História A Tempestade Que Chega É Da Cor Dos Seus Olhos - Capítulo 4

Sexta-feira  todos observaram cuidadosamente a passagem de Becky pelo corredor,de algum jeito,ela não sabia como,mas todos haviam descoberto.No sábado ela achou sábio passar o dia numa maratona de filmes de gangsters e apenas no domingo notou o desperdício que aquilo havia sido.Cafetões,mafiosos,nenhum deles era como Louis,ou pelo menos Becky desejava que não fossem.Lembrou-se então daquele dia em que ele foi para o instituto,ela nem havia dormido direito,achava que talvez o que ele fosse dizer seria... outra coisa.Tudo culpa da Lola que vivia metendo minhocas na cabeça dela.Ou talvez não,talvez naquele bailinho ele realmente quisesse dizer que estava... de qualquer jeito,era inútil pensar naquilo.

No dia seguinte Becky foi dispensada de todas as aulas,não esperava por menos.Ao ser chamada pelo diretor dois minutos antes do sinal bater deu um abraço em Lola,um misto de “boa-sorte” com “pelo amor de Deus não seja morta”,e foi até o pátio.De lá ela tinha uma vista perfeita daquela árvore,aquela merda daquela árvore.Árvore que tanto marcara a infância de Becky,ela costumava subir lá com Louis e observar os pássaros depois da aula,e foi bem de baixo daquela árvore que ele deu a grande notícia à ela.De baixo daquela árvore ela viu os olhos dele pela última vez.

Um carro preto com a sigla CCI surgiu da esquina tão rápido que Becky levou um susto,estava perdida em pensamentos e o súbito barulho de motor a acordou de seu devaneio.

-Deve ser ele-disse o Diretor,que se pôs ao seu lado.

-É.

Ela não sabia muito bem como agir ou o que falar,tudo aquilo parecia um grande e maluco sonho do qual ela poderia acordar,apenas não estava conseguindo no momento.O carro estacionou e o Sr Rulfmann caminhou suavemente até a calçada,cumprimentando uma moça que estava saindo,deveria ser a agente correcional,e logo em seguida ele saiu.

Saiu vestindo um jeans e uma camiseta preta,seus olhos eram castanhos,embora de perto,pelo que Becky recordava,eles tinham um pouco de verde.Sua barba estava meio por fazer e seu cabelo estava pra cima num topete.Becky tentou não pensar no quão bonito ele estava por que,quer dizer,ele era um meliante,certo?Mas afinal,essa é só mais uma história clichê num site cheio dessas.

-Srta Bennet?-disse a agente-Eu sou a agente Miller,agente correcional da CCI,acompanharei você e o Sr Augustine durante o tal “programa de adaptação”

Para Becky era muito estranho a tratarem de Srta e tratarem Louis como Sr,ele tinham,de fato,quase a mesma idade,ele só havia repetido um ano na escola.

-Prazer em conhecê-la agente.

-Ela é uma de nossas mais aplicadas,ótimo histórico e também já foi colega do Sr Augustine no seu período estudantil-disse o diretor,aparentando orgulho.

-Ah é?Mas saiba Srta Bennet que eu não sou o agente bonzinho dos filmes policiais,e qualquer tentativa,e eu tenho que dar ênfase no QUALQUER TENTATIVA,de ajudar seu amiguinho falhará e te dará uma passagem só de ida para a CCI,entendido?

-Sim senhora-disse Becky,mas na verdade seus olhos e pensamentos estavam vidrados em seu “amigo” tendo suas algemas retiradas por outra policial.

Nesse momento Becky percebeu no que tinha se metido,muitas memórias vieram à sua mente enquanto a policial o trazia para perto dela e dos que estavam ao seu lado,junto com um homem de terno,seu advogado,provavelmente.Quando ele finalmente parou ao lado da agente ele atirou um olhar para Becky que a fez arrepiar dos pés à cabeça.

-É só isso Sra Miller?

-Sim,Aline,pode ir,obrigada,ligue para a central e diga que Augustine já está na escola.

Enquanto a policial se afastava o coração de Becky acelerava e ela estava quase pedindo pra levarem ele de volta.Ela realmente não sabia o que esperar dele.

-Vamos à secretaria,há alguns papéis com assinaturas pendentes-disse o diretor.

Quando começaram a andar Becky notou um esforço de Louis para ficar ao seu lado,ele simplesmente disse:

-Olá,Becky,como vai?