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História A Terceira Força - Conexão Forçada.


Escrita por: hotside

Capítulo 4 - Conexão Forçada.


Fanfic / Fanfiction A Terceira Força - Conexão Forçada.

No auditório de projeção, Líder Snoke se encontrava numa reunião particular com Hux.

“General, alguma novidade?” o velho Lord o indagou com certo ar impaciente.

Hux alinhou-se, satisfeito com a resposta que estava para dar. “Ren ainda não encontrou a localização da Garota.”

O velho Líder torceu a boca em desgosto.

“Talvez devêssemos descartar Ren” Hux prosseguiu “Até agora ele só gerou problemas que resultaram em mais problemas. Um emaranhado de erros e incompetências. E desde que aprofundou a conexão com a Garota ele não consegue ter foco.”

“E o que me sugere General?”

“Concluir nossa nova frota na Orla Exterior” o General propôs estrategicamente. “Assim, poderemos fazer um ataque sucessivo aos planetas do núcleo, ganhando território.”

Snoke respirou fundo, apoiando-se em seu cotovelo, como se deliberando sobre algo. “Aguardemos mais um pouco.”

Hux não deixou de parecer surpreso com a resposta do Líder, mas Snoke prosseguiu num tom profético “Kylo Ren está cavando sua própria cova, logo não precisaremos mais dele.”

*

Sons de marteladas ecoavam pelo cenário bucólico de Ahch-to, sendo interrompidos pelas ondas que quebravam próximas às pedras.

Rey estava ajoelhada entre duas tábuas, apoiando o pé para manter firmeza, enquanto martelava um prego com força. De certa forma, aquela atividade banal a fez relaxar, como se não precisasse pensar em nada muito profundo. Por algum tempo era só ela e as ferramentas.

Terminou de montar a caixa, afastando-se para admirar o resultado, então foi leva-la para o depósito, com mais um punhado de coisas. Parou diante da pilha, com as mãos apoiadas na cintura, e achou curioso que um senhorzinho como Luke acumulasse tanta tralha.

Enquanto organizava os objetos, uma pequena caixa de madeira muito antiga chamou sua atenção. Rey foi tomada de uma poderosa curiosidade, e não pensou duas vezes quando ergueu o ferrolho para ver o que tinha dentro. Lá haviam alguns poucos objetos utilitários, bússolas, pincéis, tecidos, mas o que fisgou seu olhar foram algumas holofotos de Luke quando jovem.

Luke de uniforme de piloto, ao lado de uma X-Wing. Mãos apoiadas na fuselagem e um sorriso jovial. De nada lembrava o mestre barbudo e encarquilhado que ela conhecia.

Luke na paisagem desértica de Tattoine, fazendo uma careta por causa da luz dos dois Sóis no rosto.

Algo que parecia ser uma floresta. Endor? Han e Leia abraçados perto de uma grande árvore, estavam felizes e cercados de Ewoks. Havia também uma festa com dança e comida. Rey lamentou-se por nunca ter ido a uma festa. Deve ser divertido, pensou.

A próxima foto a fez sentir uma pontada no peito: Kylo Ren quando ainda era o jovem Ben Solo, junto aos alunos de Luke na Academia Jedi. Tão menino. Com seus quase treze anos de idade, uma pele muito branca em contraste com os cabelos pretos. Parecia distante... Olhos castanhos mirando o nada. Vazio. Rey se lamentou por aquele garoto que se perdeu de si. Parecia tão sozinho e deslocado.

Antes mesmo que Rey pudesse largar a holo ela sentiu aquela energia Sombria escalar sua espinha, indo direto até sua mente como uma lança, bem entre os olhos.

Ela se viu imersa em um lugar cercado de escuridão, suas pernas flutuando no vazio do ar. Estava nadando. Rey sabia que aquilo deveria deixá-la em pânico já que não sabia nadar, mas ela se tranquilizou, lembrando que aquilo não era real. Assim mesmo o medo cercou seu coração, no mesmo instante que uma voz estranhamente familiar ecoou dentro de sua cabeça de forma desesperada, quase como um pedido de socorro.

“Por favor… Rey…”

A dor aguda em sua têmpora a fez voltar à realidade, e só então pode perceber Luke parado ao seu lado. Consciente de que ela tinha violado a privacidade de seu Mestre, Rey apressou-se em pedir desculpas.

“Oh, eu… eu estava organizando aqui, e... aí... então...”

Luke meneou a cabeça, esticando o braço para pegar a holo de Ben das mãos dela.

Passou alguns segundos olhando com pesar para o sobrinho perdido, como se recapitulando memórias tristes e dolorosas. Então jogou a holofoto na pilha de coisas descartadas e virou-se para ir em direção ao cume da ilha.

*

Kylo estava enfurnado na cabine de meditação como de costume, ainda meio receoso com o tipo de fragmentos que ele poderia receber da Garota desta vez, mas não se deixaria levar. O importante era não perder o foco.

Deitou-se na cadeira e fechou os olhos, abrindo a conexão entre eles.

Lá estava: O mar. As pedras. O casebre… Kylo bufou, irrequieto, nenhuma novidade até aqui, mas continuou rastejando pelas bordas do vínculo.

Sentiu o vento. O cheiro da chuva. Cansaço. Solidão. Ainda eram sensações muito superficiais. Pressionou os lábios formando uma linha reta e respirou calmamente, buscando aprofundar o vínculo com a Força.

Cavar uma conexão era como mergulhar nas profundezas. Quando mais fundo ia, mais a pressão era esmagadora em seu peito. Ultrapassou uma névoa e sussurros começaram a soar dentro dele. Uma cacofonia de vozes, gritos, risadas. Estava chegando.

Kylo sentiu uma dor pontiaguda, então finalmente percebeu que tinha rompido a barreira mental. Estava com livre acesso à mente de Rey agora, mas ele tinha pouco tempo. Como um ladrão furtivo ele revirou suas lembranças. Centenas de momentos cruzaram diante dele, e então a localização da Catadora surgiu clara e nítida em sua visão. A ilha cercada por um mar tempestuoso, e o planeta da qual fazia parte, e como se chamava:

Ahch-to.

Satisfeito com o êxito de sua busca, o Cavaleiro se virou para um calculado retorno, contudo, seu cérebro exausto não respondia mais.

O medo penetrou em seu corpo quando se deu conta do que estava acontecendo. “Não, não, não!” ele repetia dentro de si enquanto tentava desesperadamente se livrar das linhas que o puxavam. Seus membros queimavam diante do esforço inútil para se manter consciente, o coração disparado com a inevitável asfixia.

Sem forças para continuar, sentiu sua mente sendo tragada para as profundezas da conexão.

Tinha chegado ao seu limite.

“Por favor… Rey…”

Uma Luz surgiu como um farol, que o alcançou, misturando-se com sua Sombra, e então, Kylo sentiu um puxão que o levou de volta para a superfície da realidade.

Não houve um retorno suave da escuridão para sua consciência, nenhum período de transição. Num momento Kylo estava ausente, e no outro ele estava rasgando de volta à sua mente. Os membros queimando, sua cabeça doendo como se estivesse sendo triturado por uma manada de banthas.

Seus olhos se abriram, dilatados pela dor. Seu corpo se rebelou contra a Luz inundando seu sangue de Força Sombria pura novamente.

*

Rey ainda estava chateada por ter causado uma situação incômoda com seu Mestre, então assim que ela terminou os reparos, tentou se ocupar com o jantar. Era o mínimo que poderia fazer.

Enquanto a aprendiz temperava o peixe, Luke entrou pela porta da pequena cabana. A roupa respingada pela chuva que estava recomeçando, as botas sujas de barro. Os olhos de Rey encontraram os de seu Mestre. Dúvidas saltavam na superfície de sua mente.

Rey sentiu um nó na garganta. Ele iria dispensá-la dos treinamentos? Só a ideia de voltar para uma vida vazia e sem objetivos em Jakku a fez ter vontade de implorar por mais uma chance. Talvez ela devesse pedir desculpas logo, pensou, mas então Luke começou…

“Sobre Ben… eu…”

A aprendiz o interrompeu procurando se justificar “Mestre Luke, me desculpe! Eu sei que este assunto é difícil para o senhor, não precisamos falar sobre isso se quiser.”

Luke ergueu a mão, num sinal para que ela se acalmasse, então puxou uma cadeira e se sentou antes de começar.

“Mesmo no seu nascimento Ben já amargava uma tentativa de sequestro. Ele era cobiçado por vários caçadores de recompensas, o que era motivo de preocupação para Leia. Para muitos, ter o neto de Darth Vader era garantia de ter uma arma única e poderosa em mãos.”

O Jedi recostou-se, a velha cadeira rangendo sob ele, enquanto vasculhava suas próprias memórias.

“Ainda criança Ben já era forte na Força, mas de uma forma explosiva, incontrolável. O pequeno acordava gritando e chorando todas as noites. Han não tinha muita paciência com o garoto. Para ele aquilo era uma simples birra, coisa de seu filho mimado querendo chamar a atenção, mas o buraco era mais embaixo… Uma criança normal pode chutar e gritar quando está chateada. Ben uma vez destruiu uma sala inteira. A falta de autocontrole dele era perigosa.”

Rey sentiu a garganta se apertar ao escutar isso.

“Um dia Ben usou a Força para atacar seu pai. Aquilo foi a gota d'água para Han Solo. Ele jogou toda a culpa em cima de Leia que carregava o sangue de Darth Vader, a maldita herança dos Skywalker. Só depois disso minha irmã me chamou para intervir.”

“E como foi?” Rey perguntou. “Quero dizer, você conseguiu conversar com ele?”

Luke assentiu em silêncio “Com muita paciência consegui me aproximar de Ben. O garoto era realmente arredio e temperamental, mas com uma simples conversa, consegui mergulhar em sua mente. E o que testemunhei foi além de qualquer coisa que eu temia encontrar.”

“Conte-me o que você viu” Rey pediu, receosa do que estava por vir.

“Enxerguei a escuridão se expandir dele como chamas, e presenciei a desgraça que o escoltaria pela vida. Pressenti fogo e ruína, gritos e morte, e por trás disso tudo eu vi o espectro que o controlava.”

“Você viu Snoke?” Rey lamentou.

“Sim” confirmou Luke, que se contorceu desconfortavelmente em seu assento. “Todo aquele tempo o lado Sombrio estava consumindo a mente daquela criança, como uma doença se espalhando de forma maligna” sua voz oscilou “Ben sofreu todos os dias desde que nasceu. Todos os dias.”

O velho Jedi olhou para suas mãos, antes de continuar. “Ben começou seus treinos aos treze anos. Tentei protegê-lo ensinando sobre bloqueios mentais, meditação… mas já era tarde demais. Às vezes eu vislumbrava uma fresta de Luz em sua alma, mas logo a instabilidade o atingia feito uma tempestade.”

Luke virou a cabeça na direção da porta, enquanto Rey o escutava atentamente.

“Mas tudo piorou quando Ben descobriu que Darth Vader era seu avô. O garoto tornou-se obcecado por ele. A busca pelo poder o fez atacar um dos alunos, machucando-o seriamente. Naquele dia nós tivemos uma discussão séria, e num ato de rebeldia ele destruiu tudo, tudo. Na manhã seguinte ele havia partido. Então eu soube que perdemos nosso Ben para o lado escuro. Era o fim dos Jedi.”

“Mestre Luke…” Rey ficou sem palavras.

Naquele momento o silêncio na cozinha se tornou tão pesado que o ar parecia feito de chumbo.


Notas Finais


Gente, eu sofro escrevendo algumas cenas. Eu me senti afogando quando Kylo aprofundou a conexão com a Rey. Alguém jogue uma bóia!!! cof cof. X-O.

E o pequeno Ben, tadinho! Alguém dá um abraço nele. :-(


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