História A sombra de um vampiro - Lembranças

Quase no final do expediente, meu pai me chamou para uma conversa particular em seu escritório, pensei que eu fosse levar bronca por chegar atrasada, mas ele mandou eu me sentar e escolher uma bala do seu baleiro, isso significava que a conversa não seria tão grave.

- de uma chance ao garoto. 

- que? 

- Naruto pode ser  meio atrapalhado, mas é um bom rapaz. 

Eu o olhei confusa.

- sei que tem sofrido por outro rapaz, mas notei que você e Naruto tem se aproximado bastante nos últimos meses. 

- espera pai, como é que você sabia do “outro rapaz”

- seu irmão anda meio preocupado com sua certa obsessão por esse outro rapaz. 

- argh! Neji – exclamei revoltada – eu não sou obcecada por ninguém.

- tudo bem querida, o primeiro amor nunca é fácil, mas não é impossível de se superar, as vezes ficamos tão cegos que perdemos oportunidades de conhecer alguém melhor. 

Quase revirei os olhos. Ninguém sabia o que eu estava sentindo, não dava para tapar o buraco no meu coração com uma peneira, eu continuaria sangrando.

Quando saí do escritório do meu pai, eu voei até o balcão para tirar satisfação com Neji.

-então eu estou obcecada? Eu?  Eu que vivo stalkeando a Tenten por ai e infernizando o namoro dela? 

Ele soltou uma risada surpresa de quem não acredita no que está ouvindo. 

- não sou eu quem vive lambendo o Sasuke até ele sufocar e cair fora... olha, eu estou trabalhando e você deveria estar fazendo o mesmo. 

- por que você foi contar pro pai? 

- sei lá, achei que ele era o único que te faria escutar, o próprio Sasuke faria, mas ele é egoísta demais pra te ajudar a seguir em frente – ele suspirou exausto – você estava indo bem antes dele aparecer, não quero que perca essa chance.

- ta dizendo que eu não tenho chance com ele? 

- ai Hinata... – reclamou Neji de saco cheio. 

- e você acha que tem chance com a Tenten? Ela está apaixonada pelo Lee e não há nada que você possa fazer. 

Ele se retraiu como  se tivesse levado um choque, foi então que eu voltei a mim e me toquei do quão cruel eu fui. 

-atende você aqui, pra mim já deu. 

- Neji, me desculpa!

- vai pro inferno Hinata!

Ele pegou a moto da empresa e saiu a mil, meu pai que estava na porta do escritório assistindo a discussão, apenas balançou a cabeça e disse. 

- deixa ele respirar. 

Eu tremia dos pés as cabeça, Sakura assumiu o balcão e Naruto levou para minha sala, pousou um copo de água ao meu lado e segurou minhas mãos.

-vai dar tudo certo.

- por que eu fui dizer uma coisa tão cruel? 

-acontece quando estamos nervosos, vai ficar tudo bem, assim que ele esfriar a cabeça você pede desculpa. 

Ele massageou minhas mãos e foi jogando conversa furada até eu me acalmar.

Mais tarde eu e meu pai fomos para a casa e nada do Neji voltar, ele sempre fazia isso quando brigava feio em casa, mas dessa vez algo parecia estar errado e meus pais decidiram ir procura-lo.

Eram uma da manhã e eu me deitei exausta, mas antes que eu pudesse fechar os olhos, o vampiro misterioso adentrou meu quarto pela janela e pousou se materializado ao meu lado tapando minha boca.

O capuz caiu permitindo que eu visse seu rosto, mas ainda assim estava escuro. 

Seus olhos eram lindos verdes diferente dos olhos espelhados da Sakura e seus cabelos eram vermelho estilo Ariel.

- olá Hinata – ele colocou dois dedos em minhas têmporas e algo se aqueceu em minha cabeça, depois disso não pude mais me mover. 

- seu irmão foi um tanto inconveniente tentando me matar, agora ele está em algum lugar tentando sobreviver. 

- do que você está falando? O que você fez com o meu irmão?

- antes... Um pequeno lanche, estou faminto! 

Ele me mordeu violentamente fazendo eu gritar de puro pavor, foi se espalhando pelo meu corpo a sensação de um calor obsceno e sujo que me fazia queimar de raiva e vergonha por estar pulsando de desejo por aquele ser repugnante. 

Quando ele acabou o serviço, limpou a boca e disse.

- uma pequena curiosidade sobre nós vampiros querida amiga é que nós podemos mandar o tanto certo de veneno quanto quisermos e nas medidas certas podemos alterar seus hormônios, sendo capaz de controlar seus sentimentos, sendo capaz de mexer com a sua mente e causar em você a sensação que eu quiser. 

Eu me sentia violada.

- uma pequena demonstração – ele me mordeu suavemente e em questão de segundos eu senti uma dor terrível como se minha pele estivesse sendo rasgada e separada do meu corpo. 

Não me lembro de ter gritado, mas tive certeza disso quando seus dentes soltaram minha jugular e eu pude arfar exausta e aliviada sentindo a garganta queimando de tanto gritar, lágrimas de dor rolavam pelos meus olhos enquanto ele continuava com sua explicação sádica. 

- mas  quando um vampiro está relaxado apenas se alimentado do seu pequeno percentual de sangue necessário – ele revirou os olhos – transmite seu próprio sentimento. 

Eu o olhei com medo de mais alguma demonstração.

- entende o meu ponto de vista? Seu protegido apenas demonstrava seus sentimentos ou ele a controlava de modo que você ficasse viciada nele? 

Ele riu e depois continuou.

- que cabeça a minha, não vim aqui para causar discórdia, vim lhe fazer uma simples pergunta.

Ele se aproximou feroz de mim e me perguntou. 

- onde Neji encontrou aquela adaga? Onde está escondida? 

- que adaga?

- vamos Hinata, a vida do seu irmão depende de você. 

- não sei do que você está falando. 

- Sasuke não teria ocultado sua memória, teria? 

Ele me olhou como se estivesse vendo na minha cara que eu estava falando a verdade. Ele finalmente acreditou em sua teoria, gargalhou batendo palmas.

- seu herói! Bom, vamos trazer toda sua memória de volta. 

Ele posicionou o polegar na minha testa e então as memórias vieram a tona. Elas estavam lá,  o tempo todo, sempre estiveram lá... era como quando nós esquecemos coisas que fazemos no automático, onde deixei a chave de casa? O que estou fazendo aqui na lavanderia? Mas o que veio a minha memória não poderiam ter sido esquecidas desse jeito jamais.

Eram quatro lembranças a primeira nós tínhamos 13 anos, eu estava contando que a Sakura tinha dado o primeiro beijo de língua e não queria me contar com quem tinha sido. 

- você já beijou alguém? – ele perguntou. 

- já – menti.

- quando foi? Por que não me contou? 

- não foi nada importante! 

Sasuke pareceu ficar triste, melancólico. 

- acho que eu nunca vou beijar ninguém – ele disse.

Uma ideia ótima se passou pela minha cabeça de ser seu primeiro beijo, mas eu nunca teria coragem para isso, então de repente ele veio com tudo pra cima de mim e me arrancou um beijo, era a primeira vez que eu beijava alguém e fui pega de surpresa, não consegui corresponder a tempo, a língua dele passeava pela minha boca procurando resposta e eu não consegui agir a tempo, então ele se afastou sem graça e eu continuei petrificada e sentindo o sangue subir para minhas bochechas, então ele veio com seu polegar e mais rápido do que eu pude me mexer apagou minha memória. 

Eu sempre imaginei que o Sai tinha sido meu primeiro beijo. 

A segunda vez nós tínhamos 17 anos, eu cheguei no meu quarto e vi roupas dele e da Ino pelo chão, mas eles não estavam no quarto, me aproximei vagarosamente da janela e vi os dois além da sacada estirados no telhado conversando. Ela usava uma camisa dele e ele uma bermuda. 

- é o por do sol mais lindo que eu já vi – ela disse. 

- eu já estou meio cansado dessa vista... – ele deu uma pausa melancólica e continuou – você nunca parou pra pensar que cada um tem uma limitação, mas cada um de nós temos uma passagem pra um lugar que talvez só você ou pouco mais do que algumas pessoas podem acessar que a maioria não pode? 

- como assim? – perguntou ela.

- um exemplo é este quarto, só eu, você, a Hinata e mais algumas pessoas temos acesso a ele.

- ao meu quarto só eu e você temos acesso, ninguém mais pisa lá – disse ela categoricamente. 

Ele riu e continuou

- exatamente! Então não importa a quantos lugares você tenha ido, você continuará sendo limitado, você não tem acesso livre a todos os lugares. Já eu não tenho acesso livre nenhum... Eu queria muito não ter limitação alguma...

Eu tinha entendido o que ele quis dizer, ele não gostava de ficar preso ali no quarto, ele só saia a noite e comigo. 

Ino tentou segurar o riso e soltou uma risada estilo punzinho até não conseguir segurar mais e rir abertamente.

- viajou legal hein– disse ela quando parou de rir – você não tem que se limitar Sasuke, você não precisa conhecer todos os lugares, mas quanto mais conhecer, melhor será, basta trabalhar duro pra ter dinheiro o bastante para ir onde você quiser ir. 

Ele sorriu para ela pois sabia que ela não tinha ideia do que ele quis dizer, ela começou a fazer planos para os dois fugirem juntos pelo mundo, ela ainda achando que ele era agente secreto procurado pela Rússia, eu fui vendo de longe a expressão do rosto dele mudando para apaixonado. 

Escorreguei em uma peça de roupa e cai fazendo barulho, depois sai correndo para a rua, caminhei um tempo até Sasuke me achar. 

- sinto muito Hinata, nós não queríamos que aquilo tivesse acontecido no seu quarto...

- foi a primeira vez de vocês?

- foi – disse ele.

- você ama ela?

- Hinata... onde você quer chegar?

- eu sempre estive do seu lado, você nunca sequer olhou pra mim? Eu tenho algum problema? 

- isso só pode ser piada né? – ele riu angustiado – sabe quanto tempo eu quis você? Quanto tempo eu vi você fazendo sua vida, saindo com caras enquanto eu ficava trancado naquele quarto esperando você voltar? Agora que eu encontrei alguém que me pertence você vem me dizer isso? 

- saindo com caras? Eu só fiquei com um, o Sai, porque você nunca deu sinal de que estava afim e eu sempre fui louca por você. 

- eu nunca dei sinal? E quanto a você? 

- você poderia ter tentado! 

- bom, você também!

Eu pulei em cima dele e arranquei um beijo, ele retribuiu e me apertou mais junto a ele, só que de repente alguém chamou por ele, ele me empurrou e encontrou Ino nos assistindo com lágrima nos olhos, ela saiu correndo e ele ia atrás, eu segurei seu braço.

- não vá atrás dela – supliquei.

Ele olhou no fundo dos meus olhos e eu vi que ela tinha três pontos a favor, ela tinha dado a ele a primeira vez, tinha dado a ele liberdade e era a vítima dessa história. 

-acontece que agora é tarde – ele disse, ele já tinha se apaixonado por ela agora. 

Ele apagou minha memória mais uma vez. 

A terceira foi quando o vampiro do capuz ameaçou minha família, chamou ele de príncipe e Neji quase o acertou com uma adaga. 

A quarta tinha acontecido a apenas algumas horas. 

Eu estava andando aflita pelo quarto quando Sasuke entrou pela janela. 

- desculpe por hoje de manhã, peguei pesado na brincadeira. 

- agora não tenho tempo pra falar sobre isso Sasuke... fiz besteira como eu sempre faço e a Ino está encarregada de cuidar de você agora. 

- e quem vai cuidar de você? 

- eu mesma! 

- como? Fazendo amizade com um vampiro sádico e namorando um ramã? Puxa! E eu que achei que eu fosse a mal companhia.

- um que? Pera aí, como você sabe do vampiro misterioso?

- dele eu mesmo cuido, ele nem está atrás de você. Agora você tem que prometer que vai ficar longe do Naruto.

- por que eu deveria? Ele se tornou alguém mais do que especial ultimamente. 

- não Hinata, ele é um Ramã, você tem que ficar longe dele. 

- o que é um ramã? 

- isso não importa, depois você pesquisa no google.

- eu não prometo nada. 

- você não vai deixar de vê-lo não é?

- não.

Ele trancou a porta. 

- meus pais estão ali do lado, se você fizer algo eu grito! 

- eu vou te vigiar de perto e não vou deixar você ir atrás dele. 

- qual é o seu problema Sasuke? Só você pode ter vida sexual? 

Ele rosnou pra mim, me puxou para ele até nossos rostos estarem próximos. 

- ele não vai ter uma Vida sexual com você – Sasuke sibilou.

- e você vai? – ele me olhou confuso e ainda com raiva – do jeito que você está me segurando parece que vai!

Eu comecei a arfar e ele também, ele ficou olhando dentro dos meus olhos decidindo algo, então me beijou. Me tomou completamente nos braços e me apertou contra ele enquanto nos beijávamos calorosamente. Então ele aos beijos me levou até a cama e aconteceu, minha primeira vez aconteceu. 

Aconteceu a algumas horas atrás, Sasuke terminou o serviço com cara de culpa, depois afagou meus cabelos e me olhou nos olhos e disse. 

- agora você pode sair, Naruto não é mais um problema. 

Eu pensei que ele estava se referindo a ter certeza do meu amor por ele, mas ele tirou isso da minha memória. 

Quando voltei a mim, o vampiro misterioso viu nos meus olhos a raiva. 

- a adaga está com a Ino, a amada do Sasuke, ela mora na maior casa dessa rua.

Ele tocou minha têmpora e eu voltei a me mexer. 

- seu irmão está no bosque perto das casinhas portuguesas.

Ele desapareceu e antes que alcançasse meu celular ele tocou.

- alô! 

- encontramos seu irmão – minha mãe estava chorando – seu pai está indo te buscar.