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História A Terceira Força - Cicatrizes.


Escrita por: hotside

Capítulo 2 - Cicatrizes.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Cicatrizes.

O cruzador espacial Finalizer se deslocava firme e silenciosamente pelo espaço.

Eram quase três quilômetros de comprimento de pura máquina pesada de guerra. Armada com canhões de laser, torres de defesa, raio trator e mísseis teleguiados. Em seu interior, uma tripulação formada por cerca de noventa mil pessoas entre soldados, oficiais, militares, engenheiros e técnicos. Eles trabalhavam unidos num só propósito: Elevar a Primeira Ordem ao poder máximo.

Kylo Ren tinha um setor inteiramente reforçado com triplas camadas de durasteel para seu treinamento pesado. Era um ambiente onde poderia usar toda sua energia, sem risco de romper a fuselagem da espaçonave.

Com sua pesada rotina de treinos, o Cavaleiro estava mais poderoso do que nunca. Porém, mesmo com toda sua nova Força adquirida e seu corpo completamente pronto para uma batalha, ele ainda não havia descoberto a localização da Garota de Jakku.

Às vezes a alcançava durante a meditação, mas não por tempo suficiente. Assim que conseguia se aprofundar no vínculo ele perdia o controle de seu corpo e mente, e a Garota sumia como se ele tentasse segurar areia com muita força.

Aquilo o irritava a ponto de sentir seu estômago se revirar de frustração.

Kylo Ren empurrou esse e todos os outros pensamentos fracos e negativos, antes de se dirigir à Snoke que cobrava um retorno urgente.

Líder Supremo Snoke era o velho Lord Sombrio que conduzia a Primeira Ordem. Um ser tão maligno, que tinha corrompido a mente de Kylo Ren ainda no ventre de Leia. Sua Força Sombria era tão grandiosa que seu corpo físico não suportou, transformando-o numa entidade humanoide desfigurada. Limitado a uma forma esguia e pálida, com um rosto deformado e marcado por profundas cicatrizes. Alguns diziam que ele era poderoso de tal maneira que era capaz de enganar a morte.

As lições de Snoke envolviam forçar Kylo a enfrentar seus medos, negar prazeres e tomar dele as coisas que amava. Fazia questão de lembrá-lo disso sempre que podia:

“Diga-me seu maior medo, e eu saberei o que forçarei você a enfrentar. Diga-me o que é mais precioso para você, e eu saberei o que tirar de você…”

Seu Mestre o ensinou que emoções como o ódio, apesar de necessárias para controlar o lado Sombrio, eram simples meios para deixar a moralidade de lado por um bem maior.

Kylo colocou seu capacete – seu indefectível escudo social – e dirigiu-se ao auditório de projeção onde a imagem de Snoke já estava ativa, tremeluzindo a sua espera.

O lugar era projetado para se parecer um templo circular. Snoke ficava sentado em seu trono acima de uma plataforma elevada. Sua presença holográfica colossal parecia propositalmente grande demais para aquele espaço. Ele fitou Kylo assim que apontou no salão, seguindo-o com seus olhos fundos e sem brilho até vê-lo se ajoelhar diante dele.

“Líder Supremo Snoke” Kylo disse abaixando os olhos em sinal de respeito.

O velho Lord o encarou enquanto se apoiava num dos braços, sua voz era profunda “Kylo Ren, percebo que elevou sua Força nos últimos meses.”

“Sim, graças a sua orientação eu estou me sentindo mais forte do que nunca.”

“Ótimo” Snoke parecia grato pelo reconhecimento de seu aprendiz “Então suponho que já tenha conseguido a localização da Garota.”

Kylo limpou a garganta, hesitante “Ainda não, a Garota é muito forte na Força, eu…”

“Não?!” Snoke ergueu-se de seu trono com autoridade, sua voz soou como um trovão reverberando pelo ambiente “Eu confiei no legado de seu sangue, Kylo. Eu dei tudo de mim, acreditando que você seria o novo Vader, mas agora… agora vejo que eu estava enganado! Você é fraco.”

Mesmo de máscara, Kylo apertou os lábios numa linha severa. Seus olhos, perdidos num profundo sentimento de derrota e constrangimento.

Antes que pudesse pensar numa desculpa, Hux entrou na sala de supetão, interrompendo seu raciocínio – era evidente que o General não tinha nenhuma intenção de esconder seu desprezo pelo Cavaleiro – “Ren ainda não encontrou a garota, porque perde o controle de sua Força quando se aprofunda na mente dela.”

O velho Lord Sombrio virou os olhos na direção de Kylo, julgando-o em silêncio, enquanto aguardava uma resposta.

A voz de Kylo soou áspera através do modulador de seu capacete “Grande Supremo Líder, a garota de Jakku não significa nada pra mim.”

“Se ela não significa nada para você, por que ainda não a encontrou?” Snoke provocou.

“Eu estou aprimorando meu foco na meditação para ter mais controle sobre minha mente. Só assim eu poderei…”

“Você sabe que não é isso” Snoke contrapôs “Você não consegue porque a Garota tornou-se sua fraqueza!”

Kylo mordeu o interior da boca. Era insultante admitir isso, mas seu Mestre estava certo. Aquela maldita Sucateira era sua fraqueza, e seria sua ruína se ele não alcançasse o domínio de si.

Snoke prosseguiu com impaciência “Se esta Garota continuar nas mãos da Resistência, ela poderá se tornar uma ameaça ainda maior que o velho Jedi. A Primeira Ordem cairá e você morrerá!”

O Cavaleiro tentou manter a postura antes de sair, “Sim, Líder Supremo. Terei a localização dela o mais breve possível!”

Snoke recostou-se no seu trono. Sua face abominável marcada pelas rugas de muitos anos, relaxou “Veremos… Não me decepcione mais uma vez!”

*

Kylo saiu do salão em passos largos. O som de suas botas no chão de metal faziam-no soar como um trem descontrolado. Mesmo dentro de sua máscara todos sabiam que ele estava enfurecido. Há muito que ele tentava recuperar a confiança de seu mestre, mas Hux, aquele General patético, tinha prazer em revelar sua fraqueza diante do Líder.

Ao encontrar o ruivo Kylo acelerou o passo. Em um segundo alcançou o homem, empurrando-o contra a parede e usando seu antebraço para imobilizar o corpo franzino, mantendo o General precariamente sob a ponta dos pés.

A voz de Kylo diminuiu perigosamente, puxando-o para mais perto “Que merda foi aquela?!”

Hux gaguejava e se debatia feito um polvo fora d'água, tentando livrar-se do sufocamento.

Kylo sabia que poderia usar a Força ali mesmo, para asfixiar o homem até torna-lo num cadáver espacial – isso, com certeza, aliviaria parte de sua raiva naquele momento – mas o Cavaleiro controlou-se, soltando Hux que cambaleou, procurando seu equilíbrio.

“Faço isso pela causa” o General ainda tentava recuperar seu fôlego, o rosto afogueado de assombro “Sua presença tem causado mais problemas do que soluções, Ren. A tripulação não se sente à vontade com suas explosões de raiva.”

Usando um claro tom de ameaça, Kylo respondeu “Para o seu bem, cale a sua boca ou terá motivos reais para ter medo de mim.”

Mais uma ameaça, tão típico de Kylo… Hux pensou com desgosto

“Estamos do mesmo lado, Ren, mesmo que não queira. A Primeira Ordem também deveria ser sua prioridade. E você sabe que Líder Snoke não toleraria mais uma falha sua.”

Já de costas, Kylo olhou-o sobre seu ombro uma última vez “Você não sabe o que está falando.” E antes que Hux continuasse com o falatório incessante, ele se afastou, seguindo rumo aos alojamentos oficiais.

*

O dormitório de Kylo Ren era monocromático e frio, com móveis escuros em preto polido, desenhados em ângulos agudos. Uma cama, mesa, cadeira e um pequeno armário, para seus poucos objetos pessoais.

O local cumpria sua única função.

Mas havia uma peça central onde repousava a máscara disforme de Darth Vader, como uma espécie de relíquia sagrada. Um símbolo da inegável linhagem na qual ele pertencia.

Quando a porta de seu quarto se fechou e ficou finalmente sozinho, Kylo ruiu. Sentia-se diminuído e exausto por todo o desenrolar das coisas. Abatido, sentou-se na cadeira diante da máscara de seu avô, como que pedindo uma orientação para aquele momento de provação.

“Perdoe-me avô. Mostre-me o caminho a seguir e assim poderei terminar o que você começou.” Kylo repetia isso como um mantra pessoal, uma súplica desesperada.

Tirou suas botas, jogando-as num canto qualquer. Livrou-se com impaciência das dezenas de camadas de sua roupa e seguiu para o banheiro.

Apoiando seus braços na bancada da pia, inclinou-se para frente na direção do espelho, os cabelos escuros caíam até seus ombros, em contraste com sua pele muito branca. Passou a ponta dos dedos sobre a cicatriz profunda em sua face. A pele ainda permanecia sensível ao toque. Suas marcas eram lembranças constantes de que a Catadora de Jakku havia o derrotado.

A humilhação.

Enfiou-se debaixo do chuveiro, o jato forte de água aliviando seus músculos tensos. Logo a pequena cabine estava envolta de um forte vapor. Encostou a cabeça na parede e deixou a água escorrer pelas suas costas, pescoço e cabelo. Os olhos fechados.

Seu tempo era limitado. Cada hora a mais sem um retorno satisfatório seria uma hora a mais de sofrimento e agonia diante de seu Mestre.

Kylo sabia que meditação sempre foi seu ponto fraco. Durante seu curto treinamento com Luke, ele lamentava sua falta de habilidade para sentar e se concentrar. “Apenas respire” o Mestre dizia, mas este simples gesto parecia quase impossível para o jovem aprendiz, que parecia ter mais energia em sua mente do que era capaz de suportar.

Assim sendo, como poderia obter a localização da Garota?

O Cavaleiro entendia que para cumprir o seu destino ele não poderia sucumbir. Matou Han Solo com o objetivo de deixar seu passado pra trás e livra-se da tentação da Luz, entretanto, uma pequena fagulha oscilante e teimosa ainda iluminava a escuridão que era sua alma.

E ele sabia o que esta Luz representava.


Notas Finais


Hux sendo Hux! Coitado do Kylo... Já não bastasse todo os seus problemas, e ainda tem que aguentar este chatonildo no pé. :-P


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