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História A sétima criança. - Capítulo 07


Escrita por: EChrissie

Notas do Autor


Oi gente.
Desculpe pela demora para postar, mas está aí mais um capítulo pra vocês.
Boa leitura.
Beijos.

Capítulo 8 - Capítulo 07


 

Semanas se tornaram meses.

Sem aviso e sem tempo certo, filhotes sempre apareciam guiados por três figuras, que nunca entravam na fortaleza.

Os adultos dentro da fortaleza começaram a comentar o que ouviam das crianças resgatadas, mas seu príncipe e sua rainha continuavam calados, então os boatos e especulações cresciam.

Quem eram? Seria a menina que acompanhava os dois adultos a criança da profecia? Por que ela não destruía de vez o exército inimigo e os libertava?

Lina e Alin sempre recebiam os recém-chegados, acalmando seus medos e tentando readaptá-los ao convívio com os adultos de seu povo. Os dois tinham seus próprios pesadelos que os assombravam durante a noite, mas sempre tiveram um ao outro e isso continuava.

Alin mais de uma vez saía de perto dos adultos quando começavam a falar besteiras sobre Hell. Lina pedia que controlasse sua raiva e ele conseguia, na maioria das vezes, entretanto teve uma vez que não conseguiu e foi feio.

Ele estava recepcionando mais uma leva de filhotes e alguns adultos, que não eram sentinelas ou guardas, estavam passando justo quando eles chegavam e viram seus salvadores. Lina sempre ficava um pouco conversando com eles e depois entrava, ele apenas acenava de longe.

Os adultos queriam correr em direção ao trio e tiveram que ser contidos pelos soldados. Alin tentava desviar as crianças que chegavam dessa confusão quando um dos adultos falou em alto e bom som:

- Covardes! São covardes que não lutam contra nossos inimigos! – aquilo irritou os soldados, mas Alin perdeu totalmente o controle de seu gênio.

Ele pulou sobre os soldados e começou a socar o homem que havia dito aquela merda! O homem era mais forte, mas foi pego de surpresa pela atitude do menino e a força que demonstrava, ele socava, chutava e mordia...

Estava massacrando o homem adulto enquanto os soldados impediam os amigos dele de interferir. Ele sentiu que alguém o abraçava por trás, puxando-o devagar e pelo cheiro sabia que era a pessoa que menos esperava:

- Hell. – ele sussurrou e se levantou, se afastando do homem caído no chão.

- Não ligue Alin. Deixe que falem o que quiserem, não tenho nada a dizer a essas pessoas. – ela ainda o abraçava por trás e ele segurou as mãos da menina.

- Eles não entendem? Não pensam nos que ainda são prisioneiros? – ele perguntou a ela e se virou para olhar o rosto delicado.

- Raramente. Não conseguem ver longe, querem apenas o imediato. Mas, me ensinaram que tudo tem seu tempo, como as estações que passam uma depois da outra. – ela sorriu e aquele sorriso aqueceu o coração do menino.

- Não preciso gostar do que falam. – ele disse ainda ofegante e ela sorriu mais ainda.

- Não, não precisa. Mas também não pode se machucar desse modo. – ela pegou as mãos dele que sangravam pelos golpes dados no homem. – Como vai cuidar dos pequenos se estiver machucado? – ela disse inclinando a cabeça e ele sorriu sem graça.

- Tem razão. – ele concordou corado. Viu que os dois homens adultos estavam próximos dele e sorriam.

- Mas fez o certo. – o de cabelos prateados, Tar, ele se lembrava. – Sempre deve defender a honra de uma donzela.

Quando o de cabelos verdes ia falar alguma coisa se moveu rápido como o vento e foi em direção ao homem que ele tinha derrubado. Os olhos de Mak brilhavam perigosamente e ele torcia o braço do homem até que se ouviu um estalo:

- Nos acusa de covardes, mas era você que pretendia atacar um filhote pelas costas. – ele jogou o homem longe, na direção dos amigos dele. Depois se virou para os soldados e disse muito sério. – Prendam esses homens e relatem todo o ocorrido para o Dragão Marrom. Ele não vai gostar de saber o que aconteceu aqui e dará o devido castigo a esses imbecis.

- Vamos indo. Já causamos muita confusão. – Hell chamou e Mak veio imediatamente para o lado da menina. – Até Alin. Vá ficar com Lina e cuide das mãos. – ela se despediu dele e saiu sem olhar pra trás, deixando o menino observando sua figura até que ela sumiu de vista.

- Gosta dela. – Lina falou com doçura e o menino, por mais corado que estivesse, não podia negar a verdade à sua amiga querida, então apenas acenou concordando.

- Vamos cuidar de suas mãos. – ela o conduziu para um lugar mais afastado e começou a limpar os cortes, pensando em Hell e Alin.

Ela também gostava da menina que os tinha salvado e esperava que ela pudesse retribuir o sentimento de Alin um dia, mas se preocupava com ele, pois, a vida dela estava sempre em risco.

Estava perdida nesses pensamentos quando o Dragão Marrom chegou apressado, exigindo saber o que tinha acontecido. Os soldados relataram todo o ocorrido e o levaram até a cela onde os homens que começaram o tumulto estavam; o Dragão Marrom olhou para o homem ferido e depois foi até Alin, que já estava com as mãos enfaixadas e cuidava dos pequenos junto com Lina.

Ele observava o modo como o rapaz se movia de forma mais detalhada agora. Era leve e não fazia movimentos desnecessários, tinha exata noção de distância e parecia sempre alerta, sendo o primeiro a perceber quando uma das crianças precisava de alguma coisa.

- Alin. – o Dragão Marrom o chamou e ele conversou algo com Lina e andou até o homem. Quando o menino chegou até ele ficou parado sem medo, mas estava claro que esperava um castigo severo. – Você feriu aquele homem?

- Sim, ao menos a maior parte de seus ferimentos fui eu quem causou. O braço quebrado foi Mak. Parece que ele ia me atacar pelas costas quando eu estava distraído e Mak o castigou. – o menino contou sem esconder nada.

- O que ele fez para atrair a sua ira? – o Dragão Marrom queria ouvir da boca do menino o que os soldados contaram.

- Ele ofendeu Hell, Tar e Mak. Chamou-os de covardes. – ele disse simplesmente novamente.

- Aquele homem era maior e mais forte que você e ainda assim o derrubou e feriu gravemente. Como fez isso? – o Dragão Marrom estava curioso, mas o menino se fechou e não parecia que queria contar nada, Lina se aproximou e falou, de sua maneira doce, que sempre convencia Alin a fazer o que ela queria:

- Conte. O Dragão Marrom vai entender. – ela procurava incentivar Alin e o Dragão Marrom viu que ele estava em conflito, mas esperou para ver o que ele faria. Por fim, com um longo suspiro ele contou:

- Quando fiquei velho demais para ser usado iam me matar, mas eu reagi tão ferozmente, mesmo fraco, que o comandante do destacamento achou divertido me colocar para lutar em uma arena improvisada. Enquanto eu vencesse, viveria. – ele falou e o Dragão Marrom o olhou devagar, analisando o menino e, apesar de temer a resposta, fez a pergunta que sabia Alin tinha medo que fosse feita.

- Contra quem lutava?

- Qualquer um que estivesse na arena: outros meninos, animais, soldados nossos, soldados deles... – o menino contou envergonhado.

- Se está vivo aqui... – o Dragão Marrom não acreditava no que tinha ouvido. Aquele menino, um pouco maior que seu príncipe lutou com homens adultos de seu povo e também com soldados do inimigo.

- Eu fui o campeão invicto do comandante. – ele falou com asco. – Ele ganhou muito dinheiro e regalias com minhas lutas.

- Preciso que me acompanhe. Lina, ele logo voltará. Pode cuidar das crianças? – o Dragão Marrom teve uma ideia que parecia louca, mas fazia sentido.

- Sim Dragão Marrom. Mas me promete que Alin não será punido? – ela perguntou temerosa por seu amigo.

- Ele não será punido. Na verdade acho que ele pode ter as respostas para algumas perguntas. – o Dragão Marrom fala para a doce menina, que parece ficar mais aliviada.

Alin está curioso com o que o Dragão Marrom falou sobre responder perguntas, então aceita acompanha-lo.

Eles caminham por corredores que Alin ainda não conhecia até chegarem em um escritório e o Dragão Marrom abre a porta e mande que ele entre. Lá dentro dá de cara com o jovem lorde que tentou lhes interrogar no primeiro dia.

- Meu senhor, acho que lembra de Alin. – o jovem de cabelos pretos olha o menino à sua frente e se lembra perfeitamente quem é.

- Sim. Mas por que o trouxe aqui? – o príncipe Ean olha curioso para o Dragão Marrom.

- Ele se envolveu em um pequeno tumulto em uma das entradas e depois de fazer algumas perguntas me contou algo muito interessante. – o príncipe continuava sem entender onde o seu Conselheiro queria chegar, mas fez sinal para que ele continuasse. – Ele lutava em uma arena improvisada, lutas até a morte, e me disse que, entre seus adversários, estavam soldados inimigos.

O príncipe olhava o outro agora com novos olhos. Alin o encarava sem medo.

- Como era possível que soldados inimigos lutassem contra você? – ele pergunta intrigado.

- Alguns estavam sendo punidos, outros apostavam que ganhariam de mim e outros queriam apenas provar que eram mais fortes. – ele deu de ombros enquanto contava.

- E venceu a todos... – o príncipe estava tão pasmo quanto seu Conselheiro. – Quais os pontos fracos de nossos inimigos e como fazia para vencer? Provavelmente não lhe davam armas...

- Tinha que lutar com as mãos nuas. Seus pontos fracos estão nos olhos e nas junções de sua armadura natural. – ele contou simplesmente.

- Mas como conseguia feri-los? – o príncipe tentava desvendar isso quando Alin o olhou estranho.

- Hell faz o mesmo que eu. – ele falou confuso. - Pensei que soubesse...

- O que Hell faz rapaz? – o Dragão Marrom o incentivava a falar e foi com surpresa que viu Alin estender as mãos e da ponta de seus dedos saírem garras afiadas.

O príncipe correu até ele e segurou suas mãos, observando com cuidado aquelas garras, tocou levemente a ponta de uma delas e logo sangue verteu.

- São muito afiadas. – o príncipe falou e olhou para Alin. – Como descobriu que podia fazer isso?

- Na primeira luta que tive com um soldado deles. Estava perdendo, ia morrer, fiquei com tanta raiva que elas se estenderam e venci. Agora elas aparecem quando desejo e não sinto dor nenhuma para estendê-las ou recolhê-las. – Alin contou com calma.

- Poderia ensinar a mim e aos soldados do Dragão Marrom? – o príncipe falou animado.

- Poderia se todos puderem fazer isso. – ao ver o olhar confuso do príncipe ele resolveu explicar melhor. – Nem todos nós podemos fazer isso, se pudesse ensinar a todos, teria fugido há mais tempo com os outros.

- Deve ser algo a ver com a linhagem. – o Dragão Marrom pensa alto. – Mas como descobrimos?

- Não sei. – Alin falou, mas depois olhou ao príncipe com outros olhos. – Mas provavelmente ele tem o que precisa. Parece com ela. – ele falou mais para si, entretanto isso surpreendeu o príncipe, não lembrava de sua irmã gêmea, fez muito esforço para esquecer seu rosto e, por fim, conseguiu.

Agora Alin aparecia e dizia que ele se parecia com ela!

- Se concentre em algum sentimento forte. Qualquer sentimento... – Alin parecia animado e o príncipe resolveu pensar no dia em que seu pai e seus irmãos mais velhos morreram. A dor, a raiva, a impotência... Ele mergulhou fundo naquele dia e sentiu algo em suas mãos, uma sensação de algo crescendo e viu que suas garras apareciam diante de seus olhos.

- Muito bom! – Alin falava. – Agora recolha, pense nelas entrando em suas mãos. – o príncipe fez como Alin lhe mandou e suas garras obedeceram. – Tente estendê-las de novo, sem o sentimento, apenas por que quer. – Alin mandou e ele obedeceu, novamente as garras apareceram e ele as recolheu.

O príncipe estava satisfeito com aquela nova arma. Se por acaso perdesse a espada não estaria indefeso, mas parece que Alin não estava satisfeito.

- Está muito lento! Deve fazer com que elas apareçam e desapareçam rapidamente! Eu sou muito rápido, pois somente assim escondia que as possuía e ninguém desconfiava, nem mesmo quando viam os ferimentos, pois não tinha armas comigo, mas Hell é um verdadeiro raio. Acho que pode igualar a velocidade dela, mas tem que treinar muito. – ele falava gesticulando, muito agitado e andando de um lado para o outro. Estava pensando em como poderia fazer para treinar isso no jovem lorde, mas ele só conhecia um modo e duvidava que o lorde ou o Dragão Marrom aceitassem.

- Fale o que acabou de pensar. – o príncipe exigiu, pois percebeu a feição de Alin se acender com uma ideia e depois se apagar, jogando-a de lado.

- Tem que ir a campo, tem que lutar contra soldados inimigos e tem que mata-los. Sem espada, somente com suas garras. Deve depender delas para viver. – Alin disse sem esperanças que aquilo fosse aceito.

O príncipe ficou pensativo. Depois olhou para o Dragão Marrom.

- Era isso que ela estava treinando ao eliminar as patrulhas aqui perto. Treinava estender as garras, por isso atacava patrulhas com as mãos nuas. – o príncipe falou surpreso com a audácia de Hell.

- Já sabia que ela lutava aqui perto? – Alin perguntou surpreso.

- A filha do Dragão Marrom a seguiu por várias semanas observando-a e aos seus acompanhantes. – Ean respondeu pensativo e depois se virou para o Dragão Marrom. – Chame Sheyna aqui, preciso interroga-la de novo.

O Dragão Marrom acenou e foi buscar a filha, deixando os dois jovens sozinhos.

Alin olhava o escritório com calma, atentando aos detalhes, andando até o mapa onde o reino estava representado e olhando com tristeza que estava quase todo ocupado pelo inimigo. Mas ele via alguns espaços em branco e ficou curioso.

- São as áreas que ela limpou. Pode parecer pequeno, mas são áreas de muitos quilômetros de extensão. – Ean falou olhando o mapa.

- Ela é sua parente, não é?! Príncipe Ean... – Alin perguntou um pouco triste, mas se surpreendeu um pouco com o olhar gélido que recebeu do outro.

- O mesmo sangue corre em nossas veias, mas não a considero minha parente. Não existe amor ou respeito entre nós. – Ean respondeu e depois se arrependeu do que tinha dito. Parece que perto de Alin ele sempre se comportava como o garoto que era e não como o governante que devia ser. – Não deve falar de nada disso a ninguém, principalmente a parte em que Hell é meu sangue.

- Lina me perguntará sobre o que conversamos e se ela insistir contarei. Não escondo nada dela. – Alin foi taxativo em sua afirmação. Ean suspirou e pensou na menina loira de olhos verdes. – Somente a ela então, mas só se ela perguntar e me chame de Ean.

- Aceito. – Alin estendeu a mão para selar o acordo e Ean a pegou. Estavam assim, quando o Dragão Marrom entrou com a filha.

- Pode ir Alin. – Ean o dispensou amigavelmente. – Quando precisar de você novamente pedirei que o Dragão Marrom o chame.

- E quando vai precisar de mim novamente? – Alin perguntou, embora fizesse ideia da resposta.

- Quando for sair para lutar. – o príncipe respondeu com um sorriso selvagem.

- Sabe onde me encontrar. – Alin se retirou e o Dragão Marrom se voltou para o seu príncipe.

- Vai mesmo cometer esta arrematada loucura? – ele perguntou sem conter sua irritação.

- Se for preciso para dominar essa habilidade... – o príncipe respondeu calmamente e se voltou para a filha do Dragão Marrom para interroga-la novamente.

 

Longe dali, sem ter a menor ideia dos planos de seu irmão, a princesa descansava com seus guardiões. Estava no colo de Mak, dormindo e Tar fazia a vigília, mas Mak ainda não tinha conseguido dormir.

- O rapaz gosta dela. – ele sussurrou para Tar, que se aproximou colocando-se ao lado de seu amigo, para poder conversar e acariciar o cabelo da princesinha.

- Sim. Ele parece um bom rapaz e é cuidadoso com Lina e os pequenos. – Tar concordou com um sorriso. – Mas ela não ficará aqui. – ele disse um pouco triste.

- Verdade. – Mak olhou o topo da cabeça de sua princesa e depositou um beijo carinhoso. – Espero que ele consiga esquecê-la.

- Durma, meu amigo. – Tar falou para Mak. – Temos que descansar o máximo possível.

- Logo teremos que ir à fortaleza buscar suprimentos. – Mak falou desgostoso e Tar apenas acenou contrariado.

- Vamos em alguma entrada que os sentinelas já nos conheçam e pediremos lá. Não vamos expô-la novamente. – Tar determinou e Mak apenas acenou, ajeitando melhor a menina em seu colo, como se fosse uma mamãe galinha, e caindo no sono junto com sua princesinha, totalmente alheia à conversa de seus guardiões.

 

As saídas do príncipe acompanhado por Alin e Sheyna logo começaram.

Ele faria a mesma coisa que a irmã: buscaria patrulhas isoladas, com poucos membros e depois lutaria com elas somente com suas garras. Alin iria junto para garantir a segurança dele e Sheyna seria a isca, ela era tão mortal como bela com uma lâmina.

As semanas passavam e logo o inverno chegaria. Alin pensava em Hell escondida nas montanhas no frio, mas não conseguia achar coragem para falar sobre isso com Ean, só torcia para que Lina pudesse entregar os suprimentos de inverno para eles. Mas já fazia um tempo que filhotes não chegavam e Alin se preocupava. Provavelmente a vigilância nos cativeiros aumentara e era preciso mais planejamento e tempo para poder libertar os filhotes ainda presos.

Estavam voltando de uma luta particularmente difícil, onde Ean havia se ferido levemente. O sangue manchava um curativo provisório que fizeram no braço dele, quando ele viu a movimentação das crianças...

Hell estava ali.

Queria correr até ela, mas sentiu quando Ean enrijeceu ao seu lado e Sheyna olhou para o príncipe, receosa; viu quando Lina entregava os suprimentos de inverno a Tar e Mak, mas ficou parado, pois o pequeno vulto de Hell levantou a cabeça, como se procurasse um cheiro específico e se virou arregalando os olhos castanhos e ficando estática... Os tinha visto.

Ela se virou totalmente para eles e, apesar da capa que a cobria, Alin percebeu que seu corpo estava mudando, ficando mais arredondado e feminino, corou com seus pensamentos, principalmente por que não era para ele que ela olhava totalmente centrada. Estava focada em Ean e quando Tar os viu empalideceu, cutucando Mak que conversava com Lina e, ao olhar na direção da trilha, o homem de cabelos verdes ficou alerta, pois temia pela segurança de sua menina.

Ean começou a caminhar como se não a houvesse visto e ela o acompanhava com o olhar, mas quando viu o curativo não resistiu ao impulso que a tomou e tentou tocar o braço dele.

Ean segurou a mão de Hell e a empurrou sem falar nada na direção de Tar, que a amparou e não permitiu que caísse. O olhar que Ean deu a ela congelou Alin no lugar dele; Sheyna olhou a menina com pena, mas seguiu andando ao lado de seu príncipe.

Vendo que Alin não o seguia Ean parou e falou com ele:

- Venha Alin, precisamos conversar. – depois se virou e continuou caminhando normalmente.

Alin ficou sem saber o que fazer, mas Hell levantou a cabeça e saiu caminhando como se não fosse nada o que tinha acontecido, acompanhada por Tar e Mak, como Ean era acompanhado por ele e Sheyna. Ele apressou o passo e se colocou ao lado de Ean, sem olhar para trás.

 

Tar e Mak olhavam sua princesinha com orgulho e preocupação. Sua postura diante da rejeição brutal do irmão gêmeo foi digna de sua herança orgulhosa, mas eles sabiam que seu coração sofria e queriam chegar logo ao seu novo esconderijo.

Iriam trocar de esconderijo, pois já tinham passado muito tempo naquele e encontraram outra caverna com uma fonte de águas termais. Seria bom para eles poderem se sentir limpos e, graças à Lina, possuíam cobertores e mantas, mudas de roupas, botas e mantimentos.

Logo que chegaram ao esconderijo a princesa retirou a capa, a dobrou cuidadosamente e a colocou sobre a caixa de sua armadura. Ficou olhando enquanto Mak fazia uma fogueira e Tar se aproximou, sentando ao lado dela.

Ela se aproximou e ele a aconchegou em seu abraço, não chorava, mas estava muito transtornada. Mak resolveu que ela precisava desabafar.

- Ficou muito perturbada. – ele começou e o olhar que ele recebeu foi resposta suficiente. Eles tinham percebido também, mas ela verbalizou.

- Ele parece com papai. – disse em uma voz fraca e perdida. Quando souberam da morte do Dragão Branco e do sentimento de rancor que ocupava o coração de sua princesinha, eles resolveram mostrar a ela o cristal com imagens de sua família... Talvez aquilo a confortasse, mas o fizeram com muito medo de aumentar seu ódio... Foi uma aposta arriscada, mas que pareceu ter dado certo naquele momento e agora voltava para lhes assombrar na imagem do príncipe Ean.

- Sim. O sangue do Dragão Negro era forte, todos os filhos tinham seus traços. – Tar falava e ele puxou o rosto de sua princesinha, segurando-o com as duas mãos. – Você tem os olhos dele, como Ean. Mas, seus cabelos castanhos e cacheados herdou de sua avó, a companheira do Dragão Branco e que pertencia ao clã de seu pai.

- Quando acabarmos com isso, quero ir embora o mais rápido possível. – ela declarou com uma voz mais firme. – Quero voltar para Clio e para casa, para os meus amigos. – e voltou a se abraçar a Tar, mas buscou a mão de Mak e o puxou para ficar de seu outro lado, fazendo com que ele a abraçasse. – São minha família. – ela declarou pela primeira vez na vida. – Vocês dois e Clio, são minha família e os filhotes que tiverem serão meus irmãos e irmãs.

- Sabemos disso, princesinha. – Tar falou lhe beijando a testa com amor.

- Mas, nos orgulhamos muito que tenha dito em voz alta. – Mak respondeu a abraçando e ao seu amigo.

Eles olhavam o fogo consumir a madeira devagar e logo Tar percebeu que sua princesinha tinha adormecido. Mak se levantou e foi ajeitar uma manta e um cobertor para ela e Tar a levantou para deixa-la ali, ajeitando as cobertas em volta dela e ficando um longo tempo velando seu sono.

 


Notas Finais


Então...
Como disse Ean não suporta a irmã e a vê como uma arma, entretanto, ainda não tinha demonstrado isso de forma tão veemente. Ele ainda vai fazer muita besteira por conta desse rancor... Aguardem.
O que acharam de Alin e Lina? Ainda vou desenvolvê-los melhor mais para frente.
Tar e Mak criaram Hell como se fosse sua filha e ela os ama como tal, entretanto nunca havia dito com todas as palavras e agora que ela o fez pesará algumas escolhas com base nesse sentimento...
Espero que tenham gostado do capítulo e do rumo que estou dando à história. Ainda vai demorar um pouco para acontecer a batalha de verdade, mas espero torná-la memorável quando isso acontecer.
Beijos.


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