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História A Terceira Força - O legado de Anakin Skywalker.


Escrita por: hotside

Capítulo 37 - O legado de Anakin Skywalker.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - O legado de Anakin Skywalker.

As horas se arrastavam, feito vermes noturnos da areia.

O vazio se expandia no peito de Rey. Consumindo-a. Sufocando-a.

Passou uma semana. Um mês. Nada tinha mudado. Tudo tinha mudado.

Nenhuma notícia.

Apesar de tudo, Rey ainda nutria uma esperança irracional de que tudo não tivesse passado de um alarme falso. Que a total ausência do vínculo fosse só um truque de Kylo. Uma tentativa de mascarar sua presença, da mesma forma que fizera na Finalizer. Seja lá por qual motivo desta vez.

Kylo ainda era uma lembrança incessante em sua mente quando o deram definitivamente como morto. A República preparou um funeral simbólico em honra à família e ao inesperado herói da guerra.

Os pensamentos de Rey eram demasiado confusos para aceitar – e lidar – com o sentimento esmagador de luto.

Ela sentia raiva.

Ela sentia raiva por ele ter morrido, sacrificando-se por uma causa que era mais importante que ela. E raiva de si mesma, por ser tão egoísta, desconsiderando a felicidade que todas as pessoas ao seu redor sentiam com o fim da guerra.

Como alguém que se cansa de nadar contra a correnteza, Rey foi até seu quarto provisório em D’Qar e enterrou seu rosto no travesseiro. Como se, dessa forma, fosse possível desaparecer. Apagando junto com ela aquele último olhar que estava gravado a ferro e fogo, dentro de sua mente.

A solidão que Rey sentia era uma solidão diferente da que ela sentia em Jakku. Era uma solidão tão funda que não a deixava dormir. Tão funda que não havia nada que pudesse fazer para aliviar sua dor.

Rey não conseguia deixar de pensar como seria se tivesse ficado. Ela poderia ter lutado ao lado dele. Morrido ao lado dele. De qualquer forma era tarde demais para tomar qualquer atitude.

Se ao menos ela pudesse voltar no tempo…

Rey tentou empurrar toda tristeza que crescia em seu peito, apegando-se à sua própria Luz, como um náufrago se agarraria a uma bóia salva-vidas.

Respire… só respire…

No mesmo instante que uma brisa trouxe um inexplicável perfume petrichor, de chuva e terra molhada, uma voz etérea sussurrou “Rey…” fazendo-a levantar o rosto de imediato, olhando pelo quarto freneticamente.

“Quem está aí??”

A energia misteriosa parecia se aproximar da mesma forma que o vínculo fazia, quando Kylo estava próximo.

“Kylo? É você?”

Não houve resposta.

Rey se endireitou na beira da cama. Esfregando os olhos. Será que ela estava perdendo a cabeça?

“Kylo?” ela tentou mais uma vez, só para ter certeza.

Um lampejo surgiu na frente de seu rosto. Rey piscou, confusa, usando as costas de sua mão para cobrir parte da visão. O escuro, agora iluminado, cintilava através dela, abraçando-a de alguma forma. Procurando confortá-la.

Ao sentir a energia atravessá-la, Rey estranhamente reconheceu aquela essência como parte de Kylo, mas… como parte dela também. Como se aquela Força fosse a fonte de toda a Luz e de toda a Escuridão. Uma Força que ia além de tudo.

Sua pele formigou com um tipo incomum de sentimento. Um que ela ainda não conhecia. Uma que nasceu de uma divisão dentro dela, mas que também era separado do resto de seu corpo.

Então, um pensamento ondulou até sua mente, como uma pequena revelação.

Aquela energia cintilante e poderosa…

Era seu filho.

*

As celebrações foram mantidas relativamente curtas na sequência da vitória, mas assim mesmo, Chandrilla, o Planeta Natal de Kylo e sede provisória da Nova República, parecia ainda mais esplendorosa com o momento.

A Guerra finalmente tinha chegado ao fim!

A cidade de Hanna estava movimentada naquela manhã de sol. Milhares de pessoas se reuniram na praça Eleuteria, fora do prédio do Senado, para ver Leia, a eterna princesa Alderaaniana. Mas ela não estava sozinha. Ao seu lado, Luke Skywalker e Rey, entre outros oficiais da Resistência, generais, almirantes e capitães. Todos presentes para prestar as solenidades.

Rey parecia nervosa, as mãos suadas e inquietas, olhando para a multidão que se agitava, como uma massa viva e uniforme. Ela percebeu que nunca estivera frente a frente com tanta gente.

A multidão silenciou-se quando Leia subiu em um antigo pódio de pedra calcário, no centro da praça “Meus melhores cumprimentos aos chandrilanos, e a todos os habitantes da Galáxia. Eu sou a General Leia Organa…”

O público irrompeu em urros e vivas.

“Vencemos a guerra, mas a nossa luta ainda não acabou. A batalha continuará dentro de cada um de nós, por todos os pais, mães e filhos. Por todas as famílias que foram destruídas pela Primeira Ordem. Por ora, podemos relaxar e colher os frutos deste esforço. O nosso caminho é claro e livre, mas o que aconteceu antes vai acontecer de novo. Este é o ciclo. Chegará um momento em que alguém decidirá que tem um jeito melhor de fazer as coisas. E a Nova República, ou a Nova-nova República, ou ainda a Nova-nova-República-mais-nova de todas…” a plateia riu “… vai conter tudo isso com a Força e a coragem!”

Mais aplausos. Leia sabia como arrebatar um público.

A General, então, se afastou, dando espaço para Luke. O velho Jedi limpou a garganta antes de começar:

“Snoke foi derrotado, mas nós não devíamos nos orgulhar de termos ganhado essa guerra. Ninguém deve se orgulhar de uma guerra. Ninguém. Uma guerra não é algo que fazemos por gostar de ganhar, ou por qualquer glória que haja em matar alguém. Fazemos isso porque queremos alcançar o equilíbrio da Galáxia.”

A agitação da plateia foi geral com as palavras do lendário Skywalker.

Um burburinho correu na boca do povo chandrilano quando Rey chegou ao pódio. Não havia como evitar os rumores de que a última Jedi reconhecida se envolveu com o filho desgarrado da General, e que ela esperava um bebê dele.

Rey estava trêmula quando alcançou o droide fone.

“Entre tantas estrelas, nós nos encontramos. Eu era a Luz e ele a Escuridão, mas superamos nossas diferenças através do respeito e da admiração. O modo como Kylo me tratou, a forma como tomamos conta um do outro enquanto ele viveu. Isso é muito mais importante para mim, do que a ideia de que ele se sacrificou pela paz e a liberdade da Galáxia. O que me conforta agora é saber que, pelo menos, ele foi embora fazendo o que queria, lutando para honrar o legado de Anakin Skywalker. Eu o amei e sempre estarei com ele, mesmo que seja só através da Força… ou de nosso filho.”

A multidão ovacionou Rey assim que terminou seu virtuoso discurso, entretanto, tudo que ela conseguia escutar era seu coração que ainda batia, enquanto vozes abafadas comemoravam ao fundo. Sua mente parecia estar a dúzias de parsecs de distância.

Uma série de emoções a atravessaram. Ela se sentia muito honrada por ser parte daquele momento tão importante na história da Galáxia.

Contudo, a paz ainda não tinha retornado ao seu coração.

A vitória tinha um gosto amargo com a ausência de Kylo Ren.

*

As plataformas de pouso preenchiam o horizonte, cobrindo torres altas ao longo da costa da cidade de Hanna. Os motores da Millenium Falcon roncavam baixo. Pronta para seguir viagem.

Se Rey quisesse superar o luto, e focar na nova vida que estava a caminho, ela tinha que se esquecer de suas perdas e seguir em frente. Como ela já fez tantas e tantas vezes.

Deixando tudo para trás.

“Você tem certeza disso?” Leia perguntou mais uma vez, enquanto se certificava pessoalmente de que todas as caixas de suprimentos tinham sido embarcadas.

“Sim, tenho certeza. Nesse momento eu só preciso ter um tempo sozinha. Por minha cabeça no lugar.”

“Mas e sua condição especial? E se precisar de ajuda?” A personalidade super-protetora de Finn chegava irritar Rey de vez em quando, mas ela riu da preocupação exagerada do amigo.

“Finn, eu estou grávida, não estou doente!”

Luke chegou até eles de bengala, ainda se adaptava à prótese que substituiu a perna amputada. Mesmo nestas condições, ele fez questão de entregar pessoalmente um presente para Rey.

“Isso é para você, menina.”

A Jedi esticou a mão, pegando o pequeno saquinho de tecido rústico. Dentro dele havia uma bolota de pinha marrom. Rey colocou-a na altura dos olhos e ergueu as sobrancelhas. Era um presente no mínimo… curioso. Seria mais uma destas lições singulares de seu Mestre? Ela pensou, enquanto tentava decifrar aquilo.

 “Ahn… Isso é de comer?”

Luke riu, então decidiu explicar a importância do que ele estava entregando.

“Esta é uma semente de uma árvore típica do santuário de Endor. Leia ganhou uma assim que descobriu que estava esperando Ben…” a voz de Luke oscilou ligeiramente com a recordação. “Hoje, a árvore tem trinta e um anos, e esta semente, em especial, veio dela. Na época, sugeri à minha irmã que usasse a planta como foco de suas meditações, para… você sabe, se esquecer dos problemas. Espero que ela também te ajude neste momento difícil.”

Rey se emocionou com o presente tão cheio de história e simbolismo “Obrigada Mestre, com certeza já está me ajudando!”

Antes de embarcar na Falcon, Leia falou, com uma sinceridade que acalmou o coração de Rey:

“Meu filho teve muita sorte de ter você em sua vida. Obrigada por, de alguma forma, trazê-lo de volta para nossa família. Obrigada por tudo.”

*

Voltar para Ahch-to não parecia o ideal na opinião de todos.

Rey sabia que deveria se preocupar. Afinal, lá estava ela num planeta distante e grávida. E se algo desse errado? Mas, para Rey, retornar àquela ilha isolada a confortava de alguma maneira. Era o mais próximo de um lar que ela conhecia.

E havia o barulho das ondas. Que ela tanto gostava.

Rey sentia falta da serenidade de Luke, mas enquanto ele não estivesse totalmente recuperado, e bom o bastante para subir e descer todas as escadarias da ilha, os médicos recomendaram fortemente que ele continuasse em Chandrilla.

Mesmo sem Luke, Rey continuou seus treinos metodicamente. A Jedi ria sozinha, ao reconhecer o próprio Mestre em si: “Concentre-se!”, “Use a Força!”, “Esvazie sua mente!”

Se não estava treinando, cuidando da horta ou comendo – gerar um bebê dobrou a fome já avassaladora de Rey – ela estava fazendo algo que amava: Consertar! Passava horas, absolutamente entretida com a Millenium Falcon, que após muitos ajustes, estava tinindo de nova.

E assim Rey seguia seus dias solitários em Ahch-to, que não eram muito diferentes um dos outros. Manter a rotina disciplinada era a forma que ela encontrou de fugir de sua tristeza. A certeza do que aconteceria no dia seguinte a fazia se sentir segura.

No controle.

Naquele dia em especial, a solidão doeu mais do que de costume. Então Rey aproveitou o fim de um dia puxado de treinos, e seguiu para o topo da ilha, buscando aquela calmaria que ela tanto precisava. Ela foi exatamente onde plantara a semente que Luke deu de presente, que, para seu completo encanto, vingou, tornando-se um broto de ramos escuros, que crescia saudável.

O oceano deslizava para dentro e para fora, com menos do ruído da batida contra as pedras, e mais um sussurrar constante da água em torno da ilha. Era um dia típico de primavera. Claro, fresco e cheio de vida.

Ela inspirou profundamente, centrando-se, como costumava fazer. Nesta inspiração ela sentiu os aromas do planeta que ela escolheu para ser sua morada. A flagrância doce das flores e da grama recém-pisada, o odor dos pássaros da costa, o cheiro salubre do mar.

Rey continuou sentada junto à pequena árvore até que o céu azul deu lugar às matizes de amarelo, vermelho e violeta, que também sumiram, até o escuro sobressair, iluminando-se com estrelas. Uma a uma, como pequenos vaga-lumes.

Contemplar aquele spray de estrelas, se estendendo até o infinito a fazia se sentir menos triste por alguma razão. Mesmo quando seus olhos voltavam para aquele espacinho, onde antes ficava Jakku. Era estranho admitir que, no fim de tudo, ela estava aliviada em ter se livrado deste planeta que só trouxe tristeza na vida dela.

No seu interior, o bebê ondulava feito um peixinho, como num lembrete de que ela não estava mais sozinha. Rey colocou a mão suavemente sobre a barriga que começava a crescer. Era uma transformação agradável, ela pensou. A Jedi tentou limpar as preocupações de sua mente, enquanto escutava o mar. Até que o bebê se acalmou, e ela também.

Um vento cortou a campina, fazendo a pequena árvore se curvar, como se dançasse. Um trovão ressoou ao longe, sinal de que já estava na hora de voltar à cabana.

Mas, espere.

Se o céu estava limpo então… aquilo não era um trovão.

Rey parecia reconhecer aquele som pesado e inconfundível.

Ela olhou para o céu, enquadrando cada estrela, cada espaço por trás das montanhas e lá estava. Deslocando-se pelo ar, enquanto deslizava pelo horizonte. Refletindo as luas de Ahch-to na sua fuselagem negra.

A nave de Kylo Ren.


Notas Finais


Fiz Rey passar por todas as fases do luto: Negação, raiva, negociação, depressão e aceitação, antes dela se sentir forte o suficiente para seguir em frente, indo para Ahch-to.

A principio pensei em fazer Rey descobrindo sobre a gravidez durante um check-up, mas eu achei "normal" demais para um super bebê detentor da Força! hehe. ;-)

Esta é a última semana! O próximo capítulo é quarta e depois sexta. Aguenta coração! \o/


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