História A Thousand Hands - The Fucking Party

Austin estacionou em frente a um restaurante lindo perto da ponte de Brooklyn, eu passei pela recepção do restaurante e Lauren estava em pé ao lado da entrada, estava linda, com aquela postura impecável, vestia uma camisa social preta e um jeans escuro, parecia que tínhamos combinado, já que eu estava com um vestido preto e um casacão de couro preto por cima. Ela sorriu pra mim quando cheguei perto mas não disse nada, só fez gesto com a mão para que eu passasse na frente dela, veio andando atrás de mim, muito perto, pegou rapidamente na minha cintura pra indicar que tínhamos chegado na nossa mesa. 

 – Você está linda. — ela disse se sentando de frente pra mim.

 – Obrigada, Lauren.

 – Sinto que você não está confortável com isso.

 – É... Não muito.

 – Você não queria estar aqui?

 – Ah... Droga Lauren, eu não sei exatamente.

 – Camz... — ela disse endireitando a toalha de mesa.

 – Olha Lauren...

 – Me desculpa? — ela disse colocando a mão em cima da minha.

 – Não sei se consigo... — disse olhando nos olhos dela.

 – Tem certeza?

 – Eu não sei de nada...

 – Ok. — ela disse levantando a mão pro garçom.

Ela pediu uns pratos todo gourmet pra gente, coisa que eu nem conhecia direito, pediu uma garrafa de um vinho bom, nós comemos e conversamos, ela pediu tantas desculpas que eu acabei desculpando, mas eu sabia que no fundo eu não tinha desculpado. Ela me convidou pra sair com ela antes de irmos buscar meus pais e Sofi no aeroporto, eu disse que ia pensar, pensaria mesmo e muito, ela tinha me magoado demais, ela fui muito babaca ontem, mas realmente, ninguém tem culpa por não amar outra pessoa... Ela pediu a conta e pagou, deixando gorjeta pro garçom.

 – Você quer ir pra sua casa?

 – Quero.

 – Eu não quero que você vá.

 – Eu te desculpei, não disse que voltaria a ter amizade colorida com você.

 – Um momentinho... Esse é o problema?

 – O que?

 – Ter uma amizade colorida comigo?

 – Eu só quero ir pra minha casa.

 – Me responde Camila.

 – Me leva pra casa.

Ela ficou me olhando mas se levantou e foi andando na frente até a saída do restaurante, me esperou do lado de fora e virou pra direita quando me viu, abriu a porta do carona do porsche dela e quando eu entrei, ela correu pro lado do motorista. Seguiu o caminho todo até minha casa em silêncio, não ligou nem o som, aquilo estava me matando por dentro, mas ela merecia tudo o que eu estava fazendo e tudo o que eu falei. Chegamos no meu condomínio e quando passamos pelo playground, vi Ally e Dinah jogando sinuca, ela olhou também.

 – Não acredito.

 – Lauren..

 – O que?

 – Nada. — ela deu um sorriso fraco.

 – Ahn... 

Ela parou em frente à minha casa e me olhou, respirou fundo e saiu do carro, eu olhei pra frente e respirei fundo também, ela abriu a porta pra mim, sai do carro e encarei ela, olhei rapidamente pra boca dela, o que resultou ela olhando nos meus olhos como se eu fosse a coisa mais desejada do mundo, suspirou de boca aberta e olhou pro lado.

 – Você devia ter parado no playground. — eu disse me afastando da porta do carro.

 – Você devia ter me falado. — ela disse batendo a porta.

 – Ah...

 – Eu quero te... — ela disse colocando a mão no meu pescoço.

 – Sério Lauren, não...

 – Ah, tudo bem, você que sabe.

 – Tá, eu vou entrar... — disse me esforçando pra me afastar dela.

 – Pode ir então. — ela disse abrindo espaço pra eu passar.

 – Boa noite. 

Subi as escadas e entrei em casa sem olhar pra trás, fui direto pro meu quarto e me joguei na cama, me aninhei e logo peguei no sono.

Acordei no outro dia mais animada do que antes, amanhã eu iria ver meus pais, estava tão feliz, estava com tanta saudade deles, eu deveria agradecer a Lauren depois por deixar eles ficarem na casa dela. Me levantei e fui direto pro banheiro, tirei a maquiagem de ontem à noite, tirei a roupa e me joguei de baixo do chuveiro, corri pro meu quarto molhando o corredor todo, coloquei uma roupa de frio pois a neve já estava se firmando no chão. Desci e vi Ally perto da porta dos fundos olhando a neve, tão distraída que parecia nem ter me notado ali, então corri nas pontas dos pés e dei um susto nela, ela pulou e olhou pra trás com os olhos arregalados.

 – Porra Camila! — ela disse me fuzilando com os olhos.

 – Desculpa! — eu disse morrendo de rir.

 – Não faz mais isso!

 – Tá, me desculpa. — eu disse abraçando ela.

 – Sua idiota!

A gente ficou rindo por um bom tempo, depois Dinah desceu também e decidimos assisti um filme, eu fui pegar copos e refrigerantes enquanto Dinah fazia pipocas.

 – Mila, cadê seus óculos? — Dinah perguntou do alto da escada, eu preciso de óculos pra leitura e pra ver TV.

 – Na minha mesinha, no meu quarto.

 – Vou pegar pra você.

 – Aí Dinah, você é um anjo. — eu gritei.

 – É, eu sou. — ela gritou de volta.

 – Camila, e a Lauren? — Ally perguntou.

 – Bom, ela deve estar na casa dela.

 – Tá, você entendeu o que eu perguntei.

 – É, é... Eu entendi.

 – E então...?

 – Ah, olha, eu desculpei ela mas não vou voltar a ter o que tinha com ela... E também não quero falar dela. — eu disse dando de ombros.

Dinah desceu e me entregou os óculos, ficamos as três jogadas no sofá vendo What If, eu só conseguia pensar no quanto o Daniel era lindo, desde criança, esse sotaque britânico dele era maravilhoso, posso dizer que ele é meu crush. Normani chegou no meio do filme e já foi se deitando em cima da Dinah, elas ficaram de namorico, deixando eu e Ally de vela, então tentei ao máximo focar no filme.

Era de noite quando ouvi a campainha, desci correndo do meu quarto e abri a porta, dando de cara com a lauren no telefone, pra variar, ela me olhou curiosa, provavelmente porque eu estava usando meus óculos, por isso a olhei da cabeça aos pés, olhando a roupa dela, estava com uma camisa xadrez abotoada até o pescoço, um suéter verde por cima e por cima do suéter, uma jaqueta, em baixo ela vestia uma calça jeans escura e um adidas branco.

 – Tudo bem, então amanhã a gente resolve isso, tchau Emma. —  ela disse pra pessoa do outro lado da linha e desligou – Olá.

 – Oi.

 – Vai sair comigo hoje?

 – É...

 – Vamos, uma amiga vai dar uma festa.

 – Uma amiga?

 – Sim, por quê?

 – Eu nunca conheci nenhuma amiga sua, você nunca nem mencionou nenhuma.

 – Não fica brava comigo.

 – Eu não estou, é só que...

 – Tudo bem, vai querer ir pra festa comigo?

 – Eu... Eu... Legal, vamos.

 – Então vai se arrumar, baby, vou te esperar aqui em baixo.

 – Não me chama de baby, espera aqui.

Ela pediu uma cerveja então a gente subiu juntas, ela foi se sentando em uma das cadeiras do balcão e eu abri a geladeira, pegando uma latinha de cerveja e a largando na frente dela. Caminhei pro banheiro e tomei um banho rápido, passei pro meu quarto de toalha e vi Lauren esticando o pescoço pra me olhar, essa mulher é uma safada! Me sequei e coloquei minhas roupas íntimas, parei de frente pro closet e não sabia o que vestir, bufei e peguei a primeira coisa que vi, uma camisa xadrez e uma saia rodadinha, coloquei a camisa por dentro da saia e coloquei um cinto entre os dois, coloquei um saltinho e sai do quarto.

 – Uau. — ela disse se levantando.

 – O que?

 – Você está linda, como sempre. — ela se aproximou – Será que eu posso te abraçar?

 – Ahn... Pode sim.

Ela veio devagar na minha direção, colocou as mãos no meu quadril e me puxou pra perto, me abraçando com vontade. Ela me largou e a gente foi pro carro dela, ela dirigiu bem rápido até uma casa num lugar lindo de Manhattan. Entramos na casa, e que casa hein, tocava uma música alta, não tinha muitas pessoas mas dava pra se perder um pouco ali, Lauren foi andando pra cozinha e eu a segui, ela abraçou uma garota que estava lá.

 – Camila, vem ca.. — ela disse colocando a mão na minha cintura e me puxando – Camz, essa aqui é minha amiga de infância Vero..

 – Oi, prazer. — eu disse.

 – O prazer é todo meu. — Vero disse pegando na minha mão e me puxando pra dois beijos na bochecha – Então você é amiga da Lauren? De onde? Você é um milagre sabia? Ela não é de muitos amigos...

Ela foi atrapalhada pelo DJ que estava chamando a atenção de todos pra uma apresentação de algum cantor, todos pararam a conversa e prestamos atenção.

 – Atenção, todos olhando pra cá, senhoras e senhores... — ele disse olhando para todos os lados – Com vocês... — uns tambores virtuais tocaram — Selena Gomez!

 – Mas o que....?!! — eu gritei e Lauren começou a gargalhar.

Olhei pra onde o DJ estava e vi selena Gomez, em carne e osso, subindo no "palco", meu Deus ela era tão linda, mais linda ainda pessoalmente. Eu olhei pra Lauren sorrindo e ela disse só com os lábios "vai lá", Vero passou por ela e pegou minha mão, me puxando pra perto do pequeno palco improvisado, sorrindo pra mim. Selena começou cantando Kill 'Em With Kidness, meu Deus eu adorava essa música. Lauren tinha ficado na cozinha, encostada na pia olhando pro pequeno show, enquanto eu e Vero pulávamos e dançávamos juntas, ah, eu disse que ela era linda? Não? Pois então, Vero é linda, de verdade, ela tinha uma beleza única e um corpo que meu deus, ela estava dançando na minha frente, praticamente se esfregando em mim enquanto eu me balançava também, ela usava uma blusa lisa branca, uma calça jeans quase toda rasgada, deixando as pernas de fora, e um acho que sobre tudo vermelho. Tirei minha atenção de Vero e olhei pra cozinha, a procura da minha garota mas Lauren não estava mais ali, corri meu olhar pela casa mas não a encontrei, Vero falou no meu ouvido me tirando da minha procura.

 – Nossa senhora, eu amo tanto essa música! — ela se referia a Me and The Rhythm, que selena cantava.

 – É uma das melhores dela, né? — eu disse sorrindo.

 – Você gosta dela? — ela falava e chegava mais perto.

 – Eu adoro a Selena! — a gente gritava.

 – Então você é amiga da Lauren?

 – É, é... Eu acho que sim! — sorri.

 – O que você tem hein?

 – Eu? Como assim, Vero? - gargalhei.

 – Sim, Lauren não faz amizade com qualquer um.

 – Então você não é qualquer uma? Me diz você, o que você tem?

Ela se afastou um pouco e abriu os braços olhando pra festa dela, e depois deu de ombros voltando a dançar, chegou perto do meu ouvido de novo.

 – Somos amigas de infância.

 – Ah, é verdade, ela disse. — eu disse.

 – Mas me fala Camila, você gostou de algum homem aqui? Posso falar com qualquer um, se quiser.

 – Ahn... — eu olhei pros lados – Não, nao, não curto muito garotos.

 – Jura? Isso é maravilhoso! De verdade... — ela riu um pouco – Amei saber disso...

 – É? Por que? — perguntei um pouco interessada nesse assunto.

Ela colocou uma mão na minha cintura e virou pra trás, parece que procurando alguém, depois virou pra mim de novo e respirou, deu mais um passo pra frente, chegando mais perto...

 – Não não não não, ela é minha garota! — uma garota falava com a gente.

 – Que? — Vero disse perto demais da minha boca.

 – Sério, separa. — eu olhei pra garota que estava falando com a gente.

 – Como assim...? — eu disse olhando pra garota ainda, virei pra Vero – Você e ela...?

 – Não! — as duas falaram ao mesmo tempo.

 – Eu não estou entendendo nada.

 – Espera aí. — a garota disse vindo mais pra perto – Oi, prazer, eu sou Nina...Nina Dobrev. — ela disse entrando na frente da Vero.

 – Oi, meu Deus, prazer! — eu disse nervosa, ela era realmente muito linda, uau.

 – Como você se chama?

 – Camila.

 – Ahn... Camila, pode vim aqui, por gentileza? — Vero disse tentando passar na frente de Nina.

 – Com licença, eu já volto. — disse pra Nina.

 – Tudo bem, eu espero. 

Eu sai de costas, ainda olhando pra Nina, meu Deus, ela era realmente maravilhosa! Eu fui seguindo Vero até um corredor pouco vazio, enquanto andava procurava Lauren, mas não achei, vero parou se encostando na parede e pegou na minha mão, me puxando pra frente dela, me deixando entre as pernas dela.

 – Oi? — eu disse.

 – Eu quero fazer o que estava prestes a fazer quando aquela garota nos atrapalhou... — ela disse pegando na minha nuca.

 – Meu Deus Vero... — eu disse fechando os olhos.

Ela me puxou pela nuca, devagar, com a maior calma do mundo, nossos lábios se tocaram e eu escutei...

 – Que porra é essa...?!

Eu respirei fundo, com os lábios sarrando nos de Vero enquanto tomava coragem pra abrir os olhos e encarar quem eu já sabia que era. Abri finalmente os olhos e fiquei olhando pros olhos de Vero, quem parecia não ter coragem de encarar a linda mulher que estava, com certeza, puta do nosso lado. Me afastei da boca da Vero e me virei pra olhar Lauren, ela estava mais pálida do que o normal, parecia não acreditar no que estava vendo, bateu o pé esquerdo no chão, dando um pequeno passo pra trás, olhou pro lado fazendo um som de indignação e voltou o olhar pra mim.

 – Eu não acredito...