História A Terceira Força - Corrompidos.

Assim que o Cavaleiro e a Jedi despontaram na saída do elevador, Capitã Phasma fez um movimento com as mãos, para que os soldados avançassem.

Um Trooper destemido tomou a frente, apenas para ter seu grito interrompido por um golpe rápido de Kylo. O restante se manteve numa distância segura, abrindo fogo sobre eles. O Cavaleiro teve que manter seu sabre de luz em constante movimento para rebater cada disparo que vinha cortando o ar. Alguns tiros simplesmente dissipavam em contato com o sabre, outros ricocheteavam pelo corredor afora.

Não era tão difícil, mas exigia toda sua concentração.

Um passo após o outro, Kylo aproximou-se o suficiente para que atingisse quatro soldados com um longo movimento de sua espada de fogo, partindo-os ao meio. Um Trooper tentou surpreendê-lo pelas costas, sendo silenciado pelo sabre de Rey que varou sua blindagem peitoral.

Rey seguia imbatível. Ela era, de longe, mais rápida que qualquer um ali. E não tinha nenhuma dificuldade em desviar os tiros. Isso facilitou consideravelmente para que ela atravessasse a tropa de armaduras brancas. Um dos soldados, já caído no chão, ainda tentou disparar contra ela, mas foi impedido com um golpe certeiro em seu braço.

Vendo o estrago que ambos estavam fazendo, alguns Stormtroopers recuaram na defensiva, enquanto outros permaneciam firmes, irradiando raiva.

Phasma assistia impassível enquanto seu exército era aniquilado, mas logo ordenou que outra linha de soldados avançasse. Eram os Flametroopers, que chamuscaram os lança-chamas por todo ambiente, impedindo a entrada pelo longo corredor que daria acesso ao hangar.

Kylo puxou um dos soldados com a Força, usando-o como escudo vivo. Virou-o para as tropas, com os dedos travados no gatilho. Fazendo com que o próprio soldado incendiasse seus companheiros.

Gritos ecoaram pelo salão, enquanto as chamas consumiam os soldados em vida. O restante da tropa debandou pelos fundos, mas Phasma avançou. Sua armadura prateada refletia tudo ao redor, como uma disco-ball.

Estando mais próxima deles, Rey reconheceu a pistola que a Capitã empunhava. Era a mesma que ela viu sendo disparada contra Kylo na sala de contenção durante o seu descontrole sombrio. Ela viu o estrago que aquele rifle vermelho fez nele. Toda sua dor e confusão. Se o atingisse, Kylo estaria fora de combate.

Assim que Phasma apontou a pistola na direção de Kylo, Rey usou a Força para tirar a arma das mãos da mulher, fazendo o objeto voar rumo ao fogo.

Kylo aproveitou o momento para impelir seu poder contra a Capitã, fazendo com que a armadura peitoral dela se afundasse, curvando-se como uma lata amassada. Um som estrangulado soou pelo capacete, num claro sinal de que seu pulmão tinha se comprometido com o esmagamento. Foi questão de segundos até Phasma ir ao chão.

O ar se tornou quente assim que o fogo tomou conta da sala, e rapidamente o corredor que os levaria até o hangar estava tomado pelas chamas. O cheiro de carne queimada e plastoid derretido estavam em todos os lugares, enchendo seus pulmões e fazendo-os sufocar.

Rey olhou para Kylo, ainda meio ofegante pela luta “Parabéns Darth gênio, agora você interditou nosso atalho.”

“Não subestime os Stormtroopers” Kylo disse “Em quantidade eles podem ser perigosos como uma manada de gualaars. Além do mais, nossos sabres não iam repelir o lança-chamas.”

Rey deu de ombros “Vamos pelo outro corredor então!”

Eles sabiam que cada momento que desperdiçassem ali seria aproveitado pelo General para reforçar as defesas. Eles tinham que ser rápidos.

O outro caminho além de ser mais longo, era mais perigoso também. Era a rota mais óbvia para o hangar e provavelmente a mais protegida.

Eles desembocaram no corredor paralelo, seguindo por outras áreas e corredores. Nenhum Trooper no caminho. O que era ótimo. Chegaram até uma pré-sala do hangar, utilizada para embarque de oficiais. O lugar continuava inexplicavelmente vazio, até que outro esquadrão de Stormtroopers surgiu na porta de saída.

Desta vez Hux estava à frente.

“Ren!” o General bradou. O esquadrão continuava em posição, só esperando um sinal para atacá-los.

Kylo se arrependeu amargamente de não ter dado cabo na vida daquele homem insolente na ponte de comando, minutos atrás.

Hux continuou seu discurso coercivo “Você traiu a Primeira Ordem! Você está preso por conspiração, ao se aliar à fugitiva e mantê-la escondida durante as buscas! Entregue-se e todos ficarão bem!”

O Cavaleiro continuou onde estava, seu sabre zunindo.

“Não vai tentar justificar suas ações, Ren? Diga-me!” O General se aproximava. Uma atitude corajosa, porém, estúpida.

Kylo sabia que matar o Hux agora, seria a coisa mais simples de toda a Galáxia. Num movimento só, ele poderia acabar de vez com aquele ruivo dos infernos. Ele é muito mais rápido que o general, mas certamente não mais rápido que as centenas de tiros, que o aniquilariam logo na sequência.

Com uma tropa na retaguarda, não parecia ser a opção mais prudente.

Hux parou diante de Rey, fazendo Kylo apertar o sabre em suas mãos.

“Talvez a vadia de Jakku possa responder por você.”

A Jedi ergueu seu queixo, ignorando a ofensa.

Hux aproximou ainda mais dela, sem tirar os olhos de Kylo, “Quais são seus segredos, Garota? O que a torna tão… especial?”, a mão do General afagou o rosto de Rey, que continuou resoluta. Seus dedos deslizando para seu maxilar e lábios.

Kylo estreitou seus olhos de raiva.

“Hmm… Talvez o seu segredo não esteja aqui” Hux escorregou as mãos do rosto de Rey, até o ápice entre suas coxas “Mas aqui. Não é mesmo, Ren?”

Aquela atitude repugnante bastou para Kylo explodir sua já substancial fúria contra o General. Como um raio, ele se lançou sobre os dois, puxando Rey para trás “Não… toque… nela!” ele rosnou, atingindo Hux com um longo e único golpe, até ver seu sabre fumegante desaparecer entre suas costelas.

“E-espere” o General gaguejou, numa careta de dor. Sua boca vertendo sangue vivo “Vamos resolver isso, Ren. Podemos negociar. Podemos…”

Os olhos claros de Hux se abriram, estáticos, enquanto sua pupila dilatava, até se tornar um grande círculo negro.

Com a respiração pesada entre os dentes, Kylo manteve o contato visual até que a vida patética em suas mãos se dissipasse diante dele.

Do outro lado do salão, os Stormtroopers apertaram seus gatilhos, fazendo com que uma rajada de tiros de blaster voasse na direção deles.

Kylo virou-se para Rey, abraçando-a. Usando seu próprio corpo como escudo. Ele morreria por ela.

Mas então tudo parou. Pelo menos vinte Troopers e centenas de tiros foram neutralizados no ar.

O Líder Supremo tinha os alcançado.

O ambiente caiu numa densa escuridão com a presença inclemente do velho Lord Sombrio.

A frente deles, Snoke os encarava em toda sua magnitude. Nas suas costas, uma tropa de Stormtroopers paralisados, com seus lasers cintilando, estáticos no ar.

Estavam desgraçadamente cercados.

Eles poderiam tentar lutar, correr, esquivar, usar a Força até ultrapassar a barreira de soldados que bloqueavam a saída. De qualquer forma Snoke os impediria facilmente com um simples movimento das mãos.

Kylo refez os cálculos e apenas uma opção se apresentava. Uma solução difícil, mas ele não conseguia pensar em outra. Eles tinham que enfrentar Snoke.

“Kylo Ren…” a voz de Snoke era baixa e suave simulando uma falsa neutralidade enquanto caminhava até eles, “Você era poderoso na Força antes mesmo de nascer. Sua luz brilhante permitia sua sombra se sobressair, destacando-se entre todos.”

O velho Mestre continuou sua reflexão “Eu era o único que poderia fazê-lo ainda mais forte, forte o suficiente para um dia superar até mesmo Darth Vader. Mas assim como ele, você me decepcionou quando traiu a Primeira Ordem, redimindo sua natureza Sombria por este sentimentalismo mundano.”

“É lamentável” o rosto de Snoke se contorceu em aversão.

Snoke virou-se para Rey, olhando-a profundamente com suas íris azul cobalto. Por um momento ela apenas o encarou de volta, sem medo.

Ele parecia nostálgico, agora, “Garota, eu me lembro da Força bruta que eu senti em você. Havia tanto potencial… mas infelizmente você não é uma Skywalker. Esta linhagem desempenha um papel único para a Galáxia. Kylo têm uma ligação direta com a Força, que ninguém mais poderia alcançar.”

O velho Lord Sombrio parou diante dos dois, absorto em algum pensamento “Vocês dois são tão jovens e tem tanto poder… Porém, são igualmente corrompidos pelos seus próprios conflitos.”

“Minha intenção ao chegar aqui era tentar reverter isso e levá-los comigo, mas agora… agora eu percebo que talvez não seja mais necessário” a voz rouca de Snoke soava cada vez mais fervorosa.

Rey e Kylo trocaram um rápido olhar. Um pensamento cruzou entre eles, um plano meia-boca e que provavelmente fracassaria, mas era melhor que não fazer nada. Eles sabiam qual seria o destino deles nas mãos daquele maldito ser. E se o destino fosse a morte, então que morressem lutando.

Rey ativou seu sabre, só a tempo de ver Kylo concentrando sua Força.

A Jedi se atirou na direção de Snoke, sendo paralisada no meio do seu golpe. Seu sabre de luz parou a poucos centímetros de seu rosto desfigurado.

Logo na sequência, Kylo surgiu com sua espada em punho, chamuscando ódio. Num movimento arqueado, o Cavaleiro atingiu Snoke com tanta rapidez, que demorou um tempo até perceber o que tinha realmente feito. O braço foi atravessando num longo corte, que se desfez em fibras, como as cordas de um alaúde que se esticaram demais até arrebentar.

Aquela visão do sangue escuro pingando pela túnica, deve ter sido a coisa mais humana que ele já tinha visto acontecer com seu Mestre. Embora ele nem mesmo parecesse sofrer com qualquer tipo de dor.

Snoke imediatamente virou-se para Kylo, repelindo-o com nada mais que um pensamento. O arremessou pelo ar, direto numa parede, deixando-o atordoado com o impacto. Apesar do baque, o Cavaleiro bloqueou parte da energia, evitando um estrago maior.

Ainda sob o domínio do Líder Supremo, Rey sentiu seus músculos se enrijecerem quando ele deu dois passos mais perto dela. Ela ainda tentou se desvencilhar quando sentiu a mão descorada de Snoke pairando sobre seu rosto.

“O que… o que você está fazendo?” Rey sabia que era uma pergunta idiota, mas foi o seu pânico que arrancou as palavras de sua boca.

O velho Lord das Sombras respondeu, enquanto se aprofundava na mente dela.

“Só a dor pode fortalecer.”