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História A Teoria das Estrelas - Does That Make Sense?


Escrita por: ordin4ryhuman

Notas do Autor


Oi, meus amores!
Se você é um leitor antigo, provavelmente percebeu a mudança que eu fiz. Desculpa pela insegurança, gente. Eu não tava gostando da capa e muito menos do título, porque achava que não combinava nada. Mas depois de mudar isso tudo, me senti bem mais aliviada. Se você leu o capítulo anterior, entendeu o significado da capa e do título (que inclusive estão bem melhores). Espero que entendam.
Como eu disse antes, esse capítulo é completamente diferente do que vocês estão acostumados. Vai ser só pra vocês terem uma ideia do que vai acontecer depois.
Sem mais delongas, boa leitura pra vocês!

Capítulo 6 - Does That Make Sense?


Fanfic / Fanfiction A Teoria das Estrelas - Does That Make Sense?

Começou quando eu tinha nove anos. 

Era mais uma daquelas tardes de escola, onde minha única preocupação se resumia em achar os produtos das multiplicações simples do livro de matemática. A professora nos passara essa tarefa e, bem, deveríamos obedecê-la. 

Os alunos estavam concentrados em seus exercícios, solucionando as diversas contas que até então pareciam complicadas. Todos anotavam tranquilamente em seus cadernos como crianças quietas e comportadas. 

Menos eu. 

Não que eu fosse ruim em matemática, na verdade sempre tive muita facilidade. Mas naquele dia, todos os números impressos sobre o papel ganharam vida própria e movimentavam-se inquietamente à frente dos meus olhos. E toda vez que eu tentava impedi-los, eles pareciam querer me afrontar mais e mais. Não paravam de se mexer, tomando formas, relevos e cores novas. Isso me desconcertou, fazendo com que as atividades se tornassem quase impossíveis de se realizar. 

Ignorei o suposto devaneio e pressionei o lápis sobre o caderno. Quando comecei a escrever, por algum motivo uma fraqueza desconhecida tomou controle em meu corpo, o que me fez imediatamente soltar o objeto e jogá-lo no chão, originando um enorme rabisco na folha branca. 

Direcionei o olhar em minhas mãos. Elas estavam trêmulas e suas palmas suadas. Fechei os punhos e pressionei as unhas — naquela época fortes e bem cortadas — fortemente contra a pele, de modo que machucasse e me fizesse voltar a realidade. 

O que só piorou a minha situação. 

Sempre fui um menino discreto, escondia facilmente minhas emoções internas. Mas naquela hora, tudo que eu sentia transpareceu. Eram sensações estranhas, como se algo horrível fosse acontecer a qualquer momento. Preocupação e medo, coisas que não se passavam muito pela minha cabeça, me atingiram em cheio. Eu não sabia o porquê, ou o que me deixava assim — até hoje. 

Pingos gélidos de suor escorreram pelo meu pescoço e minha testa. Minhas pernas balançavam inquietamente sob a mesa, e por mais que eu tentasse parar, a agitação era maior. Depois de um tempo perdi o controle dos meus pensamentos, já sedados pela tontura e fragilidade. 

Uma aflição enorme tomou conta do meu peito, fazendo-o se apertar numa dor terrível. Meu coração palpitava de forma descompassada e uma tensão muscular atingiu meus braços e pernas magros. Minha respiração era ofegante, impedindo-me de realizar qualquer fala ou movimento. 

Eu queria gritar. Queria fazer aquilo parar de alguma forma. Queria simplesmente que tudo ficasse bem. Mas tudo o que aconteceu fora a cena de um garoto chorando e soluçando, caído no chão completamente fora de si. 

Não me lembro de muita coisa a partir daí; apenas a visão dos meus colegas de classe confusos e minha professora devastada e em choque, carregando-me no colo até a enfermaria do colégio.  

E depois tudo escureceu. 

 

~•~ 

 

Acordei no hospital me sentindo sonolento e desarranjado. Levara soro na veia, o que fez com que eu melhorasse significativamente, mas a dor no peito permanecia.  

Não abri meus olhos, porém senti a presença de pessoas no quarto. Elas conversavam, então decidi por escutá-las. 

— Eu não consigo entender! Ele sempre foi tão saudável e quieto. Por que assim, tão de repente? 

— Acalme-se, sr. Min. Esse tipo de problema aparece nos momentos mais inoportunos. Ainda não se sabe ao certo a causa desse distúrbio, apesar de ser comum.  

— Qual o tratamento, doutor? 

— Bem, eu não sou especialista na área psicológica, apenas na parte física do transtorno. Yoongi precisará de consultas regulares com um psicólogo, além do uso constante de medicamentos.  

— Ele vai melhorar? 

— As crises infelizmente continuarão, sra. Min. Mas elas serão muito menos frequentes, dependendo dos cuidados tomados e, é claro, do estado emocional do seu filho. 

Depois disso, adormeci e não escutei mais nada. 

 

~•~ 

 

 O médico estava certo: as crises continuaram.  

Nos primeiros cinco anos a doença não me prejudicava tanto; ela aparecia raramente e era mais fraca. Os sintomas eram os mesmos, mas o tratamento os amenizou. 

Comecei a ir no psicólogo. Ele era legal, mas não gostava nada de frequentar as consultas. Eu tinha que falar sobre a minha vida, minha família, minhas escola, meus colegas, minha casa, meus sentimentos... E, bem, como de costume, falar era o meu ódio mortal. 

Quando eu tinha treze anos minha família teve que se mudar de Daegu. Meu pai era advogado e minha mãe trabalhava como gerente de um restaurante, e ambos passavam por dificuldades em seus empregos. Como viram que Seul traria mais chances de estabilidade financeira, acabamos por morar lá.  

E, por conta disso, eu piorei. 

Eu detestava passar por mudanças. Cidade nova, escola nova, rotina nova, pessoas novas... A ideia de ter que sair da minha zona de conforto era torturante, e foi ainda mais quando tive que passar por isso. 

As crises voltaram com mais intensidade. Aconteciam quase todos os dias e os remédios não faziam mais tanto efeito. Parei de ir ao psicólogo e não procurei por um novo em Seul. Na verdade, meus pais não procuraram. 

Essa foi a parte mais triste. Meus pais deram importância ao problema no início, mas depois de verem que “eu não tinha solução” — palavras do sr. Min —, passaram a ignorar tudo o que acontecia comigo. As crises, as dores e as lágrimas foram completamente desprezadas, com a desculpa de "não terem o que fazer a respeito". 

Meu irmão nunca dera atenção, de fato. Nós sempre fomos distantes e não conversávamos muito, e depois do meu diagnóstico, ele pareceu se afastar cada vez mais de mim.  

Tive que enfrentar tudo aquilo sozinho. Eu sofria calado, trancado por horas no meu quarto sem receber nenhum apoio ou ajuda, encolhido na cama e agarrado ao travesseiro. Foi um período desesperador em que eu suplicava em silêncio por algum refúgio, alguma paz, nem que fosse por um só segundo. 

O processo de adaptação em Seul foi difícil. Minhas notas escolares foram baixas, não tive amigos e muito menos saí de casa — a não ser para ir à escola — por meses. A vontade de viver diminuía com o passar dos dias, e eu sabia que essas crises iriam me matar. 

Mas isso felizmente não aconteceu, porque, bem, num dia em que o tédio não poderia estar mais insuportável, eu vi aquela caneta vermelha e o caderno preto abandonados na escrivaninha. E uma cabeça cheia de incertezas e desordens, clamando por alguma ajuda. 

Depois de começar a escrever tudo mudou. Meu tempo livre era gasto no colégio usando — sem nenhuma experiência — o piano que ficava na sala de música. Conversei com alguns funcionários, que permitiram o uso do local quando não estivesse ocupado. Em pouco tempo aprendi a domar o instrumento sozinho, e rapidamente música virou a minha paixão.  

Já no final do ano letivo, conheci Seokjin, Namjoon e Jungkook numa das vezes em que coincidentemente matamos a aula de educação física. Eles se tornaram meus amigos, mesmo que no começo eu estivesse hesitante e acanhado, o que me fez sair mais de casa, socializar e me distrair do sufoco que passava todos os dias. 

E então eu melhorei. Não por completo; ainda sofria o transtorno. Mas todo aquele medo constante, o aperto no peito, a queimação no estômago e a sensação de que algo ruim fosse acontecer a qualquer instante se encolheram dentro do meu cérebro.  

Mesmo depois de sete anos carregando nas costas esse problema e quase me conformando, eu ainda acreditava na cura. As crises aconteciam com menos frequência, mas nunca sabia quando elas poderiam atacar novamente. Eu não passava por uma há meses, e achava que tudo aquilo pudesse ter acabado. 

Estava enganado.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Não se desesperem, já já tem capítulo novo.
Comentem o que acharam e o que pode acontecer em seguida!
Beijão! <3


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