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História A Terceira Força - Para sempre.


Escrita por: hotside

Capítulo 36 - Para sempre.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Para sempre.

Rey tinha a estranha sensação de que ela sabia onde estava.

Ao seu redor, árvores se erguiam contra um céu estrelado. Pequenos flocos de gelo flutuavam, girando na frente de seus olhos, para graciosamente pousarem no seu nariz, causando cócegas. Seus passos faziam o chão macio afundar. Quando olhou para seus pés, viu neve.

Ela reconheceu o lugar: A floresta da base StarKiller.

Não muito longe, um som familiar crepitava entre as árvores. Um vislumbre vermelho passou entre os troncos escuros, como um vulto, para então emergir da escuridão. Num piscar, e lá estava ele: Kylo Ren.

Mesmo na luz tênue, aqueles olhos escuros encontraram os dela.

E ele parecia enfurecido.

Antes que Rey pudesse dizer qualquer coisa, o pesadelo de negro disparou em sua direção com o famigerado sabre vermelho. A adrenalina queimou em suas veias com o som pesado de suas botas. Rey não queria lutar, mas seu corpo não queria obedecer. Droga!

Suas espadas se cruzaram e se colidiam. Estalando e faiscando com o contato, iluminando toda a floresta ao redor. Era como se ela estivesse revivendo aquela luta na Starkiller, mas desta vez, como uma mera expectadora da própria vida.

Ele estava tão próximo, que Rey era capaz de sentir o ar emanando de sua respiração ofegante. As veias do pescoço se projetando com o esforço. Enquanto o rosto dela florescia de calor, cintilando seu suor em vermelho e azul.

Os olhos dele se estreitaram quando se aproximou ainda mais de Rey, pressionando seu sabre contra o dela, conduzindo-a até a fenda que se abria inexoravelmente à suas costas. Engolindo um horizonte inteiro que despencou e sumiu dentro de uma cratera.

Sem qualquer aviso, Kylo avançou como um animal ensandecido. Rey tinha absoluta certeza que desta vez ela ia morrer, porém, foi a boca dele que a alcançou. Envolvendo-a num forte e impetuoso beijo, entre língua, saliva e dentes.

Rey esperava que de alguma forma a luta fosse continuar, mas não foi o que aconteceu. Ela suspirou confusa. O que estava acontecendo?

Kylo rosnou contra a boca dela, quando suas mãos alcançaram sua cintura. Aproximando-a o bastante até que ela pudesse senti-lo através dos tecidos, forçando seus limites. Pressionando-a. Estava nevando, mas seu corpo parecia mais quente do que a própria areia de Jakku.

De repente, tudo mudou. E embora eles continuassem se beijando avidamente, não estavam mais em pé.

Agora, o gelo era abrasivo e queimava suas costas com a pressão que o quadril de Kylo exercia. Suas pernas, inexplicavelmente envolvidas ao redor dele, fazendo-a se dar conta da nudez de ambos.

Rey apoiou as mãos nos peitos largos dele, afastando-o, ofegante. O suficiente para ver os olhos de Kylo entre os cabelos desalinhados. Os lábios cheios se separaram com a distância. Somente para que voltassem até ela, com impaciência. Arrastando beijos desleixados pelo colo, pescoço e mandíbula, próximo aos finos fios de cabelos que desciam pela nuca.

Os dedos enluvados entrelaçaram com os dela, prendendo suas mãos no alto da cabeça, imobilizando-a. A respiração dele era quente em seu ouvido, enquanto desfiava palavras que fugiam à sua compreensão. Seu nariz gelado na pele sensível, causando arrepios. Rey não sabia se era de frio ou por causa dele. Talvez as duas coisas, pensou.

Uma necessidade irradiou pelas suas veias, tirando todo o ar de seus pulmões, quando Rey sentiu-o deslizar entre suas coxas, diretamente para dentro dela. Preenchendo-a com todo seu desejo latejante e insistente.

No canto do olho, apenas um borrão de cabelos escuros, seguindo o ritmo vigoroso de seus corpos emparelhados. Os suspiros e gemidos sufocados ecoavam indecentes entre o bosque nevado. Só sendo silenciados pelas explosões da eminente hecatombe do planeta.

Rey sentiu a neve ferver sob ela, enquanto Kylo a amava impiedosamente através do fogo, porém os dois nem sequer pareciam se importar com este detalhe.

A StarKiller era nada mais do que o palco de uma cena intensa e apaixonada.

Kylo continuava arremetendo implacavelmente, fazendo com que seus corpos estalassem com a fricção selvagem, quando Rey sentiu algo quente e úmido escorrer sobre seu abdômen. Suor? Ela honestamente não sabia. Até ver uma mancha rubra surgir entre eles.

Sangue!

O prazer deu lugar ao horror, até perceber que o sangue vinha de Kylo. Diante disso, Rey se afastou, até sair debaixo daquele corpo forte que continuou imóvel. O rosto dele escondido entre seus braços. Ao redor, um círculo de sangue se esparramava pela neve, outrora branco.

“O que foi que eu fiz? O que foi que eu fiz?” Rey colocou as mãos sobre a boca, em pânico.

Um tremor sob seus pés e o chão despencou vertiginosamente em direção ao nada. A respiração estourava no peito de Rey quando ela voltou para a realidade. Acordando num sobressalto.

Ela estava sonhando.

Seus sentidos estavam quase completamente sobrecarregados com tanta coisa acontecendo ao redor. A realidade ainda se misturava com a fantasia, e tudo parecia desconexo e fora dos trilhos. Só então conseguiu abrir os olhos. O lugar parecia totalmente desconhecido.

Rey virou seu pescoço pelo ambiente e percebeu que estava na nave consular da Resistência. Um escâner de diagnóstico monitorava seus sinais vitais. Um droide médico rodeava a maca. Era uma enfermaria.

Os filhos da mãe realmente conseguiram dar um jeito de tirá-la de Jakku.

Desesperadamente, Rey tentou encontrar o rosto de Kylo entre todos que a cercavam. “Kylo! Onde ele está?” ela implorava, aflita “Por favor, alguém me diga!”

Em resposta, apenas olhares preocupados.

Ela não gostou daqueles olhares.

“Quero ir embora daqui” Rey gritou. Havia algo em seu braço. Ela começou a arrancar a coisa, e os fios, e as agulhas. Seu impulso foi tentar se levantar da maca, mas alguém a segurou.

Era General Organa.

“Rey, querida, fique calma. Agora mesmo nós enviamos outra equipe para buscá-lo, porém o local tem um acesso muito difícil, é preciso aguardar uma janela climática para conseguir pousar. Temos que ter paciência.”

Seu sangue transbordou de calor, de esperança – embora seus olhos demonstrassem o contrário – então se lembrou “E o Mestre Luke? Ele está bem?!”

“Sim, ele está aqui, na unidade de terapia intensiva. O estado dele é grave, mas estável” Leia respondeu, com um pequeno sorriso de otimismo.

Ela queria se sentir feliz e aliviada com a notícia, mas Rey não conseguia. Seu coração batia forte contra suas costelas, como se fosse um pássaro desesperado tentando fugir. Tentando voar. Voar para longe dali. Para Jakku.

Rey ainda estava lutando contra o torpor, quando decidiu ir até o mirante mais próximo. O planeta desértico ainda era bem visível daquela distância. Em algum lugar lá embaixo, Kylo estava preso. No vasto deserto. Debaixo de uma montanha. Dentro de um templo. Cercado de pedras. Com Snoke.

Um calafrio correu sua espinha e um lamento escapou de seus lábios. Rey fechou os olhos, empurrando todo seu medo, implorando para que a Força guiasse Kylo. Ela só queria que ele estivesse bem. Que estivesse vivo, que… espere. O que era aquilo?

Uma luz incandescente se expandiu na superfície de Jakku. Logo, explosões e labaredas começaram rasgar o deserto, cavando fissuras e abrindo grandes crateras, que eram sugadas pelo vácuo em grandes goles de fogo. Montanhas inteiras se desgrudaram da superfície, como cascas de uma ferida. Pedaços eram lançados e pulverizados através do manto quebrado, conforme o resto do planeta se partia escan­­­carando o núcleo pulsante.

Rey viu a estrutura do planeta arruinado pouco antes de desaparecer através de um grande flash, que inundou sua visão com uma maré branca abrasadora, obrigando Rey a fechar seus olhos com força.

A escuridão se acendeu, num pulso duro de luz brilhante, que acertou a aeronave numa onda de choque brutal. Fazendo todos os tripulantes se agitarem feito uma concha empurrada pelo mar.

Rey não acreditava no que tinha acabado de testemunhar. Jakku foi simplesmente varrido da Galáxia. Na sua frente!

Tudo o que restava agora, eram rochas que flutuavam e giravam sem rumo. O coração de Rey se despedaçou junto. Por bem ou por mal, isso tudo é parte do seu mundo – eram parte do seu mundo – e Kylo estava nele!

“Não… não… o que aconteceu?” Rey cambaleou para trás, desolada em sua impotência diante dos fatos. Suas mãos sobre a boca. “Kylo estava lá… ele… Não pode ser!”

Temendo o pior, Leia prontamente ativou o comunicador “Aqui é General Organa, preciso de informações sobre a nave de resgate que enviamos para Jakku.”

Irrequieta, Rey ainda tentou acessar o elo entre eles, mas um vazio angustiante dominava sua mente.

O vínculo havia sido cortado.

Seus olhos procuraram Leia, querendo encontrar em seu rosto qualquer indicação de que o resgate teve sucesso. Que eles estavam trazendo Kylo com eles, que ele estava a salvo! Mas a expressão da General só confirmava seu temor.

Eles não chegaram a tempo.

“Kylo…” Rey murmurou seu nome, enquanto buscava um apoio qualquer onde pudesse se sentar “Kylo…” ela repetiu, como se desta forma pudesse trazê-lo de volta.

O silêncio ecoou em seu coração enquanto ela estava sentada lá. Sob o peso de sua solidão, a voz de Leia e dos outros tripulantes pareciam sumir, até que não havia mais nada a sua volta, exceto um vazio tão profundo e assustador quanto o próprio espaço.

Seria mentira dizer que Rey não imaginou uma vida com ele. Uma vida. Que conceito é este? Antes dele não havia nada além de mera existência. Trabalhar para comer. Para sobreviver.

Incapaz de se mexer. Com o coração batendo forte em seu peito – tão forte que poderia explodir – ela fechou os olhos mais uma vez, procurando alcançá-lo pela conexão que não existia mais. Porém, atrás de suas pálpebras, ela encontrou somente a lembrança de seu último olhar.

Era um olhar de adeus.

“Ele se sacrificou” Rey disse “Eu não teria sobrevivido, mas Kylo… ele se sacrificou.”

“Ele foi um herói…” a voz de Leia tentava trazer algum consolo. Mesmo com a dolorosa morte de seu único filho, a General conseguia entender o que era lutar por uma causa maior que si.

“Fizemos tanta coisa juntos. Chegamos tão longe, lutando pelo outro. Isso não pode acabar assim… ” Rey espalmou as mãos sobre o rosto, escondendo seus olhos. Querendo se esconder do mundo.

Então, lentamente, como um rio que nasce das geleiras, ela parou de lutar contra a triste realidade e suas palavras deram lugar a um choro doloroso. Como se ela não pudesse respirar. Como se fosse absolutamente impossível. Tão impossível quanto fazer um planeta parar de girar.

É isso então. Acabou…

Ela estava sozinha novamente. Ela estará sozinha para sempre agora. Para sempre desprovida da presença de Kylo.

Para sempre.


Notas Finais


O capítulo se chama: "Para sempre". Mas poderia muito bem se chamar "Do Céu ao Inferno em 1.700 palavras". 8-P


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