- Anne? Anne, pode me ouvir?
- Ela está dormindo, Dean. Ela está bem agora. - Senti uma mão passar pela minha barriga, e depois tocar minha testa, me fazendo abrir os olhos e ver Castiel, Becca, Érica, Dean e Bobby.
- Bom dia. - Disse realmente acordada, me sentei e percebi que estava na ala hospitalar. Havia intravenosas nos meus dois braços. E eu me perguntava o que diabos estava acontecendo.
- Você me deu um susto do caralho, Anne. - Becca disse baixo, fazendo meu pai olhar feio pra ela. - O que é que você pensou quando se trancou no banheiro?
- Eu estava lá e senti um gosto ruim, cuspi na pia e percebi que era sangue. Então eu abri a porta, senti o sangue escorrendo pelo nariz e então eu cai e desmaiei. Essa é a versão resumida. - Eu olhei pra cada um deles.
- O que você tá falando? Você não sangrou pelo nariz, nem em lugar nenhum, não tinha sangue no banheiro e... - Becca disse e foi interrompida por Bobby.
- Fizemos exames, Cass avaliou e nenhum deles pode dizer o que você teve, além de um surto de ansiedade.
- Surto de ansiedade minhas bolas. Eu senti o sangue ácido na minha garganta, eu vi o sangue quando eu cuspi ele mais de 300 vezes na pia. Eu senti o sangue sair pelo meu nariz. Eu vi. - Eu disse esbaforida, Castiel me empurrou de novo e eu deitei na cama.
- Anne, não havia sangue, você deve ter visto em algum filme ou ouvido falar e ficou com isso na cabeça. - Lá vem Dean e suas teorias de que eu estou ficando louca.
- É uma coisa normal entre o assunto que vocês discutem. - Castiel disse com serenidade. - Se quiser eu faço você esquecer isso.
- Não, Cass, obrigada. Eu preciso dormir, mais um pouco. Talvez por uma semana. - Eu sorri, só para Castiel, que pelo menos foi sincero comigo e disse que não poderia me contar nada disso que acontecia. Pelo menos isso.
Não igual a Dean e meu pai que ficam me chamando de doida. Indiretamente. Eles saíram do quarto e eu olhei pro teto, meu companheiro de muitas horas.
Como assim não havia nenhum sangue? Tecnicamente eu tive uma hemorragia interna e ninguém viu?
O que está acontecendo?
...
- Anne, o que você tá fazendo aqui? - Nora levantou da cama, preocupada, quando me viu abrindo a porta do quarto.
- Acho que esse quarto também é meu. - Ela andou até mim e sorriu cínica. - Eu me dei alta.
- Mas você tava mal, desmaiou e tudo mais. Como você saiu de lá? - Ela me parou e me encarou.
- Eu tirei as agulhas e saí correndo, e descalça - Ela olhou pros meus pés, nós rimos.
- Você é maluca. Se seu pai te ver ele te arrasta de volta. Aliás, o que aconteceu? Você estava bem de manhã. - Nos sentamos em nossas respectivas camas e nos encaramos.
- Aparentemente eu não tenho nada. Mas tem alguma coisa errada. - Ela correu pra minha cama e sentou na minha frente. - Desde aquele sonho eu tenho... Me sentido mal, como se o sonho tivesse começado a me afetar. - Eu me aproximei dela.
- Afetar? Como assim? - Ela não deixou de me olhar.
- Psicologicamente. Eu desmaiei no dia do sonho, você viu, estava lá na sala. No banheiro foi a mesma coisa.
- Você teve um sonho no banheiro? - Ela me olhou como se eu fosse realmente louca. Eu ri e ela continuou séria.
- Eu entrei no quarto depois da aula, sentindo como se tivesse cortado minha boca ou algo assim, tecnicamente vomitei litros de sangue na pia do banheiro.
- Não tinha sangue na pia, nem na sua boca ou em qualquer parte do seu corpo. - Ela se afastou.
- Viu, é o que estou falando. Eu estou vendo coisas, sentindo dores, que eu não sentia. Eu só não escuto vozes. Ainda. - Eu ri, tentando aliviar a tensão entre ela e eu, mas nada adiantou.
- Você já falou com alguém sobre isso, além de mim? - Sacudi a cabeça e ela se levantou.
- Que foi? Nora, oi. - Ela estava virada pra janela, torceu os tornozelos e me encarou. Ela estava chorando. Eu a olhei estática, o que tinha de errado? De uma hora para outra, estava tudo bem e agora ela está em prantos.
- Querida, peça a ajuda do anjo.
Não fique sozinha, eu não posso te ajudar. - Ela começou a chorar do nada. Muito. Ela estava, literalmente, vermelha de tanto chorar.
- Nora, hey, Nora. Olha pra mim, provavelmente isso é influência da minha cabeca...não deve ser nada de mais. Nora para de chorar, vem, beba um pouco de água. - A entreguei a água e ela pegou o copo tremendo.
- Peça o maior número de ajuda possível, Anneliese. - Ela bebeu um pouco da água e me encarou - Está começando, eu previ, é você. É a garota escolhida, não é? - Eu a olhei com lágrimas nos olhos, eu estava apavorada e tentando entender o que ela dizia, mas ela acabou derrubando o copo no carpete.
- Eu sou quem? - Arregalei os olhos e encarei ela.
- A garota escolhida. Aquela que deve renunciar o lugar do seu criador assim que completar duas décadas de vida. Aquela que terá alucinações e visões, aquela que trairá seus amigos e irá massacrar a existência humana.
- Nora. - Gritei e a sacudi, ela estava vidrada nos meus olhos. Eu corri até o corredor a procura de alguém e graças a Deus vi Rebecca e Gabrielle subindo as escadas e as arrastei até o quarto.
- O que tá acontecendo? - Becca gritou e correu até Nora que ainda estava chorando, sentada no chão ao lado dos estilhaços do copo.
- Eu não sei, eu não consigo fazer ela parar. - Eu sentei do lado delas. Nora levantou do chão e me empurrou de leve quando eu levantei, Becca também. Ela me olhou e sorriu.
- Garota escolhida, perceba, não é tarde demais. - Ela abria a boca, mas não era a voz dela, não era Nora que estava falando.
Era a voz da minha mãe no dia em que morreu.
- Nora. - Gabrielle gritou e Nora olhou para a ruiva. Andando lentamente até ela. - Chamem uma ambulância. - A ruiva jogou seu telefone no colo de Rebecca, que começou a discar rapidamente o número de emergência.
Nora parou no meio do quarto e começou a sangrar pelo nariz. Ela tentava falar mas engasgava. Eu corri e a segurei antes dela cair, seu nariz sangrava, ela tocou meu rosto e tentou falar.
- Garota escolhida, lembre se, não há... - Minha respiração falhou quando uma fina linha de sangue escorreu da sua boca.
- Nora? Nora? Nora, acorda. - Eu falava mas saiam sussurros da minha boca.
- Nora? - Becca desligou o telefone e correu até nós, Gabriella estava encostada na parede e chorava com a mão na boca, como todas nós, ela estava apavorada.
- Nora. - gritei e tentei levantar ela, mas Becca me segurou. - Rebecca ela não está respirando. NORA, ACORDA.
Rebecca me levantou, me fazendo deixar o corpo de Nora no chão. Ela me puxou para fora do quarto Gabriella fechou a porta, separando Nora de nós.
Haviam pessoas no corredor, tentando ver o que aconteceu, eu apenas respirava, por que minha mente não funcionava, eu não sei o que aconteceu, só sei que Nora estava morta.
...
- Nora, Nora? Me responde, Nora, abre os olhos, por favor...
- A senhorita precisa soltá-la.
- Anneliese, vem. Vamos lá para fora.
- Me solta, Rebecca. Me deixa, eu quero, eu... Eu quero falar com Castiel. Me leve até ele, por favor.
Os paramédicos da escola chegaram no dormitório 5 minutos depois que deixamos Nora no chão. Eu apenas não consegui esperar e voltei lá dentro, ela estava deitada nos cacos de vidro, sem respirar e branca como papel, os cabelos agora estavam cobertos de sangue.
Era culpa minha? Nora está morta porque eu sou a garota escolhida?
O que isso quer dizer?
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