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História A Terceira Força - Xeque-mate.


Escrita por: hotside

Capítulo 20 - Xeque-mate.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Xeque-mate.

Após a ocorrência autodestrutiva, Kylo ainda teve que reunir energia para chegar diante do Supremo Líder, e explicar todo o motivo da sua decisão unilateral. De seu ataque de fúria, sua fuga e ausência.

Sua cabeça doía. O seu corpo, ainda se recuperando do poderoso sedativo, ardia em febre. Ele mal conseguia respirar diante da inevitável penitência que o aguardava. Uma parte de Kylo queria se ajoelhar e implorar pela clemência de Snoke, mesmo que tivesse que viver as trevas da humilhação pelo resto de seus dias. Porém, tudo que havia feito até ali o entregava como traidor.

Não querendo prolongar seu sofrimento, Kylo dirigiu-se ao trono de Snoke, em busca de seu perdão.

O tom de voz de seu Líder era baixo e ríspido, como se desconfiasse de algo insidioso na intenção de seu discípulo quando o procurou “O General contou-me tudo sobre seu episódio de fúria. Algo a declarar, Ren?”

Kylo conhecia a razão de seu descontrole, mas jamais admitiria isso, principalmente ao seu Mestre. Por isso, limitou a se afundar em desculpas.

“Supremo Líder, perdão por desapontá-lo. Provavelmente fui acometido por uma confusão mental causado pela Garota. Isso não voltará a acontecer.”

Do alto de sua plataforma, Snoke ainda não parecia satisfeito com sua justificativa. Ele conseguia sentir que seu aprendiz escondia algo.

“Mas então… por que traiu a Primeira Ordem?”

O Cavaleiro já tinha repassado esta história mentalmente. Várias e várias vezes. Cada detalhe era importante, e ele não poderia abrir margem para que Hux o incriminasse futuramente.

Kylo respirou fundo, afastando qualquer pensamento duvidoso, e logo, se pôs a explicar tudo. Sem pausas.

“Assim que obtive a localização da Garota, eu deixei a Finalizer em segredo. A razão desta estratégia foi para evitar um possível vazamento de informação. Assim que a raptei em Ahch-to, minha nave foi abatida pela Resistência e tive que fazer um pouso forçado no planeta mais próximo. Em Eladard fiquei incomunicável devido ao mínimo desenvolvimento do local. Tive que enfrentar uma legião de reptilianos para conseguir levar a prisioneira até Cerinia. De lá eu obteria uma nova shuttle, para então seguirmos rumo à Finalizer; entretanto, Hux e seu exército chegaram antes de concluir meus planos, me acusando de traição. Anseio que, com este depoimento, a Ordem não duvide de minha lealdade.”

O velho Lord das Sombras escutou tudo pacientemente. Enquanto esfregava os dedos magros, pensativo. Sem emitir um único som.

Para surpresa de Kylo, Snoke foi extremamente condescendente com seu erro. Dando sua almejada clemência sem ao menos sujeitá-lo à sua típica punição. Tudo isso, graças ao sucesso de ter, enfim, a Garota em seu domínio.

Snoke concluiu que, sua atitude extremamente inconsequente e impulsiva, só poderia ser algo que a Jedi fez com ele durante suas buscas. Enraizando-se e manipulando sua mente, para afastá-lo de seu verdadeiro caminho junto à Primeira Ordem.

O velho Líder invocou seu lado escuro, deixando que aquela sombra familiar envolvesse Kylo em uma densa penumbra. Banhando-o em seu poder mais uma vez, na intenção de que levasse consigo qualquer possível influência deixada por Rey.

Consciente de que acabara de ser poupado de um destino incerto, Kylo só restou agradecer pela infinita misericórdia de seu Mestre.


*

Era a primeira vez que Kylo retornava ao seu dormitório em semanas, desde que saiu da Finalizer. Tudo estava exatamente como ele tinha deixado, mas aquilo não parecia o confortar de nenhuma maneira.

Quando a porta se fechou atrás dele, Kylo foi arrastado por uma triste onda de solidão. Esta foi a primeira vez que ele realmente se sentia sozinho. A falta que ele sentia de Rey era excruciante, como se tivessem arrancado seu coração para fora do peito.

Para cada parte dele que se deleitava com seu sucesso, havia uma parte que se preocupava com o paradeiro de Rey, mas Kylo tinha medo de alcançá-la no vínculo. Tinha receio até de pensar nela e perder seu controle novamente. Por isso silenciou sua presença para que a Jedi não o encontrasse. Não queria ser alvo de mais desconfianças por meio da Primeira Ordem. Ainda mais agora que tinha apaziguado os ânimos de seu Mestre.

Se ele quisesse salvar Rey, ele tinha que ganhar a confiança de todos, e não era tornando-se uma bomba relógio que ele conseguiria isso.

Um novo traje o esperava sobre a cama. Era tudo que ele precisava neste momento para se desligar dos últimos dias. Uma vez envolto em seu uniforme completo, era fácil pensar que tinha o controle de tudo.

Sentia-se o temido e respeitável Cavaleiro de Ren novamente.

Com seu novo capacete em mãos, Kylo ficou surpreso ao soltar um suspiro de alívio. Já estava sem seu escudo social a mais tempo do que gostaria de admitir.

Mal tinha terminado de deslizar sua máscara sobre a cabeça, quando a campainha soou, indicando que alguém havia solicitando a entrada do seu quarto. Foi até a porta, destravando-a com um movimento simples das mãos.

Do outro lado o General o aguardava com mais dois Stormtroopers. Kylo sentiu o cheiro do couro engraxado e daquele maldito gel que emplastava o cabelo do ruivo. O que aquele maldito estava fazendo ali?

Hux fez um sinal para que os soldados esperassem do lado de fora, e então invadiu o espaço privado de Kylo sem a menor parcimônia.

“Estou surpreso de que o Supremo Líder tenha perdoado sua traição, Ren.”

Kylo já conhecia aquele joguinho ardiloso, ele não ia cair nessa “Tudo já foi esclarecido ao Supremo Líder, General.”

Hux concordou, soltando um longo suspiro, enquanto dava mais um passo, desta vez, apoiando-se na mesa “Mas faço questão de escutar a sua versão.”

“Só existe uma versão e ela já consta nos relatórios oficiais. Tenente Mitaka está à sua disposição para esclarecer qualquer dúvida.”

“Hmm, certo. Fico satisfeito em saber que meus homens estejam trabalhando bem!” o General puxou uma cadeira, cruzando as pernas despreocupadamente ao se sentar, enquanto acessava o relatório em seu pad.

Kylo expirou, irritado, mas manteve a calma. Ele tinha que ganhar a confiança de todos, até do desprezível ruivo.

O General exibiu um sorrisinho jocoso, enquanto lia o comovente relato de lealdade e heroísmo do Cavaleiro. Assim que terminou a leitura, colocou o pad sobre a mesa, afastando-o com a ponta dos dedos. Seus olhos voltaram-se para Kylo, que continuava na mesma posição.

“Há algo mais acontecendo com você desde que voltou para o Finalizer, Ren” Hux estreitou seus olhos “O que exatamente houve durante sua missão?”

Kylo não gostava do rumo que a conversa estava tomando. Dirigiu-se até a porta, num claro sinal de que o tempo do General já tinha chegado ao fim “Não tenho mais nada a dizer, agora, saia daqui.”

Hux continuou firme onde estava. Ele tinha um propósito ali, mas estava se divertindo com a nítida agonia do Cavaleiro que, mesmo debaixo de sua máscara, demonstrava toda sua inquietação. Contudo, o General tinha pressa, então, sem mais delongas, ele mencionou uma pequena parte da história que Kylo convenientemente omitiu na documentação oficial.

“Ren, não pude deixar de observar durante a leitura que, um trecho do seu relato não foi satisfatoriamente registrado. Acredito que tenha sido um erro de Mitaka… por esta razão, eu gostaria de fazer um adendo. Se não for incômodo.”

Kylo virou-se para Hux, que nem piscou.

“Devo acrescentar a sua noite com a Garota, ou seria um pouco indelicado de minha parte?”

Kylo emudeceu com o que tinha acabado de ouvir “O quê?” foi a única coisa que ele conseguiu balbuciar.

Hux achou que não tinha necessidade, mas assim mesmo se achou no direito de explicar como conseguiu as informações. Possivelmente, pelo orgulho de ter colocado o protegido de Snoke em xeque-mate.

“Não duvide do prestígio que a Primeira Ordem possui meu caro. As notícias voam. Assim que eu soube que o casalzinho destruiu uma cidade em Eladard, eu tratei de colocar um oficial da inteligência ao encalço de vocês. Não foi difícil de encontrá-los, uma vez que o único cargueiro do planeta seguia rumo à Cerinia, e, convenhamos Ren, sua presença não passa despercebida, então…”

Antes que o Cavaleiro pudesse questionar a acusação, o General despejou diversas holofotos sobre a mesa, com evidências do seu envolvimento com a Garota.

Prontamente, Kylo inclinou-se sobre as holos, acionando cada um deles com suas mãos trêmulas.

Uma gota de suor escorreu pela têmpora ao se reconhecer pelas ruas da cidade, na entrada do restaurante, à mesa, na recepção do hotel. E, pra fechar com chave-de-ouro, uma sequência de imagens granuladas, provavelmente feitas com uma lente de longo alcance, com a indefectível prova do ato carnal.

O tom de Hux era baixo e ameaçador agora “Suponho que não gostaria que o Mestre Supremo soubesse que seu precioso pupilo traiu a Primeira Ordem. Aliando-se a uma Jedi através de sentimentos tolos. Cometendo o mesmo erro estúpido do seu querido avô, não é mesmo?”

O Cavaleiro tirou o sabre do seu cinto, num impulso, golpeando a mesa tantas vezes quanto fosse necessário. Estraçalhando todo o material com um golpe após o outro, até que na frente dele, só restassem fragmentos daquelas malditas provas.

A raiva de Ren era aterrorizante de se ver, mas o General só gargalhou “Ren, você é tão previsível! Estas eram as cópias! As holos originais estão muito bem guardadas.”

Kylo rosnou, avançando até Hux, que continuou indiferente, sem mover um músculo.

“Aqueles Troopers do lado de fora estão de sobreaviso. Mais uma atitude agressiva e descontrolada e será entregue. A Primeira Ordem não o colocará na prisão. Ninguém com seu poder se torna um prisioneiro, Ren. Eles iriam executá-lo.”

Os punhos de Kylo esmagavam a luva de couro em suas mãos e ele se afastou. Seu peito ofegando enquanto a raiva fluía dentro dele como uma estrela queimando. Esta chantagem tinha um propósito “O que você quer?”

Hux girava um meio fragmento de holofoto entre seus dedos, serenamente “Primeiro, mantenha distância da vadia sucateira. Em nenhuma circunstancia vocês dois devem se aproximar. Se assim o fizer, vou garantir que Snoke esteja ciente de sua traição.”

Kylo o ouviu com atenção. Hux continuou em suas exigências.

“Segundo, convença o Líder Supremo de que precisamos começar uma Guerra. Uma gloriosa Guerra aos planetas do núcleo o quanto antes.”

“As decisões do Supremo Líder não dependem de mim, Hux. Você sabe.”

“Não me interessa!” o General estava decidido “Caso você não cumpra com sua parte do acordo, eu irei entregá-lo ao Supremo Líder. Não sem antes acabar com a raça daquela sucateira. E acredite Kylo, tenho subordinados leais o suficiente aqui dentro para fazer isso parecer um acidente.”

A respiração de Kylo era profunda. Seu coração batia dentro da cabeça. A verdade era que, ele não estava acostumado a lidar com as consequências de suas ações.

Hux deu o ultimato “Tudo tem seu preço, e o preço do silêncio é este. É pegar ou largar.”

O Cavaleiro não tinha outra escolha senão aceitar a proposta de Hux. Ele sabia que era um acordo fadado ao fracasso, mas ele tinha que entrar neste jogo perigoso até encontrar uma forma de tirar Rey dali.

“Farei o possível, General.”

Hux deu um suspiro de satisfação ao se virar para ir embora.

“Foi bom fazer negócios com você, Ren.”

*

Rey perdeu a noção de quanto tempo havia se passado desde que ela chegou naquele detestável lugar. Sem nenhuma fonte de luz natural, mal sabia que horas eram. Era enlouquecedor.

Afinal, o que a Primeira Ordem queria com ela?

Se quisessem matá-la já teriam feito isso. Refém? Ela não reconhecia a importância que tinha para a Resistência, já que não participava ativamente das estratégias deles. Ela nem mesmo pertencia a qualquer família distinta e prestigiada.

Ela era uma ninguém.

Rey também não podia deixar de pensar em Kylo Ren. Por várias vezes ela procurou alcançá-lo através da conexão, mas não obteve qualquer retorno. Nenhuma outra presença além da sua. Do outro lado do elo, só o vazio. Um amargo, desconfortável e triste vazio.

O estômago de Rey revirou com a ideia de que ele pudesse estar morto.

Um dia, sem que esperasse, as quatro travas de segurança estalaram, num sonoro arrastar de metais. Ela quase se permitiu sentir alguma alegria quando a porta se abriu, mas um gosto amargo subiu pela boca assim que ela reconheceu o improvável visitante.

O ruivo à frente dela era o mesmo que ela viu torturando Kylo em Cerinia.

Rey sentiu todos os músculos tensos com a presença daquele estranho tão próximo. Ela encolheu os ombros e ergueu o queixo, esforçando-se para comunicar sua bravura com o olhar mais duro que ela podia reunir.

Hux olhou para Rey por um longo momento, e ela percebeu que aquele homem era o oposto de Kylo. Se Kylo era fogo e impulsividade, Hux era gelo e controle.

“Não se aproxime!” Rey parecia meio histérica. Desesperada para proteger o resto de sua sanidade.

Hux fez um gesto com as mãos, pedindo calma “Não se preocupe, eu não te farei mal.”

“Eu sei o que você fez com Kylo! Não confio em você!” ela quase não reconheceu sua própria voz. Ela estava tão assustada. Era uma confusa mistura de raiva e medo. Parecia que estava ficando louca.

“Sim, eu o torturei em Cerinia, e não nego!” o rosto de Hux estampava uma expressão de orgulho, “Mas ele mereceu isso por tudo que fez a você.”

Rey balançou a cabeça. Por tudo que Kylo fez com ela? Por um instante pensou que o homem se referia ao ataque na sala, contudo a tortura aconteceu antes disso…

“Do que… do que você está falando?” Rey estava confusa.

O General aproximou-se de Rey, como se ela fosse um bichinho ferido precisando de cuidados.

“Oh, pobrezinha, ele a iludiu não foi? Muito bem. Você tem o direito de saber! O que aquela aberração fez com você naquele hotel foi uma coisa suja e perversa. Infelizmente chegamos tarde para evitar que acontecesse.”

Ela não acreditava no que estava escutando. Como ele sabia que…

Hux parecia adivinhar o que se passava na cabeça de Rey, pois logo se antecipou “Soubemos do ato carnal através do próprio Ren, que assumiu a tentativa de assassinato contra a, desculpe o termo, vadiazinha de Jakku. Sua única testemunha da quebra do código de privação dos Cavaleiros de Ren.”

Rey sentiu como se seus pulmões estivessem tentando espremer seu coração para fora de sua garganta. Ela não conseguia respirar. O medo golpeou seu intestino, torcendo-a no interior. Um buraco parecia ter surgido bem debaixo de seus pés, puxando-a para dentro da escuridão.

Hux manteve os olhos azuis gelados diretamente nela “Ren é traiçoeiro e violento, conheço-o bem. Eu poderia contar histórias horríveis sobre o quão desumano ele é, mas a pouparei. Ele não é um homem para brincadeira que se permite emoções tolas.”

O general disse isso pausadamente, para ter certeza de que ela estava absorvendo cada informação.

Hux parou diante de Rey parecendo forçosamente afável “Você sabe que Ren tem essa Força misteriosa, e ele não hesitaria em usá-la para controlar sua mente até conseguir o que ele quer. Meu conselho é manter-se longe dele.”

Rey não conseguiu segurar o desgosto que subiu pela sua garganta, como fogo. Ela colocou o rosto entre as mãos, caindo num lamento triste e doloroso. Tanta coisa, para acabar assim.

Hux aproximou-se polidamente “Não se preocupe, você está nas mãos capazes da Primeira Ordem agora. Nós cuidaremos de você.”

O General deixou a sala, sorrindo em triunfo.


Notas Finais


Ufa, que capitulão! Juro que pensei em dividi-lo em duas partes, mas como tudo girava em torno de Hux chantageando Kylo e Rey, eu resolvi deixar no mesmo lugar. Assim a gente odeia Hux tudo de uma vez né? Grrr.


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