Tudo passava na minha mente como um filme, nada acreditável ou sensato, tudo distorcido e barulhento. Um cheiro forte de sangue e um gosto metálico na boca. E então eu abri os olhos.
Eu levantei da cama e caí no chão, lembrando do meu sonho e então eu gritei o nome do anjo, que foi a primeira coisa que me veio na cabeça.
- Castiel. CASTIEL.
A única coisa que me veio, era Sam me segurando mais cedo.
- CASTIEL, ONDE VOCÊ ESTÁ? - Eu gritei mais uma vez, agora eu estava sentada no chão ao lado da minha cama. Eu estava fraca e com dor de cabeça, o que está se tornando normal, ultimamente.
A porta do quarto abriu e Dean entrou assustado olhando pra mim.
- O que foi? Por quê tá gritando? Porque tá no chão?
- Cass, cadê ele? Dean eu... Eu preciso ver ele. - Eu gelei ao pensar em Castiel morto por minha causa.
Dean me levantou e me apoiou no ombro, me sentou na cama de novo, fechou a porta, sentou na minha frente e fechou os olhos.
- Cass? Está aí? Precisamos de você aqui em baixo.
- O que tá fazendo? - Perguntei sacudindo Dean e fazendo ele abrir os olhos. Eu estava toda desesperada e ele totalmente calmo.
- Ele é um anjo, basta rezar e esperar ele te ouvir. Se ouvir. - Ouvi barulho de pássaros, vários pássaros voando. E a voz relaxante de Castiel.
- Dean? Marie? O que foi? - Ele estava com a feição confusa.
- Castiel! - Corri até ele e segurei seus ombros e lhe dei um beijo na bochecha. Ele ficou parado sem entender necas. Assim como o Dean.
- O que aconteceu, Anneliese? Por que o desespero? - Dean apareceu no meio e me afastou.
- Hoje, na aula do Sam eu caí no sono, e tive esse sonho. Minha mãe gritando e sangue e uma luz branca muito forte e Castiel morto do meu lado. Parecia muito real, eu sentia uma dor horrenda no sonho, uma dor na minha cabeça e acordei na sala com a mesma dor. Sentindo o gosto do meu sangue, ou o sangue do Castiel. Eu não sei.
- Foi apenas um sonho, deve ter sido influência sobre o que Sam estava dizendo. - Dean tentou me acalmar mas não dava.
Sacudi a cabeça e saí do quarto, brava com Dean por não acreditar em mim.
- Filho da puta, quem ele acha que é. "É só um sonho". - Acabei esbarrando em alguém e era Rebecca e Nora. Decidi ignorar, do jeito que Dean me deixou com raiva, era capaz de eu descontar nelas. Simplesmente continuei andando em direção ao gramado.
- Anne, espera. - Dean gritou no fim do corredor e vinha andando pro meu lado. Parei e esperei ele chegar até mim. Tossi algumas vezes, o gosto de sangue subiu na minha garganta, mas não havia sangue, minha boca estava seca de raiva.
- O que é? - Perguntei olhando para os meus sapatos.
- Eu só quero conversar.
Nós andamos até o gramado e eu fiquei parada esperando ele falar. Depois de alguns minutos sem falar nada, decidi sentar na grama e olhei ele fazer o mesmo.
- Como veio parar nessa bagunça toda ? - Perguntei olhando para os olhos de Dean, esquecendo totalmente que estava brava com ele.
- Longa história. - Ele me olhou.
- Eu tenho tempo, Dean. Já me cansei de ninguém me contar as coisas. - Revirei meus olhos de um modo que me fez ficar tonta.
- Quando Sam fez 6 meses de vida, na mesma noite minha mãe foi morta por um demônio. Esse demônio a prendeu no teto do quarto do Sam e a queimou viva. - Eu o encarei de boca aberta ele também me olhava. - O mesmo demônio sangrou na boca dele depois.
Meu queixo caiu mais ainda.
- Meu pai virou caçador por causa disso, nós passamos quase nossa vida toda tentando achar o tal demônio. Um dia, muito tempo depois, sofremos um acidente, eu fiquei em coma e quase morri, meu pai vendeu a alma pra me salvar.
- Essas coisas de encruzilhada são de verdade? - Dean balançou a cabeça e continuou. - Sinto muito, Dean. - Ele sacudiu a cabeça em concordância.
- O sangue que o demônio deixou em Sam começou a fazer efeito, e Sam tinha visões de pessoas a beira da morte, aliás existia um grupo de pessoas com um poder psíquico. - Ele continuou.
- O demônio também sangrou na boca deles? Com qual propósito? - É uma coisa bizarra de se pensar, por que um demônio sangraria na boca de vários bebes?
- Azazel queria um exercito de humanos com poderes pra dominarem a terra.
- Vocês mataram esse demônio? Como? - Era incrível como meu interesse era grande.
- Depois de muito esforço, nós tínhamos uma arma capaz de matar qualquer coisa. Mas antes disso Sam morreu nessa briga, eu acabei o trazendo de volta.
- O que? Como? - Ele olhou pra baixo. - Você também vendeu sua alma?
- Foi assim que conhecemos Cass. Ele me tirou do inferno, e nessa confusão toda Sam acabou libertando o apocalipse, e indo pro inferno junto com lúcifer e perdendo a alma lá em baixo.
- Por isso Sam é tão babaca? Ele não tem a alma e fica olhando as pernas de garotas de 15 anos? - Eu falei incrédula.
- Basicamente. Sam é um poço de santidade, sem a alma ele é tão... Eu.
- Isso é tão... Sei lá. - Ele sorriu me fazendo sorrir junto.
- Hey, por que o Cass te chamou de Marie?
- É meu nome do meio, eu falei que ele podia me chamar assim ou de Mulher Maravilha. Ele escolheu Marie. - Eu olhei pra baixo desapontada. - Eu queria que fosse Mulher Maravilha, mas ele não sabe quem é. - E nós rimos.
Logo meu sorrido desapareceu.
- Dean, por que não acredita em mim? Eu posso jurar que foi vivido, eu não sei explicar.
- Esquece isso, Anne. - Ele me empurrou com o ombro e eu empurrei de volta, mas ainda séria sobre o assunto.
- Não, Dean. Era como se eu estivesse fazendo aquilo, o sangue era meu e eu estava sentindo ele escorrendo de mim.
A luz branca queimando no meu peito e minha cabeça explodindo de dor por causa dos gritos. - Respirei fundo e o olhei - E ai, eu desmaiei.
- Isso tudo em um sonho? Estou surpreso que está viva. - Dean falou debochando.
- Era como se eu estivesse lá, como num filme.
- Tudo bem, converse com Cass, ele vai te dizer o mesmo. Isso não deve ser nada de mais, OK. - Dean levantou e me deixou sozinha pensando no sonho.
- OK. - Levantei e fui pro meu dormitório, onde Rebecca estava deitada lendo algo.
Ignorei ela, não quero um monte de perguntas. Voltei a me deitar e dormir, mesmo sendo 16:00 da tarde. Yoda pulou em mim, deitando sobre meu peito e adormecendo comigo.
Minha alma. Escura e clara ao mesmo tempo? Será que era a mesma coisa do sonho? A luz branca saindo de mim e a escuridão me puxando?
Tipo, os dois lados da força?
Eu tenho que parar de associar as coisas com Star Wars.
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