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História A Terceira Força - Rata do Deserto.


Escrita por: hotside

Capítulo 24 - Rata do Deserto.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Rata do Deserto.

Rey não esperou a campainha tocar uma segunda vez quando correu para o banheiro.

E ela foi bem rápida. Vestir sua calça entre uma passada e outra não foi nenhum desafio, o complicado foi usar um pente como chave de fenda. Rey entrou com facilidade pelo duto de ventilação, que ficava logo acima do espelho da pia, no banheiro.

Agora ela se arrastava pelas entranhas da Finalizer, feito uma rata do deserto. Seja lá o que aconteceu assim que a porta se abriu, ela esperava que Kylo tivesse dado um jeito.

Mas não havia tempo para se preocupar com isso.

Ocasionalmente, Rey escutava vozes distantes que chegavam até ela através da reverberação. A princípio, ela só queria despistá-los, esgueirando-se sem rumo pelos dutos, entretanto, não parecia ser a coisa mais inteligente – e confortável – do mundo ficar zanzando por lá, sem nenhum plano concreto. Não demorou muito até que ela se desse conta do que tinha que fazer ali.

Ela tinha que avisar a Resistência!

Esta poderia ser a única chance dela, Rey pensou. Mesmo com o risco de estar longe demais para conseguir um contato. Ela tinha que tentar!

Rey já sabia que aquele Cruzador Espacial era muito parecido com as carcaças do Império que ela conhecia com a palma da mão. Embora visivelmente maior e mais moderno, ao considerar o acabamento e tecnologia. Ela tentou puxar de sua memória a planta interna de um deles, que tanto esmiuçou a procura de peças.

Naquele andar só havia os alojamentos dos oficiais, seguido do alojamento de toda tripulação. Abaixo de tudo, o hangar e o reator da nave. Era tentador seguir até o hangar, mas era óbvio que a marcação seria cerrada por lá.

Poucos metros acima de onde estava, havia a ponte de comando. Era arriscado, mas era pra lá que ela tinha que ir se buscasse uma forma de comunicação decente.

Já fazia um tempo que Rey percorria as vias internas da nave. Seus joelhos e palmas das mãos sabiam disso, estavam vermelhos e doloridos. Não era fácil atravessar toda aquela distância engatinhando, mas pelos seus cálculos faltava pouco para chegar.

Rey nem queria pensar no alvoroço que causou com seu sumiço.

Nestas alturas do campeonato, Snoke deve ter mandado meio mundo revirar a Finalizer atrás dela, mas as coisas poderiam funcionar a seu favor também. Com tanta gente mobilizada a seu encalço, a sala de comando devia estar vazia e…

“Droga.”

A sala estava apinhada de oficiais e soldados absortos em suas telas holográficas que fluíam com diagramas e números que cintilavam no escuro. A chance de ninguém perceber uma mulher saindo pelo forro era zero. Ela tinha que tentar outro lugar.

Seguindo adiante, Rey deparou-se com o escritório de um dos comandantes. Logo identificou que a escrivaninha à frente dela era de Hux, pelo aspecto do casaco pendurado sobre a cadeira.

“Melhor não” Rey ponderou.

Ela continuou seguindo através da tubulação até chegar numa sala que ela reconheceu como de Kylo Ren, a julgar pela parede golpeada, com os rastros raivosos de seu sabre.

Rey destravou a grade, e logo estava com a ponta dos pés sobre a mesa, tomando cuidado de desviar de cada objeto. Rey saltou sobre o assoalho, olhando ao redor, o comunicador sem fio repousava sobre um suporte.

Conseguir um sinal decente parecia quase impossível naquela região da Galáxia, mas se alguém tinha a melhor cobertura de comunicação, este alguém era a Primeira Ordem.

Enquanto Rey procurava a frequência da Resistência, ela caiu em si que seria arriscado demais entrar pelo canal aberto, podendo ser captada por algum informante perspicaz. Antes que se irritasse com seu plano quase fracassado, Rey lembrou-se dos canais confidenciais, assim ela poderia falar diretamente com a General Organa.

Com a tela de comunicação aberta, Rey invadiu o sistema deles chegando até uma linha segura, numa frequência sigilosa. O metal frio parecia querer escorregar de suas mãos suadas assim que ela conseguiu o sinal. Do outro lado, a voz de Leia soou clara e altiva.

“General Organa.”

“General, aqui é Rey! Está me escutando??”

Um silêncio pairou, fazendo Rey pensar que a comunicação tivesse sido perdida. Quando Leia retornou, sua voz era um misto de comoção e assombro, bombardeando Rey com uma sequência de perguntas.

“Rey?! O que aconteceu? Você está bem? Onde você está?!”

Eram muitas perguntas que Rey tentaria responder, mas não sem antes ir direto ao ponto “Estou a bordo do Cruzador da Primeira Ordem. Sou a prisioneira deles. Preciso de ajuda!”

A General confirmou “Entendido! Vou reunir a Resistência e ver como conseguiremos furar o cerco e planejar este resgate” Leia parecia conversar com mais alguém ao seu lado, “Você pode continuar na linha até confirmarmos suas coordenadas?”

Sem tirar os olhos da porta do outro lado, Rey respondeu “Sim.”

Logo a General prosseguiu “Rey, sua nave foi encontrada à deriva no espaço pela frota de Poe. Estava tudo completamente destruído, como sobreviveu?”

Um suspiro de alívio passou por Rey ao ouvir isso. Significa que não foi a Resistência que os atacaram naquela ocasião.

Ela não foi abandonada por eles.

Rey fez uma pausa, recapitulando mentalmente tudo que aconteceu desde então. Explicar como ela havia sucumbido ao charme do seu filho desalmado era quase impossível. De qualquer forma, ela não precisava entrar em maiores detalhes.

“Minha nave foi interceptada por Kylo Ren, e então me tornei prisioneira da Primeira Ordem.” Hmm, ok. Talvez ela tenha resumido demais.

“Sim, Luke confirmou que Kylo estava à sua caça.”

“Luke?! O Mestre Luke?” Rey ficou agradavelmente surpresa “Ele está vivo?!”

“Sim, está tudo bem com ele. Parece que Kylo apenas o ignorou assim que você partiu de Ahch-to. Presumivelmente o alvo era mesmo você.”

Leia prosseguiu desta vez mais receosa “Luke mencionou algo sobre um vínculo entre vocês. Isso procede?”

“S-sim” Rey confirmou. Não tinha como ela omitir esta informação.

Rey abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas ela não sabia como dizer. De que forma ela explicaria que Kylo tinha mudado?

“Kylo Ren ainda é uma boa pessoa!” Rey enfim declarou, querendo se justificar por seja lá o quê, “Eu sei que é loucura, mas ele me salvou.”­­­­­

Leia não parecia convencida. Ela sabia que seu filho poderia tê-la influenciado de alguma forma, inclusive contra a República. Era quase possível escutar o próprio Almirante Ackbar advertindo “É uma cilada!” então, todo cuidado era pouco.

“Rey, você tem que entender que, talvez, Kylo tenha a salvado por ser de interesse da Primeira Ordem mantê-la viva, e não porque ele seja realmente bom.”

Rey sabia que era muito mais que isso. Ele havia mostrado sua Luz dentro dele. Ainda existia bondade nele. Ela viu!

Do outro lado da linha uma segunda voz chamou a General, quando ela confirmou “Rey, conseguimos a sua localização!”

Antes que Rey pudesse perguntar sobre maiores detalhes, Leia finalizou “Se você e Kylo realmente mantêm este elo da Força, então é possível que você possa comprometer nossos planos sem intenção. Por isso, não te passarei nenhuma informação sobre o seu resgate. Sinto muito, mas é uma precaução necessária ok?”

Não restava nada a não ser concordar com a General.

Rey preparava-se para sair da sala assim que a comunicação se encerrou, quando sentiu uma energia familiar vibrando de algum lugar próximo.

Seu sabre!

A Jedi fechou os olhos, visando concentrar sua Força. Quando percebeu que a energia vinha de outro cômodo, apenas alguns metros dali. Não foi difícil entrar no duto novamente e se arrastar até lá.

Quando Rey esgueirou-se pela saída e pulou no chão imaculadamente limpo, ela percebeu, com certo choque, que aquela sala era diferente das restantes. Na realidade era bem diferente.

Ao contrário do padrão escuro da Primeira Ordem, o lugar era completamente branco e cheio de luz. E se não fosse por alguns artefatos expostos em pedestais, ela poderia jurar que era uma sala de hospital.

Ela andou devagar, com cuidado, ainda atraída pelo sabre. Uma fileira de armários alinhava-se junto à parede. Ela passou a mão pelas portas blindadas até reconhecer a energia em uma delas. Tentou puxar a gaveta com cuidado, mas estava trancada por três placas de combinação. Rey tentou destravá-las usando a Força, da mesma forma que Kylo fazia tão facilmente, mas não teve sucesso.

Tentou então abrir o cofre usando a Força de outra maneira. A Jedi pousou a mão sobre o painel, até conseguir absorver o código de segurança. Bastaram alguns toques e a trava fez um click. Rey sorriu ao alcançar a forma cilíndrica metálica. Ela estava em poder do seu Sabre de Luz novamente!

O objeto poderoso parecia vivo, pulsando luz e energia contra a palma de sua mão. Ela sentiu a vibração em seu braço, seu ombro, seu pescoço. A confiança emanou dela, seu coração batendo tão forte que era como se ela pudesse vencer a guerra sozinha.

Algo mais bateu contra o fundo da gaveta quando ela retirou o sabre. Rey esticou a mão, encontrando um objeto tetragonal, e logo uma expressão de assombro caiu em seu rosto, quando reconheceu o que estava na frente dela: Um Holocron Sith!

Seu Mestre já havia contado sobre estes dispositivos capazes de armazenar quantidades maciças de informações, que iam desde esquemas de naves espaciais, rotas clandestinas, acontecimentos históricos, à projetos confidenciais.

Rey escondeu o Holocron sob o uniforme. Poderia conter algo útil para a Resistência!

Era hora de sair dali!

*

Rey já se encontrava longe da misteriosa sala branca da Primeira Ordem.

Ela nem acreditava que tinha conseguido entrar em contato com a Resistência depois de tudo, mas a falta de perspectiva de quando eles viriam a seu resgate, deixava-a apreensiva. Em quanto tempo chegariam? Um dia, uma semana? Quanto tempo mais ela conseguiria continuar viva neste pesadelo?

A Jedi encontrou uma bifurcação nos dutos de ventilação, entre a ala superior e inferior que a permitiu se levantar um pouco e esticar as pernas, fazendo o osso estalar num alívio momentâneo.

Aproveitando o breve descanso, ela afastou sua roupa e tirou com cuidado o Holocron que ela surrupiou.

Rey passou os dedos pelas pontas da pequena pirâmide. O objeto era diminuto, mas pesado, cabia satisfatoriamente em sua mão. Tinha as bordas douradas e alguns detalhes em relevo. Sentiu uma espécie de medo e fascínio por estar diante daquela relíquia Sith.

Havia também uma frase gravada. Não, não era uma frase, era um nome:

Darth Plagueis.

A memória de Rey correu para o dia que Luke explicou sobre a doutrina Sith.

Darth Plagueis foi um devoto místico do lado sombrio e um amante das coisas sobrenaturais e misteriosas. O Poderoso Sith tinha um plano ousado onde buscava a imortalidade. Manuscritos especulavam que Snoke era a prova viva de que seu plano estava se concretizando através dos séculos.

Para seu total espanto, o Holocron se ativou assim que ela o colocou na palma de sua mão, iluminando tudo ao seu redor com uma luz azulada. Assim que sua visão se acostumou, ela teve acesso ao misterioso conhecimento Sith.

Rey percorreu os olhos avidamente por todas as informações. Muitos estudos datavam de épocas longínquas em línguas obscuras. Ela arriscava dizer que fora escrito por pessoas diferentes, se não fosse por um detalhe, todos os artigos eram assinados por Plagueis.

Inclusive anotações recentes.

“Que estranho. Este Darth Plagueis não for morto pelo Darth Sidious?” Rey comentou consigo mesma. Um costume meio estranho que ela trouxe dos seus tempos solitários em Jakku.

Até onde Rey pode ler – e compreender – havia algo sobre manipulação de Força. Qualquer referência à geração espontânea. Experimentos com midi-chlorians. Algo sobre estas formas sensíveis à Força que proliferavam de tal forma, que acabavam por enfraquecer e desfigurar o corpo de hospedeiro.

Ela franziu o cenho ao se deparar com um texto sobre um tipo de ritual relacionado à transferência de consciência. Um ou outro comentário sobre receptáculos compatíveis, vários cálculos e símbolos que ela desconhecia.

Rey esfregou os olhos, voltando algumas anotações para entender o contexto do que ela tinha acabado de ler. E o que ela encontrou não era bom.

Ela tinha que avisar Kylo.


Notas Finais


Ufa, até que esta escapadinha pela tubulação rendeu algumas coisas boas - e outras não tão boas assim - né?. Rey conseguiu falar com a sogra, ops, General Organa, consegui recuperar o seu sabre de luz, e o bônus: Um Holocron Sith! O que será que Rey leu nele que a deixou tão preocupada? :-O


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