Sunagakure, treze dias após a guerra.
POV Shikamaru Nara.
A viagem tinha sido tranquila, nada fora do comum e nem suspeito. Antes de sair peguei o tratado com Shizune, já que o Kakashi estava se despedindo do Sasuke. Dei tchau apenas para a minha mãe, Kurenai e Mirai antes de sair da vila, odeio despedidas e não é uma missão perigosa, então eu ia voltar, mas é claro que quando eu voltar Ino com certeza vai me bater por não ter avisado ela sobre a minha missão, porém agora já é tarde demais.
Choveu um pouco quando eu estava próximo à fronteira do país do Fogo e do país do Vento, mas não quis parar até a chuva passar, já podia ouvir a minha mãe gritando que eu pegaria um resfriado.
Não parei muito tempo para descansar em todo o caminho, provavelmente pela ansiedade que eu estava de chegar logo em Suna para resolver meus sentimentos por Temari, observar os ninjas de todas as vilas além de tentar descobrir algo sobre os ninjas ocultos.
Mas devo admitir que eu estava muito curioso para conhecer o ninja de Getsukagure, não tinha esperanças de que ele soubesse algo sobre a Mia, mas talvez ele soubesse algo sobre os ninjas ocultos em relação ao país da Lua.
Estava um sol muito forte no deserto, e eu já podia ver a entrada para Suna, o calor estava embasando a minha visão, mas eu conseguia ver dois ninjas conversando na entrada de Suna até que um deles desapareceu. Cintilação corporal talvez, ou então o mesmo jutsu do Yondaime.
Não dei muita importância para isso, queria chegar logo e poder começar a trabalhar, devo admitir que estava empolgado para essa missão.
-Olá viajante! Seja muito bem vindo a nossa incrível vila Sunagakure! O meu nome é Kimo! E eu sou o responsável para receber os membros da aliança shinobi a nossa vila!
Kimo era um cara engraçado. Ele era mais baixo do que eu, era magro, tinha um bigode pontudo, olhos pequenos e um nariz comprido. O cabelo levemente grisalho revelava a sua idade, suas pernas finas, a falta de músculos e de uma bandana dizia que ele não era um ninja, provavelmente algum funcionário do Kazekage.
-Oi, eu sou...
-Shikamaru Nara da aldeia da Folha!
Ele era muito empolgado e tinha uma voz fina e um sotaque estranho, sinceramente eu queria rir.
-Isso.
-É muito bom te receber! Irei ser seu guia por Suna e te levarei para o Kazekage!
Todas as outras vezes que vim até Suna, Temari que me recebeu e foi minha “guia” e como ela é a representante de Suna na aliança shinobi, é estranho não estar aqui.
-Certo, podemos ir?
Perguntei, e então eu percebi que ele não parava de sorrir, isso estava ficando muito estranho, tenho que conversar com a Temari a respeito dele.
-Sim, sim! Só temos que esperar aquele outro viajante que está chegando!
Ele apontou o dedo magro para atrás de mim, então eu me virei em direção ao deserto e o meu coração me traiu, batia tão forte que eu mal respirava e minha razão desapareceu por completo.
O cabelo branco, ondulado e longo voava para o lado com o vento do deserto. A pele extremamente clara parecia refletir a luz do sol quente. Os lábios vermelhos estavam meio abertos. Os olhos negros e brilhantes olhavam fixamente para mim me deixando paralisado.
Um kimono preto de mangas compridas caia aberto sobre o seu corpo até um pouco abaixo dos seus joelhos. As ataduras nas duas coxas seguravam uma bolsa com armas na direita e dois pergaminhos na esquerda. Um pouco acima da atadura da coxa esquerda se encontrava a mesma bandana com o símbolo da lua crescente, o mesmo short curto por debaixo da saia preta também curta, e acima da cintura fina o mesmo top preto que não escondia sua barriga com uma leve cicatriz próximo ao seu quadril.
Nas suas mãos tinham duas luvas pretas que não cobriam seus dedos. Nas suas pernas tinham alguns roxos que não eram tampados pela sandália shinobi de cano alto também preta. O busto avantajado subia e descia com a sua respiração. Não senti o seu chakra, apenas o seu perfume que o vento trazia para mim.
Mia estava ali, cada segundo mais próxima de mim, e eu não sabia como reagir só conseguia ficar olhando para ela.
Seus passos leves eram praticamente imperceptíveis, seus movimentos eram suáveis e a sua expressão era serena.
Ela se colocou ao meu lado e tirou seus olhos de mim para olhar para Kimo.
-Olá viajante! Seja bem vinda a Sunagakure! Mas quem é você?
Mia sorriu debochada da expressão de Kimo, ele parecia levemente irritado e o sorriso sinistro tinha saído do seu rosto.
-Mia Hokaku, de Getsukagure, o país da Lua.
Estranho, ela tinha dito o seu sobrenome em um tom casual e até mesmo gentil, por que ela estava se expondo assim?
-Isso está errado! O representante na aliança shinobi de Getsukagure se chama Eren Misuki!
Mia retirou um dos pergaminhos da sua coxa e estendeu a Kimo que o pegou.
-Como você pode ver no pergaminho, Eren teve alguns problemas pessoais, então o Rei me enviou como representante em seu lugar.
O que estava acontecendo? Mia não deveria estar ali, ela está se expondo logo aqui, onde tem ninjas de todas as vilas e tem ninjas ocultos que provavelmente querer ela e o seu clã!
-Certo, certo! É um prazer recebe-la! Eu sou Kimo serei seu guia!
Kimo estendeu a mão para Mia, e então o chakra dela se dissipou quando ela segurou a mão dele. Aquele mesmo chakra intenso e extremo, fez com que Kimo recuasse.
Mia então deu o mesmo sorriso irônico que eu não conseguia tirar dos meus pensamentos.
-V-vamos!
Kimo disse tentando disfarçar seu medo, talvez. Mia foi na minha frente e então eu pude ver nas costas do seu kimono o símbolo da lua crescente seguido de símbolos que escreviam “Hokaku” em branco.
Por que ela está fazendo isso?
Eu tinha ficado aliviado por ela estar bem e viva, mas agora minha preocupação tinha triplicado! Ela está se expondo logo aqui! Por que razão ela faria isso?
O país da Lua foi avisado pelos Kages dos ataques dos ninjas ocultos, ela poderia saber disso e conhecendo o histórico dos ninjas ocultos ela poderia supor que eles iriam atrás dela, mas por que se expor? Por que expor o clã? Ela não fez isso na guerra, por que fazer isso agora e aqui?!
Ela pode até estar tentando encontrar eles se usando como isca, mas isso seria muito arriscado, afinal ela é só uma e eles não temos ideia de quantos são.
É loucura! Que garota problemática!
-Então chegamos! Como vocês sabem o Kazekage está avaliando o tratado de paz de todas as vilas participantes da aliança shinobi e respondendo cada uma delas, por isso pode ser que ele demore alguns dias para dar a vocês a suas respostas, dessa forma depois que se encontrarem com ele levarei vocês para um hotel onde ficaram hospedados!
Entramos no prédio do Kazegake e a presença do chakra da Mia desapareceu. Kimo guiou a gente até a sala do Kazekage e ao bater na porta escutamos um “entre” de Gaara.
-Shikamaru que bom ver você!
Gaara me cumprimentou com um aperto de mãos e um sorriso gentil. Tinha vários pergaminhos sobre a sua mesa e alguns abertos no chão.
-Bom te ver também Gaara!
Ele direcionou o olhar para a Mia e pareceu curioso, então ela estendeu a mão.
-Mia Hokaku, de Getsugakure, é um prazer conhece-lo Kazekage-sama.
Gaara sorriu para ela e pegou na sua mão.
-Ouvi falar muito sobre você Mia.
Ela retribuiu o sorriso.
-Kazekage-sama, trouxe eles para entregar os seus termos de paz, e logo depois levarei eles até o hotel!
Kimo disse fechando a porta da sala.
-Certo Kimo, muito obrigado, espero que vocês se sintam bem e em casa, estamos fazendo um festival durante toda essa semana para receber bem todos os representantes da aliança shinobi.
Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa a porta se abriu revelando Temari usando um vestido longo marrom e os cabelos tradicionalmente presos.
Ela pareceu espantada ao me ver, ficou paralisada por um momento até que desviou os olhos em direção a Mia, então franziu o cenho e entrou.
-Gaara, aqui está o relatório de hoje da parte da manhã.
-Obrigado Temari.
Gaara pegou os papeis da mão da irmã e ela se virou para sair da sala.
-Oi Temari.
Falei sem muito entusiasmo, ela estava agindo de forma estranha.
-Oi Nara.
Ela olhou novamente para mim e logo em seguida desviou o olhar para a Mia e saiu da sala apresada batendo a porta atrás de si. Problemática.
-Então podem me entregar os tratados de paz.
Mia retirou o outro pergaminho que estava preso na sua coxa e eu retirei o meu de dentro do colete e entregamos os dois para o Kazekage.
-Assim que eu tiver uma resposta peço para que o Kimo traga vocês aqui, mas caso precisem de algo podem vir falar comigo sempre que acharem necessário.
A última frase ele disse diretamente olhando para mim. Acenei em concordância e Kimo abriu a porta que Temari tinha fechado para que a gente saísse, seguimos ele pelo corredor novamente.
Mia andava levemente ao meu lado, se fechasse os olhos nem parecia que tinha alguém ali, seus movimentos era imperceptíveis, mas seu perfume suave parecia ter se fixado no meu olfato.
Kimo estava falando algo sobre o que tinha no festival, mas eu não estava prestando atenção. Minha cabeça pensava em Temari, como ela agiu estranho ao me ver e nos olhares que ela direcionou a Mia, já o meu corpo e o meu coração traia a minha mente olhando o tempo todo e indo cada vez mais perto da Mia, enquanto ela parecia levemente interessada no que Kimo dizia, até que de repente o seu corpo enrijeceu, seus punhos se fecharam e sua expressão mudou.
Eu olhei para ela com mais atenção, continuávamos caminhando devagar pelos corredores do prédio do Kazekage.
Ela firmou seu maxilar e eu senti seu chakra fluir. Kimo pareceu perceber também e deu uma leve tremida ao sentir o chakra dela.
Eu tentei buscar na sua expressão uma explicação e estava quase perguntando quando eu vi que seus olhos se direcionaram para mais à frente do extenso corredor.
Um dos guardas do Kazekage estava vindo em nossa direção, ele mantinha os olhos fixos em Mia e seus punhos também estavam fechados. Não demonstrava qualquer emoção, porém sua respiração acelerada entregava a adrenalina correndo pelo seu corpo, talvez medo ou ódio.
Ele cruzou com a gente e passou direto sem dizer nada ou demonstrar mais alguma coisa, apenas se foi se perdendo do nosso campo de visão a uns corredores atrás de nós.
Mia suspirou ao meu lado, soltando os punhos e o maxilar. Seu olhar se direcionou ao chão e parecia pensar em algo, relembrando ou calculando alguma coisa.
Então saímos do prédio e o chakra dela desapareceu outra vez, o que parece ter deixado Kimo aliviado e o fez voltar a falar sobre o festival, enquanto eu olhava para ela tentando encontrar respostas para as minhas perguntas, porém ela estava ignorando completamente a minha presença ali. Problemática.
A vila estava lotada de pessoas, várias tinham vindo apenas pelo festival. Parecia ser uma festa grande, com muitas barracas de comida, roupas e jogos. Tinha musica também e algumas pessoas dançavam por ali.
Entramos em um pequeno hotel não muito longe do prédio do Kazekage e bem em frente as barracas do festival.
O hotel era simples, porém muito bonito. Tinha piso de madeira e uma decoração tradicional com tecidos que reproduziam flores de cerejeiras nas paredes.
Kimo pegou duas chaves com a moça da recepção e nos guiou pela escada até o andar de cima.
-Então esse é o seu quarto Mia, espero que goste!
A voz fina de Kimo deu uma desafinada ao falar o nome dela, algo que pareceu fazer ela querer rir, porém ela segurou o riso, pegou a chave na mão dele e abriu a porta já entrando no quarto 173.
-E bem aqui está o seu Shikamaru! Me avise se precisar de algo, estou sempre por perto!
O meu quarto não ficava muito longe do da Mia, no mesmo corredor a frente, o quarto 176.
Peguei a chave com Kimo que se despediu com um breve aceno e saiu escada a baixo. Abri a porta e suspirei aliviado por poder descansar.
O quarto era simples, tinha uma cama de casal, uma janela grande com cortinas brancas, um pequeno armário de madeira e um banheiro que eu gostei por ter um chuveiro ao invés de uma banheira. Banheiras não me agradavam muito.
Joguei minhas coisas no chão, retirei minhas sandálias, meu colete, minha camisa e deitei na cama macia.
O sol ainda estava forte, deveria ser umas 16 horas, quando eu simplesmente apaguei, dormindo profundamente.
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