História A Story Never Told - Pain

POV Tina

 -O que aconteceu querido? Deve ter sido algo muito grave pra você estar assim..._ Ele estava sentado na cama com as mãos no rosto e os braços apoiados nas pernas. Ele só ficava assim quando estava extremamente esgotado ou quando algo muito grave acontece. 

 -Eu acho melhor você receber essa notícia sentada._ disse sinalizando para mim sentar ao seu lado na cama. Senti um arrepio na espinha e comecei a ter um pressentimento de que algo havia acontecido com a minha família._ Como você sabe, sua mãe mora perto de uma área de tráfico de drogas e, por isso, saímos de lá mas ela insistiu em ficar mesmo sabendo do risco de vida que estava correndo_ disse com certa raiva, ele nunca quis que minha mãe continuasse a morar lá._ Ontem aconteceu um tiroteio lá perto, entre alguns traficantes e polícias..._ assim que ele disse isso eu vi que os meus pressentimentos estavam certos. Subiu um nó na minha garganta e imediatamente comecei a lacrimejar_ Alguns policiais entraram na casa deles. Nossa família estava lá e..._Antes mesmo dele terminar de falar eu já havia começado a chorar compulsivamente, eu simplesmente não consigo parar_ Só sobrou o Melvin e seu filho. Sinto muito querida, mas seus pais e um de seus irmãos morreu... 

 Quando ele terminou de falar eu só o abracei, deitei a minha cabeça em seu ombro e continuei a chorar. Eu não consigo raciocinar direito. Eu não consigo aceitar que eles se foram, mas essa é a verdade: todos se foram. Várias coisas vem à minha mente agora e eu simplesmente não consigo pensar direito em nenhuma delas. Como eu vou contar isso pra B? Como a minha nova filha vai crescer sem ter avós nem nada? Como eu vou ter cabeça pra trabalhar? Estamos no começo das férias, mas e depois? Estou assustada. E o que mais me deixa indignada é que ninguém vai falar sobre isso num jornal ou numa revista ou em nenhum outro lugar. E, claro, nada vai acontecer com os policiais que os mataram para "lutar contra os traficantes". É sempre assim. Ouvi a porta se abrir e quando olhei pra trás Beyoncé nos olhava assustada, como se soubesse de tudo. Eu não sei se ela ouviu ou sabe de alguma coisa, mas naquele momento eu só queria aqueles que eu amava perto de mim, então chamei-a com a mão e esperei que ela vinhesse pra cama. Ela estava chorando assustada quando subiu na cama para nos abraçar. E ficamos assim por um bom tempo: nos abraçando em silêncio enquanto tentávamos nos confortar.

                            ... 

 Já era umas sete horas quando eu me lembrei que deveria fazer jantar, mas eu não estava com cabeça pra isso, afinal eu tinha passado a tarde inteira chorando, então achei melhor comprar alguma coisa ou ir comer fora. Acho que nunca tínhamos ido comer fora com a B, tenho certeza que ela vai gostar. Sequei algumas lágrimas que tinham no me rosto e fui a procura da Matt, não sei onde ele está, mas com certeza ele está com ela. Desci as escadas e logo vi ele lendo um livro com ela, com certeza ela irá se tornar uma grande leitora no futuro. 

 -Não estou me sentindo muito bem para fazer o jantar, então o que vocês acham de comermos fora?_ Assim que eu disse isso, os dois olharam pra mim com uma cara de surpresa e até... felicidade?_ Vocês parecem estar tão felizes com isso, a minha comida é tão ruim assim?_ Disse e os dois riram

 -Não querida, é só porque a gnt nunca come fora e fazer algo diferente as vezes é bom, né Bey? 

 -Uhum. Vocês nunca nem sairam pra comer comigo, mamãe_ Disse fazendo drama. 

 -Awnt, tadinha do meu bebê. Ela nunca foi comer fora, acredita? Tadinha..._ disse fazendo uma voz manhosa. 

 -Não me chama de bebê, mamãe_ disse fazendo uma cara emburrada, eu sabia que ela ia odiar eu chamar ela de bebê. 

 -Desculpa bebê, mas é porque pra mim você vai sempre ser o meu bebezinho_ disse indo em sua direção e sentando atrás dela para fazer cócegas. 

 -ME SOLTA MAMÃE! PARA! PAPAI ME AJUDA!_ Ela mau conseguia falar direito entre as risadas, mas eu sei que no fundo ela gosta disso. Decidi parar depois de pouco tempo porque teve uma vez que ela ficou sem ar, então melhor não forçar muito.

                              ...

 O nosso trajeto ao restaurante foi bem silencioso. Eu fiquei calada pensando nos meus pais, Matt também não quis falar nada e tudo que dava pra escutar as vezes era a Bey murmurando algumas palavras das músicas que ela estava ouvindo no seu walkman. Ela devia estar feliz por estar saindo pela primeira vez, mas eu acho que ela ouviu parte da conversa que eu tive com o Matt de tarde então eu não sei direito com ela está. 

Chegando ao restaurante, eu lembrei da primeira vez que vim aqui. Foi aqui, nesse simples restaurante, que eu tive o meu primeiro encontro com o Matthew e a partir daquele dia eu soube que eu adoraria passar o resto da minha vida ao seu lado. O nome do lugar é "Jacoby's", ele é uma espécie de bar e restaurante; o bar é a primeira coisa que aparece quando se entra lá, é um lugar pequeno e escuro à direita com algumas pessoas sentadas lá; seguindo reto tem uma sala grande com uma mesa enorme de jantar e de frente ao bar tem uma porta que dá acesso ao restaurante a céu aberto, é lá que nós vamos ficar. O lugar era lindo, todas as mesas são azuis e em volta tinha um jardim bem cuidado, mas a melhor parte, claro, é o fato de ser a céu aberto, o que pode ser ruim quando chove mas como estamos no verão, o céu fica estrelado a noite e todos ficam encantados com a visão. Sentamos numa mesa mais ao canto e pedimos um prato de Creamed Corn (um prato com milho e queijo, frango e salada), era um prato tão grande que sempre dava para Matt e eu dividirmos e ainda sobrava. 

Ela está olhando para o céu de uma forma tão encantadora que eu até comecei a aprecia-lo também; logo o nosso prato chegou e começamos a comer imediatamente, acho que eu estava tão triste que nem percebi o quanto eu estou com fome. Ela estava tão encantada com tudo que ela achou incrível até o simples fato de que vinha um garçom para nós atender, e pelo olhar dela até o banheiro era incrível. Acho que eu nunca havia visto ela tão feliz como nessa semana, e com razão, depois de ter feito tantas coisas incríveis eu também ficaria feliz, mas acho que amanhã essa felicidade toda vai acabar, como eu queria que ela continuasse feliz pra sempre... 

 Assim que terminamos pagamos a conta e fomos embora. Eu ainda não sei como eu vou contar pra bey tudo isso... Eu não sei como vai ser o resto dessa gravides, eu não sei de nada no momento, nem raciocinar eu to conseguindo direito. Eu ainda não absorvi tudo isso e acho que eu sou vou conseguir quando eu contar tudo pra ela e falar as palavras: Eles se foram. Amanhã depois do café eu falo com ela, só não conto agora porque ela está feliz de ter saído pela primeira vez e eu não quero ser a vilã que tirou o brilho dos olhos dela...