História A Sweet Destiny - Capítulo II

    A casa invisível aos olhos dos trouxas do Largo Grimmauld se encontrava silenciosa. Era alí que Harry Potter se refugiava desde o fim da guerra. Por mais sombria que fosse, era o único lugar que poderia ir. Voltar para a casa dos Weasley era uma opção, mas era praticamente impossível ficar lá sem esperar que Lúpin, Tonks ou Olho Tonto aparecessem. Ele não aguentou e o único lugar que lhe restou para ir foi para aquela casa, que mesmo tendo lembranças de Sirius, era mais suportável.

Agora sozinho, Harry sentia-se aliviado porém triste. Durante o tempo em que ficou na casa meses atrás, não se sentiu assim. Talvez fosse por estar com Rony e Hermione, ou a adrenalina em busca das Horcrux. Ele não sabia, só sabia que agora a casa parecia ter a presença de Sirius em todos os cômodos, causando uma sensação maior de vazio. O que era irônico, já que nada alí, de fato, lembrava seu padrinho.

Por mais incrível que possa parecer, a casa dos Black - agora Potter - estava diferente, menos sombria do que antes e tudo graças ao medalhão falso que deram para Monstro, tudo brilhava. As panelas antes enferrujadas, agora seus reflexos poderiam ser vistos. Cada superfície reluzia.

Era quase opressor viver rodeado de verde e prata sendo que o ocupante era Griffinorio. Porém, a cada dia que passava Harry conseguia se acostumar mais.

Alí agora era sua casa, onde ficaria por um longo tempo.

Harry

É diferente ter um tempo apenas para ser uma pessoa comum, sem a responsabilidade ou medo de lutar contra Voldemort. Parece que um peso enorme saiu das minhas costas. Não tenho mais pesadelos igual aos que acordava gritando. A dor de cabeça não existe mais, também não preciso ficar vasculhando minha mente a procura de uma pessoa que quer me matar.

Próximo mês voltaremos a Hogwarts para terminar nosso sétimo ano. No começo, quando Hermione falou da nossa volta a escola eu não queria ir, porém depois de um sermão enorme sobre o que mais poderíamos aprender lá, ela me convenceu. Mesmo tendo lutado contra os melhores bruxos e os derrotado, ainda tínhamos de ter a aprovação de um superior para, enfim, podermos começar no ministério. Sei que ela está certa, mas uma parte de mim, a parte que se lembra do sonho estranho na noite anterior, me deixa com medo de que algo aconteça.

Sempre foi assim com ele, uma mistura de ódio com outro sentimento mais profundo. Durante anos passei por cima do que sentia, devolvia suas provocações, sem demonstrar nada mais do que raiva por ele, mas tudo mudou quando estávamos na casa dos Malfoy. Foi...

— Harry!

Um vulto passa pela porta rapidamente e se joga em cima de mim. Um vulto de cabelos cheios e castanhos.

— Oi, Mione. — A comprimento, passando meus braços por sua cintura e a apertando com força, tentando demonstrar o tamanho da saudades que estava dela.

— Por Merlin Harry, não faça mais isso. Você está bem? Como se sente? Os pesadelos voltaram? Precisa de ajuda com al — Fala ao se afastar e vasculhar meu corpo em busca de algum ferimento.

— Calma Mione, respira. — A interrompo, antes que ela fique sem ar.

— Mas eu estava tão preocupada e com saudade! — Exclama, me abraçando de novo. — Eu não conseguia parar de pensar se você já tinha comido, se estaria tendo pesadelos, você não podia ter feito isso.

— Eu sei, descul... — Tento a confortar, porém sou interrompido pela mesma.

— Tudo bem, agora estou aqui e você também, então, — Faz uma pausa, me olhando com um olhar que me dá medo — Já faz meses, — Um tapa no braço — Sem nenhuma notícia, — Outro tapa — Nós deixou preocupados, sem precisão. — Mais um, dessa vez na nuca.

— Desculpe, esqueci. — Me defendo, ou ao menos tento.

— Nunca mais faça isso! — Ameaça com dedo em riste direcionado a mim.

— Pode deixar, nunca mais, juro.

— Ótimo.

Sorrio, testando para vê se é seguro e quando ela retribui sento ao seu lado no sofá. Já fazem dois meses que deixei a casa dos Weasley, porém em todo esse tempo não mandei sequer uma carta. Não sabia o que dizer, tudo que escrevia parecia a coisa errada a se dizer, então depois de um tempo desisti.

— Você está bem? — Ela pergunta depois de alguns segundos em silêncio.

— Sim. — Respondo mais por hábito do que por ser verdade.

— Harry, tem uma coisa que eu preciso te dizer. — Diz de maneira hesitante, uma coisa bastante difícil dela fazer.

— O que é?

— Ah, bem, eu não sei como dizer isso de uma maneira fácil e isso pode te machucar, mas-

— Só fale! — Exclamo, pois já tenho uma idéia do que ela vai falar, ou melhor de quem.

— É que a Gina me...

— Já conversamos, não temos e não teremos mais nada. — Me levanto, um pouco exasperado.

Gina e eu tentamos continuar nosso relacionamento depois da guerra, mas minha mente estava sempre em outro lugar, ou melhor, outra pessoa. Então percebi que seria melhor terminarmos, o que ela não achou uma decisão muito boa. Esse foi um dos motivos de sair d'A Toca, sempre brigávamos e depois de algumas discussões pesadas eu me mudei, o que não ajudou muito, já que ela contínuou me mandando cartas e berradores.

— Eu sei — Diz, pegando meu braço — Ela não pediu para falar com você.

— Não? — Pergunto, aliviado e confuso.

— Não, ela me acusou de estar traindo o Rony.

— O que?

— E essa não é a melhor parte.

— E qual é?

— Ela disse que estou traindo ele com você.

— Como é que é? — Quase grito. — Ela está ficando louca? Rony acreditou nisso?

— Ele ficou um pouco estranho, mas depois disse que confiava na gente e que sabia que nunca faríamos isso com ele.

— Ótimo.

— Pois é — Faz uma pausa — Só passei aqui para contar e perguntar se realmente não tem volta com a Gina, tem?

— Não, antes já não tinha e agora é que seria impossível mesmo.

— Tudo bem, então já vou indo, tenho que voltar pra casa.

— Você vai voltar para a casa dos Weasley?

— Não, você lembra que ano passado coloquei um feitiço nos meus pais, para eles esquececem de tudo relacionado a eu e a vocês? — Murmuro uma confirmação e ela continua — Estou voltando agora, para tirar e passar um tempo com eles antes de voltarmos para Hogwarts.

— Mesmo, Hogwarts... — Solto um longo suspiro, pois só de lembrar da escola, também me faz lembrar do motivo de minha hesitação em ir.

— O que foi? — Pergunta de repente, me olhando desconfiada.

— Não é nada, só... — Tento, mas é difícil dizer, por fim minto — Nada.

— Harry, por favor, confie em mim — Pede, enquanto me puxa, até estarmos sentados novamente.

Iria ser bom contar para alguém, e Hermione é a pessoa mais sensata para isso, se contasse ao Rony, provavelmente, me levaria ao St.Mungus hospital dos bruxos, alegando transtorno mental. Pensando bem, contar para ela é uma ótima opção.

— E-eu - Limpo a garganta, em busca de tempo — Eu estou, ou pelo menos, acho que estou - Hesito — Apaixonado.

— Mesmo? — Afirmo com a cabeça — Que bom, isso é ótimo, mostra que está esquecendo a Gina.

— Na verdade, terminei com a Gina por estar sentindo algo por outra pessoa.

— Ah, mas quem é a sortuda? — Abre um sorriso, esperando a resposta.

— É - Engulo em seco — Draco Malfoy. 

Vejo seu sorriso sumindo e seus olhos se alargando com a menção do nome, de repente não estou tão certo de que contar para ela foi uma boa idéia.

— O que?!