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História A Terceira Força - Uma luz na escuridão.


Escrita por: hotside

Capítulo 34 - Uma luz na escuridão.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Uma luz na escuridão.

Kylo e Luke seguiram pelo saguão, até o último acesso. O fato de não haver um nome que identificasse aquele lugar em específico, só deixava a certeza de que se tratava de uma sala distinta das demais.

Graças a frágil conexão que ainda chamava por Kylo, ele sentia que estavam no caminho certo em direção à Rey. Como se algo invisível o puxasse para perto, como uma leve correnteza.

Antes de passarem pelo pórtico, entreolharam-se em afirmativo. A passagem se abriu em um anfiteatro do tamanho de uma montanha escavada. Com ares de santuário, o teto em domo se erguia pelo menos cinquenta metros acima. Uma catedral.

Aquele zunido constante, que os acompanhou desde o momento que entraram no subsolo, era ainda mais forte ali. Pela localização, eles desconfiavam que estivessem exatamente embaixo da cordilheira. A energia era surpreendente.

Kylo seguiu, Luke foi logo atrás, mantendo uma cobertura. Os sabres seguiam desligados, para chamar a menor atenção possível.

Assim que chegaram ao meio do salão monumental, ambos pararam, examinando as possibilidades.

O olhar de Kylo foi atraído para frente, onde uma luz cintilava na escuridão. Um calafrio atingiu sua coluna, quando viu no alto de uma plataforma um tanque cilíndrico de bacta, que reluzia em branco intenso. Os olhos de Kylo demoraram se ajustar ao brilho, antes de perceber que havia alguém ali dentro. Um segundo se passou até que ele a reconhecesse. Flutuando em suspensão, ligada por tubos e acessos.

Rey.

Kylo ficou doente de preocupação ao vê-la. Ele correu até o cilindro e espalmou o vidro, esperando que Rey reagisse. Que desse qualquer sinal de vida.

“Rey! Rey! Estou aqui!”

“Pelas Estrelas, Ben, silêncio!” Luke repreendeu seu sobrinho pela atitude impensada, porém, já era tarde demais. Toda a agitação de Kylo acabou chamando a atenção da Guarda Vermelha de Snoke, que patrulhava os arredores. As botas blindadas ecoaram pelos corredores da fortaleza. Pelo barulho, eles conseguiram calcular cerca de oito homens se aproximando.

O Cavaleiro acionou seu sabre, pronto para enfrentar a horda que já apontava na entrada do salão. Naquele mesmo instante, seus olhos cruzaram com os de Luke, e o olhar do seu tio dizia para ele salvar Rey e sair dali.

Cada centímetro de Kylo queria partir pra briga. Seu corpo, seu sangue e seu ódio clamavam por isso, mas Rey precisava dele. Então, por um breve momento, tudo que Kylo fez foi olhar Luke em ação.

Não que Kylo nunca tenha visto seu tio lutar antes. Claro que tinha.

Mas ele sinceramente não esperava que, depois de passar dez minutos reclamando das escadarias, Luke conseguisse lutar tão bem! Havia uma fluidez e uma agilidade nos seus movimentos, que tornava o sabre verde num leve borrão mortal.

Luke travou o vibropunhal de um guardião com seu sabre, então com apenas um movimento de seu pulso ele jogou a arma para trás, acertando o homem que vinha pelas costas. O velho Jedi torceu o braço de um deles, que foi de joelhos ao chão, atravessando-o diretamente na altura do pescoço.

Era incrível e inesperadamente ameaçador.

Mas nada disso importava. Somente Rey importava.

Kylo procurou por qualquer painel, ou chave, ou interruptor, para desativar a incubação do tanque, mas o tempo corria. Então ele cravou seu sabre na base da estrutura, fazendo o duraglass se romper num estouro.

Finalmente Rey estava livre do fluido viscoso. Caída no chão, trêmula e encolhida – e para tortura pessoal de Kylo, nua  – as mãos dela sobre o tórax que ardia, como se suas costelas lutassem para se expandir, enquanto ela vomitava todo o líquido que tinha ingerido.

Mesmo com uma dor lancinante, Rey conseguiu abrir seus olhos na direção de Kylo, mas a confusão do momento não permitiu reconhecê-lo de imediato “Quem… Quem é você?” ela questionou, tentando focar naquele vulto parado diante dela.

“Alguém que se preocupa com você” Kylo respondeu, embalando-a em seus braços com sua capa. Procurando mantê-la protegida e aquecida, enquanto segurava o rosto dela próximo ao seu.

Somente após um torturante momento, Rey pareceu identificá-lo.

“Kylo…”

Seus olhos perplexos fixaram-se nos dele, descrentes. Seria uma alucinação? Rey tinha internalizado a ideia de que ninguém nunca voltaria por ela. Que ela não valia o preço do combustível de uma viagem de volta, mas parece que ela estava errada em relação a Kylo, pois ali estava ele.

Ele havia voltado por ela.

Então, sem pensar em mais nada, Rey o abraçou com força. Sem se importar com seu desconforto e confusão. Kylo soltou seu rosto, mas apenas para que pudesse retribuir o abraço, segurando-a perto do peito. Parecia que ele estava tentando protegê-la da galáxia.

Se ao menos pudesse…

Os sons do sabre de luz de Luke pareciam atingi-lo pelas costas em forma de culpa. Obrigando Kylo a olhar pra trás e perceber que, por algum descuido, seu tio estava mancando e cercado por quatro guardiões. Um rastro de sangue deixava a dolorosa dúvida se era seu tio ou algum sentinela que estava ferido.

O Cavaleiro desviou os olhos, querendo arrancar aquela preocupação do caminho.

“Vamos Rey. Precisamos sair daqui!”

Mas algo está errado. Rey percebeu isso. Ela puxou Kylo para mais perto, segurando a gola de sua túnica, e murmurou “O Mestre Luke… Por favor, salve-o.”

Agora a cabeça de Kylo era um cabo de guerra, para decidir se seguia a ordem de seu tio ou de Rey.

Luke foi bem direto quando disse para tirar Rey dali, porém, ele conseguiria os alcançar depois? Kylo não poderia deixar um homem ferido enfrentar Snoke! E se Luke morresse? Rey jamais o perdoaria por isso… Por outro lado, se o salvasse, era mais garantido que todos ficassem bem.

Isso. A decisão estava tomada.

Kylo colocou Rey gentilmente no chão “Fique aí! Já volto!” ela confirmou com um aceno, então ele se ergueu feito um guerreiro, e correu até o bando que massacrava seu tio.

Percebendo a aproximação de Kylo, um dos Guardas Vermelhos tentou atingi-lo com sua vibrolança, mas Kylo defendeu-se, com seu sabre no alto. Um segundo guarda chegou até ele, só para levar um soco da Força, que o jogou diretamente na parede.

“O que você está fazendo aqui?” Luke rezingou.

“Salvando sua vida, velhote.”

Kylo girou seu corpo, atingindo um guarda que vinha por trás, com um vibropunhal em cada mão. Mesmo ferido, o homem tentou acertá-lo, mas Kylo desviou com agilidade, fazendo o guarda golpear o ar em vão, para então ser atravessado de fora a fora pelo sabre.

Os últimos guardiões sumiram de vista, deixando-o com a desagradável sensação de que Snoke poderia estar por perto, ocultando sua Força, para que não percebessem sua presença.

Aquilo não era bom.

Assim que se aproximou, Kylo pode ver o estrago que eles fizeram. Um corte profundo na perna empapava o tecido da túnica de Luke com sangue vivo “Você consegue me segurar?” Kylo perguntou, enquanto jogava o braço do tio atrás do pescoço, procurando levantá-lo.

Luke resistiu à ajuda “Não, não! Rey! Você tem que salvá-la!”

Uma rápida olhada para Rey, confirmou que ela continuava segura. Então Kylo tentou tranquilizar seu tio “Ela está bem, mas você claramente não está! Vamos!”

Kylo carregou Luke, que quase não conseguia parar em pé. Chegaram a muito custo no grande hall de entrada “Vamos, falta pouco!”

“Estou perdendo muito sangue” Luke parecia fraco até mesmo pra falar, mas Kylo tentou não pensar muito nisso.

Apesar de seu tio não ser um homem alto, ele era forte, e mais pesado do que Kylo estimava. Principalmente depois que desmaiou, tornando o belo ato heroico numa cena desajeitada.

Os últimos passos foram insultantes. Quando conseguiu arrastar Luke o suficiente para chegar até a saída – que parecia três vezes mais longe depois de tudo isso – Kylo grunhiu, aborrecido com o esforço patético que teve que fazer.

Luke continuava totalmente inconsciente. Seu machucado não parecia nada bom também. Kylo pode ver que o ferimento, na verdade, era uma grave fratura exposta no fêmur. Ele ia morrer se continuasse daquele jeito.

O Cavaleiro olhou rapidamente para trás, buscando identificar Rey na escuridão do templo, antes de alcançar o comunicador de Luke.

“Kylo para controle da Resistência. Precisamos de uma equipe de resgate aqui embaixo, urgente.” Uma voz entrecortada, por algum tipo de interferência tentou responder “Estamos bzzz bzzz”, mas soou incompreensível.

Alguma coisa fez Kylo suspeitar de que o núcleo instável do planeta e aquele maldito zunido intermitente tinham alguma coisa a ver com isso.

“Precisamos de uma equipe de resgate, no subsolo!” Kylo repetiu, enquanto olhava pra trás, inquieto. Droga, já era para ele ter voltado para Rey!

O comunicador apitou novamente “Tempestade adizzzzz. Aguardando condição para pouzzz bzzz.”

Ah, que maravilha. O maldito aguaceiro estava prejudicando os pilotos feitos de açúcar da Resistência.

A vontade de Kylo, naquele momento, era de responder com toda a amabilidade com que estava acostumado a tratar seus subalternos da Primeira Ordem. “Seus inúteis, desçam aqui ou vou empalar cada um de vocês com meu sabre de luz!” – o medo sempre foi um bom motivador – mas Kylo, ajuizadamente, limitou-se a dizer “Entendido.”

Luke ficaria orgulhoso do seu controle emocional.

Só para desencargo de consciência, Kylo rapidamente tirou o cinto da túnica de Luke, e improvisou um torniquete para conter a hemorragia abundante de seu tio. “Isso deve servir.” Quando suas mãos apertaram o último nó da compressão, virou-se pra porta e alcançou o templo num pulo. Parecia que tinha se passado uma eternidade até ele conseguir voltar!

Para seu total alívio, Rey já estava em pé, parecia mais disposta que minutos atrás “Rey! Vamos! Precisamos sair daqui! Luke já está…”

Kylo continuava andando na direção dela, quando Snoke surgiu de algum ponto de trás da plataforma, fazendo-o interromper seu passo abruptamente. Seus olhos se abriram, num paroxismo de medo.

Ele quis gritar, avisar Rey da presença de Snoke, mas ela parecia consciente e até mesmo confortável com a presença do Líder Supremo. Que apoiou, confortavelmente, suas mãos compridas nos ombros estreitos dela.

Kylo estava longe demais para ver os olhos de Rey, mas sabia que, por baixo do capuz, ela estava olhando para ele. Sua energia se aproximava através do vínculo enfraquecido.

Ele piscou, totalmente confuso com a cena “Rey…” a voz dele era uma mistura de raiva e descrença “Não me diga que ele… que você foi…”

Snoke abaixou seu rosto para olhar Rey, da mesma forma que um pai orgulhoso faria.

“Por séculos eu estudei uma forma de me tornar imortal. Trabalhei combinando genes, fortalecendo células, criando aberrações, na esperança de que um desses corpos tivesse sucesso e se tornasse um receptáculo digno. Nada funcionou. Foram inúmeras tentativas, até descobrir que, nem mesmo o melhor escultor pode criar uma obra-prima usando materiais precários. Ele deve ter algo forte com o qual trabalhar” o velho Lord Sombrio ergueu o rosto na direção de Kylo.

Vocês.”

Kylo não estava ali para assistir Snoke concluir sua ambição secular. Ele já tinha escutado o suficiente para saber o que o decrépito Líder queria.

“Solte-a, seu maldito! O seu tempo acabou! Já sabemos de tudo… Plagueis.”

“Oh, então vocês sabem de tudo?” um sorriso irônico cruzou o rosto caído de Snoke “E por isso você acha que pode simplesmente chegar aqui e macular meus planos da mesma forma que fizeram com Anakin, sujando-o com esta detestável Luz?”

O ódio atingiu Kylo, feito uma bola de fogo descendo dos céus. Isso quer dizer que seu avô também tinha sido parte de um plano frustrado de Plagueis? O sofrimento na qual Anakin foi exposto, a ponto de matar sua própria amada, não foi nada mais que uma manipulação para trazê-lo para a escuridão?

Snoke continuou. Sua voz reverberando pelo templo circular “Qui-Gon Jinn, Obi Wan, Yoda, Luke… Enquanto houver um Jedi, meu plano nunca se concluirá! Vocês devem ser descartados como a escória que são!”

“Eu não sou um Jedi!” Kylo disse isso, pontuando cada palavra com irritação.

“Então você deveria ter a decência de se ajoelhar diante de seu Mestre” Snoke rosnou.

Kylo negou, em desprezo “Você não é mais meu Mestre!”

“Basta” Snoke determinou, erguendo sua mão no ar, quando finalmente disse.

“Mate-o.”

A ordem foi feita para Rey, que aguardava ao lado do Líder Supremo. Impassível. Ela ativou um sabre vermelho, que brilhava em seu rosto, deixando-a com uma expressão mais hostil.

Kylo cerrou os punhos e se preparou para a reação dela, qualquer que fosse.

Rey avançou em passos largos. Seu sabre fatiando o ar, em torno de Kylo, que a bloqueou num longo arco, usando o impulso para desviá-la de sua frente.

Sem demonstrar qualquer hesitação. Rey girou sobre os calcanhares e embocou a espada numa linha reta, que foi parcialmente evitada por Kylo, numa jogada de corpo. Não sem antes passar trinando em seu tronco, que fumegou com o choque.

“Rey, pare! Por favor! Sou eu!”

Rey se endireitou. Como se ela tivesse ouvido seu lamento por algum breve segundo, mas seus olhos, uma luz solar furiosa, diziam o contrário. Logo, ela seguiu na direção de Kylo, que aguardou o próximo movimento, na defensiva.

Sem nenhum esforço, Rey saltou sobre ele. Suas pernas giraram no ar num semicírculo perfeito, para então cair do outro lado, firmemente, sobre os dois pés. Sem tempo de esquivar do golpe mortal, Kylo acertou-a com a Força, jogando Rey uns metros à sua frente. Seus pés rasparam no chão aspero, sua capa voando.

O Cavaleiro tentava alucinadamente buscar uma distância segura entre os dois.

“Me ouça, por favor! Esta não é você, Rey!”

Rey girou o corpo, olhando-o sobre os ombros. Seu cenho franzido se aprofundou quando correu até ele com fúria. Kylo só teve tempo de buscar um contrapeso sobre as pernas. Apreensivo.

Faltando alguns metros para alcançá-lo, Rey pulou com sua espada no ar, a gravidade dando peso ao golpe. Kylo impediu o avanço, erguendo seus braços para tolher o sabre num sibilo crepitante, fazendo o metal chiar em suas mãos enquanto se encaravam.

Lutando contra seu medo e sua raiva, Kylo a golpeou no braço, buscando uma distância momentânea e segura “Por favor, não quero mais te machucar!”

Rey se alinhou, no mesmo instante, sem qualquer sinal de dor. Já estava pronta para um novo ataque. A capa pendendo de seu braço fustigado. Sua respiração oscilando em seu peito despido.

Kylo deu um passo para trás, trêmulo “Rey, pare! Nós ainda podemos sair daqui juntos!”

Ele sinceramente não sabia mais o que fazer. Ele não tinha mais forças para lutar contra ela.

Na realidade, nunca teve.

Mesmo que Rey quisesse matá-lo, Kylo ainda se importava com ela. Contra seu melhor julgamento, ele a amava.

Se ela era a razão pela qual ele estava ali, se ela era o motivo, matá-la não era uma alternativa.

Kylo deu um longo suspiro quando desativou seu sabre. Deixando-o cair de sua mão. O metal cromado tilintou na superfície dura.

Então ele desistiu.


Notas Finais


E chegamos na reta final de nossa história! \o/

Se por um lado Kylo está todo cheio de compaixão, a ponto de salvar Luke da morte certa. Rey parece que virou a casaca e não está nada boazinha com o nosso saco-de-pancada favorito (desculpa Kylo! hehe).

Mas até o mais corajoso dos Cavaleiros tem seus limites, e parece que Kylo chegou ao dele...


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