinda da porta do quarto de Mak.

- Mak? Tar? Puquê tão guitando? Os bichos maus tão aqui? – ela estava nervosa e agarrava a camisa do pijama de Mak, que ele havia deixado no lado em que ela dormira.

- Princesa! – eles correram e abraçaram a criança. Estavam aliviados que ela estava bem e abraçaram-se para poder abraçar a criança entre eles.

– O que fazia fora do seu quarto? – Tar perguntou mais calmo.

- Tive um soo mau. Fui dumí com Mak. – ela explicou e Mak ficou sem ação.

- Dormiu comigo? – ela acenou e ele entrou com ela em seu quarto e realmente o cheiro da princesinha estava ali ao seu lado na cama. – Entrou no meu quarto e subiu na cama sem que eu acordasse ou percebesse? – ele não acreditava no que tinha acontecido. Como todos os dragões ele tinha o sono leve e os sentidos apurados, além do seu treinamento que o tinha deixado mais sensível ao ambiente que o cercava, e não tinha sentido a princesa entrar no quarto e subir na cama.

- Sempe faxia icho com a mamãe e o papai. Ela engachado de maã quando acodavam e eu tava lá. – ela contou com um pequeno sorriso, mas a sombra da tristeza se abateu sobre ela e finalmente as lágrimas rolavam de seus olhos castanhos.

- Shh, princesinha. – Mak sentou com ela na cama e acariciava a cabeça da criança. Ele não podia fazer muita coisa sobre o que a menina sentia, só ficar ao lado dela. – Eu e Tar estamos aqui ao seu lado. Prometemos ao seu avô que cuidaríamos de você. – ele falou e Tar se aproximou, ajoelhando próximo deles.

- Mak está certo, minha princesinha. Estaremos sempre ao seu lado e se tiver algum sonho mau pode fazer o que fez ontem e me procurar ou ao Mak. – ele também começou a passar a mão nas costas da menina para lhe passar calor e segurança.

Aos poucos, se sentindo segura entre seus guardiões, ela foi parando de chorar.

- Diculpa. – ela pediu enxugando as lágrimas.

- Não precisa se desculpar. – Mak falou aliviado que ela já estava calma.

- Vamos lavar esse rostinho e tomar café, pois teremos muito o que treinar hoje. – Tar falou carinhoso com a menina e ela acenou e sorriu para os dois.

Clio estava no quarto da menina arrumando a bandeja que tinha derrubado e a viu no colo de Mak. Ainda se recuperava do susto de não encontrar a criança na cama, quando a viu a menina inclinou um pouco a cabeça e lhe disse:

- Diculpa, num quelia te assustá.

- Sem problema princesa. Já passou, agora vamos lavar o rosto e colocar uma roupinha para poder começar o dia com um bom café. – ela estendeu os braços novamente para a criança, que dessa vez foi com ela sem receio.

Depois da refeição a princesa e seus guardiões foram até a área de treinamento e eles foram testando os poderes da criança, assim como sua resistência. Dando tarefas mais difíceis do que aquelas dadas aos filhotes de sua idade, se surpreendiam com a facilidade que começou a resolver essas tarefas que envolviam raciocínio rápido e habilidade. Continuaram até Clio os chamar para almoçar.

Combinaram que o treino físico ficaria pela parte da manhã e depois da soneca da princesa, ela estudaria a história e a cultura do seu povo.

Assim consistia a rotina da criança e não viam seus anfitriões, embora os guardiões soubessem que eles acompanhavam tudo que se referia à criança, pois a grande ave do senhor Zeus vinha observá-los todos os dias e ficava um longo tempo.

O tempo foi passando e a menina crescendo devagar ao modo de seu povo. Os guardiões repararam que ali o tempo corria igual para eles, como se estivessem em seu reino, embora para aqueles que o senhor Zeus governava ele passasse em um piscar de olhos; resolveram que era importante também que a princesa tivesse aulas sobre a cultura daqueles que os abrigavam e pediram ajuda de Clio nisso, ela pensou um pouco e foi buscar uma solução.

Depois de algumas horas voltou com vários pergaminhos e livros e assim a princesa ganhou mais uma tutora.

Aos adultos espantava que ela aceitasse bem a carga de treinos e estudos, mas acharam melhor não comentar ou reclamar, apenas continuavam no ritmo dela, que não era lento... Ela tinha ânsia de conhecimento e se dedicava a tudo que fazia.

Conforme foi crescendo a princesa começou a fazer perguntas à Clio sobre as pessoas que a abrigavam e a moça não tinha motivos para não contar o que a menina pedia, então reparou que a princesa desaparecia por curtos intervalos de tempo, por mais que a procurasse não a encontrava e, de repente, ela aparecia.

Resolveu contar a Tar e Mak e eles ficaram de vigiar a princesa com mais afinco; ela era uma criança que não dava trabalho e não era desobediente, então relaxaram na vigilância, mas o que Clio contou lhes preocupou.

A princesa também tinha muitos pesadelos dos quais não lembrava, mas que a faziam levantar da cama no meio da noite para dormir com Tar ou Mak. Os guardiões sempre se surpreendiam ao acordar e encontra-la na cama com eles, pois não atinavam como podia enganar os seus sentidos aguçados.

Um dia Clio deu pela falta da princesa e foi imediatamente comunicar a Tar e Mak. Eles saíram em busca da princesinha, se surpreendendo com o fato de que seu cheiro levava para fora da área que lhes era reservada; eles a encontraram dentro de um dos templos, conversando animada com um rapaz loiro de olhos azuis, longilíneo e que tinha sandálias com asas.

- Princesa! – ela se assustou com o chamado de Tar e corou ao ser pega em sua pequena fuga. – Estávamos procurando por você. Por que saiu de casa sem avisar? – havia uma leve reprimenda na voz do guardião que fez a criança baixar o olhar para os seus pés, envergonhada.

- Ela estava curiosa, guardiões. – o rapaz sorria para eles e pegou a mão da menina levando-a até Tar, que a abraçou ainda um pouco preocupado.

- Com o que estava curiosa? – Mak perguntou ao rapaz. Eles não tinham encontrado os moradores daqueles templos e não sabia o nome deles.

- Sobre como vivemos, como lutamos, o que somos. Gosta de conversar e sua curiosidade me agrada, além de sua esperteza. Ela tem pés leves e ligeiros, que podem ser treinados para lhe dar muita agilidade em várias coisas. – ele disse com um sorriso matreiro. – Embora esteja tentando me convencer a ensiná-la como trapacear alguém e manter a pele intacta.

Os guardiões olharam sua princesa sem palavras e ela ficou mais corada, dirigindo-se ao rapaz:

- Prometeu que seria segredo Hermes! – ela reclamou puxando a longa trança, nervosa.

- Seria segredo se seus guardiões não a tivessem pego. Esse era o trato. – ele sorriu mais ainda para a criança sem palavras diante dele. – E não faça essa carinha! – ele a advertiu sorrindo e apontando para o bico que ela fazia agora. – Conseguiu enganar Clio por algum tempo e lhe dou esse mérito, mas seus guardiões a encontraram na primeira tentativa, ainda tem que treinar e aprender como se esconder e ao seu rastro, antes que te ensine a enganar outros mais velhos, espertos e poderosos.

Tar e Mak observavam essa conversa calados e viram sua princesa baixar a cabeça e acenar decepcionada consigo mesma.

- Ora essa, não é para tanto. – Hermes tentava consolar a menina esperta que tinha entrado em seu templo buscando aprender como enganar seus adversários usando sua inteligência e lábia. – Te ensinarei isso quando aprender o que te falei. Agora vai com teus guardiões e explica a eles o que se passa em sua mente rápida. – ele disse com um sorriso e bagunçando os cabelos da menina.

- Obrigado por cuidar dela. – Tar agradeceu.

- Já disse que a presença dela me agrada. Não precisa agradecer. – Hermes respondeu com um sorriso.

Tar pegou a menina pela mão se retirando do templo, junto com Mak, mas assim que colocaram os pés para fora ouviram uma voz grossa e peculiar:

- Aí está você! – um homem forte de cabelos e olhos negros e trajes de ferreiro, mancava na direção deles e a menina corou e olhou de um guardião para outro sem saber o que fazer. – Está atrasada! O que lhe disse sobre atrasos? Não seriam permitidos! Essa foi a condição para te ensinar. – ele estava furioso com a menina, ela suspirou e largou a mão de um espantado Tar para se dirigir ao homem que tinha parado na frente dela e esperava uma resposta.

- Desculpe, mestre Hefesto. Eu parei para conversar com Hermes e me esqueci da hora. Prometo que não se repetirá novamente! Serei pontual como sempre. – ela falava torcendo as mãos e olhando o chão.

O homem bufava e olhava a menina na frente dele avaliando e pensando no que faria. Depois de um tempo tomou sua decisão:

- Hoje fará o dobro do serviço. – a menina se encolheu diante daquilo, mas não falou nada, apenas acenou concordando. – Vamos para a forja. – ele foi andando na frente e a menina o seguiu sem se dar ao trabalho de se voltar aos seus guardiões e dar uma explicação.

- Mas o que acontece aqui? – Tar murmurou para um quieto Mak. Eles ouviram a risada de Hermes e se viraram para ele, que observava tudo da porta de seu templo.

- Parece que a princesinha tem talento afinal. Dobrou Hefesto para que lhe ensinasse os segredos da forja e ainda o faz perdoá-la pelo atraso com aquela carinha fofa. – ele sorriu para os guardiões. – Realmente tem que conversar com a princesa de vocês, mas lhes digo uma coisa: ela tem um mente ágil e precisa. Está tramando muitas coisas naquela cabecinha e conseguiu dar conta do treino com vocês, Clio e Hefesto... Isso é algo a se respeitar.

Os guardiões se despedem de Hermes e resolvem ir atrás de sua princesa no templo de Hefesto. Eles não encontram problemas para entrar e escutam a voz possante dando ordens à aprendiz, acompanhando de longe para não atrapalhar, começaram a apreciar aquele serviço tanto do homem quanto o da menina e entendem o motivo que a atraiu.

O rosto da princesa começa a ficar sujo de fuligem, mas o calor não a abate e nem o serviço que está fazendo, parece que está se divertindo como se estivesse brincando. Era uma dragoa afinal e os dragões amam lidar com metal e fazê-lo tomar forma, embora não fosse comum que as fêmeas e, principalmente as da realeza, soubessem forjar o metal, este ofício não era considerado indigno.

Pelo contrário, um bom ferreiro era considerado um artista, procurado e respeitado pelos seus conterrâneos. Depois de algum tempo, o homem começa a avaliar o trabalho da menina falando onde ela pode melhorar e elogiando quando ela atingiu o padrão que ele espera, mandando que realize mais algumas pequenas tarefas de extrema precisão e corrigindo aqui e ali quando julgava ser necessário. Deu-lhe mais algumas tarefas e se encaminha para falar com os guardiões.

- Ela já vem aqui há algum tempo. Sempre me perguntei porque não a acompanhavam, agora percebo que ela não lhes contou o que fazia. Se consideram aprender a forjar o metal indigno dela por ser uma princesa, não me meterei, mas apenas lhes digo que ela tem talento. Dentro de algumas décadas poderá se tornar uma mestra do ofício. – ele termina de falar muito sério e espera que os guardiões falem algo.

Eles se olham e sorriem entre si, se inclinando diante do ferreiro dos deuses, ele mesmo um deus, mas totalmente desabituado àquele tipo de reverência. Mak lhe fala com respeito:

- Entre nós o trabalho com a forja é mais que um ofício, é uma arte. Um artesão de seu quilate seria reverenciado e dezenas ou centenas de jovens o procurariam para que os ensinasse. Saber que achou nossa princesa digna de aprender com o senhor nos alegra muito e apenas não entendemos o motivo que a levou a esconder de nós seu desejo de aprender com o senhor.

- Por que queria fazer uma surpresa e porque queria mostrar que posso fazer algo bom e bonito com minhas mãos. – a menina respondeu a eles, mas sem levantar a vista do trabalho que executava.

- Atenção ao que faz menina! Pare de escutar as conversas dos adultos! – Hefesto ralhou – Se não fizer esse trabalho direito falarei para Apolo de quem é a culpa.

- E eu corarei e pedirei milhões de desculpas, ficando extremamente constrangida por não poder fazer um trabalho à altura de tão formoso deus. – ela sorri para o mestre, mas continua com seu trabalho.

- Não brinque com Apolo menina! – ele fala sério agora. – Ele não gosta de ser manipulado ou enganado. Sua ira e a de Artêmis pode ser terrível... E não se engane com ela! Sei que anda te cercando com aquelas conversinhas dela... Não caia naquela conversa! Tem toda a sua longa vida pela frente e deve desfrutar dela como melhor lhe aprouver. – ele advertia sua aprendiz, que também ficou muito séria para uma criança.

- Eu sei mestre. Clio me contou algumas histórias sobre a ira dos gêmeos. Não se preocupe estava apenas brincando e já disse à lady Artêmis que tenho outro objetivo. Não posso e não serei uma seguidora dela. Entretanto ela ainda não desistiu. Não sei como explicar a ela... – a menina parou sua tarefa e depois de inspecionar foi mostrar ao mestre.

Ele pegou as peças que ela tinha feito e avaliou o trabalho realizado. Havia capricho e esforço naquelas peças, mesmo com uma técnica a ser refinada a peça ainda poderia ser considerada ótima e aquilo agradou ao deus.

- Falarei eu mesmo com Artêmis. É minha aprendiz e tem um objetivo em sua mente e coração. Não serão os caprichos dela que a desviarão dele... – ele estava muito sério, mas depois de um tempo se virou para os guardiões da menina. – Só a tragam novamente aqui em cinco dias e não deve mais vir sozinha às aulas, venham com ela. – ele determinou com simplicidade e novamente os guardiões se inclinaram respeitosamente e disseram em uníssono:

- Sim, mestre Hefesto. – o deus ficou um pouco corado com o respeito que lhe era dedicado e ao qual não estava acostumado a receber de quem não exercesse sua atividade.

- Vão agora. Tenho coisas a fazer que a menina ainda não está pronta para aprender e pode ser perigoso para vocês. – ele os dispensou e a menina sorriu para ele, pegando em sua grande mão e dizendo:

- Até a próxima aula, mestre Hefesto. – e foi pegar as mãos de seus guardiões, sabendo que tinha muita coisa a explicar a eles.

- Conversaremos em casa, princesinha. – Mak disse tranquilo, mas Tar estava preocupado com a conversa entre o mestre e a aprendiz; aquela tal de lady Artêmis estava assediando a princesa e eles não se deram conta. Considerava que tinham relaxado no trabalho como guardiões e se envergonhado por isso.

Ao chegar à sua casa encontraram Clio na porta os esperando com cara de poucos amigos.

- Então que você ficava vagando por aí quando devia estar tirando sua soneca e descansando para estudar? – ela ralhava com a princesinha, que desviou o rostinho, corada, mas ainda encontrou língua para responder.

- Eu estava com mestre Hefesto aprendendo a forjar o metal.

- Hefesto estava te ensinando? O ferreiro dos deuses te tomou como aprendiz? – Clio estava surpresa com aquilo.

- Por que a surpresa Clio? – Mak perguntou de Clio.

- Hefesto nunca teve um aprendiz. – ela contou espantada aos guardiões.

Eles sorriram orgulhosos do feito da princesa. Isso significava que seu talento deveria ser enorme para atrair a atenção daquele mestre.

- Mas ainda tem que nos explicar o motivo de esconder algo assim de nós. – Tar se ajoelhou diante da menina e segurou seu queixo para que ela o olhasse quando respondesse. – Já lhe falei várias vezes que o trabalho na forja é muito considerado entre nós. Por que se envergonharia em nos contar que tinha vontade de aprender?

- Eu não tinha vergonha de contar. – a princesinha falou rápido, mas o olhar sério de Tar a fez dar de ombros. – Talvez eu tivesse um pouquinho de vergonha, mas queria fazer uma surpresa. Queria aprender e depois fazer presentes para vocês. Para todos vocês. – ela diz envergonhada olhando aos três adultos que a cercavam.

- Que história era aquela de fazer algo bom e bonito com suas mãos? – Mak perguntou cruzando os braços e encostando o ombro no umbral da porta.

Essa pergunta a princesinha parecia que não estava disposta a responder, mordendo o pequeno lábio inferior e com o rostinho mostrando uma grande dúvida.

- Fale minha princesinha. Não a julgaremos, sabe disso. – Mak fala com doçura.

- Tenho medo. – ela disse depois de uma longa pausa. – Medo de só fazer coisas ruins. – ela olhava as suas pequenas mãos enquanto dizia isso. – Queria aprender a fazer coisas bonitas para poder mostrar que posso ser boa. – ela disse deixando cair seus pequenos ombros.

- Nunca mais repita isso, minha princesa. – Tar a segurou pelos ombros, endireitando-os. – É inocente, me ouviu? Nada do que houve em nossa terra foi tua culpa.

- Tar está certo. Já te contamos a profecia e o que o Grande Ancião falou. Seu nascimento provocou um desequilíbrio sim, mas o inimigo já estava esperando por algo assim há muito tempo, ele apenas se aproveitou do momento e você não teve culpa. – Mak falou muito sério.

A menina os olhou um pouco incerta sobre isso. Os guardiões perceberam que teriam muito trabalho para dissipar essa dúvida de sua mente e coração, mas era necessário que ela não se sentisse culpada de nada. Mak resolveu mudar de assunto e perguntou a outra coisa que o preocupava e a Tar:

- Quem é essa tal de lady Artêmis e por que ela está te cercando?

- Como é?! – Clio perguntou irada. – Aquela mulher mesquinha estava te cercando enquanto ia ao templo de Hefesto? – a menina acenou surpresa. Já tinha visto Clio irritada, mas nunca daquele jeito.

- Clio? O que houve? – Mak a olhava surpreso.

- O que houve? O que houve? – ela começou a andar de um lado para o outro da casa. – Se ela pensa que vai manipular a minha menina está muito enganada! – de repente eles começaram a sentir Clio manifestar seu cosmo e era a primeira vez que isso acontecia. Os três dragões se olharam surpresos. Clio era muito poderosa! – Eu arranco cada fio daquela cabeleira loira se ela se aproximar de você novamente e se Apolo falar alguma coisa vai sobrar pra ele também! – Clio aumentava seu poder à medida que falava e imaginava o que faria com Artêmis. Logo sua agitação chegou ao templo do senhor do Olimpo, que imediatamente foi verificar o que acontecia.

- Clio! – ele disse com sua voz poderosa se manifestando na sala da casa dos dragões. – O que aconteceu para liberar sua ira? – ele estava preocupado, pois Clio era extremamente ponderada e praticamente não se exaltava.

- O que aconteceu pai Zeus? Sua filha Artêmis aconteceu! – ela apontava furiosa para o peito do rei, para surpresa dos dragões. – Ela está cercando a minha menina com aquela conversa barata dela! A minha menina tem um objetivo e Artêmis pensa que convencê-la a servir em sua corte é mais importante! – ela continuava agitada e gesticulando e Zeus viu que o negócio ia ficar feio se não interferisse.

- Princesa! – ele chamou a criança para perto dele e ela foi prontamente. – O que Artêmis falou com você? Pode me dizer sem medo. – ele incentivou a criança a falar.

- Ela tem insistido para que eu abandone meus guardiões e Clio e vá morar com ela. – ela começou e sentiu que Clio ficou mais irada, embora em silêncio. – Ela sempre tenta me atrair para o templo dela quando vou à forja do mestre Hefesto.

- Vai fazer o que na forja de Hefesto? – Zeus pergunta curioso, ainda que desviando o assunto, pois o ferreiro não suportava que o ficassem perturbando e sempre era grosseiro com todos, inclusive com ele.

- Estou aprendendo a forjar metal. – a menina explica e Zeus não esconde sua surpresa. Hefesto nunca teve um aprendiz! Se ele considerava a menina digna de aprender suas técnicas o talento dela deveria ser formidável!

- Mas o que ela fala para você? – Zeus resolve voltar ao assunto e ver até onde sua filha teria ido. Estava ficando preocupado agora.

- Que sou muito pequena e bonita para lutar, que não deveria perder meu tempo com isso. Que seria melhor eu ficar com ela enquanto cresço, pois ela me ensinaria a caçar e me divertir; e que quando eu crescesse mais ela me ensinaria a ter prazer com a companhia dela. – a menina ao falar isso faz com que os seus guardiões também manifestem seu poder, juntando-se a Clio, que parecia não se conter mais e estava pronta a ir ao templo de Artêmis.

- Senhor Zeus! – Tar emanava um ar gélido e seus olhos prateados brilhavam. – O que sua filha pensa que está fazendo falando assim com uma criança?

- Minha princesa é inocente e ela quer se aproveitar dela. – Mak tinha os olhos brilhando dourados e à sua volta um vento sussurrava.

- Senhores, Clio. Não se preocupem. Minha filha não dirigirá mais a palavra à princesa. – Zeus estava profundamente envergonhado de sua filha Artêmis, ele sabia de seus gostos e não a recriminava, mas tentar aliciar uma criança era algo que ele não permitiria. Estava na hora de castigar sua filha de forma que ela não esquecesse que, mesmo uma deusa, tem limites.

- Mestre Hefesto disse que ia falar com ela. – a menina falou ao homem à sua frente. – Por que eu já tinha explicado a ela que não poderia abandonar meu objetivo. Tenho que ficar mais forte que puder para ajudar meu reino. Mas ela não aceita e fica insistindo, é incômodo e irritante. – ela resolveu reclamar já que todos também estavam fazendo.

- Não se preocupe com isso princesa. Também falarei com minha filha. Muito seriamente. – mal tinha falado essas palavras eles sentiram um embate de dois cosmos poderosos.

- Parece que Hefesto já foi conversar com Artêmis. – Clio aponta com ironia e Zeus suspira.

- Permaneçam aqui. Irei lá conter os ânimos. – o rei dos deuses desaparece e quando se encontra na praça vê a destruição da fonte e Hefesto com seu martelo parado na entrada do templo de Artêmis.

Sua filha estava com seu arco pronto para disparar e ele ouviu quando o ferreiro falou:

- Já falei. Fique longe da menina! Ela não entende o que está propondo a ela e você está se aproveitando da inocência dela. Não permitirei que isso aconteça.

Assim que ele terminou de falar Artêmis soltou um grito furioso e disparou a flecha que tinha pronta:

- Seu homem horroroso! Como ousa vir ao meu templo falar desse modo comigo? A menina não é para o seu bico. Ela será minha porque eu assim decidi! – ela disparava uma flecha atrás da outra numa velocidade alucinante e Hefesto, mesmo defendendo a maior parte delas acabou sendo ferido e derrubado, com Artêmis se aproveitando para feri-lo mais.

- Artêmis! – Zeus gritou com sua voz poderosa e manifestou seu cosmo. Nuvens e raios cruzaram o Olimpo, mas Artêmis não se intimidou com a ira de seu pai e continuou atacando Hefesto.

Furioso, Zeus ia dar um golpe na filha, mas alguém foi mais rápido. De trás de si um grande golpe atingiu Artêmis em cheio, empurrando-a em direção ao interior de seu templo.

Surpreso, olhou e viu aquele pequeno vulto correr em direção a Hefesto, seguido por três adultos furiosos.

- Mestre! – a pequena se jogou sobre Hefesto e tentou levantar a cabeça do deus, mas ele era pesado e estava meio grogue das flechas que tinha recebido, seu ícor escorria no chão.

- O que faz aqui? Lhe disse que não voltasse até que tivessem passado cinco dias. – ele a repreendia quando a reconheceu.

- Ela sentiu quando foi atingido, mestre Hefesto. – Tar falava calmo e composto. Ajudou o deus a se sentar e começou a arrancar as flechas que ainda lhe perfuravam o corpo em diversos lugares. Fazendo o deus gemer aqui e ali. – Ela exigiu vir ajuda-lo e não nos opusemos. – ao ouvir isso Hefesto olhou Tar, mas foi Mak quem falou.

- Ela nos contou o que essa mulher – ele disse apontando para dentro do templo com desprezo – propôs a ela.

Antes que pudessem falar mais alguma coisa Artêmis saiu de seu templo. Estava furiosa e seu lábio estava ferido. Tinha seu arco pronto para disparar.

- Quem ousou me ferir? – ela falou com os adultos na praça, mas recebeu um sorriso irônico deles e não entendeu. Até que sentiu aquela poderosa energia se manifestar à sua frente... Tão poderosa que os longos cabelos da criança, que haviam se soltado de sua trança, balançavam ao sabor de uma brisa invisível.

- Eu fiz isso. Eu dei o golpe. – a menina falou impassível e fria.

- Você pequena? Por que me feriria? Sou sua amiga. – a deusa não conseguia acreditar no poder que sentia na menina.

- Não é minha amiga! Está me perseguindo e agora machucou meu mestre! – a criança falou alto e depois, como se pensasse melhor, se acalmou, mas continuou emanando seu cosmo.

- Deixe de tolices, criança. Quero que fique ao meu lado, pois será melhor pra você. Não terá que se preocupar em se ferir ou lutar, poderá esquecer esse objetivo tolo e depois poderá conhecer os prazeres do amor ao meu lado. – a deusa tentava adular a criança, mas recuou quando viu o brilho estranho no olhar da criança. Aquele brilho era perigoso.

- Eu sou a princesa do Reino dos Dracarin! Acha meu objetivo tolo? O que você sabe sobre meu objetivo ou sobre mim? – a princesa aumentou seu cosmo e se colocou em uma posição totalmente ofensiva, que Mak havia lhe ensinado, ao seu redor o vento assoviava e girava cada vez mais rápido e se concentrava em seu pequeno punho.

Os adultos viam aquilo e as mais diversas reações podiam ser vistas.

Mak estava orgulhoso da princesinha, pois havia ensinado esse golpe a ela apenas uma semana antes e ela estava pronta para dispará-lo com perfeição. Clio estava surpresa com a frieza da criança em enfrentar sem medo Artêmis e Tar avaliava as consequências dos atos de sua princesa, embora não fosse demovê-la de seu intento, aquele seria um bom teste para ela. Zeus estava entre a surpresa e a curiosidade, mas também não estava disposto a impedir o golpe da criança. Sua filha estava merecendo. Hefesto estava achando muito divertido ver a cara de incredulidade de Artêmis.

- Você se atreve a levantar a mão contra mim? – ela falou sem acreditar, até que a menina soltou o golpe e a atingiu em cheio novamente.

Ela foi jogada para dentro de seu templo e atravessou uma grossa parede, se levantou e viu que seu braço tinha sido cortado, ainda que levemente, e dele escorria ícor. Aquilo a enfureceu contra a menina, ia coloca-la em seu lugar e força-la a servi-la; com esse intuito se dirigiu novamente à entrada de seu templo.

- Princesa dos Dracarin, você atraiu minha fúria e agora pagará por isso. – Artêmis falou antes de disparar uma saraivada de flechas.

A criança apenas bufou um pouco antes de começar a desviar das flechas da deusa.

Ela sentiu quando Tar levantou sua barreira de proteção e ouviu quando ele disse calmamente:

- Pare de brincar e lute de verdade. Ainda temos muito o que fazer em casa. Acabe logo com isso.

Ela sorriu e pegou algumas das flechas de Artêmis que estavam cravadas no chão, enquanto desviava das flechas disparadas pela deusa furiosa. Criou um arco com sua energia como Tar a havia ensinado e começou a disparar as flechas que possuía, cada disparo dela encontrava com precisão um disparo de Artêmis e quando as flechas da menina acabaram ela começou a criar flechas de energia, que, ao serem atingidas pelas flechas de Artêmis, se dividiam em duas e continuavam sua trajetória, logo Artêmis teve que se mover para não ser atingida pelas flechas da criança, mas não demorou muito viu que tinha caído em uma armadilha.

As flechas da pequena não tinha se dissipado e ela parecia que tinha calculado exatamente onde queria que as flechas fincassem no chão, pois se viu no centro de várias flechas de energia e viu a criança mover rapidamente as mãos e gritar:

- CONTENÇÃO! – as flechas de energia se tornaram laços e a prenderam antes que pudesse escapar, apertando fortemente e por mais que queimasse seu cosmo não conseguia se libertar. Os laços a levantaram no ar e a fizeram ir até onde a menina estava esperando serena, nem um pouco ofegante, como se não tivesse lutado.

A criança então a levou até seu pai e se inclinou respeitosamente diante dele:

- Senhor Zeus peço seu perdão por ter me excedido. Não cabia a mim punir vossa filha. Entretanto, lembrando disso me contive e não a feri com seriedade. Aqui a tem. – a princesa fez um gesto com a mão e sentiu como se ela estivesse passando a Zeus o controle dos laços de energia.

- Se conteve? – Zeus perguntou com um ar divertido.

- Sim, senhor. Os golpes que dei antes não estavam em sua potência total e nem está este de contenção. – ela explicou ainda inclinada respeitosamente.

- Começo a entender o que seu avô quis dizer com o fato de que seria a mais forte de sua raça. – Zeus a olha pensativo, pois aquele poder era similar ao de um deus e ainda poderia crescer mais. Deveria continuar observando aquela menina com cuidado e talvez devesse consultar as Moiras...

- Eu posso cuidar de meu mestre? – ela perguntou ansiosa e Zeus viu que Hefesto ainda tinha algumas flechas em seu corpo e ícor escorria de vários ferimentos.

- Sim. Pode se retirar. – ele a dispensou e viu quando ela correu na direção do ferreiro, se ajoelhou e abraçou com carinho aquele deus tão grosseiro, que não sabia retribuir aquele gesto de afeto. Estava balançando a cabeça quando viu uma luz envolver a menina e o ferreiro e logo Hefesto não tinha mais flechas ou ferimentos.

- Poder interessante menina. – Hefesto olhava para ela que lhe sorria. Não diria que poderia ter feito isso ele mesmo em sua forja, longe dos olhares dos outros. Que todos os deuses podiam se curar e tudo dependia dos tipos de ferimentos e quem os tinha provocado; no seu caso, os ferimentos de Artêmis seriam mais demorados para curar, pois foram feitos com armas divinas e por uma deusa; esse era o motivo pelo qual tinha mandado que voltassem em cinco dias, acreditava que seria esse o tempo que levaria para se curar, mas a sua pequena aprendiz o tinha curado em instantes. – Obrigado. – ele apenas agradeceu à criança.

- Amanhã podemos vir à forja ou o tempo de espera continua? – ela perguntou ansiosa e ele apenas a observou por um tempo.

- Podem vir amanhã. – ele respondeu com um suspiro. – Vou te ensinar uma técnica nova e precisará de muitas tarefas para refiná-la.

- Sim, mestre. – a menina acenou com alegria e se voltou para os adultos que cuidavam dela. – Podemos voltar pra casa? Estou com fome. – e nesse exato instante seu estômago roncou alto, tirando gargalhadas dos adultos que a cercavam.

- Vamos princesinha. Vou preparar uma refeição reforçada. – Clio sorria.

- Depois mais treino. Já lhe disse para não brincar com seus adversários. – Mak a repreendeu seriamente. – Vamos repetir aquela série de golpes algumas centenas de vezes.

- Além do treino com armas. – Tar completou. – Está muito confiante e isso não é bom.

- E antes de dormir vai estudar um pouco. – Clio completou.

A criança ouvia e sua boca abria mais e mais. Eles queriam lhe matar?

Mas sabia que tinha aprontado muito naquele dia, então o castigo que recebia nem era tão grande assim...

Zeus viu o pequeno grupo se retirar e percebeu que sua filha olhava a criança com fúria, mas também com cobiça. Ela ainda não havia desistido e ele suspirou.

- Venha Artêmis. Vamos ter uma longa conversa. – ele falou sério com sua filha já se preparando para castiga-la, além das reclamações que ouviria de Apolo.


Notas Finais


Particularmente nunca gostei de Artêmis... Então minha antipatia se fez presente...
Considerem que a nossa princesinha já tem 6 aninhos, mais ou menos...
Ela é um gênio, um prodígio, por isso não é pra estranhar sua forma de falar - fruto da convivência com tutores bem cultos - ou suas habilidades...
Ah, Clio tem um cosmo poderoso porque é uma das Musas, portanto filha de Zeus e Mnemósine e irmã mais velha desses gêmeos problemáticos. Sim, estou falando da Musa da História e da Política.
Espero que tenham gostado do capítulo e me perdoem a demora em postar.
Beijos.


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