História A Thousand Hands - I Don't Love You

Lauren me olhou de olhos arregalados e visivelmente constrangida e falou tão baixo que eu quase não ouvi:

– Meu deus, Camila!

Eu comecei a rir de nervoso enquanto ela colocava a cabeça encostada na parede atrás de mim, sem me soltar, e sussurrava coisas que eu não podia entender porque estava ligada na porta. Bateram de novo e ela virou de frente pra porta.

– Saiam logo, eu sei que vocês estão aí, suas safadas!

Era a voz da Dinah, meu Deus, a gente quase morreu atoa. Lauren abriu a porta calmamente e fuzilou Dinah com os olhos.

– Não tinha outro momento pra atrapalhar não?

– Oh Lauren... — Dinah disse fazendo biquinho.

– Sério, eu passei alguns dias com Camila no Havaí, e não consegui ter um momento íntimo com ela.

– Ah, meu Deus, me desculpa.

Lauren deu um leve "sermão" na Dinah, que pediu desculpas e disse que só precisava da ajuda dela, então eu troquei de lugar com ela rapidamente. Como o resto do avião, Normani estava dormindo, peguei meu celular e uma garrafa de água na bolsa de mão da Dinah, comecei a jogar minions run enquanto bebia água. Depois de alguns minutinhos Dinah apareceu do meu lado.

– Ei chancho, pode voltar pra lá.

– Obrigada. — dei um abraço breve nela e caminhei pro meu assento.

Sentei ao lado de Lauren enquanto ela olhava alguma coisa no notebook, um tempinho depois ela o fechou e olhou pra mim.

– Desculpa baby.

– Está tudo bem, vamos ter muito tempo quando chegarmos em casa.

– Vamos sim baby.

Ela colocou o tampa olhos e encostou a cabeça na janela. Eu peguei meus fones que estavam conectados no notebook dela, conectei no meu celular e coloquei minha playlist no spotify, fechei os olhos e dormi.

Havia passado 2 semanas desde a nossa ida ao Havaí, estava tudo bem entre eu e Lauren, vezes ela dormia na minha casa, vezes eu na dela, ela se dava super bem com as meninas e pareceu ter virado melhor amiga da Dinah. Apesar de estarmos super bem, eu ainda tinha muitas coisas pra perguntar a ela. Eu estava num bar com Ally, ela estava sentada numa cadeira um pouco mais distante e eu estava num sofá sentada com três mulheres, elas estavam dando em cima de mim enquanto Ally observava de longe, rindo e balançando a cabeça, eu não aguentava mais aquelas garotas, graças a Deus quando olhei pra porta do bar, vi Dinah entrando por ela, caminhou na minha direção e eu fiz uma cara de socorro pra ela, quando chegou perto, ela se agachou do meu lado e colocou a mão na minha perna:

– Oi meu amor.

– Oi, até que enfim, disse que chegaria ha uns 10 minutos atrás.

– Tava ocupada, me perdoa.

– Tudo bem. — disse dando um beijo no cantinho da boca dela pra disfarçar, ela prendeu o riso – Bom meninas, essa aqui é minha namorada, Dinah.

– É. — Dinah disse encarando elas.

– Ah, nos desculpe, não acreditamos nela. — um delas disse, cutucando a do lado com o cotovelo.

Elas se levantaram e foram embora, eu agradeci Dinah e fomos caminhando até Ally, sentamos na mesa enquanto ela ria.

– Só você pra tirar Camila daquela.

– Eu sou a melhor.

Ficamos ali comendo e conversando, não bebemos, tínhamos prova final no outro dia. Quando foi mais tarde, pegamos um táxi e fomos pra casa. Entramos em casa e eu me sentei no sofá, Dinah se sentou na poltrona ao meu lado, estava conversando com Dinah enquanto mexia no celular quando ouvi a porta da sala se abrindo, olhei pro lado e vi Lauren entrando.

– Hey Laur.

– Oi baby. — ela disse se sentando na outra ponta do sofá que eu estava.

– Como foi seu dia?

– Cansativo e o seu?

– Depois que sai da faculdade fui pra um barzinho com as meninas.

– Hmm, bebeu?

– Não Laur.

– Isso é bom... — ela largou as mãos no colo.

– Ahnn, eu preciso conversar contigo.

– Fala baby.

– Lá em cima, vamos?

– Claro.

Eu fui subindo as escadas e ela atrás de mim, estava lembrando de quando ela disse pra minha ex que era minha namorada e quando ela disse que achava que me amava, ela nunca mais tinha dito nenhuma dessas duas coisas. Entrei no meu quarto e esperei ela fazer o mesmo, ela não se sentou, ficou em pé no meio do quarto enquanto eu fechava a porta.

– Bom Lauren...

– Pela sua cara, não vamos transar.

– Você só pensa nisso!

– Isso é mentira!... Mas somos amigas com benefícios, lembra?

– Infelizmente.

– Como assim?

– Lauren, eu não sei se quero mais isso, sabe? Eu estava lembrando de algumas coisas e....

– Quais coisas? — ela me atrapalhou.

– Bom, quando você me chamou de sua namorada lá no Havaí.

– Ah... Foi no impulso.

– Impulso de que?

– Não sei Camila, eu tava puta.

– E porque?

– Por que o que?

– Por que você estava puta?

– Eu não sei!

– Me fala Lauren!

– Porra, eu não sei, eu estava com ciúmes.

– Ciúmes de quem? Você estava com ciúmes de mim? — perguntei com a voz suave.

– Camila...

– Me diz, por favor.

– Seus pais vão chegar daqui dois dias e daqui poucos vai ser véspera de Natal...

– O que isso tem a ver com a nossa conversa agora, Lauren? — eu disse abrindo os braços.

– Eu não quero que a gente brigue.

– Por que a gente brigaria?

– Porque você está entrando nesse assunto! — ela gritou.

– Você sabia que disse que achava que me amava?

– O que...?

– Você estava quase dormindo e bebada.

– Ah... Eu estava bebada.

– Exatamente, quando estamos bebados falamos o que verdadeiramente sentimos.

– Camila... Eu não te amo.

Eu fiquei parada na frente dela sem reação, ela me olhava com uma cara de quem se arrependeu do que disse mas o orgulho não a deixava se desculpar ou coisa do tipo, eu abri a boca três vezes mas não conseguia falar nada, eu pisquei algumas vezes e senti água nos meus olhos, eu a vi encolher os ombros e fazer a maior cara triste antes de fechar os olhos e só sentir os braços dela em mim. Eu comecei a soluçar, e eu só sentia ela me apertando mais e mais contra o corpo dela enquanto eu chorava.

– Me desculpa baby, me desculpa por favor.

– Não me chama assim.

– Por que não?

– Você não me ama, Lauren, não há motivos pra você me chamar assim.

– Mas você continua sendo....

– Cala a boca! — eu disse empurrando ela.

– Camila...

– Lauren, sai!

– Que?

– Sai da minha casa, Lauren, sai! — eu gritei colocando as mãos na cabeça.

– Camila, deixa eu...

– Lauren, por favor, só vai embora.

– Por que Camila?

– Eu não quero te ver ou ouvir tua voz agora, por favor, vai embora! — falei baixo mas rude.

– Você me ama? É isso?

– Não te interessa Lauren, você não me ama, isso que importa.

– Camila... — eu encarei ela – Camila por favor, não faz isso...

– Eu vou ter que te expulsar?

– Você faria isso comigo?

– Você acabou de quebrar meu coração, te expulsar daqui não seria pior do que você fez!

– Camila... — ela disse na porta e me olhando com os olhos tristes – Me perdoa, Camz...

Ela disse isso e saiu pela porta, eu me joguei na cama e chorei até não saber mais o meu nome, chorei tanto que acabei dormindo.

Acordei cedo, me olhei no espelho e estava com os olhos inchados, fui até o banheiro e tomei meu banho, voltei pro quarto pra me arrumar pra prova final, estava com medo de não me sair bem, culpa disso? Lauren Jauregui. Ela tinha acabado comigo na noite passada, eu não queria mais saber dela mas ela não saia da minha cabeça nem por um segundo. Vesti minhas roupas íntimas, um jeans, uma camisa social preta, uma jaqueta de couro marrom e um tênis da adidas marrom também. Peguei um ônibus, não esperei as meninas, não estava no clima. Cheguei na universidade e fui direto pra sala, fiquei sentada na carteira escrevendo o nome da Lauren e desenhando bananas pelo caderno enquanto pensava naquelas palavras... "Camila.. eu não te amo"... Meu deus, porque você fez isso comigo Lauren? Por que você perdeu a oportunidade de ser feliz comigo? O professor entrou na sala e entregou as provas, eu as fiz rapidamente, sabia quase tudo, graças a Deus, as que eu não sabia chutei mas não deixaria de passar por isso. Tava saindo da universidade quando encontrei Dinah.

– Hey! Hey! Camila?! — ela me chamou quando eu fingi não ter visto ela.

– Hey, oi, fala Dinah. — disse parando perto do refeitório.

– Oi meninas. — Ally chegou perto.

– O que houve ontem com Lauren? Ela saiu sem nem dar tchau, com a cara toda vermelha... — Dinah disse.

– Aposto que brigaram... — Ally disse.

– É... Sabe, Lauren é muito fechada, isso acaba comigo.

– Ah Mila...

– Eu não quero falar disso, não quero falar dela.

– Tudo bem, a gente entende... — Ally disse – Mas se estiver afim de conversar...

– Tudo bem, muito obrigada... Bom... Vamos beber hoje?

– Por favor! — Dinah disse quase pulando.

– Mas vamos voltar cedo pra casa.

Eu estava no carro do garoto que Ally saia de vez em quando, estávamos indo pro bar, já era de noite, estava no banco de trás com Dinah quando meu celular tocou.

– É a Lauren, né? — Dinah perguntou.

– É.

– Não vai atender?

– Acho que agora não.

Ela continuou insistindo, ligou umas 4 vezes e na quinta eu não pude deixar de atender, sorte que tínhamos chegado no bar, então eu poderia ficar longe de todo mundo e ninguém poderia ouvir minha conversa.

– Alô? — eu disse.

– Camila.

– Oi, sou eu.

– Camila...

– Fala!

– Eu não to aguentando isso Camila...

– Isso o que Lauren?

– Eu estou com saudades de você, eu não aguento ficar longe de você.

– Você que quis isso.

– Não, eu nunca quis.

– Você procurou por isso.

– Eu não fiz isso!

– Você disse que não me ama.

– Você preferia que eu mentisse pra você?

– Não, preferia que dissesse que me amava! — eu gritei.

– Mas Camila... — ela respirou.

– Não me ama? Eu sei, você deixou bem claro ontem.

– Camila, por favor.

– Eu que peço por favor.

– Eu não sou capaz de ficar longe de você.

– Então não fique, Lauren.

– Eu preciso te amar pra isso?

– Lauren...

– Meu amor, por favor, seus pais já estão pra chegar, eu quero eles e você aqui na minha casa.

– Pra que Lauren? Não tem motivos.

– Pra me sentir bem, eu quero você comigo, por favor.

– Lauren...

– Não me faz pedir por favor de novo, eu não vou.

– Eu não mais o que pensar ou fazer...

– Vem pra minha casa, agora. Vem baby, Austin vai te buscar.

– Meu deus, eu não acredito...

– Vem...

– Tudo... Tudo bem Lauren.

– Obrigada.

– De nada. — eu disse indo desligar.

– E Camila...!

– Oi?

– Eu acho que amo você. — e desligou.

Mas que porra! Porra porra porra porra!!!!! Lauren! Por que você faz isso comigo? O que caralho voce quer de mim?! Entrei no bar e disse as meninas que ia tentar me entender com ela, dinah deu super apoio, claro, melhor amiguinha da minha não-namorada, já Ally ficou chateada. Deu tempo de beber uns dois copos de whisky antes de Austin chegar.

– Boa noite, senhor Mahone. — eu disse ao entrar no banco de trás do belíssimo carro da Lauren.

– Boa noite, senhorita Cabello.

Ficamos quietos durante todo o caminho, ele parou em frente ao prédio dela e eu desci, esperei o elevador e digitei a senha, pra subir até o apartamento dela, quando as portas se abriram, eu a vi sentada no sofá dela olhando pra janela, eu caminhei até o outro lado da sala e ela não tinha me visto, parei e...

– Oi.

Ela me olhou, me olhou bem dentro dos olhos e deu um sorriso fraco pra mim, se endireitou no sofá e disse:

– Senta aqui, do meu lado.